O Livro Sagrado Dos Deuses escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 2
Descubro o que sou.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora... Espero que gostem! Boa leitura!



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Sempre que coisas estranhas acontecessem, sempre conto a verdade ao meu pai. Ele é a única pessoa que me escuta realmente, e ajuda a encontrar o lado lógico das coisas. Por exemplo: Ver as garotas flutuando? Provavelmente ele falará que eu estava muito abalada por conta da porta ter caído de repente, e acabei confundindo as coisas. É com certeza ele falará isso, assim que deixar a sala da diretora Marta. Ou pelo menos é o que eu esperava. Antes de sair da escola meu pai beijou minha testa e com a expressão cansada disse:

— Vai ficar tudo bem, minha querida. Quem está perdendo uma aluna ótima são eles. Em casa nós conversamos melhor. Agora vá terminar se assistir sua última aula nesse colégio...

Subi para a sala e quando entrei reparei que a Ana Letícia e a Mariana já tinham ido embora por conta do “choque” que sofreram... AI QUE RAIVA! por culpa delas eu fui expulsa da única escola que consegui fazer amigos. Sentei sem fazer muita questão não atrapalhar os outros grupos enquanto estava passando, com a pretensão de só organizar meu material e sair dali, mas me detive quando reparei haver um bilhete de Tommy em cima de minha carteira. Sem cerimônias, o peguei para ler.

Manu...

Quero muito conversar com você sobre o que aconteceu hoje. Sei que não costuma falar para ninguém sobre essas coisas, mas é muito importante que você me escute. Em realidade, é importante que você e seu pai me escutem. Você não é a única com segredos, ele também esconde uma grande coisa de você. Estarei na sua casa as 14:00h. Tommy.

Fiquei encarando o bilhete meio abobalhada... Como assim? O que meu pai estava escondendo de mim? Olhei na direção de Tommy, em busca de sentido naquelas palavras, mas ele estava com a cara enfiada dentro do livro fingindo ler.

Fiquei tão inquieta, que nem reparei a passagem do tempo, e quando o sinal finalmente tocou, me despertando dos meus pensamentos, não havia nenhum sinal de Tommy. Não estava entendendo nada daquele suspense que ele estava fazendo.

Sempre volto da escola sozinha e a pé por não morar muito longe, só que hoje quando eu estava na metade do caminho comecei a ouvir um tipo de batida de lâminas e quando olhei pra trás dei de cara com o Tommy correndo em minha direção segurando uma espada. Espera... Ele estava COM UMA ESPADA NA MÃO! E ao lado dele estavam Ana Letícia e Mariana voando. Espera... ELAS ESTAVAM VOANDO! Eu só posso estar ficando louca de vez, pessoas não voam e garotos não tem espadas! Mas enquanto eu olhava a cena extremamente espantada e imaginando o quão doente eu estava para alucinar daquela forma, Tommy me trouxe de volta para a realidade gritando igual a um louco.

— FUJA MANU! – Após falar isso, ele se virou, e por um instante o tempo pareceu parar. Não havia vento, nem barulho, nem carros passando na rua. Apenas e apenas eu e Mariana conseguíamos nos mexer. Sua face estava pálida e dela parecia sair fumaça e pequenos raios azuis. Ao perceber que Ana Letícia também parou, mexeu a mão, e tudo voltou ao normal. Vendo a oportunidade Tommy enfiou a espada entre as duas e elas se desfizeram em pó dourado. Ele caiu ofegante no chão e eu corri ao seu encontro.

— Tommy! Está tudo bem? O que foi aquilo? – Ao invés de responder-me, olhou para mim com cara de preocupado, me abraçou e abraçado à mim indagou:

— Tá tudo bem? Elas machucaram você?

— Comigo está sim, elas nem chegaram perto... Só as vi e ouvi quando vocês estavam brigando. Você está bem? Desde quando anda por aí com uma espada? E... – Antes que eu terminasse minhas questões, ele me interrompeu, dizendo:

— Nós temos que ir agora falar com seu pai. Ele vai te explicar melhor que eu. Vamos. - Tommy pegou a espada que trazia na mão e apertou um botão que fez com que a espada ficasse do tamanho de um chaveiro, e a colocou no bolso. Por mais que eu quisesse fazer inúmeras perguntas, mantive-me em silêncio e assim fomos, sem trocar uma palavra sequer, até minha casa.

Ao chegarmos lá, meu pai estava do lado de fora cortando grama, e quando me viu ao lado de Tommy fez uma careta desaprovando. Talvez seja melhor eu explicar: No começo do ano, quando entrei no colégio - que acabei de ser expulsa, diga-se de passagem, a única pessoa que não se importou do meu jeito estranho de ser foi o Tommy, e ele acabou que perdeu vários amigos por andar com a “esquisita”. Apesar de sempre dizer que não se importa, sei que ele se importa. Quando eu chamei-o para ir em casa, para fazermos um trabalho, assim que bateu os olhos nele, meu pai o desaprovou. Ele sempre diz que garotos como Tommy carregam junto de si o espírito de um mar revolto, atraindo confusão e bagunça. De onde ele tirou isso? Provavelmente apenas de um ciúmes bobo de pai protetor.

— Charles a Manuela foi atacada por duas anemoi thuellai hoje. – Quase pulei com o susto que levei ao ouvir Tommy falar daquela forma tão severa com meu pai. “Anemoi Thuellai”? O que é isso? - Já passou da hora de você deixar de ser teimoso e a mandar para o acampamento. – determinou com o olhar feroz assim que se colocou de frente com meu pai. Eu não estava acreditando no jeito Tommy estava falando com meu pai, com esse tom de comando e mais alto do que deveria, totalmente o oposto do que sempre fazia.

Diferente do que pensei, meu pai não pareceu se importar com a forma que Tommy se dirigia a ele. A única coisa que encontrei em sua expressão foi preocupação. Rapidamente abriu a porta e indicou o sofá para que sentássemos.

— Manuela você sabe aquelas histórias dos deuses gregos antigos? – Questinou meu pai com a voz levemente trêmula.

— Sim. – Respondi temerosa pelo que se seguiria.

— Eles nunca deixaram de existir, e agora moram aqui, nos E.U.A. E bem... Sua mãe é uma deusa, como... Como a sua avó também. E você é uma semideusa. - Meu pai falava aquilo como se fosse a coisa mais difícil que ele tivesse que fazer em toda sua vida. Sem saber o que fazer, desviei meu olhar para Tommy e ele estava com uma expressão de impaciência.

— Como assim, minha avó e minha mãe são deusas?... E se elas são por que o senhor nunca me contou isso? – indaguei procurando uma lógica em tudo aquilo que havia sido dito.

— Eu também sou um semideus, minha pequena. Sua avó é Atena. Você nasceu de um relacionamento complicado entre mim e sua mãe, e por isso vivi usando meus poderes para poder esconder a mim e a você de todos. Mas agora é hora de você ir para um lugar mais seguro.

— Você não vai me falar quem é minha mãe? – Acabei por ignorar tudo o que ele disse e focar em minha mãe. Esse assunto sempre foi um tabu entre nós dois. A única coisa que realmente sei sobre ela é que, segundo meu pai, nosso sorriso é igual.

— Ele não pode. Você só saberá quem é sua mãe quando você for ao acampamento e sua mãe te reclamar. -Tommy se intrometeu.

— Então quer dizer que aquelas coisas aconteceram mesmo? A Ana Letícia e a Mariana flutuarem, e pararem o tempo? - Perguntei atônica, fazendo Tommy e meu pai trocarem olhares confusos.

— Manuela, anemoi thuellai não param o tempo.

— Verdade. Bom pelo menos eu nunca ouvi falar que eles fazem isso, nem vi em livros – Concordou Tommy.

— Mas elas fizeram isso! Na verdade... A Mariana parou o tempo, só eu e ela se mexiam, e quando ela viu que a Ana Letícia tinha ficado parada ela fez tudo voltar ao normal - Expliquei, enquanto eles faziam cara de que não estavam acreditando em mim. - Que foi? É verdade! O tempo parou! Vocês me falam que os deuses antigos existem, e eu acredito, mas eu falo que uma anemoi não sei o quê, parou o tempo e vocês não acreditam! – Bradei sem muita paciência.

— Eu acredito em você filha, mas isso é um pouco improvável de acontecer... – Disse meu pai.

— Mas enfim, se isso aconteceu não significa boa coisa. Vou mandar uma mensagem de Íris a Quíron. Enquanto isso, vocês poderiam se arrumar para irmos ao Acampamento Meio-Sangue. - Tommy falou olhando fixamente no olho de meu pai, outra vez em tom de comando.

— Espera! Mas vocês ainda não me explicaram tudo! Por exemplo o que são anemoi thuellai? O que é esse acampamento meio-sangue? - Perguntei um pouco desesperada.

— Charles explique para ela e depois vão fazem as malas. - Tommy mandou, outra vez em tom de comando, e para a minha surpresa meu pai fez o que ele pediu, começando a falar assim que Tommy foi para o quintal deixando-nos sozinhos.

— Filha, anemoi thuellai são espíritos da tempestade. E o Acampamento Meio-Sangue é o único lugar na Terra indicado para pessoas como nós, semideuses.

— Mas então porque nós não moramos lá...? Digo por que o senhor também é semideus, e se eu sou, nós não deveríamos morar lá?

—Sim, deveríamos, mas eu nunca gostei de lá, e sempre achei mais emocionante a vida aqui fora, então nunca mais voltei. E, por mim, você não ia também, mas agora que você já sabe que é uma  de nós, mais monstros aparecerão e você precisa ganhar experiência para enfrenta-los. Você corre um grande risco estando aqui em casa, mesmo com a minha proteção... Por isso suba no seu quarto e faça uma mochila com que for mais importante, pois amanhã de manhã você irá ao acampamento com Tommy – Determinou.

— Mas e o você? Não pode ficar aqui sozinho! E como que eu vou estudar?

— Eu não vou voltar lá filha... O acampamento me traz lembranças ruins, eu consigo me virar sozinho, vivo sem a proteção do acampamento há anos – Disse abraçando-me. - Quanto a sua escola, você já estava expulsa mesmo...

Depois da nossa conversa subi para meu quarto e comecei a arrumar minha bolsa. Ainda tinha muitas coisas que queria conversar e entender, mas sabia apenas de olhar para meu pai que não devia forçar nada. Afinal, estou a um passo de conhecer um mundo totalmente diferente daquele que vivi até agora.

 


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Notas finais do capítulo

Por favor deixem sua opinião! Obrigada! :) Beijos!



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