Lílian’ POV

Assim que o simpático segurança abriu passagem, corri até Harry. Ele me recebe com um abraço e percebo que os gritos das fãs aumentam quando recebo um leve beijinho no canto da boca. Sorrio e afogo minha cabeça em seu pescoço. Ele pega minha mão e caminha comigo até o portão de embarque.

- Vê se não entra em confusão. – ele diz.

- Até parece. Sou a menina mais comportada que você deve conhecer. E você também, fica esperto. Tenho a internet como aliada, vou saber onde você está em cada minuto. – empino o nariz, fazendo-o rir.

- Pode deixar, mãe. – ele diz. Dou um tapinha em seu ombro e ele me abraça.

Zayn, que estava de mãos dadas a Caroline, cutuca Harry e aponta para os meninos que já estavam se dirigindo ao portão de embarque.

- Eu tenho que ir. – Harry diz, me puxando para um beijo.

Não sei se foi a necessidade, mas aquele beijo me pareceu melhor do que todos os outros que ele já tinha me dado. E talvez fosse mesmo, já que eu dependeria só daquele beijo para conseguir passar o resto dos dias sem ele. Esqueci de toda a gritaria das fãs, me concentrei só naquele momento. Esse beijo teria que suprir todas as minhas necessidades, toda a saudade que eu viria a sentir. Ele se afasta com um sorriso triste.

- Vou sentir sua falta. – digo.

- Eu também vou sentir sua falta. – ele diz, pegando sua mala do chão.

- Você vai me ligar todos os dias, certo? – pergunto, lançando um olhar desesperado ao segurança que apressava Harry.

- Certo. – ele diz, me dando um último beijo rápido, e indo em direção aos meninos. Carol se aproxima ao meu lado e assim ficamos, observando-os partindo.

- Te amo. – as palavras simplesmente saem da minha boca, mais alto do que deveriam e ecoam por todo o aeroporto. Minhas mãos voam até a minha boca, tampando-a rapidamente. Harry se vira e olha pra mim, sua expressão mudando totalmente.

- Eu também te amo. – ele sorri e seu segurança o impede de voltar, mas ainda consigo ver seu sorriso quando ele se vira, continuando a caminhar com os meninos.

Um turbilhão de pensamentos percorre pela minha cabeça, mas Carol chama a minha atenção com um estalo de dedos, indicando a porta de saída do aeroporto. Caroline caminha em direção á saída e eu a acompanho, ignorando todas as fãs e suas perguntas. Sigo para o táxi que já estava estacionado logo na entrega e me sento no banco de trás sem falar uma palavra.

Nunca me senti tão dependente assim de alguém. Tão dependente de um beijo, uma carícia que fosse. Ainda me pergunto se isso é o certo. Ainda me pergunto o que é isso que eu sinto. Será que é mesmo amor? Será que é certo amar assim? Sinto que vou me machucar tanto. Toda vez que ele partir por aquele portão, sei que vou sentir meu coração se rachar.

E não existe um sentimento pior que a saudade. Saudade. Essa palavra é tão usada, mas poucos sabem o que realmente significa. Poucos já passaram ou vão passar por esse sentimento, que quanto mais você tenta fugir, mais ele te corroe. Quanto mais você tenta pensar em outra coisa, mais a vontade de estar perto aumenta. 

Mas ao mesmo tempo, acho que essa relação vai fazer tão bem pra mim. Faz tempo que não sei o que é estar apaixonada, faz tempo que não sei o que é sentir saudades de alguém que você viu á uma hora atrás. Faz tempo que não sou tão feliz assim com alguém. E em questão da saudade, parece que vale a pena passar por tudo isso pra poder ver aquele sorriso de novo. Aquele sorriso que me faz tão bem.

É, acho que vale a pena correr o risco. Correr o risco de se apaixonar. Até da vontade de rir. Por que todo mundo tem tanto medo do amor? Se apaixonar seria mesmo um risco? É tão ruim depender de uma pessoa pra sorrir, e saber que o motivo do sorriso da outra pessoa é você? É tão ruim assim agir com o coração em vez da cabeça? Não, não deve ser tão ruim assim pensar numa pessoa 24 horas por dia, sendo que ela te faz tão bem. Essas pessoas que fogem do amor, só precisam de duas coisas: aprender a amar, e amar a pessoa certa.

- Lílian, já chegamos. Vamos? – Carol diz me dando um leve empurrãozinho. Afirmo com a cabeça e sigo para o prédio, feliz por finalmente ter me entregado ao amor.

****

Caroline’s POV

Passaram-se 2 semanas, que mais me pareceram 2 meses, e a minha rotinha tinha se tornado a mesma: ir pra faculdade, voltar pra casa, ir pro Nando’s, voltar pra casa. Tá certo que minhas notas e meu desempenho no trabalho tinham melhorado, mas não sei... tudo parecia tão monótono.  Sem o Zayn, o dia ficava tão mais vazio. Eu podia escutar sua voz pelo telefone, mas eu ainda precisava sentir seu cheiro, seu calor..

- Carol, ressuscita colega. – Lílian estralava os dedos na minha frente. Pisquei os olhos repetidamente, acordando do transe que começara a me perseguir durante essa semana. Ficava assim, parada, olhando pro nada e pensando no mesmo.

Lílian começou a seguir o fluxo de pessoas pelo corredor e eu a acompanhei. O sinal para o intervalo tinha tocado, e como sempre, o murmurinho dos grupinhos sociais tinha começado. Garotas populares saiam de suas salas sempre juntas, rindo e apontando para alguma outra que estivesse com um vestido que não combinasse com o sapato. Os nerds e os rejeitados sempre andavam de cabeça baixa, por estar lendo um livro ou até mesmo pela vergonha pública. E Lílian e eu, que estávamos longe de qualquer um desses, nos sentamos no nosso lugar habitual, debaixo de uma árvore, encaramos nossos celulares na esperança de receber uma nova mensagem ou uma nova ligação. Mas ao invés disso, uma grande sombra se forma a nossa frente.

- Mas o que é.. – digo e paro, quando vejo dois garotos na nossa frente.

- Pois não? – Lílian pergunta.

-  Bem... estávamos ali e percebemos que toda semana vocês sentam aqui, e também notamos que não estão fazendo nada.. viemos perguntar se  vocês não querem se juntar a gente. – um dos garotos diz, apontando para uma rodinha de pessoas não muito longe dali.

Lílian’s POV

Analisei com cuidado cada um que estava sentado lá. Não pareciam ser malucos o suficiente para me levar para um mau caminho. Olhei Carol e ela deu de ombros. Realmente, seria mais confortável conversar com alguém do que ficar durante todo o intervalo encarando meu celular. E os dois garotos também me pareceram simpáticos.

- E seus nomes são.. ? – Caroline perguntou, já esboçando um sorriso. Pelo que vejo, ela chegou à mesma conclusão que eu.

- O meu é Thomas, e o dele é Ryan. – um deles disse, mas precisamente o de olhos azuis e cabelo castanho. Não tive dificuldade pra descobrir a cor deles, já que os óculos que usava aumentavam razoavelmente o tamanho de seus olhos. Ele tinha pintinhas espalhadas por todo o corpo e um sorriso permanente no rosto, o que o fazia ficar ainda mais... fofo.

- Pois bem, Thomas e Ryan. Seria ótimo conversar com vocês. – Carol diz, se levantando e limpando sua calça.

- Vocês ainda não falaram seus nomes. – Ryan disse, com um sorriso divertido. Um sorriso que deve ter custado, com certeza, anos e anos de uso de aparelho, mas agora eles não podiam estar mais perfeitos, assim como seus olhos.  Olhos tão verdes que você poderia ficar 1 hora os encarando, seria ótimo. Seu porte físico também não deixava a desejar, seus braços totalmente definidos seria o sonho de qualquer garota. Tinha uma expressão carismática no rosto, ao mesmo tempo.. sensual. “Bad Boy“ eu o denominei mentalmente.

- O meu é Lílian, mas vocês podem me chamar de Lily, se quiser. – digo, estendendo a mão para Thomas, que logo a apertou calorosamente, me fazendo corar.

- E o meu é Caroline, mas pode me chamar de Carol mesmo. – Carol diz, dando um sorriso.

- Então.. – Ryan começou, apontando para a rodinha de pessoas. Sorri e os acompanhei, logo sendo apresentada a cada um dos que estavam ali, e percebi que eles são ainda mais simpáticos do que aparentavam. Dentro de 10 minutos, eu já gargalhava abertamente e nem me lembrava mais do meu celular.