Amor Paterno escrita por judy harrison
Notas iniciais do capítulo
Gary e Ricardo se enfrentam pela primeira vez. Ricardo se declara para Bonnie, e recebe um golpe.
_ Queremos saber uma coisa. – disse um deles – Você fica andando por aí com seus cabelinhos soltos e esse jeito de superioridade... Seu “gueizinho” metido a besta... Qual é a sua?
_ Eu estou em paz!
_ Não gostamos de gays nessa escola! – disse outro mais irritado.
O circulo ia se fechando mais quando alguém disse com autoridade na porta da sala.
_ Afastem-se dele! Desçam agora!
Era Gary.
Os rapazes saíram devagar, enquanto olhavam fixamente para Gary.
Ricardo sentiu-se impotente diante do professor.
_ Obrigado, mas não precisava. Eu teria me virado.
_ Me desculpe! Quer que eu os chame de volta? – Ricardo riu com ironia – Você não é gay! Por que não disse a eles?
_ Infelizmente não ia adiantar. Além disso, tenho muitos amigos gays e defendo essa classe.
_ Eu tenho amigos ativistas, e não tomaria um processo da empresa petroleira por causa deles.
_ O que você quer aqui, Gary? – disse depois de outro riso irônico.
_ Vim procurar por Bonnie.
_ _ Ela faltou hoje. O que queria com ela!
Seu jeito explosivo de falar fez Gary rir.
_ Não se preocupe, eu só queria que ela me emprestasse seu caderno. Eu esqueci meu livro e tenho que passar umas coisas para os alunos da oitava.
_ Achei que ela seria sua próxima vítima.
_ Não seja bobo. Bonnie é uma aluna exemplar e dedicada. Há outros candidatos aqui na sala.
_ Como eu?
Gary suspirou. Tinha com Ricardo uma história triste e conturbada.
_ Você continua o mesmo cabeça-dura de sempre, não é?
Aquilo era mais um lamento.
Ricardo pegou seu caderno e entregou.
_ O “cabeça-dura” copiou tudo também.
Então ambos sorriram como se dessem uma trégua.
_ Entregarei quando acabar de usar.
Gary ia saindo quando Ricardo o chamou.
_ Professor, - ele se virou – Obrigado pelo que fez há pouco!
_ De nada... aluno!
Gary saiu satisfeito. Queria ter dito outra coisa, fazer outra coisa, mas estava satisfeito.
O turno chegou ao fim e Gary foi até o carro de Ricardo para entregar o caderno.
_ Obrigado, Ricardo.
_ Ahn... Gary, eu queria falar com você.
Vendo seu jeito preocupado, Gary o conduziu até a biblioteca.
_ Espere ai, eu vou buscar um café pra nós dois.
Sentado numa poltrona giratória, Ricardo remeteu sua mente ao dia em que disse a Gary que ele não era seu filho.
_ Desculpe-me, Gary, mas eu não podia continuar com essa farsa. Eu amava minha mãe, mas ela usou você para que nos sustentasse.
Gary queria morrer ao ouvir aquilo. A mãe de Ricardo havia dito a ele dois anos antes que seu aluno de dezesseis anos era seu filho. Gary o aceitou prontamente e passou a ajuda-los como podia, Mas Ricardo era um adolescente problemático, estava se envolvendo com pessoas do submundo e não aceitava conselhos. Mas Gary era persistente e vivia repreendendo-o e cruzando seu caminho. Quando então sua mãe faleceu, Ricardo decidiu revelar.
Gary entrou na biblioteca e flagrou uma lágrima nos olhos de Ricardo.
_ Está tudo bem?
_ Sim. – ele secou os olhos.
_ Então, o que quer? – disse dando a xícara para ele.
Ele tomou o café depressa antes de falar.
_ Gary, eu... queria falar com você sobre aquele dia, sobre aquele problema na escola.
Gary se levantou.
_ Acho que você já terminou o seu café! Pode ir agora. – se aproximou da porta e a abriu.
_ Não, eu não terminei.
_ Sim, você terminou! – disse com severidade – Terminou há três anos na estação de Buenos Aires, como foi seu desejo. Vá embora, Ricardo e descanse.
_ Como pode entender as coisas se não me ouve?
_ Que divertido ouvir isso de você! – ele o segurou pelo braço e o conduziu agora para fora. – A única coisa que temos para conversar está entre os livros da escola.
Aborrecido, Ricardo foi embora.
Gary ficou a se lamentar. Agiu contra sua vontade o tempo todo. Queria correr atrás dele e pedir que voltasse. Não acreditava ainda, depois de três anos que foi descartado por ele daquele jeito. Ricardo o expulsou de sua vida, pois não quis ser seu filho.
No outro dia de aula, Gary seria o primeiro, e a classe o aguardava com entusiasmo. Bonnie estava em sua carteira e já recebia de Ricardo as matérias perdidas. Ele falava com carinho.
_ Tivemos aula de Saudade, lembrança e solidão!
_ Engraçado! – ele ria – aprenderam algo novo?
_Aprendemos que quando o amor brota no coração não conseguimos mais viver longe da pessoa amada.
_ Ricardo...
Ele se limitava a falar com ela como colegas, pois não queria que a hostilizassem como faziam com ele.
Gary então chegou, e esperou na porta que todos entrassem. De lá observou Ricardo e se lembrou de inúmeras vezes em que o repreendeu. Ricardo também o encarou, mas não como antes, agora se sentia ferido.
_ Boa noite a todos. Hoje, como prometi, vou passar um simulado de nossa primeira avaliação.
Ele começou a escrever na lousa, tinha a habilidade de fazê-lo com uma rapidez fora do comum.
Enquanto isso Bonnie tinha a mesma habilidade no caderno, e de novo parou com ele.
Quando Gary sentou-se, reparou que ela estava com o caderno fechado.
_ Já terminou? - perguntou sorrindo.
E ela correspondeu.
_ Sim.
Gary estudou seu rosto. Bonnie tinha olhos verdes acastanhados que pareciam sorrir também. Ela não era uma mulher sexy e nem linda ao extremo, mas sua simpatia e seu sorriso eram cativantes, e ele a observava sempre, como naquele momento.
Até que um grito o interrompeu.
Ricardo estava caindo de sua carteira para o chão e seu pescoço estava sangrando.
_ Socorro! - gritavam as alunas ali perto.
Gary se levantou rapidamente e pediu que Bonnie chamasse a ambulância da escola pelo seu celular.
Ele foi até Ricardo e viu que se tratava de um compasso que estava cravado no pescoço dele.
_ Meu Deus, quem fez isso? – disse Gary em desespero.
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