Amor Paterno escrita por judy harrison
Gary não queria que Bonnie ficasse com Ricardo, por uma razão simples, ele não estava preparado para um verdadeiro relacionamento. Por outro lado, queria que Bonnie fosse sua, o que para Ricardo significaria uma traição.
Então ele decidiu abrir mão de Bonnie para dar ao filho a chance de ser feliz, ou para não dar a entender que a roubou dele. Se Ricardo não a tivesse não culparia seu pai por mais essa dor.
Quando ele voltou, Bonnie já tinha colocado a sua avaliação na mesa dele. Ele a analisou e viu outra coisa que lhe chamou a atenção. Ela colocou na palavra Futuro dois corações e dois diplomas ao lado de cada um. Significava um casal de formação acadêmica concluído, talvez um professor e uma psicóloga. Como aquilo combinava! Mas não podia ser, pensava.
Depois de olhar rapidamente o restante, a surpreendeu olhando pra ele, mas era um olhar triste. Ele pensou que fosse pela avaliação.
_ Não está cem por cento certo, mas vou ver o que posso fazer.
Ela apenas balançou a cabeça para um ”sim” e voltou ao seu caderno. Precisava tanto contar a ele o que houve pela manhã!
Suspirando de cansaço mental, Gary olhou para o relógio e viu que havia ficado muito tempo lá embaixo pensando em como decidiria sua vida, ou melhor, deixaria sua vida para decidir a de Ricardo.
O sinal tocou em seguida e todos desceram, menos os de sempre.
Gary não teria nenhuma aula mais, ia para casa. Resolveu ficar para conversar com o casal.
_ Ricardo, eu quero falar com você e Bonnie.
Bonnie achou que ele seria direto em pedir que Ricardo desistisse do casamento, ficou tensa e pensou rápido.
_ Antes... , Ricardo, pode buscar o nosso lanche?
_ Eu vou, minha deusa! – ele a beijou com ternura e saiu.
Desconsertado, Gary continuou à mesa, e Bonnie sentou-se novamente e o encarou. Mas a vontade de ambos era mútua, e ele se levantaram ao mesmo tempo. Gary foi à porta e olhou, voltou e a agarrou beijando sua boca com paixão e desespero, nada diferente dela.
Sabendo que alguém podia vê-los, eles foram breves. Parecia que estavam adivinhando que era um beijo de despedida das duas partes.
Relutando contra suas próprias palavras, Bonnie disse:
_ Gary, eu não posso terminar esse noivado com Ricardo! Ele revelou para mim o que faz pra viver, disse que eu sou sua única razão para ele deixar tudo e não se envolver mais com o submundo... como ele disse. Quer que eu me case com ele no mês que vem!
_ Ele... está usando drogas? – perguntou surpreso e angustiado.
_ Disse que usou hoje, só um pouco, mas pensou em você e em mim, e foi para minha casa... Ele estava dopado, mas chorou tanto, Gary! – suas lagrimas correram ao se lembrar da situação em que ele se encontrava – Disse que não pode me perder e que...
A porta se abriu. Ricardo trazia três croissants na mão. Não notou que Bonnie havia chorado, pois ela disfarçou bem, mexendo em sua mochila.
_ Paizão, esse aqui é para você!
_ Obrigado, filho! – ele pegou o lanche e sorriu, mas como seu coração estava amargurado! Bonnie e ele estavam vendo suas vidas remexidas por causa de Ricardo e ele sempre amável e carinhoso não notava.
_ O que queria falar com agente, pai? É sobre a aula ou particular? Se quiser esperar eu posso levar vocês a uma pizzaria e agente conversa à vontade. Eu estou sem carro hoje, mas agente vai de taxi, eu pago.
_ Não, filho, obrigado, mas eu tenho que ir. Eu só queria saber... quando vocês vão se casar. – não quis dizer aquilo, mas nada mais lhe vinha à mente.
_ Eu pedi a Bonnie que me ajudasse a escolher uma data próxima. Saberemos logo.
Calada, Bonnie encheu sua boca com o lanche de proposito, depois de mastigar disse que ia ao banheiro e saiu. Não acreditava que estava ouvindo aquilo. Ela gostava de Ricardo, mas era Gary que amava.
_ Era só isso. Você vai pra onde quando sair daqui?
_ Essa noite eu irei à casa de minha amiga para resolver uns detalhes. – disse sério – Pai, eu contei à Bonnie o que faço.
_ Isso é bom, melhor que seja claro com ela. – ele se segurava muito para não dizer que eles não podiam se casar por que Bonnie estava apaixonada por ele.
_ Eu vou fazer um último trabalho que já estava marcado e fechar meu compromisso com Lola, Pagarei o que devo a ela e é o fim.
_ Fico feliz que tenha tomado essa decisão. – olhou o relógio e pegou suas coisas rapidamente – Eu tenho que pegar meu pai na casa de um amigo. Conversaremos amanhã, se quiser ir à minha casa.
_ Posso passar lá para aquele café? – disse sorrindo e ele correspondeu.
_ Às nove, está bem?
Eles deram as mãos e Gary saiu depressa. Queria encontrar Bonnie nas escadas. E a encontrou, ela estava sentada no degrau de baixo e chorava com discrição.
_ Bonnie, não fique assim! – ele disse disfarçadamente – Me ligue assim que ele for embora. Eu irei à sua casa.
Ele foi embora e Bonnie queria ir atrás. Mas Ricardo não merecia seu desprezo.
As duas aulas restantes foram difíceis para Bonnie, mas Ricardo, sempre sorridente, vez ou outra passava em sua carteira e tocava em seu ombro.
Quando foram para casa, ele entrou com ela, mas logo decidiu sair.
_ Eu vou apenas para resolver esse assunto e juro que nunca mais farei isso.
_ Faça o que achar melhor Ricardo, como eu disse.
_ Quero ficar com você! Esse é o melhor.
Ele saiu, ia chamar um taxi, mas deu falta de seus documentos. Quando voltou para busca-los, ouviu quando Bonnie ligou para Gary e disse que o esperava.
Ricardo se escondeu atrás da casa, e ficou ali aguardando a chegada do pai.
E enquanto Gary não chegava, Bonnie se lembrava de quando Ricardo apareceu na hora do almoço.
Estava cambaleando e falando coisas sem nexo, mas não estava como da outra vez, sujo e cheirando a álcool. Ao contrário, havia tomado banho e estava bem alinhado.
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