Amor De Estrela-cadente escrita por Lara Coimbra


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fiz esta fic em homenagem à minha querida amiga Karol, de Fortaleza.



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Em 1977, Karol Fox era uma mulher robusta e bela. Tinha cabelos negros, cacheados e longos. Sua pele era suavemente tostada e o batom vermelho vivo cobria seus lábios carnudos.Totalmente independente da família, ela viaja por todos os Estados Unidos para fazer novos amigos e fazer o que mais gosta: tocar bateria. Seu negócio se baseava apenas em arranjar contratos com redes de hotéis e tocar todas as noites durante o jantar dos hóspedes.

Na maioria daz vezes a banda contratada era boa, fazendo com que as noites de trabalho fossem também prazerosas. Uma coisa que ela não suportava era o setlist. O gerente do hotel só pedia jazz e baladas. Karol sempre dava um jeito de tapear a banda, adicionando coisas do seu gosto. Por mais que descontassem de seu pagamento, músicas do Kiss eram uma obrigatoriedade de corpo e alma.

Estava atracada na cidade de Baltimore há 2 meses. O pessoal de lá era fã do bom rock n' roll, o que permitiu sua estadia por mais tempo. O Pier Five era um local acolhedor e digno da música tocada por Karol. O dono reuniu os músicos e deixou a baterista no controle do show, a própria banda dona de seu coração estava na cidade. Provavelmente no Pier Five. Senhorita Fox arregalou os olhos, aparentemente satisfeita.

O salão encheu cedo. Adiantando o show que acompanhava o jantar. Karol se concentrou para executar as batidas da forma mais perfeita possível. Em certo momento, seus olhos captaram um grupo de quatro homens se sentando em uma das mesas. Dois deles já chamavam um garçom. Logo que a apresentação terminou, ela e a banda receberam muitos aplausos. A cortina se fechou e ela saiu quase correndo para o salão. Infelizmente, ela não pode mais ver aonde aqueles homens foram. Tinha certeza que era o Kiss, ou pelo menos era isso que seu delírio denunciava.

Decepcionada, sentou-se em um dos bancos do bar no salão. O batender deixou um drink sem delongas. A bebida era transparente, e a tira de casca de limão era amarela como um canarinho. O movimento espiral fixou a atenção de Karol por alguns segundos, até que escutou uma voz extremamente peculiar:

_ Hey, pode me passar uma garrafa de cerveja?

_ Nome? - perguntou o batender.

_ 'Err'... Anote o quarto apenas.

_ Ok. Quarto?

_ 86. - respondeu o estranho, sorrindo ao ouvir o estalido da garrafa sendo aberta.

Karol simplesmente não sabia porque estava observando. Talvez fosse a voz dele. Fina, meio irritante. Talvez fosse o sorriso, puro e agradável. De todo jeito, descuidou-se com aquela curiosidade. O homem percebeu, e soltou uma risada gentil:

_ Você está bem?

_ Ah...? O quê? Poxa, me desculpe. Me desculpe mesmo.

_ Calminha aí...Você nem fez nada.

Sem razão nenhuma aparente, Karol passou os dedos através dos longos cabelos do homem, e o beijou:

_ Agora eu fiz. - respondeu.

_ Quantos drinks desse você tomou? - ironizou ele. - Qual é seu nome?

_ Karol...Fox. O seu?

_ O meu? Você não precisa saber o meu. - Karol investiu contra seus lábios novamente. - Frehley, Ace Frehley.

Os olhos da garota brilharam como uma estrela naquele momento. Suas bochechas coraram também. Apesar do fato de terem se conhecido apenas alguns minutos atrás, Ace puxou-a pelo braço e a levou para o andar de seu quarto. Entrou junto a ela,  em um saguão privado. Lá o guitarrista 'espacial', como era conhecido, apresentou os outros três integrantes. Gene Simmons e Paul Stanley conversavam dentro de uma jacuzzi, acompanhados de outras garotas. Peter Criss berrava ao telefone, para quem quisesse ouvir:

_ Não Lydia, não estamos fazendo bagunça! Não Lydia, não vou colocar nosso casamento em risco!

 Karol achou aquilo uma loucura. Ace não mencionou nada parecido com "vamos para o quarto", ofuscando suas verdadeiras intenções. Os dois apenas se sentaram em um sofá confortável, e bateram um papo caprichado sobre música. Ele havia se lembrado que ela fazia parte da banda do hotel. Depois, ariscos como esquilos, se beijaram algumas vezes. Não se agarraram:

_ Esquisito. - Ace comentou.

_ O quê? - Karol perguntou.

_ A química não aconteceu, mas eu gostei de você. Quer ir ao show esta noite?

_ Adoraria.

Uma experiência única, desde a etapa no qual a banda se maquiava e desenhava as personas em seus respectivos rostos. Paul Stanley foi o primeiro a terminar, ágil com a estrela em seu olho direito. Ajeitou o roupão, pegou o kit e desenhou um coração em volta de um dos olhos de Karol. Peter Criss, com o felino inacabado no rosto, brincou fazendo uma pinta no nariz dela. Gene Simmons, o baixista cuspidor de fogo, imitou o jeito no qual cobria os lábios, com um batom negríssimo. Ace Frehley, ora focalizava em sua maquiagem prateada, ora tirava fotos com Karol e a banda.

O show fora espetacular. Ace Frehley foi o primeiro a lavar o rosto. Saiu antes dos outros três integrantes do Kiss, levando a visitante consigo. De volta ao hotel, agora dentro do quarto do guitarrista, eles tentaram mais uma vez "engatar a marcha". Sentados na cama, se olharam tão profundamente que quase paralisaram. Trocaram mais beijos, abraços e risadas discretas. Karol estava quase lançando suas sandálias para longe quando a faísca de excitação acabou, para os dois:

_ Droga, o que está acontecendo conosco?

_ Por um minuto, achei que eu tinha me apaixonado. - revelou ela.

_ Cara, eu também. Mas durou tão pouco, tão pouco. - ele não riu.

_ Foi como um relâmpago... - Karol obervou, desapontada.

_ Eu tive essa sensação duas vezes hoje. A primeira, foi quando você me fez dizer meu nome. A segunda foi agora.

_ É como uma estrela cadente.Intensa, brilhante, e desgovernada. Não percebemos de onde vem o brilho até o momento em que ele vai embora, em busca de outros céus para riscar, em busca de outros amantes para enganar.


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Notas finais do capítulo

Quero reviews e opiniões hein...