PDV. Edward

Bella se desvencilhou de mim e se afastou, engatinhando até a escada.

–Por nada! Me deixe em paz, Edward – ela pedia aos soluços. Eu não ia deixá-la ir embora. Não ia deixá-la sofrer sozinha. Agarrei sua cintura e a puxei para os meus braços. Deitei a cabeça dela no meu colo e a segurei firme, para que ela não fugisse.

–Me solta, Edward! – ela pediu, mas agora não era uma ordem. O que ela dizia não significava nada. Eu sabia que o que ela dizia e o que ela queria eram coisas muito diferentes. Bella se debatia e me empurrava, fazendo força para que eu a soltasse, mas aos poucos ela parou de lutar e se rendeu, desabando em meu colo. Bella chorava baixinho e eu acariciava seus braços, ombros, cabelo e rosto, lentamente e delicadamente.

Bella dormiu no meu colo. Isso mesmo, dormiu. Eu olhei seu rosto com mais atenção enquanto ela dormia e vi olheiras fundas que antes eu não tinha visto estarem ali. Pelo visto ela não dormia fazia dias.

Peguei os cabelos de Bella em minhas mãos e passei meus dedos por entre os cachos lindos. O toque era quase aveludado. Observei Bella mais atentamente enquanto ela dormia. Assim, adormecida, Bella parecia quase minha. Como se quando ela acordasse não fosse mais fugir de mim, fosse querer a minha ajuda. Eu sabia que isso não aconteceria. Ela iria brigar e provavelmente não querer falar comigo nunca mais.

Já era noite e ela ainda dormia. Ninguém nunca vinha no telhado, então eu sabia que não era perigoso. Me deitei também e coloquei meu braço embaixo da cabeça dela, em forma de travesseiro. Fechei os olhos e já estava quase dormindo quando ouvi Bella falar. Olhei pra ela, sem entender as palavras. Ela ainda dormia.

–Me desculpe, Edward – ela disse enquanto dormia.

–Bella, está tudo bem. Eu não estou chateado com você – sussurrei no seu ouvido. Ela se mexeu um pouco inquieta.

–Eu não quero magoá-lo – ela falava. – Eu não quero magoar o Edward.

Eu só a fitei, enquanto ela falava coisas que talvez acordada nunca falasse para mim. Coisas que eram verdade, eu tinha certeza.

–Eu sinto muito não poder ser como você quer – ela continuou falando. Talvez Bella estivesse só sonhando, talvez não. – Mas... Edward, eu te amo.

Senti meu coração pular. Primeiro eu me assustei com esse fato, depois me senti melhor do que nunca havia me sentido na vida. Então Bella me amava e só não queria admitir para si mesma e para mim. Aproximei-me de seu rosto e sussurrei:

–Eu também te amo, Bella.

Bella ficou quieta, não falou mais. Afastei meu rosto do dela e pensei em tentar dormir de novo, mas desta vez percebi Bella se movimentando. Olhei pra ela, ainda estava dormindo. Bella agora se aproximava cada vez mais de mim. Ela se arrastava para perto de mim. Colocou a cabeça em meu peito e me abraçou com um braço. Gostei disso e percebi que era o que ela realmente queria. Ela devia estar carente de amor. Eu a abracei também. E assim dormi.

O outro dia estava feio e nublado. Provavelmente choveria. Bella ainda dormia, estava ferrada no sono. Era um sábado, então não tinha aula. Eu estava com fome e com vontade de ir ao banheiro, mas não ia me arriscar a acordá-la e muito menos a ir embora e deixá-la sozinha.

Fiquei algum tempo mais deitado, mas depois me sentei e coloquei a cabeça de Bella no meu colo. Não demorou muito e ela acordou. Lentamente ela abriu os olhos e demorou alguns segundos para perceber que estava deitada em meu colo no telhado da escola. E levou ainda mais algum tempo para perceber que já era outro dia e que havia dormido comigo.

Bella levantou rapidamente do meu colo e se afastou de mim. Ela ficou me olhando com uma expressão serena. Não tinha raiva, nem dor e nem afeto. Só me olhava. Depois ela aproximou seu rosto lentamente do meu e aproximou seus lábios da minha bochecha. Me deu um beijo leve no rosto, demorou alguns segundos e depois se afastou com a mesma expressão no rosto.

–Sinto muito, Edward. Eu sei que você não entende, mas acredite quando digo que não... devemos mais no ver. Eu... não posso. Espero que acredite nisso. Espero que pare de se envolver comigo, antes que você sofra ao perceber que nunca vamos ficar juntos. Antes que seja tarde demais.

–Já estou envolvido, Bella. Já estou sofrendo – respondi acariciando seu rosto.

–Eu sinto muito, então – ela pegou minha mão que lhe acariciava o rosto e a levou aos seus lábios macios e deu um beijo demorado nela. – mas eu não posso ficar com você. Acredite.

Ela se afastou de mim e desceu as escadas do telhado. Pela primeira vez eu acreditei. Eu entendi que nós realmente não podíamos ficar juntos. E percebi que Bella não fugia de mim porque não gostava de mim ou para se fazer de difícil, mas sim para não se envolver. Porque ela sabia que me amava. Ela estava fugindo do nosso amor. Mas eu não ia deixar. Faria o possível e o impossível para que ficássemos juntos. Eu a amava e nada era mais forte do que isso. Nada.