A Visita escrita por Drink My Soul


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

escrevi essa história para a minha aula de redação... bom espero que gostem!



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Estava sentado em um banco, em frente a um imenso casarão, acabara de tragar meu último cigarro. Me encosto melhor no banco, estava tão gelado.

Olhava o relógio de segundo em segundo, esse tempo não passa. Eu cheguei muito cedo.

Era fim de inverno, nuvens geladas ainda encobriam o céu, os carros passavam pela rua, eu ficava vendo-os parados no farol, observava as pessoas.

Alguém sentou ao meu lado, olho para saber quem era, e vejo Adolf, nós sempre nos encontrávamos aqui, todos os dias.  Ele era um pouco mais velho que eu, devia ter os seus 37 anos, mas nunca me importei muito a ponto de perguntar.

- Olá André! – ele disse.

- Olá Adolf! – respondi. Não estávamos muito animados hoje, e paramos de conversar ai.

Olho para o relógio: 14:02! Finalmente!

Me levanto e aponto para o meu relógio em meu punho, avisando Adolf que dera a hora, sigo em direção à entrada do imenso casarão, com Adolf atrás de mim. Passo pelo jardim da frente, este realmente é muito atraente, rosas brancas espalhadas por todos os cantos me deixavam uma sensação de paz.

Paro quando chego a uma imensa porta de madeira cuja esta tinha uma placa colorida escrita: ‘Hospício Realidade’. Que nome mais irônico, pensei comigo mesmo. Abri as portas, logo encontrando Ramustaf atrás do balcão da recepção, ele era um homem de seus 50 anos, desde de sempre ele estava ali, sempre tão sorridente. Cumprimento-o rápido, tenho apenas 1 hora e não quero perde-la aqui. Meus pés já tão acostumados a fazer este caminho, me levam a um corredor à direita, enorme!  Às vezes sentia como se não tivesse fim. Era todo branco, com portas a cada 5 metros de cada lado, eu me sentia claustrofóbico ali, mas já me acostumara. Passo por duas portas e uma das luzes do corredor começa a piscar, paro e olho para cima, quando volto minha cabeça para o corredor me deparo com Rengn, outro ser humano que sempre vejo, ele era um homem idoso, de cabelos e barba branca, sua face tão mal humorada, impedia as pessoas de se aproximarem dele. Era o enfermeiro, talvez ele seja assim, por que já viu coisas de mais nessa vida, mas só talvez. Ele passa por mim como um borrão, levando seu carrinho com medicamentos em direção oposta a que eu me dirigia. ‘mal educado’ pensei ainda meio assustado.

Passo por mais algumas portas, me negava a olhar pelo vidrinho que havia em cada uma delas, para observar o que havia lá dentro. Me negava!

Quando uma porta se abre subitamente me fazendo pular e me encostar à parede, o toque gélido desta me assusta novamente. Olho em direção a porta aberta... um homem com o olhar horrorizado, sua roupa era apenas uma blusa e uma bermuda branca, em seu pescoço estava pendurado um crachá escrito: Miguel, bem esse deve ser o nome dele. Ele segurava a maçaneta da porta e na ponta dos seus dedos havia... sangue?! Olhei interrogativo.

Procuro por Ramustaf pelo corredor, mas nada.

- Está tudo bem ? – pergunto, mas ainda receoso.

O homem se espantou com a minha voz e voou para cima de mim, com uma velocidade horrenda, eu me encolhi, não estava preparado para isso e não tive reação, esperava seu corpo vir de encontro ao meu, mas isso não aconteceu.

Diego, o segurança, o segurava por trás, prendendo-lhe suas mãos enquanto Miguel se debatia em seus braços, e gritava, tentando se soltar.

- Fique quieto! – gritou Diego, já com feições bravas.

Diego, com um pouco de dificuldade, jogou Miguel dentro de seu quarto trancando-o ali.

- É melhor você tomar mais cuidado quando andar por esses corredores – disse o segurança se dirigindo a mim.

- Obrigado! – disse ainda meio assustado, nem o olhei direito, e continuei a minha caminhada, dessa vez mais precavido. Meu coração ainda batia loucamente, chegava a doer.

Eu estava com tanto medo agora que se tornou impossível não olhar para cada porta do corredor em que eu passava, já passei por 5 portas em que aparentemente não tinha nada. Havia nomes nas portas, indicando quais pacientes estavam ali, parei na frente de uma que me atraiu: José... fiquei olhando pela pequena abertura de vidro, havia apenas uma cama, só. E perto de uma parede tinha um homem todo retesado, encolhido a um canto. Ele estava batendo compulsivamente a cabeça na parede e arranhava-a, sem parar. Olhar aquela cena me dava repulsa, não sei quanto tempo fiquei ali, estático, mas comecei a ouvir palavras baixas vindas da próxima porta. Assim que sai do transe, fui até ela: Rodolfo estava estirado na cama, com os braços e pernas enfaixados e amarrados a esta. Eu fiquei o observando-o, ele estava falando algo, sussurrando, eu só ouvi barulhinhos, não entendia. Estava tentando entender suas palavras, era um nome, repetido milhares de vezes, - Cássia ?! – pronunciei baixinho, sem nem ao menos perceber que havia falado, e de repente a voz de dentro do quarto parou. Ele estava me encarando, seus olhos brancos, não havia vida ali, e ele começou a gritar, ele berrava e se contorcia, seus braços começaram a sangrar por causa das mordaças, a cama chegava a se mover.

Nunca tirarei essas cenas da minha cabeça... pensei enquanto me recompunha e começava a andar, mais uma vez pelo corredor.

Só faltavam mais dois quartos, finalmente estava chegando lá, mas ainda tinha um quarto para eu passar e eu nem sabia se agüentaria mais um trauma desses.

: Marco

A porta estava meio entreaberta, pensei em passar direto, mas fui impulsionado a olhar, o quarto estava uma bagunça, cama revirada, não sobrara nada.

Sentado na parte mais distante do quarto, havia um idoso, com uma barba enorme em seu rosto, ele estava todo jogado e sujo, como se estivesse ali, assim, nessa mesma posição há dias, sem mudar nada. Ele mexia compulsivamente em seu bigode, ficava enrolando-o.

Quando eu já estava virando as costas para o quarto de Marco ouço – Bem Vindo! - sua voz rouca e doida ressonou em minha cabeça, não sei porque, mas essa palavras me aterrorizavam, só de imaginar ter de ficar ali.

Chego à porta de meu destino, esta estava sem nome, eu estranho... Quando ponho a mão na maçaneta vejo Rengn correndo em minha direção, nem se importou com o meu corpo em sua frente, me empurrou e adentrou ao quarto.

‘O que será que aconteceu?’ – paro a porta antes dessa se bater e se fechar, encontro um homem curvado em cima de uma cama, ali havia um corpo, o homem levanta seu rosto, ele usava óculos, tinha uma expressão séria, este também usava um crachá: Pierre – Doutor

- O que houve? – pergunto

- Está morto! – disse o doutor, mas não para mim. Acho que para si.

Paro um pouco de olhar para Pierre e presto atenção no corpo ali estirado sem vida, me apavoro, como pode ser? EU estava ali, com sangue na boca, enrolado em cobertores brancos, meus olhos ainda abertos, sem vida. Não pode ser eu. Meus cabelos loiros, meu nariz, minha boca, minhas bochechas, minhas mãos. Olho de relance para porta ao meu lado, e lá... agora havia um nome: André

- Bem Vindo! – ressonou mais uma vez essas palavras em minha mente.


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Notas finais do capítulo

obrigada por lerem... por favor, me digam o que acharam.



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