Caroline’s POV

Acordei com os berros do despertador, e fui me vestir. Minha cara estava horrível. Poderia dizer que eu não dormia há anos, e meus olhos estavam extremamente inchados. Preparei algo pra comermos, e fui acordar Lílian. Tomamos café em silêncio e seguimos até a faculdade.

– Até o intervalo. – disse acenando pra Lily, e ela retribuiu com um sorriso triste e distante, acenando de volta.

Entrei na sala e sentei na última carteira. Logo em seguida Niall chegou, com o violão nas costas, sorridente. Pegou na minha mão e me levantou. Ele me abraçou forte por um bom tempo, eu nunca necessitei tanto de um abraço como esse. Soltei-me dele, e uma lágrima desceu rapidamente, contornando todo meu rosto.

– Idiota, olha o que você fez. – disse enquanto ria e limpava o rosto. – E por quê o violão?

– Nada demais. Aliás, sua cara está horrível. – Niall disse, sentando na cadeira a frente da minha. Sentei-me também, e sussurrei um “Obrigado Niall, acho que eu já sabia”, fazendo o rir.

A aula passou um tanto quanto rápida. Rápida demais, eu diria. Me levantei e fui até o pátio, ouvi Niall se despedir com um “ Te vejo daqui a pouco, sabe, estou com fome”, murmurei “Não me diga” mas ele já estava longe demais pra me ouvir. Fui até a Lílian, e nos juntamos ao nosso novo grupo de amigos. Discutia sobre filmes com Ryan quando senti uma mão em meu ombro. Me virei de súbito, era Zayn. Quem eu menos esperaria encontrar, estava ali, com uma expressão triste. Seus olhos pareciam tentar esconder milhares de coisas, mas era quase impossível não notar.

Zayn’s POV

Estava tudo pronto. Niall já afinava as cordas de seu violão e eu olhava para ela, que conversava com seu “amigo” animadamente. Tinha conseguido controlar meus ciúmes, mas ver ela ali com ele, enquanto poderia estar comigo... é horrível. Mas ela não quer nem olhar na minha cara. Tenho que reconquista-la novamente, e é isso o que eu vou fazer.

– Vamos, Niall. – digo, andando em direção á rodinha em que ela se encontrava. Parei em sua frente e meu corpo travou. Meus olhos só conseguiam olhar para ela, meus pensamentos eram todos voltados para ela. É minha imaginação, ou ela está mais bonita hoje? Ou será a minha necessidade de ficar com ela, gritando e implorando para que eu faça alguma coisa, tendo-a de volta.

– O que você quer? – ela diz, olhando para mim. Seu rosto não continha expressão alguma, seu olhar era vazio. Como se eu fosse só mais uma folha caída de uma árvore qualquer, voando por aí.

Respiro fundo e faço um sinal para que Niall comece a tocar.

– Só escuta.

Caroline’s POV

Zayn se ajoelha na minha frente e minha primeira reação foi olhar para Lílian, sem entender. Achei que ela estaria por trás daquilo, mas ela parece tão assustada quanto eu. Ele pega minha mão, me fazendo voltar minha atenção até ele. Seus olhos perderam seu brilho natural, se tornando tristes e vagos. Percebo Niall logo atrás dele com seu violão, mas quando abro a boca para pedir explicações, Zayn começa a cantar.

– If you ever leave me, baby,

Leave some morphine at my door

'Cause it would take a whole lot of medication

To realize what we used to have,

We don't have it anymore.

(Se um dia você me deixar, amor

Deixe um pouco de morfina na minha porta

Porque eu precisaria de muitos medicamentos

Para perceber que não temos mais

O que tínhamos)

– O que está fazendo? – pergunto, rindo nervosa e olhando para os lados. A essa hora todos olhavam para nós, com seus celulares apostos. Volto a olhar para Zayn e só percebo: ele cantava It Will Rain, e qualquer um que me conheça sabe que eu sou apaixonada por essa música.

– There's no religion that could save me

No matter how long my knees are on the floor

Oh so keep in mind all the sacrifices I'm makin'

To keep you by my side

And keep you from walkin' out the door

(Nenhuma religião poderia me salvar

Não importa quanto tempo eu passo ajoelhado

Então lembre-se dos sacrifícios que eu estou fazendo

Para te manter do meu lado

E evitar que você saia pela porta)

Ele cantava e as lágrimas desciam pelo meu rosto. Não poderia identificar se eram lágrimas de tristeza ou de alegria, porque eu nem mesmo sabia o que estava sentindo no momento. Minhas mãos tremiam, e um sorriso já se formava levemente no meu rosto. Eu o amo, tenho certeza disso, mas agora eu também sabia que ele me amava. Esqueço aquele Zayn grosso e arrogante com quem briguei a alguns dias, só consigo ver o meu Zayn, amável e carinhoso. Me sinto naquele jardim dos sonhos, mas agora nós somos os protagonistas, nós estamos fazendo a nossa realidade.

– 'Cause there'll be no sunlight

If I lose you, baby

There'll be no clear skies

If I lose you, baby

Just like the clouds, my eyes will do the same

If you walk away

Everyday, it will rain, rain, rain.

(Porque não haverá luz do sol

Se eu te perder, amor

Não haverá céu claro

Se eu te perder, amor

Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo

Se você for embora

Todo dia, irá chover, chover, chover)

Ele termina e sinto a extrema necessidade de voltar aos seus braços.

Eu o abraço forte e ele faz o mesmo, ao som dos aplausos das pessoas ao redor. Algumas garotas murmuravam um “aaaawn” prolongado e outras cutucavam seus namorados, perguntando “Porque você nunca faz uma coisa dessas pra mim?”.

– Eu preparei mais uma coisa pra você. Eu não treinei muito, mas acho que não deve ter ficado tão ruim. – ele diz, tirando um papelzinho do bolso.

– Ai meu Deus, o que será..– penso alto. Ele sorri e pigarreia alto.

– E-eu Te Amô. – ele gagueja em português, e olha duvidoso pra mim. Sorrio, com novas lágrimas nos olhos, mas essas eu sei que são de felicidade.

– Eu também Te Amo, meu amor. – respondo, na minha língua natal.

Ele deve ter considerado a resposta, já que tinha um largo sorriso no rosto. Sem mais delongas, eu o beijo. Foi perfeito, era o beijo que eu vinha esperando á tanto tempo. Cheio de desejo, e saudade. Cheio de amor. Terminamos o beijo numa sincronia perfeita, e todos a nossa volta olhavam emocionados.

Lílian ainda ria da tentativa de Zayn de falar português. Limpo as pequenas lágrimas em seu rosto, analisando cada parte dele. O sinal toca e todos a nossa volta se levantam, mas nós ainda continuamos lá.

– Então você me desculpa? Sabe Carol, e-eu fui um idiota.. – Ele falava totalmente nervoso, mas o interrompi.

– Cala essa boca. É claro que eu te desculpo, moço. Como eu não desculparia, depois disso tudo? – ri, pegando sua mão. Os últimos alunos voltavam para sala, mas ficamos ali. um olhando pro outro, somente apreciando como era bom um ter o outro nos braços novamente. Seus olhos tinham todo o brilho de volta, e seu sorriso não podia ser maior.

– Eu tava pensando.. você gostaria de jantar comigo hoje? – ele pergunta, enquanto me ajudava a levantar.

– Jantar? Acho chique. – Ri. – Quero sim. Aliás, quero estar em qualquer lugar em que você esteja também.