Cap 2

_Mãe, preciso falar com você. – Havíamos acabado de jantar e eu estava decidida a ter uma conversa séria com a minha mãe.

_Fale. – Minha mãe estava deitada na cama, vendo a novela das 9 e nem parou para me olhar.

_Lembra daquela banda que eu te falei uma vez? Que eu tenho as revistas, o CD e tudo mais? O One Direction?

_Hm... ? – minha mãe murmurou e minha irmã que já estava dormindo, se debateu na cama.

_Eles vão vim pro Brasil em agosto. E eu queria sabe... saber se eu posso ir.

Minha mãe me lançou um olhar mortal, que me intimidaria, se não estivesse disposta a tirar uma resposta positiva dela.

_Não.

_Mas mãe...

_Eles vão vim aqui pra nossa cidade? Se sim, você pode, caso contrário, negativo.

_Eles vão pra São Paulo, mas...

_Paloma, você quer ir sozinha pra capital, um lugar desconhecido, perigoso pra ir em um show? E você sabe que isso custa caro e eu não tenho condições pra essas coisas.

_Eu sei, mas e se eu trabalhasse e conseguisse o dinheiro?

_E iria sozinha? Ficaria onde? Iria de que?

_Não, eu podia ir com a Anna, caso a mãe dela deixasse, aí a gente iria de ônibus e...

_Paloma, você sabe que é impossível isso!

_Ok, é impossível. A única coisa possível na minha vida é tirar notas altas na porcaria da escola. É ir ajudar a manter a casa em ordem. É ficar com a minha irmã quando você quer sair. É ficar trancada em casa e nunca sair pra lugar nenhum. É possível ter uma porcaria de uma rotina e nunca fazer nada de diferente. Mas ir no show dos meus ídolos, realizar sonhos, aaah, isso não é possível na minha vida. Como que eu pude pensar em uma coisa dessas não é?

E então eu não agüentei, explodi. Disse coisas que queria a muito tempo. Quando me dei conta, já estava de pé e com lágrimas nos olhos. Mas não liguei, no final de tudo, eu não ia a porcaria de show nenhum.

Minha mãe ia dizer alguma coisa, mas se calou antes que pudesse começar. Corri para o banheiro tomar um banho gelado. E mais uma vez eu tive certeza que a vida era uma merda.