Morning Light escrita por Dani


Capítulo 10
IX - Such a mess


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos tributos. Problemas terríveis ocorreram no último capítulo, eu simplesmente não consegui escolher o melhor review do cap =O Muito obrigada Letter, Buttercup, Jay e Wonderlandie muito obrigada mesmo fofas pelas reviews, esse capítulo é pra vocês. Inicialmente o cap era divido em 2, mas achei que chatiaria vocês com tão pouca informação, já que vivo atrasando capítulo... BOA LEITURA amores ;)



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       Acordo cedo com o sol entrando pela cortina do trem e sento ali na janela olhando o Distrito 10 ganhar vida.

       Quando eu estava em casa passava várias horas apenas sentada na janela lendo ou desenhando alguma coisa inspirada na paisagem ali perto: as crianças brincando na rua, tio Haymitch colhendo flores ou conversando com alguém, animais correndo livres pelas redondezas.

       Domingos eram dias muito calmos no 12.  Quase todas as manhãs de domingo eram assim.

       Eu sentava ali, minha mãe cantava alguma melodia suave pela casa, meu pai pintava ao ar livre ou ali dentro mesmo perto de alguma janela, e Finn treinava com suas flechas de brinquedo nas árvores aos arredores, que com o tempo se tornaram flechas bem maduras para um garoto de sua idade.  

       Annelys estava esparramada na minha cama ainda. Eu havia tido uma noite cansativa no sofázinho do quarto, acordando várias vezes em busca de uma posição confortável.

       Mais uma noite em algum desses sofás e eu precisarei de uma das massagens da minha mãe antes de levantar.

       - Você já está acordada. – uma Annelys com os cabelos loiros descabelados me falou e eu apenas acenei com a cabeça em resposta. Ela havia dormido desde ontem quando conversamos, mas eu estava ainda cansada, e não tinha muita vontade de conversar. – Você conversa quando dorme. – ela dá um de seus sorrisinhos com os olhinhos sonolentos bem abertos. – Você conversa muito e de um jeito bem engraçado enquanto dorme.

       Coloco automaticamente a mão na boca e lembro de meu pai. Ele diz que qualquer coisa que me perturbe ou que eu tente esconder dele, ele pode descobrir apenas ao me ouvir enquanto durmo.

       Uma de minhas maldiçoes.

       Entro no compartimento onde é servido o café da manhã e o clima é animado e descontraído. Minha presença quase não altera a cena.

       Há vários rostos conhecidos ali e me sinto contente de poder ter um café da manhã com meus pais, como em casa.

       Infelizmente todos os lugares estão cheios então após preencher meu prato sento do perto de um garoto desconhecido e de Lori que está ainda parecendo uma sonâmbula.

       - Bom dia, raio de sol. – Lori ironiza.

       - Bom dia, docinho. – tio Haymitch diz.

       - Como passou a noite? – meu pai pergunta.

       Quando estou prestes a tentar responder cada um deles minha boca se abre, mas minhas palavras se perdem quando uma risada corta o ar. Uma risada alta e genuinamente alegre.

       Minha mãe está...rindo. Rindo. Rindo como nunca a vi rindo.

       Arregalo os olhos para meu pai que agora também está sorrindo.

       - Você é muito...como ele. – ela sorri e decido seguir seus olhos. Ela está olhando um cubo de açúcar que está nas mãos de ninguém mais do que Lucca.

       Lucca.

       - Seus olhos, sua voz, até o seu jeito de falar me lembra ele. – ela mantém as mãozinhas no rosto e seus olhos brilham como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo que há muito tempo desejava.

       - O rapaz é uma versão mais jovem do pai. – Haymitch concorda.

       Começo a comer tentando não me permitir importar que o assunto principal da mesa seja o que é.

       - Como você está, Primrose? – ele fala educadamente depois que minha mãe volta a falar com meu pai e com tio Haymitch.

       - Com dor nas costas. – digo sincera sem querer joguinhos.

       - Sem dores de cabeça? – ele pergunta e é tudo que ele não deveria fazer porque de imediato meu pai me olha de soslaio, preocupado.

       Nego com a cabeça, sem dar muita importância. Como se não fosse nada demais. Engulo a comida e deixo o compartimento.

       - Primrose. – uma voz firme me para no meio do corredor. – Você esteve mentindo para mim?

       - Eu estou bem.

       - Porque eu tenho que saber disso através de outra pessoa? – ele diz agora menos bravo, parecendo magoado. – Nós contamos tudo um pro outro. Ou eu achava que era assim.

       A maioria das garotas da minha idade não tem esse tipo de conversa, mas a maioria das meninas da minha idade não tem um pai como o meu. Ele é minha proteção, meu melhor amigo, e além de tudo é um grande sensível. Como se eu também não fosse.

       - Pai não é isso. Você só se preocupa demais.

       Ele ri sem humor.

       - Depois de tudo que já aconteceu comigo, com sua mãe e com várias pessoas as quais eu tinha e ainda tenho afeto não me venha com “se preocupa demais”. – ele diz elevando a voz.

       - Pai, eu estou bem. – digo.

       Ele sai do trem e saio atrás dele. Não posso deixá-lo agora que ele está com esse olhar magoado nos olhos.

       - Você está crescendo, mas é minha menininha, por mais bobo que isso pareça. – ele diz se sentando na relva.

       Sento ao seu lado.

       - E você é o meu super-herói. Lembra? – digo e ele sorri com a lembrança.

       Quando eu tinha apenas onze anos, na escola, a professora havia pedido que fizéssemos um trabalho bem simples: criar um super herói. Criar seus super poderes, descrever como ele seria, e como ele ajudaria as pessoas. Eu fui a única que não ganhei uma boa nota.

       Quando apresentei o trabalho levei um foto de meu pai e contei várias coisas sobre ele. Falei que ele havia vencido os Jogos, participado da revolução e que era o melhor pai do mundo. Depois que todos na sala rirem de mim e de levar uma bronca da professora por não ter exercitado minha imaginação, a professora decidiu falar com meus pais e quando ela contou sobre o ocorrido meu pai me deu um abraço forte e sussurrou no meu ouvido: - Essa é minha menininha.

       Deito a cabeça em seu ombro.

       - Algumas coisas não mudam, pai. – afirmo após a lembrança amenizar o clima ali.

       - Então não mude comigo. – ele diz sério, mas não está mais bravo.

       Sinalizo que sim a cabeça e voltamos para o trem. Tirando isso a tarde é calma e mesmo cansada decido fazer parte do passeio pelo 10. Ando o tempo todo com a mão agarrada ao braço do tio Haymitch já que não conheço o lugar e não tenho vontade de manter conversa com ninguém.

       Meu pai prometeu falar com a mãe de Annelys e ela ficou no trem comendo todas aquelas coisas feitas na Capital enquanto eu fazia o passeio.

       - Aqui faz parecer que os animais estão em extinção no 12. – digo pelo passeio.

       Lucca ri disso e de alguns comentários meus ou do tio Haymitch, mas não força a aproximação e eu fico grata.

       O 10 é muito bonito e cheio de todos os tipos de animais. Principalmente gado. Existem muitos pequenos lagos, muitas criancinhas com chapéus de cowboys, muitos cavalos andando livremente pelo distrito e todos sorriem enquanto nós somos guiados pelo guia local.

       Além dos Descendentes dos tributos reconheço alguns estilistas andando por ali e tiro uma foto na bugiganda tecnológica de Octavia quando ela encontra um chapéu de vaqueira que combina com suas botas cheias de brilho e ela fica toda animada, como sempre. Ela compra mais do que suas mãos, e que as de que meus outros dois estilistas podem levar, mas é muito simpática com todos.

       Chegamos no trem e estou exausta.

       Vou para a sala assistir um pouco de TV enquanto todos vão para seus quartos.

       - Você poderia deixá-lo em paz apenas. – ouço uma voz que sustenta certa fúria falar na sala assim que me aproximo.

       - Você poderia parar de nutrir esses seus sentimentinhos estúpidos por ele. – alguém revida.

       Lori bufa.

       - Não seja ridícula.

       - Você está sendo ridícula. Durante todo esse tempo, se ele quisesse que algo acontecesse entre vocês já teria acontecido. Você nunca será mais do que a amiguinha engraçadinha e agressiva dele. – esgueiro pelo canto na divisória e visualizo cabelos ruivos na sala. Vênus.

       - Ele nunca confiará em você outra vez. – Lori responde.

       - Mas ele é meu.– Vênus diz com um sorriso na voz.

       - Lucca não é uma propriedade. – ela responde com a voz agora mais baixa. Recuando.

       Quando ouço o nome, o dono de toda a discussão, recuo. Sem perceber prendo a respiração e fico ali tentando decidir para onde me movimentar. Tentando não ouvir mais nada, mesmo querendo ouvir.

       Me viro abrupta e solto um som estranho quando me surpreendo por haver alguém ali me encarando.

       - Você está fazendo o que eu estou pensando? – ele diz com seus olhos azuis fingindo reprovação, mas se divertindo de me encontrar daquela maneira.

       - Depois. – digo sem mais nem menos e fujo de Lucca, como se isso fosse tudo que eu soubesse fazer toda vez que encaro aqueles olhos.

 [...]

       Segundo as últimas coordenadas que recebi, estávamos chegando no Distrito 8 quando uma Effie Trinket enlouquecida entrou em meu compartimento-quarto.

       - Primrose. – ela me chamou sem fôlego fazendo com que eu parasse de pentear meu cabelo de imediato. – Estamos com problemas.

       Meus olhos se arregalaram assim como os dela e ela me puxou e começou a correr em uma velocidade surpreendente para alguém que usa saltos tão altos e esquisitos.

       Descemos do trem e o sol estava alto na campina, mas ainda era cedo. Havia umas 60 pessoas ali, que consegui contar, mas não faço ideia do número total. Todos olhando para o trem.

       - Effie é apenas um problema no motor, se acalme. – tio Haymitch consolou Effie enquanto eu me aproximava de Finn.

       - O que aconteceu? – digo para meu irmão.

       - Durante a madrugada o motor começou a apresentar alguns defeitos e então agora cedo ele simplesmente parou. Estão tentando fazer alguma coisa, mas...Parece que ninguém aqui sabe concertar essa coisa.

       - Eu conheço alguém que pode resolver isso. – um velho com aparência um tanto de louco disse arrumando os óculos no nariz anguloso e começou a conversar com alguém em uma coisinha metálica que tinha no bolso. Talvez um dos telefones móveis dos quais ouço falar na escola.

       Entro de volta no trem querendo ficar longe do sol que machuca meus olhos.

       Aproveito que quase todos estão de fora do trem e faço o que há muito tenho vontade de fazer.

       Passo rapidamente pelo compartimento do  12, 11, 10, 9...e finalmente chego aos quartos reservados aos viajantes do Distrito 2. Existem vários nomes bem estranhos nas portas como Mellyses, Noel, Danierys e finalmente Lori.

       Bato na porta duas vezes. E recebo um grito irritado que me manda entrar.

       - Não quero incomodar...eu. – digo, mas a mão de Lori faz um pare com as mãos assim que adentro ao quarto.

       - Nos últimos dias você é mais uma luz que um incômodo. – ela levanta de sua cama e vai para o banheiro.

       Sento-me na cama bagunçada enquanto ela fala comigo escovando os dentes.

       - Parece que não te vejo mais ultimamente. Só te vi na cerimônia de boas vindas do Distrito 9. – digo.

       - Distrito 9, grãos. Tem coisa mais entediante que grãos? – Lori faz uma cara engraçada e começa a trocar de roupa na minha frente.

       Qual o problema dessas pessoas que simplesmente ficam nuas na minha frente? Encaro a pintura estranha que decora o pequeno quartinho enquanto ela se veste.

       - Sinto falta dos seus comentários pelo trem, as coisas estão estranhas ultimamente. – falo com um propósito pensado na palavra ultimamente. O que mudou ultimamente? Nada, apenas uma nova viajante que fez algumas pessoas agirem completamente diferente. Não só Lucca, mas também Lori. Desde a chegada de Vênus ela passa tanto tempo em seu quarto que mal a vejo durante as refeições.

       - Desde que ela chegou. – ela diz.

       - Disso que eu estou falando. – afirmo. – Meus pais me deixam no escuro sobre os Jogos, agora vocês também, sobre essa garota.

       Lori senta-se num banquinho do lado oposto a mim, mas me olhando. Os olhos estão borrados pela maquiagem da noite passada, acompanhados por olheiras, praticamente apagam seus grandes olhos claros e azuis. Quase apaga toda a beleza de Lori.

       - Lucca te deixou no escuro? – ela pergunta.

       - Não tenho falado com ele. – digo apenas. – Mas ele deixou claro que por ele não saberei muito sobre ela.

       Ela revira os olhos.

       - Ele é um maldito marionete nas mãos dela. – ela afirma com raiva. – Odeio isso. Odeio isso com todo o meu ser.

       Ela começa a manusear uma faca que não faço ideia de onde surgiu e me encolho automaticamente.

       - Me desculpa, velhos hábitos. – ela diz e coloca a faca no chão. – Mas não há muito que eu possa te dizer.

       Encaro-a vendo se ela também está escondendo coisas de mim como Lucca. Mas seus olhos parecem bem cansados e nada suspeitos.

       - Vênus e Lucca namoraram por um tempo. Após alguns meses terminaram, mas ela nunca aceitaria a humilhação pública já que eles se tornaram o casal queridinho da Capital e de alguns distritos como você viu no 10. – ela fala como se quisesse tirar bem rápido aquelas palavras da boca.

       - Mas então porque a encenação? – pergunto. – No dia que ela chegou ele simplesmente deixou o cômodo por causa dela. Eu não entendo.

       Lori se alonga enquanto pensa.

       - Ele tem motivos.

       - Quais? – pergunto descrente e cansada dessas meias respostas que estou constantemente recebendo.

       - Ele não gostaria que eu saísse falando isso por ele.

       Coloco as mãos na cabeça.

       - Sinto muito complicar as coisas, flor do dia, mas apenas uma pessoa pode te contar tudo. – Lori diz e sai do quarto em busca do café da manhã mais próximo e eu deito ali mesmo na cama bagunçada, me perguntando quando tudo se tornou tão...bagunçado.


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Notas finais do capítulo

UM PARÁBENS ESPECIAL para a fofa da Jay, que com seus dons de vidente, acertou em quem a Annelys foi inspirada ~~le estrelinha para Jay~~ adorei as relações que vocês falaram entre ela e personagens da Queen Suzanne, mas na verdade ela foi inspirada em uma das minhas melhores amigas Andressa(Letter), já que sem ela eu nem estaria no Nyah ou muito menos escrevendo histórias novamente. Então é isso. Me digam todos os seus pensamentos e emoções sobre os capítulos, e muito obrigado por continuarem lendo a fic. MELLARKISSES FROM DISTRIC 2, xoxo.