Amor Paterno escrita por judy harrison


Capítulo 17
Avaliação vital


Notas iniciais do capítulo

Aos poucos Gary ia se convencendo das consequências de ter Bonnie para si, sem mesmo saber o que havia acontecida logo depois que Ricardo saiu de sua casa.



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Restava agora falar com Bonnie sobre seu fracasso de abordar seu futuro esposo.

_ Não falou, Gary? – lamentava Bonnie ao telefone.

_ Eu também me acovardei como você. Agente conversa pessoalmente com ele na escola. Talvez se você me chamar para dar a notícia, eu tentarei desencorajá-lo a fazer isso. – ele riu – Talvez se unirmos nossas forças contra o charme dele...

Bonnie riu.

_ Está bem, te vejo na escola.

Gary teria as três primeiras aulas naquela noite, Artes e Inglês. Passou para os alunos uma avaliação psicológica pedida pela escola.

_ Quero que vocês façam para mim um desenho embaixo de cada palavra, por exemplo, na palavra “Infância” vocês vão colocar uma imagem que represente a sua infância. Parece uma atividade de ensino fundamental, mas o objetivo aqui é expressarmos nossos sentimentos.

_ Na palavra “Amor” não especifica que tipo de amor. – disse um aluno.

_ É, de fato não foi especificado. Acredito que de proposito. Então, nesse campo vocês colocam aquilo que pra vocês representa o maior amor na vida. Podem colocar... ahn, mãe: primeiro lugar, cachorro: segundo lugar...

_ Para quê pediram isso? – uma aluna perguntou.

_ São ordens da Secretaria, eu acho que é para conhecer a capacidade de cada um de se expressar. Podem começar, vocês tem até o fim dessa aula.

Gary ficou sentado em seu lugar e Bonnie, ali em sua frente, sentia-se incomodada com a presença dele. Era diferente antes de sentir seu cheiro e provar o gosto de seus lábios, tratar a presença dele com naturalidade. Ele, porém sabia ser profissional. Corrigia provas de outra turma e agia como se não tivesse roubado seu coração.

Ricardo também sabia separar as coisas. Na metade do tempo já tinha terminado, e foi entregar ao professor.

_ Foi rápido! – Gary disse ao pegar o trabalho.

Ricardo apenas sorriu, e Gary virou a folha ao contrario, escondendo então o que estava feito, e olhou para Bonnie que parecia distraída.

_ Como está indo, Bonnie? – ele viu que não havia muita coisa feita.

_ Eu não sou muito boa com desenhos.

Ele olhou para a turma.

_ Eu me esqueci de mencionar que quem tiver dificuldade em desenhar, pode descrever o objeto em questão. – voltou com Bonnie – É mais fácil para você, então pode começar a escrever por que o tempo está acabando.

Ela apenas iniciou seu trabalho e Gary quis rir, sabia que a deixava encabulada com seu jeito de olhar. Mas ele não sabia que havia algo mais a incomodando, e era mais forte que sua presença.

Ao final da matéria, quando todos já entregaram seus trabalhos. Gary mudou sua aula para o Inglês, e pediu que todos respondessem às questões do livro.

Por capricho, enquanto avaliava os trabalhos, segurava o de Ricardo embaixo de seu caderno para ver por último. Quando viu o de Bonnie lhe chamou a atenção que na palavra carreira profissional ela apenas colocou Psicologia, e em todos os outros campos, palavras únicas.

_ Bonnie! – ela levantou a cabeça e o encarou – Sua atividade não está correta. – falava num tom baixo – Eu disse que você devia descrever e não escrever uma palavra.

_ Eu não consigo! – ela disse com firmeza e ar de agonia – Posso levar para casa?

Ele ainda olhava o trabalho e viu que na palavra Amor tinha o nome de um homem, e não hesitou em perguntar.

_ Quem é Josh?

_ Meu tio que me criou.

Escondendo que sentiu um imenso ciúme daquele nome ele lançou um meio sorriso.

_ Essa era a descrição que você teria que colocar. Tem que fazer aqui mesmo, não posso deixa-la levar, é uma avaliação!

Ele deu a ela outra folha e ela tentou fazer novamente, mas sem sucesso. Então devolveu a folha em branco.

_ Pode me dar zero, eu não consigo fazer!

_ Você é uma ótima aluna! Por que vai pôr tudo a perder? – disse severo – Quer ser uma psicóloga com um Zero no currículo por mera falta de vontade? – ele devolveu sua folha – Faça essa avaliação e mostre que você pode! – falou como um verdadeiro professor.

Ela suspirou com os olhos fechados. Não podia dizer o motivo de seu descontrole naquele momento. Então escreveu na própria folha: ”Eu não posso com você ai me olhando!”.

Quando ele leu, quase riu. Mas a ajudou. Levantou-se e deu o aviso.

_ Pessoal, eu vou à secretaria e volto num instante. Sem bagunça.

Quando saiu, antes de fechar a porta encarou Bonnie e seu olhar dizia que ele ficaria fora o tempo suficiente para que ela terminasse.

Na Sala dos Professores, Gary corrigia uma avaliação especial, a de seu filho. Com cuidado ele foi analisando as coisas que Ricardo desenhou. Ele viu que na palavra infância ele desenhou um animalzinho de pelúcia que se chamava Big Belly (Barrigão), na palavra “escola” não havia nada além de uma palmatória. As palavras referentes à sua adolescência tinham desenhos iguais de um buraco negro.

Mas foi na palavra “Amor” que o coração de Gary doeu de emoção e de agonia ao mesmo tempo. Ricardo, ao invés de desenhar sua mãe, como era previsto, desenhou a si mesmo, Bonnie de um lado e seu pai de outro, todos de mãos dadas. Eram desenhos primários, mas legíveis.

Gary imaginou seu filho como um menino. Não era mais que um menino.

Sua vontade de voltar no tempo e descobrir logo que Denise estava grávida foi grande, ele teria dado ao bebê carinho e amor, e teria feito dele o que seu pai fez, um homem de bem.

Gary pensou em Bonnie, era uma mulher boa, inteligente e com uma perspectiva de vida. Ricardo não tinha chances de encontrar alguém como ela no meio em que vivia, sendo o que era, e se a tivesse ao seu lado e deixasse aquela vida de gigolô, como prometeu, ainda tinha tempo para se reconciliar com a vida, principalmente tendo seu pai ao seu lado.

Mas como seria assim se ele roubasse a mulher que seu filho amava?


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