Ainda assim ele estava horrível com seus olhos vermelhos e a voz arrastada.

_ Ricardo, o que você fez dessa vez?

_ Desculpe, Bonnie. Ele me deram um pouquinho só, eu... não estou mais acostumado.

_ Meu Deus, você usou drogas?

_ Bonnie, meu pai me abraçou, me beijou e disse que eu posso ir lá quando eu quiser! – ele ria descontrolado.

_ E ao invés de ficar sóbrio você faz isso?

_ Eu estava feliz! Sabe quantas vezes eu gritei pela presença de meu pai, Bonnie?

A partir dali, ele passou a chorar e falar sem parar sobre a falta que Gary fez a ele, e quando se cansou, dormiu até uma hora antes de ir à escola.

Já sóbrio ele contou a ela que era gigolô, e que prometeu que ia parar de fazer aquilo por que estava sendo induzido às drogas de novo e queria uma vida estável ao lado dela, queria fugir de tudo.

_ Só você para me ajudar, ou me ferrar de vez. – disse amargurado – Não vou obrigar você, mas não me interessa sua amizade, por que eu vou estar ocupado fazendo outras coisas. Sozinho, pouca coisa me resta.

Bonnie não podia dizer o que queria, sentir-se-ia responsável se ele desistisse de lutar. Ela apenas pensou em ajuda-lo a se recuperar.

Gary chegou, interrompendo sua triste lembrança, e quando entrou ela o abraçou e só pôde chorar, desgostosa com aquela situação.

_ Acalme-se minha querida!

Foi difícil ignorar naquele abraço o cheiro dela e sua pele, pois estava decidido a nunca mais provar de sua paixão, por seu filho.

Ele a conduziu ao sofá, Bonnie tentou controlar sua emoção. Disse ainda em soluços.

_ Eu sinto tanta pena dele! Gary, ele colocou sua vida em minhas mãos!

_ Eu entendo! – ele estava sofrendo também, percebeu que Ricardo não pensava mais com coerência. Não podia fazer o que fez, não podia ter usado drogas outra vez, e não podia ter tirado Bonnie dele.

Gary disse a Bonnie que devia deixar as coisas como estavam.

_ Ricardo tem que entender que não é forçando você a ficar com ele que vai resolver todos seus problemas, ele tem que decidir mudar por ele mesmo.

_ Por que não fala com ele? Gary, eu não vou saber lidar com isso! Se ele chegar drogado aqui como fez hoje, o que eu posso fazer? Eu o adoro e posso ajuda-lo como amigo, mas ser mulher dele...

_ Bonnie, eu não consigo falar com ele por que estou sendo injusto de certa forma. É como se eu fosse tomar você dele para mim.

_ Injusto? Você nunca quis me tocar por causa dele, não se culpe! Eu sei que está pensando em seu filho, mas eu nunca dei esperanças a ele! Ricardo é muito impulsivo e não quer ouvir ninguém... – ela já estava descontrolada com tudo aquilo, se levantou – E eu não posso bancar a mãe dele! Eu também tenho minhas necessidades e ninguém se importa!

Bonnie foi para seu quarto, chorou um pouco, e foi tomar um banho.

Ainda na sala, Gary só encontrava uma solução.

Ele amava Bonnie, concordava com ela, mas era Ricardo sua prioridade.

Quando viu que ela saiu do banho, ele foi até lá.

_ Posso entrar?

_ Pode.

Ela ainda estava triste. Gary sentou-se ao seu lado na cama e, cabisbaixo e com seu coração em pedaços, disse o que ia fazer.

_ Vou abrir o jogo com Ricardo, e... desistir de você. – Bonnie saiu de perto dele e outra vez suas lágrimas inundaram sua alma.

_ Então vá embora! – ela disse quase gritando, mas sua voz mal saia.

Gary se aproximou, ainda tentou acaricia-la, mas ela se recusou a senti-lo novamente. Sem tocá-la disse:

_ Não vejo outra forma de ajudar meu filho. Com a mulher que ele ama ao meu lado é ainda pior. Por favor, Bonnie, entenda que eu te amo, Mas Ricardo é mais importante para mim.

Ela só balançou a cabeça demonstrando que entendia, não conseguia mais falar. Apenas pegou o anel de sua cômoda e entregou a ele.

Gary queria dar um beijo de despedida, mas ela recusou, e ele foi embora.

Sentindo seu mundo desmoronar, Bonnie gritou, quebrou seu espelho e chorou mais, jurou nunca mais amar ninguém, nunca mais dar o seu ombro, e nunca mais olhar para Gary. Não suportaria vê-lo de novo e não ser dele, e não tê-lo pra si.

Quanto a Ricardo, acabou para ela, era problema de seu pai, e ela não teria mais compaixão. Ninguém queria saber o quanto ela sofria naquele momento... Por que ela se importaria?

Mas ela não conseguiria ignorar Ricardo, e seguir sua vida como se não tivesse desejado tanto aquele rapaz lindo e sedutor, tendo sido sua amante e descoberto sensações que talvez nenhum homem fosse capaz de fazê-la sentir novamente. E menos ainda, não ignoraria Gary, o homem mais charmoso, romântico e culto, além de bonito e maduro que já viu.

Pior de tudo seria ficar entre eles, um amor de pai e filho em reconstrução, e que certamente não precisava de mais dúvidas para ser adiado. Ela decidiu ir embora para que eles fossem felizes.