Lá dentro, Gary esperou que ela fechasse a porta, e depois a agarrou com carinho e a beijou. Ela sentiu seu gosto como um estímulo à paixão e gemeu ainda presa à sua boca. Gary parecia querer mata-la de prazer naquele beijo. E antes que conseguisse, se livrou dela num afastar brincalhão.

_ Ah, me desculpe. Eu estava com saudades. Como está?

Ela ainda buscava seu antigo dom de respirar.

_ Diga você! Roubou-me a minha alma. – riu ofegante.

Ele voltou e a abraçou.

_ Bem, nós estamos namorando, não estamos?

_ Gary, você também?

_ Eu estou brincando! – deu-lhe um selinho.

_ E como foi que passou de professor a comediante? Quando soube que estou num impasse terrível? – ela o beijou agora, moderadamente.

Eles foram para o sofá e Bonnie ainda estava presa aos braços dele.

_ Eu sei que não é fácil. Ah, Ricardo... – suspirou.

_ Ele nem me deixou explicar direito, Gary. Eu tive medo de magoá-lo.

Gary a deixou e se recostou no sofá, suspirando.

_ Ricardo tem esse dom de amolecer nosso coração. É por isso que eu nunca desisti dele. Mesmo sendo turrão ele é um menino sensível.

_ O que acha que devo fazer?

_ Agora, nesse momento? Dê-me outro beijo!– eles se beijaram rindo, mas depois Gary ficou sério – Bonnie, eu estou brincando com você, mas também estou preocupado com ele. Ricardo não gosta de minha intromissão em sua vida... Ele disse que eu não sou seu pai verdadeiro. Queria que eu o deixasse em paz.

_ Mas, então...

_ Não, eu sou, pois a mãe dele fez o exame, eu pedi que ela não contasse para que ele não se sentisse mais rejeitado ainda.

Bonnie o encarou, também séria.

_ Gary, é verdade que você explodiu uma escola por causa dele?

Ele emitiu um riso inconformado.

_ Não, não foi nada disso. A escola em que eu dava aulas tinha uns marginais, Ricardo fazia parte da turma e eu tentava ajuda-lo. Fiz uns projetos e reuniões com pais. O problema foi que eles não gostaram e por isso explodiram a escola.

_ Que horror! E tinha gente nela?

_ Sim, eu! – Bonnie ficou abismada – Mas não me feri por que estava na salinha de vídeo no momento da explosão. Lá possuía uma laje forte e não desabou de uma vez. Eu tive tempo de correr.

_ Mas por que Ricardo diz que foi você?

_ Ricardo me culpa... – ele ficou triste ao dizer – Naquele dia ele disse à mãe dele que ia à escola para me avisar sobre uma emboscada. E quando ela soube por vizinhos que a escola virou poeira, achou que Ricardo estava lá comigo. Ela sofria de diabetes, e justo nesse momento estava em crise, teve um colapso e faleceu a caminho do hospital.

_ Oh, Gary! Que história triste! – ela acariciou seu rosto, ele estava mesmo chateado com o relato.

_ Ricardo diz que não participou, mas eu acho que ele só não sabia que iam chegar a tanto. Nós nunca conversamos sobre isso, e depois de tudo, um ano depois ele me procurou e disse que ia para a Argentina, e fez questão de me apunhalar dizendo que sua mãe mentiu e que só queria um trouxa para cuidar deles. Eu nunca mais o vi até aquele dia na escola.

_ Mas ele acha que você acreditou nele?

_ Sim, ele acha, mas eu percebo que ele me olha como um filho. – suspirou, pensando em Ricardo – Eu não o amaria tanto se não fosse.

_Oh, Gary.

Bonnie o abraçou, viu seu ar de tristeza ao dizer aquelas palavras, e não queria ver um homem chorar em sua frente, pois choraria com ele e não ajudaria em nada.

_ Obrigado por me ouvir.

_ Não se preocupe. – disse com carinho – Eu agora vou até a cozinha preparar algo para comermos. Está com fome?

_ Sim, mas eu pensei em pedir uma refeição em uma lanchonete que tem serviço “delivery”, sempre entregam pra mim em casa.

_ Tudo bem!

Enquanto Gary ligava para a lanchonete, Bonnie o acariciava, sentia sua pele, seus cabelos macios e deslizava os dedos até a nuca dele. Ele sorria, seu corpo se arrepiava e ele tentava afastá-la sem esforço, segurava o telefone com uma mão e o rosto de Bonnie com outro, olhando em seus olhos, desejando seu sexo.

Quando desligou o telefone ele a segurou com força num abraço e a beijou.

Bonnie sentia seus hormônios ferverem.