O beijo foi um tanto... calmo.Senti mil e umas coisas ao mesmo tempo, e naquela hora soube que Manuela era a mulher da minha vida, e nada nem ninguém nunca mudaria isso... Ela não se afastou, como pensei que faria, muito menos demonstrou que não gostou, mas ao parar de beija-la olhei em seus olhos e eles estão com o habitual castanho escuro, lindo como o anoitecer... Ela parecia muito confusa, e ficamos por uns três segundos um encarando o outro, até que ela, ainda confusa, me abraçou.

-Me desculpa, me desculpa, me desculpa, me desculpa, eu fui uma tola... Mas era isso que a cura do feitiço exigia, que eu “acorda-se” para realidade, e você me fez ver ir isso, me desculpa, eu não devia ter agido assim esse tempo todo, me desculpa Tommy, me desculpa... –Ela suplicava abraçada em mim... Ah... como é bom ter Manuela, a garota da minha vida, de volta...

-Manu... mas é claro que eu te desculpo... eu te... -Comecei a falar (com a coragem não sei da onde) Mas fomos interrompidos por Lugi.

-Aaahh! Que bonitinho o casal! Pena que eu estou com fome, e pelo visto vocês vão ser me jantar... –Disse Lugi, que já havia levantado e ainda estava sem um dos olhos... Olhei ao redor e reparei que ele estava certo, logo, logo o sol já ia se por, e eu ainda não havia comido nada desde ontem... Ai que fome...

-Você não vai matar ninguém! E vai voltar da onde veio agora mesmo! Eu te convoquei, eu mando em você! –Gritou Manuela convicta para Lugi. Ele olhou confuso para ela, devia estar assimilando os fatos, pra ver se era verdade o que ela falava.

-Ah, ok, mas quem vai ser meu jantar então? –Disse ele. O encarei confuso e ele começou a rir igual a um rinoceronte- Pegadinha! Mas é claro que você vão ser meu jantar, eu to pouco me importando se foi você que me tirou lá do Tártaro, agora estou com fome, e qualquer um de você serve... –O encarei mais incrédulo ainda... Sério que um monstrengo fez uma “pegadinha” comigo? Sério mesmo? Oh céus...

-Ei mano, quer uma ajudinha? –Perguntou Enzo chegando ao meu lado... Espera... ele não tinha perdido a memória? Como sabia que eu era seu meio-irmão? Ah, esquece, esse não é o maior dos meus problemas...

-Três contra um? Que injustiça! –Gritou Lugi.

-Você é metade Ciclope, Leão de Nemeia, Fúria, Hiperbóreo, e Drakon. Será mesmo que quem está em desvantagem é você? –Falou Manuela. O monstrengo sorriu com isso e sacou uma marreta, sei lá de onde, e começou a nos atacar.

-Distrai-a o que eu vou tentar retirar seu outro olho, assim ele fica cego, e fica mais difícil de nos acertar. –Falou Manu pra mim e Enzo. Assentimos e fomos cada um pra um lado.

-Ei mostrengo! Aqui!! –Gritei, o fazendo virar para mim.

-Não, vem aqui oh!! –Gritou Enzo do outro lado.

-Aaah, seu monte de titica, ta com medo de mim é? –Falei o irritando.

-Com medo de você? Ele está é com medo de mim, se não já teria vindo me atacar! –Falou Enzo debochando.

-Aaaaaaaaahhh! Já chega, estou com dor de cabeça! –Reclamou Lugi- Vou matar os dois juntos... Ei... que isso nas minhas costas?! Ei!! Sai daí semideusa enxerida!! Ei saiiii! –Gritava o monstrengo desesperado. Quase ri com a cena... quase por que era meio nojento ver ele sem um olho, e Manu retirando o outro.

-Nããããããããããããããoooo! Fique longe do meu olho! –Gritava, cheguei a ficar até com dó de Lugi... Fiquei com dó até ver o que ele fez com Manu. Ao contrário de quando eu retirei o primeiro olho, e ele me jogou pro chão de tanto espernear, ele pegou Manuela e a tacou na parede, fazendo com que esta batesse não só a cabeça, como o corpo inteiro... 

-Manuuuuuuuu?! –A Gritei.

-Eu... eu estou bem... –Ela respondeu fracamente enquanto saia dos entulhos que havia produzido.

-Sua vez! –Falou Lugi pegando Enzo. –Hora de congelar! Hehe... –Disse soltando uma rajada de gelo em Enzo e o petrificando.

-Não! Deixa meu irmão em paz! –Disse o impedindo, com Vingadora, de tacar Enzo no chão para se espatifar e quebrar.

-Ui, vai dar uma de herói agora é? –Disse debochando com um sorriso no rosto- Mas espera, cadê você? –Perguntou. Isso, era isso, é só não fazer barulho que ele não vai nos enxergar, e eu posso tirar Manu e Enzo daqui a salvo...

-Vem manu... –Sussurrei quando cheguei perto dos entulhos- Pega a Catarina e a Luna sai daqui, deixa que eu cuido do Lugi –Acrescentei.

-Não, não, você não vai conseguir vence-lo sozinho, me deixa ajudar –Disse teimando. Suas roupas haviam se rasgado e ela continha vários cortes nos braços e nas pernas,  e um corte bem feio, até pior que o meu, acho, na cabeça.

-Onde você está? Vamos acabar logo com isso! Prometo que faço sua morte ser longa e dolorosa... quer dizer, rápida e indolor. –Gritou Lugi para mim.

-Larga de ser teimosa Manuela... sai daqui –Comecei a falar, mas ela me interrompeu.

-O Enzo! –Exclamou, de primeira não entendi direito, mas então lembrei que o gelo também era venenoso... e se ele ficasse por muito tempo daquele jeito ia morrer. –Pelo menos me deixa tira-lo de lá... –Ela falou.

-Tudo bem. –Respondi sabendo que não teria como discutir com ela. Me distanciei o máximo possível dela, e comecei a chamar o monstrengo.

-Ei! Estou aqui, vem me pegar! –Disse ainda correndo. Comecei a entrar mais a fundo na ilha e perceber que estaria em uma situação muito pior daqui a pouco, já que outros monstros, provavelmente viriam acabar comigo.

-O-o-o-o quê fazem aqui? –Gaguejou Circe ao me ver correndo em sua direção com um Lugi atrás berrando como um louco de raiva.

-Presentinho! –Gritei percebendo que Lugi iria acabar se debatendo na sala de tecelagem, e destruindo o local.

-Aaah! Não, Lugi saia daqui! –Ela berrou, mas a resposta do monstro foi um rugido de raiva. Vendo que ele não iria parar, saiu às pressas da sala e começou a correr junto comigo.

-Tommy você me paga! –Gritou correndo. Íamos passando de sala em sala, com Lugi sempre batendo nelas, e destruindo parte dela, e várias aprendizes saíram correndo, outras se esconderam, e umas começaram a fugir em barcos da ilha, todas com medo de serem mortas por Lugi.

Acabamos chegando de volta ao lugar onde estavam Manuela e o resto. Enzo já estava parcialmente descongelado, mas estava inconsciente e doentio. Catarina já havia levantado e estava ajudando Manu a descongelar Enzo.

-PARE! –Gritou uma Circe desesperada- VOCÊ ESTÁ DESTRUINDO MINHA ILHA! –Gritou agora com raiva. Então ela viu Enzo...

-Enzo?! –Disse arregalando os olhos –Cara, eu acabei de te tirar da morte e você ta quase morrendo de novo? –Disse ela manhosa (que cena engraçada).

- Ei, você ai! Isso mesmo, você azulão horrível! –Gritou Manu chamando atenção de Lugi –Você quase matou meu amigo, e está tentando me matar, acho que já é hora de você se despedir e voltar de onde veio. –Então sacou Anoitecer e o atacou. Circe foi até Enzo e fez um feitiço que destruiu o gelo por completo e o fez cair no chão, com a aparência verde e azul. Peguei Luna, que se encontrava desacordada, a tirei e coloquei em um local mais seguro.

-Tommy! –Girou Manu em meio a batalha com Lugi- Traga o Livro Sagrado, não lembro o feitiço de cor, para que Lugi volte para o Tártaro! –Pediu. Fui em meio aos escombros da sala de tecelagem, e achei o Livro, o peguei e voltei para a batalha.

Ao chagar lá meu coração falhou os batimentos por quatro segundos. Manuela se encontrava no chão se contorcendo de dor. O monstro idiota havia a ferido com seu veneno de Drakon. Circe estava travando uma batalha com Lugi... bem batalha não é a melhor palavra, já que ela só desviava dos golpes dele e ficava falando coisas do tipo:

“Eu sou sua dona, me obedeça!” “Foi minha mãe que te criou, tenha mais respeito!” “Você destruiu minha ilha, minha amada ilha. Minhas aprendizes me abandonaram, e você está ai reclamando de fome!”

-Manu?! O que houve? –Perguntei chegando perto dela. Ela estava com o rosto ensopado de suor, e respirava com dificuldade. O Dracon havia acertado bem em seu abdômen, e corte estava extremamente profundo.

-Ele...ele me acertou... Onde está o livro? –Perguntou.

-Aqui, aqui. –Disse entregando o livro e o ajeitando com cuidado para que ela pudesse ver as letras certinhas.

- Το μόνο που έκανα ήταν για το καλό, αλλά για να σας αυξήσει, εγώ τιμωρήθηκε. Τώρα επιστρέφουν, και επιστρέφουν μόνο όταν το χρειάζεστε πραγματικά.

*Tudo o que fiz, foi para o bem, mas ao te criar, punida fui. Agora voltará, e somente retornará quando realmente se necessitar. –Manuela pronunciou essas palavras, e depois de um tempo um buraco apareceu debaixo de Lugi, e por aquele mesmo buraco ele foi aspirado e sumiu. Manu sorriu com isso e disse: -Agora nosso único problema é Circe... –Olhei para seu abdômen e pensei: Não, esse não é o único problema.

-Am... o que houve aqui? –Perguntou Luna acordando. –Manuela! O que fizeram com você?! –Falou assustada ao ver o tamanho do corte. O sorriso do rosto da manu sumiu e foi trocado por uma expressão séria.

-Luna... Me desculpe... Eu fui uma burra, eu não devia ter agido daquela maneira com você, sua amizade é muito importante para mim, por favor me perdoe? –Falou Manu. Luna se ajoelhou ao meu lado, e segurou a Mão de Manu.

-Olha... Eu fiquei muito chateada com você, de verdade, mas eu não conseguiria viver sem sua amizade... –Disse em meio à uma sorriso- Eu te perdôo... –Ela ia abraçar Manu, mas como ela estava deitada de mal jeito e com o abdômen cortado, Luna só deu um beijo em sua testa.

-Hey Gente, Cadê o monstrengo? –Falou Melanie chegando até nós. Ela havia ficado lutando com outros monstros, e fiquei feliz em ver que ela estava bem.

-Manu o expulsou. –Falei me levantando e saindo de perto de Manu. –Você poderia tentar cura-la? Vou ver como Enzo está...

-Tudo bem, vá lá.. só tome cuidado com a cobra que está ao lado dele. –Melanie disse se referindo a Circe, que estava ajoelha ao lado de Enzo.

-Trégua, só por um tempo? –Perguntei me aproximando deles. Circe me olhou raivosa, mas não fez nada.

-Ele ficará bem, mas precisa parar de ficar em perigo de morte. –Falou com raiva.

-Mas somos semideuses, sempre estamos sobre perigo de morte... E além do mais nada disso não teria acontecido se você não tivesse tido a ideia louca de tentar tirar Cronos do Tártaro. –Deixei escapar.

-Escuta aqui, quem você pensa que é... –Ela começou a gritar para mim, mas parou ao ver que Enzo havia acordado.

-Am... anoitecer lindo, não? –Ele falou. O Olhei estranhando ele ter acordado e ter falado isso logo de cara, mas não disse nada, apenas observei ao longe o sol se pondo. Voltei minha atenção para Enzo. Ele já não estava parecendo tão doentio, mais a pele ainda estava com um tom meio azulado.

-O que houve? Por que vocês estão me olhando com essa cara? –Ele falou.

-Am nada não... E agora que você já acordou e vou indo... –Disse Circe desaparecendo. Am? Como assim? Ela não ia querer se vingar? Me transformar em um porco, ou algo do tipo? Estranho ela não ligar para o fato de sua ilha ter cido destruída e não ter colocado a culpas em uma filho de Poseidon...

Ajudei Enzo a levantar, e fui para perto da Manu de novo. Dessa vez quem estava verde era ela. Não parecia nada bem, e parecia também que iria mor... Não, Tommy isso não vai acontecer!

-Nada está funcionado, os feitiços de cura não estão sortindo efeitos... Acho que... Acho que... Não vou conseguir cura-la... –Disse Melanie com a cabeça baixa. De imediato lagrimas vieram aos meus olhos, mas não quis demonstrar. Não, minha Manuela não podia morrer, não hoje...

-Tommy... Eu sei o que você está pensando, mas eu não posso lutar contra isso, ninguém pode. É a profecia: “Ao anoitecer um irá adormecer” Esse um sou eu. –Ela disse sorrindo para mi. Como ela podia sorrir em um momento desses? Ela era minha vida, não posso perde-la! Sem ela nada faria mais sentido (magina se isso é clichê)

-Não Manu, deve haver algum modo, alguma planta ou encantamento que te cure, não posso perde-la, não agora... –Falei segurando suas mãos e deixando algumas lágrimas saírem.

-Eu te amo... –Ela disse e depois fechou os olhos. Dei um leve beijo de despedida, e não pude mais conter minhas lágrimas. Constatei seu pulso, e tive a comprovação de que não havia mais batimentos cardíacos, e ela havia morrido.