Porém, naquela mesma hora Ricardo e Bonnie estavam juntos, mas discutiam. Bonnie havia recebido a visita dele logo pela manhã, quando ele voltava de seu trabalho misterioso.

_ Ricardo, por favor, não faça tanto drama!

Ele a encarava indignado.

_ Drama? Me diz que não quer mais me ver e quer ver um sorriso em minha cara?

_ Eu não disse que não quero mais te ver, disse que agente tem que dar um tempo!

_ Eu não sou burro, Bonnie, diga logo que está me dando o fora!

_ Entenda como quiser, Ricardo, mas eu sempre deixei claro que não tínhamos compromisso um com outro.

_ E eu disse mais de uma vez que te amo, Bonnie!

Ela virou o rosto. Estavam em seu quarto, e ela o havia rejeitado na cama, motivo que a levou a abrir o jogo.

_ Tem que encarar as coisas com maturidade.

_ Você tem outro? Quem é?

_ Não seja bobo, Ricardo! Eu não quero que isso se torne uma obsessão pra você.

_ Tarde demais, Bonnie! – ele se levantou e se arrumou – Não sou de perder. E se pensa que vai me dispensar assim, como se eu fosse um lixo, está enganada.

Ricardo saiu logo do quarto, e quando se foi de vez, Bonnie saiu da cama depressa e se arrumou. Com seu celular mandou uma mensagem para Gary, dizendo em poucas palavras o que houve.

Bonnie não sabia que aquilo era torturante para Gary, que estava divido entre toma-la para si e ajudar Ricardo a se livrar de uma ilusão. Então retornou a mensagem dizendo que procuraria por ele.

Quando saiu da escola, ele foi direto para o apartamento de Ricardo.

Chegou exatamente na mesma hora que Ricardo voltando da casa de Bonnie. E se encontraram no estacionamento do prédio.

_ Olá, posso falar com você?

_ O que quer, Gary? Não estou muito bom para sermões.

_ Por que acha que vou dar-lhe sermões?

_ Considerando que você me vê como um arruaceiro... – disse apático.

_ Está chateado com alguma coisa e está descontando em mim? – ele se aproximou e percebeu as lágrimas nos olhos de Ricardo – O que houve?

Mas ele não se conteve, pousou as mãos com a cabeça no volante e chorou.

Gary viu aquilo com tristeza e o convenceu a subir para seu apartamento.

Já lá dentro, ele notou que não havia mais nenhum objeto erótico jogado pela sala. Para fazer com que ele se acalmasse, falou sobre aquilo.

_ Onde colocou suas coisas?

_ Não leve a mal, mas eu só curto mulheres. – ele disse fungando e secando os olhos.

_ Ora, você me respeite! – disse severo, mas viu que aquilo era só uma brincadeira, e que Ricardo tentava sorrir, então sorriu também – E eu nem sei para quê servem aquelas coisas, está bem?

_ O que você é? Um monge de nascença? Cresceu na roça?

Ele percebeu que a conversa o deixou mais calmo mesmo. Ricardo sentou-se e suspirou. Mas Gary não queria vê-lo chorar de novo, não entendia bem, mas sentia tanto amor pelo garoto que Bonnie pareceu uma vilã naquela hora, pois sabia que ele chorou por causa dela. Decidiu conversar primeiro antes de abordar o assunto real.

_ Não, mas isso nunca entrou no meu... , cardápio de preferências.

_ É tão antiquado!

_ E você, muito moderninho! Quanto ganha para fazer isso?

Ricardo esticou os olhos e riu, já não tinha traço de tristeza.

_ Antiquado, mas curioso! Quer mesmo saber?

_ Se diz que é algo normal nesse século cheio de loucuras... Por que eu tenho que encarar diferentemente?

_ “Diferentemente”? – ele olhou para Gary com afeto – Você é um homem tão culto e bem educado... Não acho que a luxúria possa te interessar de alguma forma.

_ Mas você me interessa muito!

De repente ele se levantou irritado, transformando seu humor.

_ É disso que eu estou falando! Por que não sai do meu pé, Gary? – era mais uma súplica do que um pedido – Eu... Eu não sou mais aquele menino cheio de problemas que você conheceu! Não lhe devo satisfações e nem explicações! E eu já disse que não somos nada um do outro! – ele viu que Gary ficou chateado, e se arrependeu de ter falado daquele jeito – Eu tentei conversar com você aquele dia e você me expulsou da biblioteca, nem quis me ouvir. Por que devo ouvir você agora? Nem sei o que quer comigo.

_ Não interessa mais.

Gary saiu de lá tão rápido como pôde. Ouvir aquelas palavras de hostilidade o deixou muito apreensivo e triste. Por que se envolveria com seus problemas outra vez?

Lembrou-se de quantas vezes o buscou na delegacia e depois ele o hostilizava daquele mesmo jeito, pedindo que ele o deixasse em paz.

_ Você é um imbecil! – dizia a si mesmo – Ele te maltrata, mas você ainda vai atrás dele! Eu estava errado, ele não mudou, é o mesmo!

Gary viu-se chorando. Como podia amar um garoto que não queria ser seu filho? Por que aquela insistência em entrar em sua vida?

A noite chegou e na sala de aula, Gary continuava tratando tanto a Bonnie quanto a Ricardo como alunos. Mas não ignorava, por mais que quisesse, que os três estavam envolvidos de alguma forma.

Quanto a Ricardo, tentou ignorar a presença de Bonnie, mas em vão, pois sentia algo forte por ela e pensava que fosse amor.

No intervalo, como sempre Ricardo não descia, Bonnie aproveitou para falar com ele.

O sorriso que ele dispensou ao fita-la quase a fez desistir de terminar seu romance com ele. Ricardo não era só o rapaz mais bonito que ela já viu. Era jovem e muito bom amante, e um amigo na classe.

_ Bonnie, eu sinto muito por ter saído daquele jeito, fui um grosso. Me perdoe, por favor!

Ela sentou-se numa cadeira, ao lado dele.

_ Não se preocupe, está tudo bem.

_ Entre nós?

Ela pensou um pouco para falar.

_ Agente tem que conversar melhor sobre isso.

Sabendo o que ela queria dizer, ele preferiu demonstrar que concordava.

_ Sim, tem razão. Eu só quero que você entenda que gosto muito de você.

_ Eu também, mas...

_ Tudo bem, Bonnie. Eu sei que não temos compromisso selado um com outro.

Achando que seu problema em convencê-lo estava solucionado, ela ficou mais tranquila e o beijou. Seus beijos passaram do limite e Ricardo começou a acaricia-la por baixo da blusa. E nesse momento Gary entrou na sala.

Mesmo com a rapidez da mão de Ricardo de sair de cima dos seios de Bonnie, Gary notou o que estava acontecendo. Olhou para os dois, indignado.

_ O que pensam que estão fazendo?