This Love escrita por Lgirlsclub


Capítulo 1
This Love


Notas iniciais do capítulo

Um Yaoi pro povo que já não me via háa muuuito tempo nesse gênero. Espero que gostem, pessoal.



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Sorriu levemente olhando para o outro. Parecia quase involuntário. Vê-lo lhe animava o dia – e ao mesmo tempo, lhe acelerava o coração. Já cansara há muito de berrar para si mesmo que era loucura. De berrar que nunca daria certo, que os dois eram homens e que aquilo podia fazer o outro nutrir um ódio por ele. Nada nunca mudaria se ele não se mexesse. E isso era, de certa forma, a maior fonte de seus medos. Se chegasse perto e o outro também lhe amasse, ótimo, seria, de fato, muito feliz.  Agora se o outro realmente odiasse a ideia, o que faria? Só a possibilidade já fazia seu coração tremer assustado.

Suspirou fundo e olhou para o garoto que parecia, ao mesmo tempo, lhe motivar a viver e lhe nutrir um medo. Um medo de perdê-lo. Na verdade, um medo de amá-lo e nunca chegar a tê-lo. De passar a vida daquela forma. O olhando, o amando de longe. Medo de nunca poder se aproximar. De nunca poder falar aquelas palavras que tanto lhe pesavam no coração. Eu te amo. Como três palavras poderiam parecer tão importantes e tão difíceis de serem ditas?

O menino que recebia tanta atenção não parecia nem se dar conta da mesma. Estava sentado num banco, com seu skate do lado. Os cabelos morenos repicados lhe caiam sobre os olhos calmos e tranquilos, que possuíam um tom entre o castanho claro e o mel. Ele sorria calorosamente enquanto cantarolava qualquer coisa que ouvia no celular. O outro segurou o coração e engoliu em seco. O sorriso sempre lhe pegava de jeito. O sorriso amplo, doce e sereno do outro fazia seu coração agitar-se mais ainda.

O garoto que ainda estava sendo admirado jogou a cabeça para trás, encostado nas costas do banco e olhando o céu com seu já familiar sorriso. Tirou seu casaco preto tão largo e pôs de lado, ajeitando sua camisa branca. Parecia feliz só em olhar o céu. Enquanto isso o outro, um pouco mais alto, dono de olhos de um verde água incrivelmente intenso, ficava apenas tentando manter a respiração calma, enquanto tirava os cabelos extremamente ruivos do rosto. Olhava para o moreno e suspirava, subindo e descendo nervosamente o zíper de seu casaco cinza, sem saber ao certo o que fazer, o que dizer.

O moreno subitamente pareceu se lembrar do que viera fazer naquela praça. Amarrou os sapatos e, ao levantar a cabeça viu o ruivo de relance. Sorriu e acenou a cabeça, dizendo um simpático bom dia, enquanto se levantava e pegava o skate, se dirigindo às rampas. O ruivo corou e respondeu numa voz fraca o bom dia, provavelmente o moreno nem ouvira. Logo o moreno estava descendo as rampas e girando o skate. O moreno se aproximou da rampa, meio receoso.

- E aí? Quer tentar ? – o moreno sorriu enquanto o ruivo arregalou os olhos e pronunciou um ahn como resposta, aparentemente era a resposta mais inteligente que estava em condições de dar no momento, fazendo o moreno rir e subir a rampa, lhe entregando o skate preto – Tem certeza que não quer tentar? Por acaso, tem alguém ai com medo? – disse brincando.

Só não sabia que brincando acertara na mosca. O ruivo estava apavorado e sem reação, acabou por fim pegando o skate e subindo nele, caindo antes mesmo de completar a primeira manobra. O moreno desceu e esticou a mão para o ruivo rindo e dizendo algo como, “você deve estar enferrujado, cara”. O ruivo se levantou agradecendo, porém não soltou a mão do moreno.

O ruivo puxou o outro, o abraçando. A cena seria linda, se fossem excluídas as circunstancias. Se fosse excluído por exemplo, que o moreno era hetero, um hetero muito gentil por natureza, mas ainda sim, jogava em outro time. Se fosse excluído também que a paixão do ruivo era um tanto quanto volúvel. Aquele era o quarto, quinto amor dele esta semana? Difícil lembrar. Era sempre a mesma coisa, olhava e se apaixonava. Perseguia, tentava agarrar, e, em menos de uma semana o amor lhe sorria novamente, enquanto mais um desavisado do amor “eterno” do ruivo decidia passar algumas horas de sua semana no divã de um analista.

-Er.... cara?....Pode me soltar- Era o moreno agora que estava assustado. Bem que sua mãe avisara que essa sua mania de ficar sorrindo a torto e a direito para todos ia acabar lhe trazendo problemas! Ora, mas que boca! Nunca pensou que gentileza lhe poria em apuros, mas agora se encontrava numa situação um tanto quanto estranha.

- Amor...-murmurou o ruivo em uma não resposta ao que o moreno dissera. O moreno arregalou os olhos e pôs-se a empurrar o ruivo com toda força que possuía e mais alguma advinda de algum lugar, provavelmente da adrenalina ou da mão do senhor lhe ajudando nesse momento de....”provação”.

-Calma aí!- o moreno se soltou e respirou, tentando arrumar as palavras certas. Aparentemente ainda não havia aprendido a sair da vida da gentileza.- Eu...sinto muito, mas...acho que podemos ser amigos.- disse e abriu um sorriso sem graça, dando umas batidinhas amigáveis nas costas do ruivo, que subitamente ficou quieto.

O moreno piscou e viu o ruivo de cabeça baixa, tremendo. Droga, pensou. Odiava machucar as pessoas. Esfregou as têmporas e tirou os cabelos dos olhos, enquanto tentava melhorar as coisas:

- Não fique assim...tenho certeza que...se me trocassem por qualquer gay ele ia ficar muito...contente.- disse com cuidado. Como havia se metido nessa? Já nem mais lembrava. Ficou observando o ruivo que tremia um pouco mais, o assustando. O que raios estava acontecendo?

-VOCÊ É MUITO FOFO!-berrou o ruivo abraçando o moreno e lhe beijando a face. Enquanto isso o moreno empurrava o maior desesperado. Céus, havia dado o fora e o garoto surtou, achando aquilo....fofo? Era sem nexo! Pensava empurrando o garoto que o abraçava com toda força, lhe beijando o rosto a torto e direito, o mais que podia.

 -Você é louco?!- O moreno disse, por fim se soltando, mas caindo sentado de frente para o ruivo.

-Não finja que não me ama!-O ruivo...saltitava? Algo deve estar muito errado.

-Fingir? QUEM está fingindo, cara?

-Você me ama, mas é tímido! Que fofo! Mas não se preocupe. Eu acabo com essa sua timidez. Rapidinho- O ruivo sorriu maliciosamente para o moreno que arregalou os olhos vendo o outro se aproximar.

-Calma aí! Espera! A gente pode conversar sobre isso? Acho que estão me chamando! Eu volto daqui a trezentos anos está combinado?!- O moreno suava frio, tentando escapar com passos cuidadosos da encrenca que aquele ruivo imaginava.

Enquanto o pobre moreno recuava a passos calculados, o ruivo deu o bote, quase o abraçando. Não sobrou nada a fazer – exceto, é claro, correr como desvairado, como se a cueca dele estivesse em chamas. E foi isso que o moreno fez. Correu como se sua vida dependesse disso. Na verdade, sua vida podia não depender, mas sua sanidade estava realmente passando por uma grande provação.

Saiu como um raio, sendo perseguido. Já não sabia se a pergunta certa era o quanto ele podia correr ou o quanto o ruivo podia. Rezou ao Senhor, lhe fazendo mil promessas, lhe implorando ajuda e proteção. Iria, sem demora, tomar um banho de sal grosso quando tudo acabasse. Correndo, acabou entrando num shopping. Se amaldiçoou por não ter acompanhado a mãe com entusiasmo e, ter ido tão somente para carregar bolsas. Para o moreno, aquilo era o labirinto. Já o Ruivo, se sentia em casa. Dava a impressão de conhecer cada saída de emergência daquele local, por mais inóspita que essa fosse.

O mais novo correu então para a praça de alimentação, se desse sorte, ela já estaria cheia de pessoas tomando sorvete, como sempre estava naquela época do ano, mesmo quando as manhãs eram mais friazinhas – todos já contavam com o fato de que ia esquentar. Só não raciocinou que seria muito difícil se esconder em meio a tantas crianças. Como se esconder atrás de alguém que é bem menor que você?
 Tentou se abaixar, fingindo que ia amarrar os sapatos, mas o ruivo parecia ser um míssil teleguiado. Olhou-o e em pouco tempo estava em meio às crianças, correndo e berrando coisas como “ora, não seja tão tímido”, “ah, amor, vamos nos entender” e outras coisas que faziam o moreno ponderar descer até o subsolo e enterrar sua cabeça como um avestruz, mas isso se significaria ficar com a retaguarda desprotegida.

O moreno voltou a correr, e acabou a entrar, como um raio, no banheiro feminino. O ruivo seguiu e até mesmo chegou a entrar, entretanto foi empurrado para fora, enquanto as outras mulheres davam bolsadas no moreno, encurralado no canto, choramingando. É um fato conhecido que homens também usam “bolsas” – mochilas, pastas de trabalho, maletas. Mas não há nada pior do que apanhar de uma bolsa de mulher. Tem fivelas. É pesada. E tem tudo quanto é possível imaginar ali dentro. É quase um peso de academia. Com alças.
  

O ruivo decidiu se sentar. Com a surra que o moreno estava levando ele não iria aguentar muito tempo antes de fugir. Entretanto, sentia-se um lixo. Correra mais do que nunca. Apanhara. Quase levara rasteiras de criancinhas quando teve que passar por elas na praça de alimentação. Talvez devesse dar um tempo. É, isso lhe soava bem. Não ficar com garotas, mas também não ficar com garotos. Tempo. Calma. Quem sabe yoga. Nada de homens. Suspirou e se levantou, acabando por segurar o moreno que fora jogado no exato momento, para fora do banheiro feminino.

O ruivo olhou para o mais novo. Pensou em ir embora, mas parte da culpa fora dele. Sentou o moreno ao lado dele e começou a abaná-lo, esperando que ele voltasse a si. O moreno piscou diversas vezes. O ruivo o cutucou de leve, chamando a atenção:

- Ei, você está bem?

-Eu? Eu...?- o moreno olhou para o ruivo e sorriu

-É...bem...você....- o ruivo olhou com estranheza para o moreno, que agora lhe abraçava o braço- Mas o que você..?

-Você me salvou!

- Não de verdade... Elas te tacaram para fora depois do desmaio. Acho que autuação por homicídio era demais para elas.

-Me-sal-vou!- o moreno cantarolou, se aconchegando no braço do ruivo que, assustado, puxou o braço.

-Olha, tudo bem, quites, ok?

- Por que faz isso comigo, amor?

-Amor?! Cara, você não ta bem...- o ruivo se levantou.

-Eu sei muito bem o que estou fazendo, muito bem.

O Ruivo viu – apavorado – um sorriso malicioso surgir nos lábios do moreno. Saiu correndo, sendo seguido pelo moreno que berrava a torto e direito pedindo ajuda e alegando dores de cabeça. Mas assim é a vida. As coisas mudam, a primavera traz os amores. E nem por um decreto você se livra deles. Ou ao menos, não tão cedo. Não tão fácil. O amor não é mesmo lindo?


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