Amor Paterno escrita por judy harrison


Capítulo 4
Cuidado Paterno


Notas iniciais do capítulo

Amor de pai às vezes se iguala ao de uma mãe, e com ele vem as preocupações e desatinos.



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Um dos alunos que ameaçaram Ricardo na última noite, que entrou na sala para cometer aquele ato, saiu da sala no meio da confusão sem ser notado.

Quando foi atingido Ricardo não gritou, por isso ninguém percebeu o momento da agressão.

Gary conseguiu tirar o compasso do pescoço de Ricardo e estancou o sangue com um lenço que usava para tirar giz da mão. Quando a ambulância chegou, ele foi logo colocado nela.

_ Acho que pegou uma artéria. Sangrou muito! – Gary estava apavorado – Vamos depressa.

Bonnie também se apavorou. Ricardo havia perdido os sentidos.

_ Gary, eu vou com vocês!

Ele deu passagem pra que ela entrasse.

No hospital, Gary e Bonnie aguardavam as primeiras informações sobre o estado de Ricardo.

_ Você não viu ninguém estranho lá? – Gary perguntou.

_ Não teria visto. Quando não tem professor na sala os alunos entram e saem, não dá pra saber de que sala eles são. Eu sinto muito.

_ Tudo bem. – ele então se lembrou da preocupação dela - Você o ama, não é?

_ Ricardo e eu somos só amigos.

Gary olhava para ela pensando que se Ricardo tivesse alguém assim ao lado dele seria feliz.

Então o doutor chegou.

_ O senhor é o pai dele?

Gary logo respondeu.

_Sou o professor dele. Como ele está?

_ O corte foi pequeno, não pegou nenhuma veia importante. Ele só terá que ficar com o protetor no pescoço por uns dias para cicatrizar. E ele terá que tomar uns remédios.

_ Ele já está liberado? - Bonnie perguntou enquanto Gary suspirava aliviado.

_ Sim, mas terá que tomar todo o soro. Então ele poderá ir para casa.

Quando o doutor saiu, Gary pediu que Bonnie ficasse lá.

_ Eu vou pegar um taxi para voltar à escola. Tenho que falar com a diretora e buscar o carro de Ricardo.

Gary saiu e Bonnie percebeu que entre ele e Ricardo havia algo muito forte, e que havia uma ligação com aquela escola destruída.

 Ele não demorou a chegar, e Bonnie estava ao lado de Ricardo.

_ Como ele está?

_ Ele acordou e chamou por você, mas parece estar bem.

Ele se aproximou do rosto de Ricardo.

_ Ei, campeão? Vamos embora?

_ Vai me comprar um sorvete? – Ricardo ironizou com um pouco de dificuldade, e Gary sorriu.

_ Como se sente?

_ Como se alguém tivesse enfiado alguma coisa em meu pescoço.

_ Vai se recuperar. Já está impertinente! – disse sorrindo.

Bonnie não tinha dúvidas. Gary gostava de Ricardo.

Quando o soro acabou Gary ajudou Ricardo a andar até o carro, enquanto Bonnie levava suas coisas.

_ Vamos deixar Bonnie na casa dela e depois eu o levarei para a sua casa.

_ Quem fez isso, Gary? – ele perguntou – Bonnie disse que foi alguém de fora da sala.

_ Pode ser. Ninguém o notou, ou não quis delatar por medo. Mas o importante é que você está bem.

_ Sem essa! Eu vou descobrir...

_ Você não vai fazer nada, Ricardo!

Era uma ordem, e ele não retrucou. Bonnie então suspeitou de que o laço entre eles era mais forte do que ela pensava.

Bonnie ficou em sua casa. Quando entrou, tomou um banho e deitou-se. Em sua mente veio a imagem triste de Ricardo se inclinando para o chão enquanto seus olhos se fechavam e o sangue tingia o chão.

_ Ah, Ricardo, eu pensei que você fosse me deixar!

Lembrou-se do que ele disse quando a deixaram em casa.

_ Estou feliz que vocês dois estejam comigo nessa hora. Eu não queria mais ninguém!

Aquilo era uma declaração profunda de que ele era uma pessoa muito carente, apesar do ar de segurança que transmitia.

_ Que rapaz mais estranho você é, Ricardo!

Ela queria muito saber mais sobre ele e descobrir se era mesmo o que queria.

No apartamento de Ricardo, Gary descobriu dele algo que nunca passaria pela cabeça de Bonnie.

Ao abrir a porta se deparou com vários objetos espalhados pela sala. Eram objetos eróticos. Como Ricardo não levava ninguém para lá, não se importava em esconder.

_ Eu... Eu não acredito! – Gary disse estarrecido.

Ricardo sentou-se com cuidado por causa do protetor no pescoço, e suspirou rendido.

_ Você me pegou.

_ Vo... Você é um gigolô?

_ Não faça drama! – disse chateado pela descoberta – Isso não é crime, não neste século.

_ Eu não posso acreditar!

Gary cresceu com formação religiosa como base de sua educação. Nunca compreendeu aquele lado da vida. E não aceitaria aquilo vindo de Ricardo. E Ricardo sabia disso. Então justificou, contando a verdade.

_ Eu não escolhi isso, assim. Eu estava na Argentina e não tinha como sobreviver! – seus olhos estavam molhados – Uma mulher me confundiu, me ofereceu dinheiro e... eu continuei. - ele se levantou, estava abalado e frágil pelo que houve na escola – Mas eu mudei, Gary! Tudo isso aqui tem nota fiscal, não é roubado! Procure! Você não achará nada, nenhuma seringa, nenhum papelote... – Gary ouvia penalizado – Eu estou limpo, Gary, há três anos eu estou limpo! E eu voltei a estudar por que quero ser alguém na vida. – sua voz estava embargada, ele parou de falar.

Gary se aproximou dele, temendo que seus pontos abrissem, pois ele estava muito tenso. E para sua surpresa, Ricardo o abraçou.

_ Acalme-se filho! – disse comovido, e também o abraçou forte.

Ricardo procurou se compor e se afastou devagar.

_ Eu... vou tomar um banho.

Enquanto o esperava, Gary se lembrou de Denise, mãe de Ricardo e sua primeira relação amorosa.

Ela era linda e ambiciosa. Vivia em bares e casas de massagem, e não quis uma vida estável ao lado dele, quando o procurou para dizer que tinha um filho seu, queria se estabilizar e depois voltar ao mundo noturno. Ricardo sofreu a pior influência possível.

_ Pelo menos deixou as drogas! – disse olhando aqueles acessórios exóticos. Deus, ele é só uma criança!

Suas lembranças foram tomando seus sentidos até que ele acabou cochilando no sofá.


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