PDV Sophie

-Não acredito que a mamãe nos colocou de castigo por conta desse tal de Edward, nós mal conhecemos ele. – Ouvi Anthony reclamar pela milésima vez.

-É, mas acho que passamos um pouquinho do limite pintando o cabelo dele de azul. – Era impossível não rir com a lembrança. – Teremos que passar a trata-lo melhor. – Constatei.

-Foi hilário, uma das minhas melhores ideias, mas você tem razão, passamos um pouco dos limites. – Ficamos por um momento em silêncio e ouvimos as vozes na sala.

“... Só por um tempo, até eu conseguir arrumar as coisas, porque sozinha eu não vou dar conta de tudo.” Ouvimos a voz tão conhecida de nossa mãe, pedindo para que Edward não desistisse de trabalhar aqui.

-Tony, acho que a gente tem realmente que tratar o Edward melhor... Ou pelo menos não tentarmos mais fazer com que ele desista do emprego. – Falei seriamente. – Não precisamos trata-lo bem, só um pouco melhor do que o que estamos fazendo.

-É você tem razão. Estamos fazendo com que a mudança seja ainda mais difícil principalmente para a mamãe, mas não quero continuar aqui, só queria que tudo voltasse a ser como era. – Falou ele.

Tínhamos a vida perfeita, não sei o que aconteceu, de uma hora para outra o nosso mundo praticamente desmoronou. Mas não podemos tornar tudo pior para mamãe, ela sempre cuidou de nós, não podemos fazer nada que a deixe mal. De agora em diante, temos que tentar nos dar bem.

PDV Edward

Saí sem rumo, dirigi pela cidade a procura de algo para me distrair. Não estava pensando direito quando falei que continuaria a trabalhar ali como babá daqueles dois. Mas Bella faz isso comigo, embaralha o meu cérebro e eu acabo sem saber por que eu faço o que faço na presença dela.

Ouvi o celular tocando pela milésima vez, provavelmente Alice, mas quando olhei para o visor no carro, onde estava conectado o celular, vi que era Emmett, meu melhor amigo. Decidi atender, só ele conseguiria me fazer esquecer os acontecimentos de hoje.

-Fala aê Emm. – Atendi.

-E aí cara. A baixinha me ligou pedindo pra eu dar uma de babá pra ti. – Devia ter imaginado que Alice ligaria para ele.

-Não fala isso ok? Não quero nem lembrar que existem babás no mundo. – Falei. E completei em pensamento “E que eu sou uma delas”.

-O que foi? – Perguntou ele.

-Tá a fim de sair para beber? – Perguntei de volta aos velhos hábitos.

-Claro, tô dentro. Onde?

-No bar de sempre. – Falei desligando o telefone, e dirigindo em direção ao bar que eu e Emmett costumávamos frequentar desde os tempos da escola. Cheguei rapidamente, e fui direto em direção ao balcão. Logo sendo recebido pelo barman, e meu amigo, Jasper.

-Edward Cullen. Há quanto tempo você não nos dá a honra de sua presença. – Falou ele irônico. E completou sussurrando: - Já estava com saudades amor.

-Tá bom Jazz, eu sei que eu sou completamente irresistível, mas vamos com calma, ok? Se controla. – Disse entrando na brincadeira.

Ele riu e perguntou sério dessa vez:

-E então, o que faz por aqui no meio da semana? Achei que tivesse tomado jeito.

-Ora, o que se faz num bar? – Perguntei sarcástico. – E eu tomei jeito sim, mas no momento quero tomar outra coisa. Wisky. O mais forte de preferência.

-Saindo. – Disse ele se virando para procurar a bebida.

Logo em seguida senti um tapa forte nas costas.

-E aí Ed, qual a boa? – Perguntou Emmett.

Emmett:(http://25.media.tumblr.com/tumblr_m7tp59J9Io1rx767io1_400.jpg)

Jasper: (http://images4.fanpop.com/image/photos/16900000/jackson-rathbone-jackson-rathbone-16908626-500-500.jpg)

-Bem que eu queria saber. – Respondi sarcástico. – Sabe o trabalho moleza que eu descolei? Descobri que não é tão moleza assim.

- O que foi que aconteceu? Já te botaram pra fora, cara? – Perguntou ele enquanto Jasper servia minha bebida.

-Antes fosse. Infelizmente eu ainda estou no emprego. – Falei, engolindo todo o líquido de uma vez.

-Fala logo porra, não aguento mais essa sua conversa. – Se estressou Jasper.

-Tá bom, tá bom. – Aproximei o copo para que ele servisse outra dose e então depois de engolir novamente o líquido, comecei: - O emprego que eu arrumei, bom... é... na verdade é provisório... – Enrolei sem coragem de contar.

-FALA. – Gritaram os dois ao mesmo tempo.

-Ok. Eu tô trabalhando como... babá. – Falei sussurrando a última parte, mas infelizmente os dois ouviram, sabia que seria zoado pelo resto da vida, mas fazer o quê?

Como eu previ, os dois explodiram em gargalhadas, não conseguiam se controlar, a cada vez que olhavam pra mim um novo ataque de risos começava.

-E isso não é o pior. – Falei chutando o pau da barraca de uma vez. Se eles queriam rir, vão ter do que rir.

Tirei o boné que cobria os fios pintados de azul. Os dois que haviam finalmente diminuído as risadas, voltaram instantaneamente a gargalhar.

-Cara... para... eu vou... morrer. – Disse Emmett entre as gargalhadas. Os dois estavam vermelhos e lágrimas escorriam de seus olhos. Jasper se apoiava no balcão enquanto ria descontroladamente.

Eu encarava os dois pacientemente, e algum tempo depois eles finalmente conseguiram recuperar o controle.

-Véi, quem fez essa maldade contigo? – Perguntou Emm.

-Duas pestes em forma de crianças, das quais eu sou babá. – Respondi calmamente.

Vi o quanto eles tentavam se controlar, mas eu devia realmente estar ridículo, recoloquei o boné, e ouvi Jasper perguntar:

-Porque tu não sai logo disso?

-Aí que tá meu problema. Eu prometi a Bella que não sairia do emprego, e também tem o a Alice que não quer mais me deixar morar com ela se eu não ajudar nas contas. – Respondi.

-Acho que eu perdi alguma coisa, quem é Bella? – Perguntou Emmett.

-Bella é a mãe das crianças. – Disse. – Ela é incrível, vocês não tem ideia. Ela me pediu pra continuar e eu simplesmente não tive como negar.

-Ah, agora eu tô entendendo. – Falou Jasper malicioso.

-Só uni o útil ao agradável amigo. – Respondi sorrindo.

-E eu com pena de ti pelo que as crianças fizeram, sendo que tu tá trabalhando lá só pra dar em cima da patroa. – Falou Emm brincalhão. – Passei pro time das crianças.

Ficamos rindo e conversando, Emmett e eu bebendo enquanto Jasper trabalhava. Tenho absoluta certeza que bebi mais do que devia, já que de uma hora para outra perdi completamente a noção de tempo e espaço.

(...)

Abri os olhos lentamente, devido à claridade que me cegava, estava tentando entender onde estava, vi um vulto próximo a mim, alguém fora de foco, quando finalmente consegui focalizar a pessoa, percebi que era Alice, ela falava alguma coisa, mas eu não fazia a menor questão de ouvir.

Murmurei alguma coisa como:

-Me deixa em paz Alice. – Mas minha voz não estava ajudando.

-TE DEIXAR EM PAZ UMA CONVERSA, VOCÊ TEM QUE TRABALHAR. ENLOUQUECEU DE VEZ EDWARD? O QUE DEU EM VOCÊ PRA BEBER NO MEIO DA SEMANA? – Aquela gritaria descontrolada parecia que ia fazer meu cérebro explodir a qualquer momento.

Saí do quarto e segui em direção ao banheiro, tentando manter a baixinha o mais longe possível. Fechei a porta, mas antes ainda a ouvi gritar.

-NÃO DEMORA QUE VOCÊ JÁ TÁ ATRASADO.

Novamente, me mantive quieto. Olhei meu reflexo no espelho e constatei o que já imaginava, eu estou um caco. O cabelo azul continuava intacto, meu rosto não negava a bebedeira de ontem, e é praticamente impossível não perceber, mas como prometi a Bella não posso deixa-la na mão.

Tirei minhas roupas, as mesmas que usava ontem, e entrei rapidamente debaixo do chuveiro antes que perdesse a coragem. Passei xampu umas cinco vezes, deixei que a água diminuísse um pouco a dor de cabeça que eu sentia e depois de alguns minutos saí do banho em um estado um pouco melhor.

Tomei um analgésico para aliviar a dor de cabeça, me arrumei e finalmente estava pronto para mais um dia de trabalho, ou pelo menos é nisso que eu quero acreditar.

Passei pela cozinha, peguei uma maçã e sai mastigando, indo em direção ao elevador, não estava com fome, mas me obriguei a comer. Cheguei ao apartamento e bati na porta, não sem antes colocar meus óculos escuros.

Bella veio abrir a porta e sorriu ao me ver.

-Já estava começando a me preocupar. – Falou ela brincalhona.

Sorri pra ela e sentei no sofá, enquanto esperava as crianças para leva-las a aula. Minutos depois vi os dois entrando na sala, seguidos por Bella.

-Edward, tem algo que Tony e Sophie precisam falar pra você. – Disse Bella. – Falem. – Incentivou.

Sophie se aproximou primeiro, seguida por Tony.

-Bom, a gente queria pedir desculpas pelo que nós fizemos. – Falou ela.

-É, foi errado. Não deveríamos ter feito. – Completou Tony.

Os dois me encaravam, esperando uma resposta provavelmente. Falei o que todos esperavam ouvir.

-Tudo bem, vamos tentar ser amigos agora.

Os dois sorriram fracamente e logo estávamos a caminho da escola.

Duas Semanas Depois

Duas semanas depois, por mais incrível que possa parecer, tudo estava indo bem. Não havia tido mais nenhuma tentativa de homicídio por parte das crianças, e estávamos nos dando relativamente bem.

Havia acabado de chegar com as crianças do colégio e estávamos esperando Bella para almoçar.

Os dois estavam em seus respectivos quartos e eu estava na sala vendo um programa qualquer na TV quando Bella chegou.

Ela parecia um pouco mais animada.

-Tony, Sophie, venham aqui. Tenho algo para contar a vocês. – Disse ela.

Os dois vieram imediatamente, ansiosos por ouvir.

-O que é mãe? – Perguntou Sophie ansiosa. – Alguma coisa boa, eu espero.

 -Sim, acho que vocês vão gostar. – Disse ela. – Nós vamos fazer uma viagem.

Quando Bella disse isso, quase dei pulos de alegria, finalmente teria alguns dias de folga.

-Eba. – Comemorou Tony. – Pra onde nós vamos? – Perguntou.

-Eu tenho alguns assuntos de trabalho para resolver, na França, e como vai ser uma viagem longa, quero leva-los. – Falou ela.

-Não acredito, França? – Perguntou Sophie empolgada. – Ahhh, eu sempre quis conhecer a França, vai ser o máximo. – Ela estava saltitando enquanto falava.

-E vai ser uma viagem de quantos dias mãe? – Perguntou Tony.

-Serão dez dias. Sei que vocês ainda não estão de férias, mas como estão se saindo muito bem nas aulas, não vejo problema em falar com o colégio e explicar a situação. – Respondeu.

Eu é que não estou acreditando, não você não ouviu errado Edward, serão DEZ dias de folga. DEZ.

-E Edward – Falou ela virando-se para mim. – É claro que você terá que ir também, já que eu vou ter que trabalhar um pouco em quanto estiver lá.

O QUÊ?

-O quê? Eu vou? – Perguntei voltando a realidade onde eu nunca me dou bem.

-Mas é claro. – Respondeu. – Iremos em uma semana. Agora vamos almoçar que estou morrendo de fome.