My Great Love escrita por DreamingGirl


Capítulo 2
Capítulo 2 - A Chance




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DO CONTRA POV


Cheguei atrasado hoje na escola, como sempre evitando a pontualidade. E, para a minha surpresa, o clima estava totalmente diferente lá! Os alunos estavam se agrupando nos cantos, cochichando entre si animadamente, mexendo nos celulares. Pra falar a verdade, estava meio tenso. Eu admito que não fiquei tão curioso pelo motivo, mas da última vez que eu não procurei pelas novidades que faziam sucesso, uma empresa de armas estava fazendo a cabeça do povo com um filmezinho de ação com um ator "bonitinho"; ou seja, era melhor checar. Imagina se isso acontece de novo? Foi tão difícil convencer o pessoal da verdade, inclusive a Mônica, que me apoiou só no início...

Eu fui usar o banheiro no corredor da minha sala, quando vi o Cascão e o Cebola indo na mesma direção. Eles pareciam ter uma conversa séria, provavelmente do tal assunto que deixou a escola toda, ou pelo menos o ensino médio, daquele jeito. Eu fiquei mais na minha, um pouco afastado deles, pra não dar na cara que eu ouvia suas palavras.

– E então, cara - O Cascão disse, enquanto fazia suas necessidades ao lado do Cebola. Argh, pareciam até menininhas conversando naquela situação. Eu entrei em uma das cabines e fiquei atrás da porta. - Desembucha. O que é que deu em você e a Mônica? Não tavam todos "ai, eu te amo" na semana passada, como se fossem o casal daquele filme de vampiros? Aquele tal de... Fusco-Lusco? - Mônica? Então isso tudo tinha haver com ela e o Cebola? Que saco! Senti meu estômago se revirar um pouco ali, e não tive mais certeza se queria continuar ouvindo as notícias.

– Eu não quero falar disso, Cascão. Você viu a minha cara ontem. - Ele respondeu friamente. Que jeito de se tratar um melhor amigo.

– Foi uma briga, não é? Bem, pelo menos você não apanhou, porque não está de olho roxo nem nada. Isso é ótimo! Seja lá o que você fez, ou o que ela fez, é só comprar um buquê de flores pra ela e pedir desculpas. As minas piram com buquês de flores! Experiência falando aqui!

– Não foi uma simples briga, cara. E já te falei que não vou abrir a boca sobre isso! - O Cebola aumentou o tom de voz, e nem percebeu que outros caras estavam encarando ele, surpresos pelo grito.

– Cebola, engole o orgulho! Vai mesmo querer ferrar com um namoro que finalmente fez você e a Mônica se ajeitarem? Só peça desculpas...

– Pedir desculpas? Seria preciso muito mais que isso, eu te digo! - Ele pausou por um momento, olhando pro outro lado. - Nós terminamos, eu acho.

– Você acha?! Como assim, não tem certeza?

– Não, quero dizer, tenho, tenho sim. Terminamos mesmo, Cascão. E pronto, nem um pio mais sobre isso, falou? - Ele vociferou em cima do Cascão, fechando o zíper da calça. E assim, sem lavar a mão, eles saíram do banheiro. Eu, mesmo sem ter feito nada, lavei elas - ora, tenho uma reputação para manter, ainda mais que a garota que eu gosto terminou com o namorado dela.

Terminou com o namorado dela... Como eu não percebi isso antes?! Só durante a aula que realizei uma coisa: era a minha chance! Eu finalmente poderia conquistar ela, agora que o Cebola tava fora da parada. O único problema era que ela não parecia muito bem. As amigas dela ficavam encarando-a, com o maior olhar de preocupação. Aquele Cebola não presta mesmo. Mas tudo bem. A Mônica é uma garota forte, sei que ela vai melhorar. Só espero que não demore muito tempo...

Na hora do recreio, eu vi ela puxando a Magali para fora da sala, numa rapidez que nunca vi antes. Provavelmente fugiam de Denise, que tinha lotado a carteira dela com bolinhas de papel. Aí! A Denise! Ela saberia me explicar o que aconteceu entre eles, já que eu não sou tão próximo do Cebola e nem teria coragem de perguntar pra Mônica naquele estado.

Foi muito tarde na hora que realizei isso. Ela já tinha saído da sala, à procura da Mônica ou do Cebola, com certeza. Mas, se eu não me engano, ela tinha um blog... Será que eu não conseguia ir até a sala de informática pra ver o que ela escreveu? E foi assim que fiz. Deixei de prestar atenção no que o idiota do Cebola dizia e fui direto ao meu destino.

O que eu não esperava era que a porta estivesse entreaberta e, bem ali, Mônica estivesse desabafando com as amigas - Magali e Aninha. E aí, pronto, já estava ouvindo tudo. Eu estava pagando de bisbilhoteiro por um dia, mas era sem más intenções, juro.

Então, descobri que Mônica e Cebola tinham terminado por causa de uma briga feia e que, de acordo com a Mô, não serão nem mais amigos depois daquilo. A Aninha, aquela santa, disse pra ela esquecer daquele mané (não com essas palavras, né...) e se ocupar com outras coisas. Comigo, haha!

Pouco tempo depois o sinal bateu mais uma vez, e eu nem tinha lanchado. Estava meio relutante em voltar pra sala, mas o burro aqui ficou lá, parado fora da sala de informática. Quando a Mônica saiu é que percebi o quanto ela ficaria com raiva se soubesse que eu ouvi tudo, então saí correndo na direção oposta o mais rápido possível! Com um bando de adolescentes indo para o lado diferente, não foi difícil pra mim se esconder, mas tenho certeza de que ela me viu. Nem que seja de relance. Droga, como eu tô lerdo hoje!

Agora, era só prestar atenção na minha futura garota. Quando ela saísse da escola, era só segui-la, dar uma de "você por aqui!" e curar o coraçãozinho dela. Simples assim, óbvio demais para mim. E continuei com o plano. Vi ela sair ao lado de Magali, que a ofereceu uma festa de pijama na casa dela, mas a Mô recusou. Estava seguindo um caminho isolado, em uma rua muito familiar para mim.

O que será que ela estava pensando ao andar por ali, sozinha? Não era a direção pra casa dela. Só depois de um tempo percebi que estava numa pracinha da minha infância. Os quatro, Mônica, Cebola, Cascão e Magali, costumavam brincar ali o tempo todo. Ah, então era por isso. Ela queria relembrar suas memórias dele ao ver aquele muro, onde ele escreveu tantas ofensas.

E foi aí que percebi o quanto estava sendo egoísta. Mônica estava numa pior agora. Tinha acabado com um relacionamento de longa data, com uma pessoa que, praticamente, sempre fez parte da sua vida. Devia estar doendo por dentro, perder uma pessoa tão especial. E eu só me preocupando em "pegar" a menina. Poxa, Do Contra, acorda moleque!

Já estava quase na frente dela, que estava cabisbaixa e com cara de quem ia chorar. Parece que ela viu minha sombra e logo se assustou. Seu rosto se virou para cima e ela finalmente me encarou.

– Do Contra? - Ela perguntou, surpresa. Eu sorri instantaneamente.

– E aí, Mô? Posso sentar aqui com você? - Ela deu um sorriso fraco e estendeu o braço sobre o lugar vazio, confirmando. Acho que ela ficou meio decepcionada de não poder sofrer sozinha ali, mas eu não deixaria. Por mais que o Cebola tinha sido importante, não era para ela chorar por ele.

Assim que me sentei, pensei numa coisa: eu não tenho nada pra falar! Não podia perguntá-la se estava tudo bem com ela, pois obviamente não estava. Muito menos sobre escola, porque eu estou pouco me lixando. E agora?

– Você deve ter gostado do clima na escola hoje, não é? Todo mundo agindo diferente. - Ela deu um sorriso meio forçado.

– Pode crer! Ver todo mundo assim foi bacana, - Ela me encarou confusa, talvez achando que eu não ligasse pra dor dela. E a idiotice do Do Contra ganha mais uma vez. - mas o motivo, nem tanto.

– Oh, então você sabe. - Ela pausou por um instante. - Todo mundo sabe. - Terminou, chateada.

– Bem, digamos que o blog da Denise é muito acessado. - Não podia deixar ela descobrir que estive perseguindo ela hoje, é óbvio!

– O que? Até você vê o blog daquela fofoqueira?!

– Ué, da última vez que fiquei por fora das notícias, você sabe o que aconteceu! Uma empresa de armas estava tentando dominar o mundo!

– É, verdade. - Finalmente, ela deu um sorriso honesto. E por causa de algo que eu falei. Porque ela se relembrou daquele clima que surgiu com a gente, enquanto ela tentou desmascarar aquele atorzinho comigo. Ah, Mô. Meu estômago deu uma revirada de leve. Era agora que eu me mexia. Me aproximei um pouco dela e peguei em sua mão. Nossa, como estava corajoso hoje! Corajoso e idiota.

– Olha Mô, acho que você já sabe mas... Se precisar de alguma coisa, de qualquer coisa, pode contar comigo. Eu sempre vou estar aqui, ao seu lado, tá bom? Pra tudo-

– Isso por acaso é uma cantada? Quer dizer, está tentando me conquistar logo agora que eu terminei com o Cebola? - Ela engoliu em seco, me interrompendo. Eu fiquei sem resposta por um momento.

– Claro que não. Eu me importo contigo, mesmo sem ter nada que vá além da amizade com você. Achei que soubesse. - Admito que aquilo me chateou um pouco.

– Ótimo, porque tenho que esclarecer uma coisa agora mesmo. - Ela disse em um tom forte, decidida. Parecia estar fazendo um certo esforço para colocar as palavras pra fora. - Não sei se você sente por mim o que sentia a um tempo atrás, mas se ainda é daquele jeito, perca suas esperanças agora. Não quero nenhum ficante, namorado, ou sei lá o quê por um longo tempo. Entendido? - Ótimo, a Mônica tinha que fazer isso comigo mesmo, partir meu coraçãozinho junto com o dela. Tudo bem, tudo bem. Eu só preciso de uma resposta esperta pra contornar essa situação.

– Entendidíssimo. Mas você sabe, não é? Que para esquecer um garoto, o melhor a fazer é ficar com outro. Ficar pra valer. - Coloquei um sorriso meio maroto nos lábios e os braços atrás da minha cabeça. Esperei por uma resposta positiva, mas não veio do jeito que imaginei.

– Não sei não, Do Contra. - Ela me olhou desconfiada, como se estivesse pensando no que eu disse. Pelo menos isso!

– Você tem tempo para pensar, mas se eu fosse você, agiria mais rápido. - Ela ficou confusa. - Que tal a gente sair amanhã, só pra ocupar sua cabeçinha? Como amigos, é claro.

– Acho que se fosse com você, eu até iria. - O que isso significa?! Você sabe as minhas intenções, né Mô? Eu acabei de falar, não me confunda mulher! - Mas amanhã eu tenho que tirar satisfações com alguém. E é um problema sério, de vida ou morte. Quer dizer, nem pra tanto, mas é muito importante pra mim.

– Ótimo, eu te acompanho. - Ela desaprovou minha resposta com o olhar. - Com quem é esse tal problema? Não é com o... Cebola, certo? - Engoli em seco a possibilidade de ser isso. Imagine, se ela não tivesse gostado do clima hoje, e quisesse voltar com ele... Ai ai, meu coração.

– Não, não tem nada haver com ele... É com a Denise que eu quero falar. - Eu arregalei os olhos no primeiro momento, mas depois entendi.

– É por causa do que ela escreveu no blog dela?

– Lógico que é, DC! - Ela vociferou, como sempre fazia quando estava brava com qualquer coisa. É, a Aninha tinha razão, ela não mudou nada por causa do Cebobo. Nossa, quanta ofensa nesse apelido, né? Aff. - Quem aquela loira burra pensa que é? Pra ter direitos de escrever assim sobre os meus relacionamentos? Você viu como ela descreveu a gente naquele post idiota?!

– Sim... - Não faço ideia, Mô. É, tenho que acessar a nets quando chegar em casa, urgentemente.

– Pois é, não vai ficar barato pra ela! - Mônica levantou uma das suas mãos, num punho.

– Só não vá deixar ela de olho roxo! - Eu comentei, e não pude deixar de dar risada. Um coelhinho azul não seria necessário pra deixar aquela fofoqueira aspirante à jornalista acabada. E, olhe só, a Mô riu também!

– Haha, seu bobo! - Ela cobriu a boca, como se estivesse segurando a risada. Graças a Deus, fiz uma coisa certa, yeah! - Não vou bater nela, nem preciso fazer isso. Vou é mostrar pra ela como eu tenho classe, e aquela idiotinha não! - Ela passou a mão nos cabelos e cruzou as pernas, como se fosse uma verdadeira lady.

– Entendi! Eu só gostaria de ver isso! - Ela suspirou.

– Ah, tá bom DC, eu penso no seu caso. Se eu quiser companhia pra acabar com aquela loira falsa, eu te ligo, pode ser? Você só tem que me passar o seu número.

– Ué, eu achei que você tinha. - Eu tenho certeza que ela tinha.

– É que o Cebola apagou o seu número enquanto tava mexendo no meu celular... - Ela coçou a parte de trás da cabeça, parecendo envergonhada. - Ele disse que foi sem querer. - Sei, muito sem querer Mô.

Fiz força para levar aquele pequeno fato numa boa, porque não queria deixar a Mônica chateada. Dei o meu número e me ofereci pra levar ela pra casa, já que estava escurecendo. Infelizmente, ela rejeitou minha proposta de gentleman, e disse que iria pra casa sozinha. Quando já estava quase no final dessa rua, indo pra minha casa, me certifiquei de que ela estava indo também, e não ficado no banco chorando. E sim, ela saiu dali, ainda bem.

O Nimbus não estava em casa, mais uma vitória pra mim. Ele ficaria um chato falando "Olha só, a Mô terminou o namoro! Vai nessa maninho, senão você perde ela de novo! Blá, blá...". Pois é, seria um saco. A primeira coisa que fiz foi ligar meu notebook, já que precisava ver o que a Denise escreveu pra dar um apoio moral à Mônica quando as duas estivessem brigando. Briga de garotas, yeah!

Descobri que o Cebola tinha deixado a Mônica em lágrimas na frente do colégio (sim, eu vi o vídeo da Denise no youtubo, e não me orgulho muito disso). Nossa, aquele cara é um completo babaca. Tá, podia terminar com a menina. Mas deixar ela naquele estado? Como a Isabela no filme do Fusco-Lusco? Ah, aí já era demais. A Mônica nunca trairia ele, nunca faria nada pra prejudicá-lo... Então que motivos ele teve pra fazer isso com ela?! Isso acabou de ficar mais intrigante...

De repente, as luzes do meu quarto se apagaram. Tomei um susto repentino, mas assim que a claridade voltou, o cômodo estava totalmente diferente. O papel de parede, que era verde, estava vermelho com vários corações. Em cima da minha cama, agora cor de rosa, tinha um quadro da Mônica. E eu sabia de quem era essa armação...

– Parabéns maninho! Você ganhou sua chance! - A voz de Nimbus adentrou no meu quarto e ali estava ele, parado na minha porta, me aplaudindo como um idiota.

Pronto, começou.


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