A Cake For The Cook escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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Nami abriu a porta da cozinha do Thousand Sunny sorrateiramente, espiando lá dentro por um instante. Estava tudo silencioso. Sanji provavelmente já havia terminado com a louça e foi fumar em algum lugar. Ela olhou para trás; Robin estava logo ali, cobrindo-a.

– Vem! – A ruiva fez um gesto com a mão e a outra a seguiu com um sorriso pequeno nos lábios, entrando na cozinha. – Espero que o Usopp consiga distrair o Sanji-kun direitinho.

– Aposto que sim. – Ela encaminhou-se até onde Nami fuçava em todos os armários, procurando os ingredientes adequados para o que planejavam fazer.

Foi ideia de Nami. Era aniversário de Sanji, e apesar de ele não comentar para evitar festas e outras coisas, as duas ignoraram a falta de entusiasmo dele a respeito do próprio aniversário e decidiram então fazer um bolo para ele. – Olha só, tem várias frutas aqui. Laranja, limão, morango, cereja. Tem essas pretas pequenininhas também.

– São jabuticabas.

– Que diferentes. – Ela olhou uma e jogou dentro da boca, mastigou um pouco e depois cuspiu a semente na mão. – Hm, é gostosa, mas não sei fazer um bolo com isso. – Jogou a sementinha no lixo e olhou para Robin, pegando nos cabelos longos e enrolando-os para evitar que caíssem pelo ombro enquanto se abaixava para procurar farinha e fermento.

– Para falar a verdade, não sou boa cozinheira. – Robin confessou, não parecendo constrangida com aquilo. Ficou observando Nami organizar ingredientes aleatórios ao lado da pia, batendo a ponta do dedo indicador na boca em seguida, pensando muito no que fazer. – Que tal um bolo de laranja?

– Muito simples.

– E banana com canela? É gostoso.

– Acho que não tem banana.

– Torta de limão?

– Quero fazer um bolo! Bolo de aniversário. – Ela encarou as frutas disponíveis. Podia ignorá-las e fazer logo um bolo de chocolate bem gorduroso, com um litro de calda. Duvidava que Sanji não iria gostar. Mas também queria fazer algo mais elaborado, pelo menos um pouco, porque ele se esforçava tanto com a cozinha... Merecia um agrado. Pelo menos no aniversário. No resto do ano, Nami abusava dele.

Ela sorriu sozinha. – Chocolate com cereja. Chama Floresta Negra, né?

– Isso, é um bolo muito famoso, feito com cerejas da Floresta Negra do North Blue. Bem, claro que nossas cerejas não são de lá.

– Tudo bem. – Nami esfregou uma mão na outra. – Vamos fazer isso.

A navegadora guardou as demais frutas que não seriam utilizadas e começou a preparar as coisas. Lembrava-se das receitas vagamente, porque de vez em quando preparava bolos com Nojiko. Mas sabia basicamente como fazer, não era algo muito difícil. Entretanto, precisava de medidas exatas. Foi pedindo para Robin ajudá-la com as quantidades, colocando tudo direitinho nas xícaras para fazer a massa.

Colocaram para assar e enquanto isso Nami foi fazer o recheio. Procurou mais ingredientes específicos, além de juntar várias cerejas e picá-las para deixar fácil de comer.

– Não sabia que era tão boa na cozinha.

– Eu e a Nojiko tivemos que nos virar por um bom tempo. Daí às vezes inventávamos coisas, ou pegávamos receitas com o pessoal da vila.

Fazia sentido. Robin a ajudou a picar e cuidou para que a calda não passasse do ponto.

– Nami – Usopp apareceu de repente, suando. – O Sanji quer entrar na cozinha e está furioso, o que eu faço?

Ela caminhou com passos duros até a porta. Usopp se afastou para abrir espaço para ela e a navegadora colocou apenas a cabeça para fora, olhando Sanji e Zoro brigando no convés. – Você falou pro Zoro ajudar?

– Sim, mas ele não tem métodos muito ortodoxos de distrair o Sanji.

Nami bufou e revirou os olhos. – SEUS IMBECIS, PAREM COM ISSO AGORA MESMO!

Zoro se assustou e Sanji virou para olhar a ruiva.

– Nami-san! Então é você que está na cozinha? Não quer minha ajuda?

– Não! – Ela gritou rudemente. – Eu e a Robin estamos bebendo chá e conversando e não queremos que ninguém atrapalhe, então façam silêncio!

– Tá bom, Nami-san! – Ele encolheu os ombros de forma amorosa.

– Por que não fez isso antes?! – Usopp a olhou indignado. Nami o ignorou e fechou a porta na cara dele, voltando para seu árduo trabalho na cozinha. Ah! Não era mulher para a cozinha, tinha certeza disso. Por isso gostava tanto dos mimos de Sanji, era assim que devia ser. Robin deu uma risadinha enquanto ela olhava o fogão para verificar o bolo.

– Agora temos que esperar. Quer café?

– Adoraria.

Um tempo depois a massa estava pronta. As duas com o rosto colado observavam o bolo fofinho dentro do forno. – Está pronto, agora temos que rechear e colocar a calda. – Nami pegou uma luva para retirar o bolo do forno.

– Muito legal o que está fazendo para o Sanji. – Robin cruzou os braços e sorriu.

Nami corou e a encarou, séria. – Hunf, estou fazendo isso porque sou uma pessoa maravilhosa!

– Sim. – Robin riu. – É.

– E também porque ele merece uma folga uma vez por ano. – Completou entre dentes. Robin sorriu e pegou a colher que estava dentro do recheio, colocando um pouquinho na mão para experimentar. Nami já havia prendido o cabelo para cima com uma fivela. A arqueóloga continuava como sempre, sua ajuda era pouca, mas Nami exigira sua presença.

Ela cortou o bolo em três partes e começou a recheá-lo cuidadosamente, perfeccionista como ela. Robin ia ajudando com palpites, dizendo que aqui e ali devia ter mais recheio, essas coisas.

Nami colocou a última fatia de bolo em cima do segundo recheio, completando o formato do bolo.

– Tem recheio sobrando no canto.

A navegadora a olhou de canto, tirou um excesso de recheio e bateu a ponta do dedo no nariz de Robin. – Você só dá ordens! – Ela lambeu o dedo e esfregou na toalha em seguida. – Agora é sua vez de trabalhar, coloca o chantilly em volta do bolo pra cobrir. – Nami empurrou o pote de chantilly para ela.

– Hum, ok. – Com um sorriso ela pegou uma colher e começou a espalhar o chantilly no bolo. – Está com um cheiro muito bom, será que está escapando para fora da cozinha?

– Está ventando para o sul, então o cheiro está indo para o outro lado.

– Pensa em tudo. – Robin franziu de leve a sobrancelha, observando irregularidades na cobertura. Nami encostou-se e ficou olhando-a, sorrindo satisfeita com o bolo. E também, feliz com o elogio.

Robin terminou o trabalho e a ruiva aproximou-se novamente. O bolo havia ficado grande e bonito, e a arqueóloga havia o coberto muito bem. – Ok, agora é só jogar chocolate, espalhar umas cerejas e está pronto, e lindo!

A morena bateu a colher na ponta do nariz de Nami e depois a colocou na boca. Nami fez um bico. – Vingança?!

– Sim. – Ela jogou a colher na pia, sorrindo docemente para a outra. – Vou lavar a louça.

– Por favor, não estrague suas mãos. – Ela fez um gesto com a mão, pedindo para a morena se afastar da pia. – Eu mando o Zoro lavar depois, ele não faz nada mesmo.

Robin riu. Coitado.

– Ok, e agora, como vamos fazer para atrair o Sanji aqui para dentro?

– Eu já combinei tudo com o Usopp. Vamos nos abaixar aqui com o bolo, a primeira coisa que ele vai fazer quando entrar aqui vai ser vir para a bancada. Aí nós o surpreendemos!

– Está bem. Combinou com ele algum sinal?

– Não, mas marquei o tempo para ele e pedi para entrar devagar, assim podemos nos abaix—

Usopp abriu a porta tão lentamente que Nami e Robin poderiam ter se abaixado três vezes e Sanji não as teria visto. O cozinheiro irrompeu na porta, chamando amorosamente o nome das duas, mas parou quando viu que aparentemente não havia ninguém lá. – Ué, elas saíram?

– Acho que sim, devem ter saído pela enfermaria. – Usopp se empertigou, ficava nervoso com essas coisas.

– Poxa, então vou começar a fazer o jantar para elas.

– Oe, você faz o jantar para nós também.

– Tanto faz.

Sanji andou até a bancada e quando fez a curva, Nami e Robin se levantaram e a ruiva esticou o bolo na direção dele, um sorriso enorme no rosto. A outra apenas sorria serenamente. – Feliz aniversário!

O cozinheiro congelou. Congelou na hora. Os outros já haviam aparecido ali, pois Usopp os mandou entrar. Eles espiaram enquanto Sanji encarava as duas, catatônico.

– Hey! Fala alguma coisa, deu muito trabalho fazer esse bolo! – Falou Nami, irritada, com vontade de atirar o bolo na cara de Sanji.

Mas de repente o aniversariante praticamente derreteu e caiu molenga no chão, uma expressão de tanto amor e felicidade que parecia mesmo ter virado uma poça. Nami largou o bolo e as duas se adiantaram até ele, abaixando-se para verificar se ainda estava vivo.

– Ah meu Deus, vocês mataram o Sanji! Quem vai cozinhar agora?! – Luffy acusou, desesperado.

– Cala a boca Luffy, ele provavelmente só desmaiou. – Zoro fez uma expressão de tédio.

– Chamem um médico! – Chopper gritou e Usopp deu-lhe um tapa na cabeça.

– É você!!

– Ah, é. – Ele correu para Sanji, verificando sua temperatura e pulso. Estava tudo normal. Aliás, o coração batia tão rápido, parecia que ia saltar do peito. – Ele está... Bem, acho que ele teve uma descarga de adrenalina muito forte.

– Mas é um tonto mesmo. – Nami se levantou e olhou para o bolo. – Ninguém encosta no bolo até o Sanji-kun acordar!

Entretanto, a ordem não precisou ser seguida porque logo o cozinheiro acordou novamente. Sendo assim, Luffy achou que seria válido pular e atacar o bolo; oras, ele já havia acordado. Sanji apenas ergueu a perna e enterrou-a no peito do capitão, fazendo-o cair no chão. Ele deu um gemidinho de dor.

– Nenhum de vocês idiotas encosta no bolo que a Nami-san e a Robin-chan fizeram pra mim! Se quiserem tem sorvete no freezer.

Robin deu uma risadinha e Nami sacudiu a cabeça. – Que feio Sanji-kun! Mas tudo bem, é seu aniversário. E também vamos ferver água pra fazer chá preto pra você.

– Ah, eu adoro chá preto, Nami-san. – Ele pôs as mãos no rosto e olhou, todo feliz, para a navegadora. – Obrigado! Vocês são lindas, perfeitas, as duas mulheres mais lindas do planeta e—

– Tá, corta a bobagem! – A ruiva fez um gesto com a mão. – Agora experimenta o bolo!

– Nem queria mesmo – Zoro bocejou.

– Cala a boca, marimo invejoso. – Sanji adiantou-se feliz ao bolo na bancada e procurou uma faca limpa para cortar.

– Cale a boca mesmo porque você quem vai limpar isso!

– Eu?! – O espadachim olhou incrédulo para Nami, parecendo muito aborrecido.

– Sim! E não se atreva a dizer que não, porque não ajudou em nada com o preparo do bolo, então tem que pelo menos limpar tudo.

– E o que eu tenho a ver com vocês fazerem bolo pro cook?!

– Tudo. – Nami ergueu a sobrancelha ameaçadoramente, mas também com um significado obscuro implícito. Zoro arregalou o olho, sentindo o rosto esquentar. – Agora cale-se. E aí, Sanji-kun? O que achou?

– Está lindo, o recheio está perfeito. Nami-san é uma cozinheira de mão cheia.

– Bobagem. – Ela ficou feliz, mas preferiu fingir que não. Robin meneou a cabeça negativamente. Então, o cozinheiro deu uma garfada no bolo e experimentou. Em seguida, fez uma expressão de prazer como se tivesse degustado da maior iguaria da face da terra, digna do All Blue, melhor que tudo o que ele mais gostaria de comer na vida. Era perfeito, tinha uma textura incrível.

E mais, ele podia sentir o carinho ali aplicado por mais que Nami fosse durona demais para admitir e Robin apenas risse caso ele sugerisse algo assim. Olhou para as duas e sorriu, profundamente agradecido.

– Obrigado, não comemorei meu aniversário nesses últimos dois anos.

– Não há de quê. – Nami esticou a mão e a colocou no topo da cabeça loira, agitando os fios num carinho quase maternal. Depois sorriu para ele. – Também quero experimentar, para ver como está!

– Claro, Nami-san! Eu corto pra você! Quer também, Robin-chan?

– Claro.

– Hey, por que elas podem comer e a gente não? – Luffy fez um bico.

– Você quer mesmo discutir se pode comer o bolo do Sanji ou não? – Usopp cruzou os braços. Era lógico que ele não deixaria ninguém pôr as mãos no bolo que Nami e Robin fizeram para ele, se bobear congelaria um pedaço para sempre.

– Parem de olhar com essa cara, venham pegar um pedaço. – Sanji rosnou para os outros, como se tivesse dito algo completamente diferente. Luffy foi o primeiro a pular para que o cozinheiro desse a ele um pedaço do bolo.

– Oras, quem diria. – Franky fez uma expressão de aprovação.

– Bom, eu acho que todos colaboramos com isso então ele acabou se rendendo. – Sugeriu Usopp.

– E também, somos nakama. – Completou Chopper.

– Ele gosta de nós, yohohoho.

– Hunf. – Grunhiu Zoro.

– Calem essas bocas idiotas e venham antes que eu mude de ideia!

– Ah. Bom e velho Sanji-kun.



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