Amor Paterno escrita por judy harrison


Capítulo 3
Flertes, confronto e sangue


Notas iniciais do capítulo

Gary e Ricardo se enfrentam pela primeira vez. Ricardo se declara para Bonnie, e recebe um golpe.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/203343/chapter/3

_ Queremos saber uma coisa. – disse um deles – Você fica andando por aí com seus cabelinhos soltos e esse jeito de superioridade... Seu “gueizinho” metido a besta... Qual é a sua?

_ Eu estou em paz!

_ Não gostamos de gays nessa escola! – disse outro mais irritado.

O circulo ia se fechando mais quando alguém disse com autoridade na porta da sala.

_ Afastem-se dele! Desçam agora!

Era Gary.

Os rapazes saíram devagar, enquanto olhavam fixamente para Gary.

Ricardo sentiu-se impotente diante do professor.

_ Obrigado, mas não precisava. Eu teria me virado.

_ Me desculpe! Quer que eu os chame de volta? – Ricardo riu com ironia – Você não é gay! Por que não disse a eles?

_ Infelizmente não ia adiantar. Além disso, tenho muitos amigos gays e defendo essa classe.

_ Eu tenho amigos ativistas, e não tomaria um processo da empresa petroleira por causa deles.

_ O que você quer aqui, Gary? – disse depois de outro riso irônico.

_ Vim procurar por Bonnie.

_ _ Ela faltou hoje. O que queria com ela!

Seu jeito explosivo de falar fez Gary rir.

_ Não se preocupe, eu só queria que ela me emprestasse seu caderno. Eu esqueci meu livro e tenho que passar umas coisas para os alunos da oitava.

_ Achei que ela seria sua próxima vítima.

_ Não seja bobo. Bonnie é uma aluna exemplar e dedicada. Há outros candidatos aqui na sala.

_ Como eu?

Gary suspirou. Tinha com Ricardo uma história triste e conturbada.

_ Você continua o mesmo cabeça-dura de sempre, não é?

Aquilo era mais um lamento.

Ricardo pegou seu caderno e entregou.

_ O “cabeça-dura” copiou tudo também.

Então ambos sorriram como se dessem uma trégua.

_ Entregarei quando acabar de usar.

Gary ia saindo quando Ricardo o chamou.

_ Professor, - ele se virou – Obrigado pelo que fez há pouco!

_ De nada... aluno!

Gary saiu satisfeito. Queria ter dito outra coisa, fazer outra coisa, mas estava satisfeito.

O turno chegou ao fim e Gary foi até o carro de Ricardo para entregar o caderno.

_ Obrigado, Ricardo.

_ Ahn... Gary, eu queria falar com você.

Vendo seu jeito preocupado, Gary o conduziu até a biblioteca.

_ Espere ai, eu vou buscar um café pra nós dois.

Sentado numa poltrona giratória, Ricardo remeteu sua mente ao dia em que disse a Gary que ele não era seu filho.

_ Desculpe-me, Gary, mas eu não podia continuar com essa farsa. Eu amava minha mãe, mas ela usou você para que nos sustentasse.

Gary queria morrer ao ouvir aquilo. A mãe de Ricardo havia dito a ele dois anos antes que seu aluno de dezesseis anos era seu filho. Gary o aceitou prontamente e passou a ajuda-los como podia, Mas Ricardo era um adolescente problemático, estava se envolvendo com pessoas do submundo e não aceitava conselhos. Mas Gary era persistente e vivia repreendendo-o e cruzando seu caminho. Quando então sua mãe faleceu, Ricardo decidiu revelar.

Gary entrou na biblioteca e flagrou uma lágrima nos olhos de Ricardo.

_ Está tudo bem?

_ Sim. – ele secou os olhos.

_ Então, o que quer? – disse dando a xícara para ele.

Ele tomou o café depressa antes de falar.

_ Gary, eu... queria falar com você sobre aquele dia, sobre aquele problema na escola.

Gary se levantou.

_ Acho que você já terminou o seu café! Pode ir agora. – se aproximou da porta e a abriu.

_ Não, eu não terminei.

_ Sim, você terminou! – disse com severidade – Terminou há três anos na estação de Buenos Aires, como foi seu desejo. Vá embora, Ricardo e descanse.

_ Como pode entender as coisas se não me ouve?

_ Que divertido ouvir isso de você! – ele o segurou pelo braço e o conduziu agora para fora. – A única coisa que temos para conversar está entre os livros da escola.

Aborrecido, Ricardo foi embora.

Gary ficou a se lamentar. Agiu contra sua vontade o tempo todo. Queria correr atrás dele e pedir que voltasse. Não acreditava ainda, depois de três anos que foi descartado por ele daquele jeito. Ricardo o expulsou de sua vida, pois não quis ser seu filho.

No outro dia de aula, Gary seria o primeiro, e a classe o aguardava com entusiasmo. Bonnie estava em sua carteira e já recebia de Ricardo as matérias perdidas. Ele falava com carinho.

_ Tivemos aula de Saudade, lembrança e solidão!

_ Engraçado! – ele ria – aprenderam algo novo?

_Aprendemos que quando o amor brota no coração não conseguimos mais viver longe da pessoa amada.

_ Ricardo...

Ele se limitava a falar com ela como colegas, pois não queria que a hostilizassem como faziam com ele.

Gary então chegou, e esperou na porta que todos entrassem. De lá observou Ricardo e se lembrou de inúmeras vezes em que o repreendeu. Ricardo também o encarou, mas não como antes, agora se sentia ferido.

_ Boa noite a todos. Hoje, como prometi, vou passar um simulado de nossa primeira avaliação.

Ele começou a escrever na lousa, tinha a habilidade de fazê-lo com uma rapidez fora do comum.

Enquanto isso Bonnie tinha a mesma habilidade no caderno, e de novo parou com ele.

Quando Gary sentou-se, reparou que ela estava com o caderno fechado.

_ Já terminou? - perguntou sorrindo.

E ela correspondeu.

_ Sim.

Gary estudou seu rosto. Bonnie tinha olhos verdes acastanhados que pareciam sorrir também. Ela não era uma mulher sexy e nem linda ao extremo, mas sua simpatia e seu sorriso eram cativantes, e ele a observava sempre, como naquele momento.

Até que um grito o interrompeu.

Ricardo estava caindo de sua carteira para o chão e seu pescoço estava sangrando.

_ Socorro! - gritavam as alunas ali perto.

Gary se levantou rapidamente e pediu que Bonnie chamasse a ambulância da escola pelo seu celular.

Ele foi até Ricardo e viu que se tratava de um compasso que estava cravado no pescoço dele.

_ Meu Deus, quem fez isso? – disse Gary em desespero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Paterno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.