Polícia escrita por judy harrison


Capítulo 12
Sedução Diabólica


Notas iniciais do capítulo

Às vezes o amor eterno existe, como o de Laurence por Betsy, e também a obcessão, como a de Bruce por Grace. Mas até onde chega?



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Pela manhã, quando Bruce acordou, logo se deparou com o bilhete na porta:

“Bruce, sua mãe está em minha casa, eu a levei para que me faça companhia durante meus dias de férias. Não se preocupe, pois eu cuidarei bem dela.”

Indignado com essa decisão sem que o consultassem, ele ligou para lá. E Betsy atendeu.

_ Bom dia, filho.

_ Mãe! Volte hoje mesmo para casa. – ele disse com tom autoritário.

_ Mas, Bruce... Eu pensei que fosse ficar feliz se Laurence e eu...

_ Não fiquei feliz que ele tenha levado a senhora daqui sem minha autorização.

Naquelas ultimas palavras, Laurence já estava com o telefone e ouviu tudo.

_ Bruce, sua mãe está muito bem aqui, não se preocupe.

_ Laurence, eu quero minha mãe aqui, onde é o lugar dela!

_ Tenha um bom dia, Bruce.

Laurence desligou, deixando Bruce ainda mais irritado.

Mas sua irritação deu lugar a um sorriso de felicidade ao ver que Jamie estava na porta do quarto, olhando pra ele com seus olhinhos sonolentos. Ele abriu os braços e Jamie correu e o abraçou também.

Depois de dar a ela uma escova e sabonete, pediu que ela fosse ao banheiro cuidar de sua higiene bucal e lavar o rosto.

_ Eu vou fazer o café para nós dois.

Jamie não falava ainda e apenas fazia tudo que ele mandasse. Por mais algumas horas ele esqueceu o mundo lá fora para ficar com ela e acompanha-la em brincadeiras e programas de televisão. Era uma amizade perfeita e a menina gostava de tudo que ele fazia. Bruce sentiu-se importante dando a ela momentos de alegria.

À tarde, cansada de correr pelo quintal atrás de um bolinha de baseball, Jamie tomou um banho, sugerido pelo seu novo amigo, e depois de se alimentar adormeceu no sofá.

Sentado à sua frente, Bruce pensava no quanto ela sofreu ao ver sua mãe estirada e morta no chão, se ele mesmo estava sentindo falta de Betsy agora, ainda sabendo que ela estava feliz.

_ Bruce!

Alguém o chamava no portão. Era Grace.

Ainda revoltado com o que descobriu dela, ele saiu com o semblante fechado para atende-la.

_ O que você quer?

_ Eu queria sair com você de novo. Vamos?

_ Chama aquilo de “sair”?

_ Bruce, eu sei que você sempre gostou de mim. Eu fui muito burra em não notar você antes. Vamos sair um pouco, conversar sobre coisas que não tenham a ver com seu distintivo ou o cinto do meu pai, ok?

_ Você adora brincar com coisa séria, não é?

Grace sorriu. Ao menos o sorriso dela era bonito, e ele sempre evitava olhar, mas daquela vez a fitou e a viu como antes, já que ela estava com uma aparência bem melhor.

_ Eu não posso. Estou com uma criança, e só será devolvida na próxima semana.

_ E sua mãe?

_ Está viajando.

_ E essa criança dorme?

_ É claro! – ele ainda falava com aspereza, mas sabia o que ela queria dizer.

Pensando em apenas conversar com ela como estavam fazendo ali, ele disse que depois da onze da noite, estaria a sua espera.

No apartamento de Laurence, Betsy sentia-se outra mulher, não queria sair de lá, e ter Laurence ao seu lado fazendo pra ela tudo que a agradasse a fez se convencer de mudar para sempre sua vida. Nem mesmo pensou em saber a opinião de Bruce, simplesmente decidiu morar com Laurence, sob seu incentivo.

Ele também estava feliz, realizava seu sonho.

_ Na próxima semana resolveremos os trâmites do casamento. – disse, enquanto esfregava as costas dela, na hidromassagem de seu banheiro – Faremos algo bem simples, sem alarde. E depois viajaremos para onde você quiser. O que acha, meu amor?

_ Perfeito! – ela se virou e o beijou.

Betsy só sentia uma coisa, não acreditava que ficou tantos anos pensando, sem se decidir por algo tão bom e que agora era tudo que ela queria.

Era noite.

Bruce colocou Jamie para dormir e esperou que ela fechasse seus olhos novamente, antes de deixa-la. Reparou que sua aparência triste e desolada da noite passada já não existia, e ela estava com a pele mais clara e radiante. Orgulhoso, sorriu sabendo que fora responsável por tantas risadas e por ela se alimentar tão bem, ele era seu salvador. Queria ser de Grace também.

Mas ele não se dava conta de que por trás daquele pedido de socorro de Grace havia uma mente mal intencionada e perversa que queria usá-lo para seus objetivos.

Grace chegou, vestida exatamente como de costume no passado, quando ia para o colégio. E Bruce já a esperava.

Ela entrou sem mesmo ser convidada, e já se atirou nos braços dele como se fossem antigos amantes. Assustado ele se afastou e a repreendeu, mas ela estava certa de que era o que ele queria, devido a demora para se afastar.

_ Eu perdi tanto tempo! – ela disse com um tom apaixonado.

_ Por que você quis! As coisas não são assim, Grace! Você chegando e...

Ela não queria escutar, outra vez se agarrou a ele e o beijou.

Não era o beijo que ele havia sonhado em receber dela, mas aquilo mexeu com seus instintos e ele a agarrou também. Começou a beijá-la sem parar.

Indo mais além, Grace o arrastou para dentro de casa.

_ Onde é o seu quarto? - ela perguntou já tirando sua jaqueta jeans e ficando de camiseta.

_ Ela está dormindo lá!

_ O quarto de sua mãe!

Bruce estava excitado, era emotivo, e fazia muito tempo que não se relacionava com uma mulher, desde que começou a trabalhar na Polícia. Olhava para Grace e todos os seus sonhos estavam sendo despedaçados ali com a realidade à sua frente. Ele queria encará-la e provar a si mesmo que ainda podia ser para Grace alguém especial

_ Lá não!

Certo de que Jamie estava dormindo, pois podia ser vista dali, Bruce empurrou Grace para o sofá, e pediu que ela tirasse a roupa.

Ele foi para seu quarto e pegou um dos preservativos que Laurence lhe deu. Era costume deles saírem juntos na noite quando Laurence estava de folga e eles buscavam garotas em clubes para se divertir. Por serem parecidos e igualmente bonitos não tinham nenhuma dificuldade, e foi assim que ele perdeu a virgindade aos dezesseis anos.

De volta à sala Bruce encontrou uma garota completamente nua e com seu corpo marcado de açoitadas e arranhões.

_ O que é isso, Grace! – disse horrorizado, perdendo imediatamente sua excitação.

_ Eu disse a você que meu pai me batia, Bruce!

Impressionado com aquilo ele pediu que ela se vestisse novamente, pois haviam feridas que nem estavam cicatrizadas ainda.

Grace se vestiu, enquanto Bruce foi à cozinha para beber água. Obviamente era para não ver mais aquilo. Quantas coisas mais de Grace ele descobriria, se pensou que a conhecia bem antes?

Grace estava sentada no sofá, esperava por ele que parecia ter desaparecido dentro da cozinha. Ela sentia-se humilhada, não pensou que ele fosse dispensá-la assim, pois para ela aquilo era muito normal, já havia se deitado com homens que achavam aquelas cicatrizes um incentivo para fazer outras mais. Sua decepção também era por ter pensado antes que o tinha em suas mãos, mas agora ele escapou. Tinha que pensar em outra estratégia.

Bruce se levantou da cadeira, esteve pensando em como seguiria aquela noite na companhia de uma pessoa estranha, um fantasma de quem amou um dia, se recusava a achar que seria possível.

_ Bruce, eu vou embora. – ela disse.

Mas ele se levantou e voltou para lá. Queria conversar com ela sobre aquilo que viu.

Ele sentou-se à sua frente e perguntou penalizado.

_ Grace, por que seu pai bate tanto assim em você? O que você fez?

Ela queria rir com aquela feição de compaixão com que ele a encarava, mas seu teatro tinha que continuar, e ela se esforçou em usar outra feição que correspondesse à dele.

_ Meu pai é quem usa drogas. Bruce... , aquelas drogas eram dele! Ele me obriga a busca-las e se eu me recuso ele me bate, até mesmo quando eu trago, se não for como ele quer, ele me açoita com um chicote, me queima...

_ Pare, Grace! – disse enojado – Eu já entendi! E por que não o denuncia?

_ Ele me obrigou a mentir aquele dia. Meu pai é poderoso, ninguém acreditaria em mim. – ele ainda a encarava horrorizado – Ele me obrigou a usar drogas para que pensassem que são minhas!

_ Não pode ser! Grace, seu pai é um monstro!

_ Ajude-me a me livrar dele, Bruce... Por favor!

Bruce manteve seu olhar horrorizado ao ouvir aquilo.

_ O quê? – era uma expressão de susto também.

_ Tire ele de minha vida! – ela ajoelhou-se diante dele e chorou, conseguia expulsar as lágrimas dos olhos como um dom – Eu não suporto mais sofrer!

_ O que quer que eu faça? – foi uma pergunta indignada.

_ Tire-o de minha vida! Por favor! Você sabe, Bruce. Acabe com ele!

Bruce não conhecia Grace como pensava, conhecia apenas o amor que sentiu por ela.



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Notas finais do capítulo

Grace descobriu que Bruce sempre a adorou e jogou todas suas peças para envolvê-lo num jogo sujo. Conseguiu, Grace?



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