Amor Paterno escrita por judy harrison


Capítulo 9
Companhia para esta noite




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Muito envergonhada Bonnie se levantou e saiu da sala, mas não antes de receber de Gary um olhar indecifrável e nada amigável.

Ricardo continuou no mesmo lugar como se nada tivesse acontecido.

_ Preciso avisar que aqui não é seu apartamento? – disse com alta voz.

_ Estávamos apenas nos beijando. Isso é crime, por acaso?

Mas Gary estava mais irado do que deveria, sentia ciúmes e despeito misturados à sua autoridade como professor.

_ Sabe que é estritamente proibido o namoro em sala!

_ Fazemos isso sempre, e você nunca falou! Está descontando por eu ter dito aquilo...

Gary se irritou com ele e se aproximou, sua raiva por ser desprezado e por ter visto Bonnie nos braços de Ricardo o deixou possesso.

_ Você, sempre me tratando como se eu fosse um lixo, não é? Pois saiba que até agora fui tolerante, mas não aturo mais esse comportamento!

_ Tudo bem, Gary! – se levantou e disse com o mesmo tom – Eu não vou mais ficar com ela aqui!

_ Não me refiro a isso! – ainda estava nervoso – Sempre que falo com você me vem com “pedradas”! O que pretende? Desmoralizar-me? Já não me fez o bastante?

Ricardo o encarou com espanto. Ainda não havia presenciado seu descontrole, e nem mesmo entendia o que ele queria dizer.

_ Eu não estou fazendo isso, Gary! - sua voz ficou calma e ele parecia querer segurar o professor – Me desculpe, ok?

Dando-se conta de seu exagero, Gary se virou e saiu.

Gary ia descer as escadas e Bonnie estava ali, parada. Ela sentia vergonha, e ele ciúmes. Ele parou, mas ela cabisbaixa não o encarou, mesmo quando ele lhe dirigiu a palavra.

_ É assim que quer terminar com ele?

Ele se foi, e Bonnie sentiu-se muito mal.

Apenas naquela noite haveria um festival onde todos os alunos da escola poderiam assistir, pois se passaria no pátio. Então não teria aula normal.

Bonnie procurava por Ricardo pela escola e não o encontrou, mas viu Gary encostado à porta de entrada da diretoria. Estava olhando ao léu. Mais adiante uma peça de teatro era apresentada ao pessoal.

Chateada com a situação entre eles, Bonnie se aproximou.

_ Professor? Não vai assistir à peça?

Ele levantou os olhos e demonstrou sua decepção ao abaixá-los de novo.

_ Não gosto dessa peça. Muito... apelativa.

Um pouco sem jeito ela parou ao lado dele, também olhava para baixo.

_ É um romance de Shakespeare, e é dramático, não apelativo.

Ele a encarou, não queria saber de peça nenhuma e sim dela.

_ Às vezes o sacrifício pelo amor se torna banal quando visto assim, tantas vezes e sem compreensão.

_ O senhor não compreende a peça?

Ele sorriu.

_ Shakespeare foi minha inspiração em alguns trabalhos que fiz para a faculdade. Falo do modo como exibem. Não respeitam os diálogos contemporâneos, só para se adaptarem aos dias de hoje e acabam deturpando o significado e a beleza da peça.

Bonnie queria ficar ali o ouvindo toda a noite, pois a inteligência dele a atraia muito também, além daquele ar de superioridade quando falava com segurança de um assunto que dominava.

_ E o senhor já viu uma peça que respeitasse a original?

_ Sim. – ele também queria dar a ela aulas particulares de paixão – No meu computador. – ela riu – É a peça mais original que já vi, em inglês, que se passou em Londres, você sente que está naquela época, no século 16. Foi muito bonito.

_ Aposto que sim.

_ Gostaria de ver? Agente pode entrar aqui, tem um computador e internet.

Seu pedido significava para Bonnie que ele já não estava mais chateado com ela, então ela não poderia recusar.

Os dois entraram, mas antes Gary se certificou de que ninguém os perceberia. Não que não pudessem entrar, mas ele não era um professor naquele momento e nem ela uma aluna.

Na sala, Gary pediu que ela se sentasse ali ao lado dele na mesa de computador, e o ligou.

_ Vou lhe mostrar o que é peça de verdade!

_ Devia a escola inteira estar aqui para ver.

Os dois riram e Bonnie notou que era a primeira vez que ficavam tão próximos e quase grudados.

A peça era grande, então Gary apenas mostrou a ela as partes mais bonitas e interessantes. Ao final, ele disse que deviam sair dali logo, pois o festival estava para acabar.

Eles sairam de lá como entraram, sem serem vistos. E Gary ofereceu carona a ela.

Como era sexta feira e não teria aula no outro dia, Gary convidou Bonnie para um clube de dança, onde tinha também apresentações musicais.

_ Hoje terá uma apresentação de um trompetista muito talentoso, além disso, está cedo, são 10 horas.

_ Se eu puder ir para casa me arrumar... Não posso chegar lá de calças jeans e camiseta da escola.

_ Concordo, mas não se preocupe, é um lugar simples.

Quando chegaram, Gary entrou com ela, e quase 20 minutos depois saíram.

Bonnie nem percebeu que quando entraram o portão de seu quintal estava aberto e Ricardo estava na lavanderia, atrás da casa. Ele esteve lá esperando por ela desde que saiu da escola.

No clube, Bonnie e Gary assistiam à apresentação. Foi rápido, apenas 30 minutos. Eles aplaudiram o músico com alegria.

_ Eu gostei muito, Gary. Mas eu acho que agente devia ir embora, já são quase uma da manhã.

_ De fato. Essa noite eu vou morrer, pois meu pai deve estar carregando a espingarda dele. Ele odeia quando não aviso onde vou.

Enquanto riam eles saíram do clube. De volta à casa de Bonnie, Gary queria lhe falar de sua paixão, mas não lhe saia da cabeça o fato de tê-la visto com Ricardo. Então ele decidiu adiar o assunto, mas precisava saber se ela ia mesmo resolver aquilo.

_ Bonnie, antes que vá embora quero pedir desculpas por ter agido daquele jeito com você na escada. Eu acho que fui imaturo.

_ Não, eu entendo. Fui imprudente e desrespeitosa.

_ Acho que não entendeu. Estou falando por Ricardo. Disse que quer terminar com ele, mas está dando-lhe esperanças. Não acha que está brincando com ele?

_ Não, eu só queria que ele me considerasse uma amiga íntima, mas vejo que ele quer me prender. Ele sente muito ciúme quando falo de você, e exige minha atenção. Mas me disse que está ciente de minha posição depois do que conversamos.

Gary acariciou seu rosto com as costas dos dedos.

_ Eu sentiria ciúme de mim também, se fosse Ricardo.

Ela sorriu e ele quase a beijou, mas não o fez, achava que não era a hora.

Quando Gary foi embora, ela pensou no que ele disse. Não queria brincar com seu filho, mas não queria perdê-lo de vez. Estava confusa, pois a paixão por Gary parecia séria em seu coração, diferente do que sentia por Ricardo, era sólida e não aventureira.

Enquanto ainda pensava ouviu o barulho de alguém pulando seu portão. Sentiu seu coração bater forte, mas logo parou quando ouviu a voz de Ricardo.

_ Bonnie, abra, sou eu! – ele falava com a voz diferente e Bonnie percebeu que ele estava bêbado.

Ela ficou com receio de que ele tivesse visto Gary saindo de lá, mas abriu a porta, e o que viu foi espantoso para ela.

_ Cadê ele, Bonnie?

_ Meu Deus, Ricardo, o que houve com você?

Ele estava sujo e seu hálito cheirando a álcool, além dos cabelos bagunçados e sujos também.


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