Desci correndo para a avenida e corri até onde meu pai se encontrava. Ele urrava de dor.

            - Quem fez isso pai? – perguntei tentando manter a calma

Ele apontou para um homem de capacete na mão que andava de um lado para o outro. Um motoqueiro. Peguei meu celular e liguei rápido para uma ambulância.

Eu estava toda molhada sentada ao lado de meu pai quando Eleanor e Katy chegaram com um guarda-chuva. Ficamos esperando mais uns 10 minutos até a ambulância aparecer.

***

O Hall do Hospital estava todo encharcado por minha culpa, que andava pingando de uma lado para o outro esperando noticias. Katy foi buscar minha mãe em casa e Eleanor tentava ligar para Louis, na tentativa dele avisar Zayn que eu estava no hospital. Minha mãe chegou ao hospital totalmente branca e ficamos esperando eles liberarem a entrada no quarto. Isso foi acontecer quase 40 minutos depois.

            - Paul! – minha mãe berrou correndo para abraçá-lo

            - Ai, ai... – ele falou enquanto minha mãe caia debruçada sobre ele

            - Mil perdões – ela falou levantando-se

            - Então – comecei – como você está?

Ele tossiu um pouco antes de responder

            - Mais pra lá do que pra cá... Mas estou bem.

O médico entrou no quarto

            - Bem mais pra lá, não é mesmo senhor Paul? – ele falou

Meu pai se remexeu na cama. Ele não gostou daquele comentário

            - O que há de errado com ele? – perguntei, já sabendo o tipo de resposta que iria receber, eu só queria uma confirmação do que minha mente me dizia

            - Seu pai está com um sério quadro de tuberculose que se agravou nas últimas semanas, ele vai precisar de internação imediata, ainda mais agora, que quebrou a perna e o quadril.

Senti uma dor no peito naquele momento. Era verdade, o laudo estava certo.

            - Quando tempo ele vai precisar ficar aqui doutor? – minha mãe perguntou

            - Não sabemos ao certo, o tempo que levar pra doença diminuir, mas vai ser no mínimo uns seis meses... Se não se importam, eu tenho que ir – ele falou retirando-se do quarto.

            - Pai... – falei sentando-me na cama ao lado dele – Eu te perdoo – falei finalmente, com lágrimas nos olhos – Você é um velho muito teimoso, e rabugento, e egoísta, e orgulhoso...

            - Que pular a parte do sermão? – ele falou rindo, com os olhos também cheios d’água.

            - Você é tudo isso, mas acima de tudo é o meu pai, e eu te amo. Nunca quero te perder. – falei abraçando ele. Olhei para o lado e vi que minha mãe estava aos prantos vendo a cena.

            - Eu também te amo minha princesa – ele falou retribuindo o abraço.

Ficamos assim por um tempo até que a porta se abriu. Era Katy.

            - Desculpa interromper o momento família, mas, Jess, o Zayn chegou, ele quer saber se pode entrar.

Hesitei um pouco em responder. Eu não sabia qual seria a reação do meu pai, mas algo me surpreendeu.

            - Sim, claro que pode – as palavras saíram da boca de meu pai!

Olhei para ele sem entender nada, ele apenas deu um sorrisinho. Zayn entrou no quarto meio sem jeito.

            - Acho que é o momento de eu deixar vocês á sós – minha mãe falou saindo do quarto.

            - Senhor... – Zayn começou

            - Por favor, sem formalidades... Pode nos dar um tempo a sós, Jess? – meu pai perguntou. Assenti com a cabeça. Eu não queria deixar os dois ali, eu era a linha tênue que os impedia de se matarem. Pelo menos eu achava

            - Tudo bem... – me levantei da cama e dei um beijo na bochecha de Zayn “por favor não se matem” falei ao ouvido de Zayn. Meu pai riu.

Sai do quarto e encontrei com Eleanor e Katy no Hall, logo atrás estavam Liam, Harry, Louis e Niall (que comia um enorme e gorduroso Xis).

            - Você deixou os dois lá dentro sozinhos? – Katy me olhava pasma

            - Meu pai pediu – falei não dando muito atenção a ela, e sim, ao Xis de bacon do Niall.

            - Mas, o que você acha que está acontecendo lá dentro? – El perguntou

            - Não sei... Acho que... – a vontade de comer o Xis começou a tomar conta de mim – Acho que vão querer esclarecer as coisas... Onde o Niall comprou aquele Xis?

            - Quer um pedaço? – ele perguntou do outro lado do salão, de boca cheia.

Eu queria responder que sim, mas a vontade de comer passou em um estalo e no lugar uma repulsa enorme pelo Xis veio á tona.

            - Eu...

            - Você tá ficando verde! – Katy falou preocupada.

Não disse mais nada. Corri para a lixeira mais próxima e coloquei tudo pra fora.

Enquanto isso no quarto do Hospital

Zayn P.O.V

Paul me fitava com uma expressão indescritível. Eu estava com medo do que ele poderia dizer ali. Nossa última conversa não tinha sido das melhores. Mas antes de tudo eu resolvi me desculpar por tudo que eu tinha causado a Jéssica.

            - Senhor, quer dizer, Paul...

            - Sim?

            - Acredito que o senhor tenha motivos suficientes pra querer arrancar meu pescoço, mas por favor, eu queria me desculpar...

            - Continue meu caro...

            - Eu quero que entenda que eu amo a sua filha. Amo. Amo mais que tudo. Ela é um anjo em minha vida e as coisas pelas quais eu a fiz passar foram horríveis, e eu sei que nenhum pai quer ver a filha sofrer do jeito que ela sofreu. Eu me culpo até hoje por causa do acidente que nós sofremos! Não há um dia se quer que eu pense em como tudo podia ter sido diferente!

            - Zayn... Por favor, não fique se culpando. Eu entendo a sua parcela de culpa nisso, mas não foi só sua. Zayn, quem devia estar me desculpando aqui sou eu. Eu sei que sou um velho ranzinza, orgulhoso e preconceituoso. Mas o jeito como minha filha falou de você para mim... O brilho nos olhos dela, a emoção... Todo o pai quer que a filha tenha um bom companheiro, um amigo... Entre outras qualidades que possam relevar o fato de que nós sabemos que eles a levam pra cama toda a noite...

Ele REALMENTE estava falando aquilo? Olhei para ele assustado e ele começou a rir.

            - É a pura verdade, você quando também for um vai sentir a mesma coisa... E eu espero que não seja em breve – ele falou sério.

            - Não se preocupe, eu também não quero que seja em breve – falei rápido.

            - Bom, voltando ao assunto. A minha filha te ama Zayn, e tudo que você fez por ela enquanto ela não lembrava de você... Aquilo me fez ter uma visão diferente de você. A maioria dos homens sairia por ai para ficar com várias garotas, aproveitando que ela não ia saber ou ao menos se lembrar... Mas você foi persistente, ficou com ela todos os dias fazendo coisas absurdas para ao menos estar na presença dela. Você merece o meu reconhecimento rapaz.

Aquelas palavras me fizeram parecer uns 10 quilos mais leves. Então estava tudo acertado entre nós.

            - Um aperto de mão?... Genro... – ele falou sarcástico

            - Claro – falei rindo.

Finalmente as coisas estavam começando a melhorar.