Amor Paterno escrita por judy harrison


Capítulo 16
Gary e Ricardo


Notas iniciais do capítulo

Um amor pedindo perdão, tregua e redenção.



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Durante o desjejum conversaram muito sobre a profissão de Ricardo, falaram sobre mulheres e sobre situações engraçadas que ele vivenciou.

Ao final, Gary o chamou para a biblioteca, outro lugar que o deslumbrou.

_ Gary, são muitos livros! Você já leu todos?

Eram estantes altas como se fossem as paredes do cômodo de 100 mt² e 3 metros de altura, com livros de toda natureza.

_ Sim, mas alguns só umas páginas. Meu sonho é doar isso tudo para a academia de letras quando eu viajar para o infinito.

Ricardo riu.

_ Que jeito de falar! Esse dia está longe de chegar... , eu espero...

Ele sentou-se e ficou acanhado com o que disse. Entrar no mundo de um homem que lhe fez tanta falta na infância era tão estranho e fascinante ao mesmo tempo, que ele sentiu por Gary o que devia sempre, o carinho de filho. Porém com esse carinho havia também a mágoa pelas coisas que passaram.

_ O que você quer falar comigo? – disse agora sério.

Gary não queria acabar com aquele momento e procurava a melhor forma de começar a conversa. Começou a falar com naturalidade.

_ Eu chamei você aqui por que queria lhe dizer muitas coisas, por exemplo que sei que sou seu pai de verdade, e que sempre soube que você mentiu. Então você pode ficar tranquilo e me chame de pai se quiser ou do que quiser.

_ Você não se importa como o chamo? – perguntou confuso.

_ É claro que sim, só quero que me respeite como pessoa. É o que somos.

_ E a outra coisa?

_ Eu achei que podia encontrar você na casa de Bonnie e fui até lá. Queria que você retomasse o assunto daquele dia. Eu me excedi na hora, me desculpe.

_ Quando fala isso não sei a que dia se refere.

Gary não queria falar sobre aquilo exatamente, mas queria que Ricardo questionasse sua ida à casa de Bonnie, para poder entrar no assunto do casamento, mas Ricardo não falou sobre ela. E o assunto acabou sendo o mesmo, pai e filho.

_ Você me procurou para me falar algo sobre o dia do atentado.

_ Mas você não quis ouvir...

_ Estou ouvindo, Rick!

Ricardo abaixou a cabeça, mas queria abordar aquele assunto.

_ Eu só quis dizer aquele dia que sentia muito pelo que houve, eu ia dizer que menti, sei que fui infantil por mentir. Não tenho muito que dizer além disso, já que você diz que sabia.

Gary se lembrou de que Bonnie o responsabilizou pela situação entre os dois. Decidiu resolver então naquele momento.

_ Ricardo, eu nunca culpei você pelo que houve comigo, mas você me culpou, me expulsou de sua vida... Tudo que quero hoje é colocar as coisas no lugar, e retomar nossa relação. – ele apenas o encarava com atenção – Agora você não precisa de mim e eu não vou interferir em sua vida como era seu medo.

Então ele riu, mas estava confuso ainda.

_ E oque você está querendo fazer? Apagar toda minha vida e refazê-la a partir de agora?

Gary suspirou.

_ Não! – disse impaciente – Quero que aja como adulto e entenda que eu não sabia que você existia antes. E quis ser seu pai depois, mas você não deixou. Eu sei que começamos errado, mas agora estamos mais maduros. Por que é tão difícil me aceitar?

_ Eu aceito você, Gary! Não estaria aqui se não aceitasse. – agora ele falava com tristeza, porém tirou de Gary um sorriso fraterno – Mas eu levei muito tempo para me recuperar daquele golpe que a vida me deu. Você sabe o que é um garoto de 18 anos se ver sem a mãe e sozinho no mundo?

_ Não faço ideia, Rick, mas sei que você sofreu. E sei que você foi forte o bastante para se virar sozinho. Isso é claro, conhecendo o Ricardo que conheci naquela escola, e você agora. Só quero que reconheça que eu sempre estive aqui pra você, mas foi você que não quis minha ajuda.

_ Não era como eu queria, por isso não confiava em você para pedir ajuda. – uma lágrima rolou de seus olhos e ele quase não conseguiu continuar a falar, mas o encarou emocionado com as lembranças de sua dor - Minha mãe faleceu por sua causa, Gary, por nossa causa! E eu me vi sozinho no mundo... Eu só queria que você entendesse, e admitisse que errou também!

Gary não segurou suas lágrimas também.

_ Devia ter me procurado, filho e não fugido, seria simples...

_ Eu perdi a pessoa que mais amava na vida, pai! Não é simples assim... Todos os dias eu peço perdão a ela!

Ricardo desatou em pranto e Gary foi abraça-lo. Lembrou-se do dia em que o viu chorando sobre a foto da mãe.

_ Me perdoe, meu filho! Você é a pessoa que mais amo na vida. Perdoa seu pai!

_ Eu perdoo!

Ricardo chorou um pouco agarrado a ele.

Depois, tentando se recompor, pediu para ir ao banheiro.

Ainda ali, Gary queria socar o próprio rosto. Jamais teria coragem de dar o recado de Bonnie a ele. Aquilo era pequeno diante do que foi falado, mas ainda assim seria outro golpe. E não, ele não daria.

Ricardo voltou alguns minutos depois. Não estava mais chorando, mas seu rosto estava abatido.

_ Eu preciso ir embora, ainda não dormi e estou morrendo de canseira.

_ Tudo bem, Rick, agente termina a conversa depois.

_ Achei que tivéssemos falado tudo.

_ Claro... Eu me refiro a falar sobre qualquer coisa. – ele sorriu e Ricardo correspondeu – Se quiser vir aqui de vez em quando para tomar seu café...

_ Seria ótimo, mas é melhor irmos devagar, não é?

Ricardo estendeu-lhe a mão e Gary a apertou, mas o puxou para si e o abraçou, depois beijou seu rosto.

_ Seja bem vindo, sempre.

Ricardo se foi um pouco mais feliz do que quando entrou, embora sua feição fosse de tristeza. Sempre quis se aproximar de Gary, mas nunca teve coragem. Agora tinha certeza de que ele o amava.

Gary também se sentia mais feliz por receber o perdão de seu filho, mesmo discordando das circunstancias pelas quais foi acusado. Aquilo não importava mais se eles reataram. 


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