Abriu meus olhos lentamente, havia sonhado algo, mas assim como de costume, não conseguia me lembrar de nada. Virei para o lado contrario ao que eu estava da cama e pude ver a face serena de Onew dormindo. Jinki sempre fora tão atencioso com todos, mas ainda mais comigo. Eu gostaria de ter me apaixonado por ele, mas, assim como o resto da humanizada, eu não tenho poder sobre meus sentimentos ou mesmo meu coração. Droga, Onew era inteligente, bonito e acima de tudo sincero, mas a droga do meu coração não o quis, preferiu um sapo gigante que está dormindo do outro lado do quarto. Onew nutre um sentimento forte por mim, eu sinto em cada toque singelo dele, em seus sorriso dirigidos à mim e até mesmo em seus olhares.

Coração idiota.

Me virei novamente, desta vez para o mesmo lado em que eu se encontrava a alguns minutos atrás, não iria conseguir dormir olhando para Onew, seria torturante olhar para alguém que você sabe que nutre um sentimento mais forte por você e não poder corresponde-lo

O quarto estava escuro, iluminado apenas pelas luzes artificiais que proviam da janela. Fechei meus olhas em um tentativa de dormir, tentativa a qual não obtive nenhum sucesso. Talvez fosse a insônia vindo me visitar. Abri meus olhos e ali estava, sentado no chão ao lado da cama em que eu estava, a ultima pessoa que eu queria ver naquele momento, aquela que rouba meus pensamentos, sono e sentimentos.

-MinHo. -Falei em um tom alto, mas não fora minha intenção.

-Shh Tae, vai acordar o hyung.

- O que você está fazendo acordado a esta hora?

-Eu ainda não dormi Taemin, perdi o sono e nem o cansaço e capaz de trazê-lo de volta.

Notava-se. Sua postura não estava correta, havia olheiras em volta dos olhos e sua pele estava um tanto pálida. MinHo não era uma pessoa falante, mas era ótimo em dar conselhos a quem pedisse, sobre qualquer coisa, até relacionamentos, entretanto ele nunca dissera nada sobre os seus relacionamentos ou sentimentos. 

MinHo era uma caixinha de supressas.

-Algo que eu possa fazer para ajudar?

-Sim, isso pode parecer um pouco estranho, mas será que você pode deitar comigo? Se quiser, quando eu adormecer, você pode voltar à dormir com Onew hyung.

Tirei o fino lençol que cobria meu corpo e levantei, MinHo fez o mesmo, me pegou pelo pulso e me guiou até sua cama. Nos deitamos e, antes que eu pudesse encostar minha cabeça no travesseiro, ele envolveu seus braços em meu corpo. Eram tão macios e quentes, era a primeira vez que fazíamos algo assim, nunca estivemos tão próximos assim em uma cama ou em outro lugar.

-Tae, por que você não estava dormindo? -Perguntou, a voz profunda que ele detinha saiu em um baixo sussurro, deixando tais palavras sensuais demais para uma simples pergunta.

-Eu tive um sonho, hyung. Mas eu não me lembro absolutamente nada sobre ele. E acabei acordando e não dormindo mais.

-Acontece comigo, não se preocupe. Nestes últimos dias ando tendo sonhos também, sonhos ruins envolvendo nós.

-Nós?

-Sim, nós.

-Nós quem?

-Eu e você, Taemin, e não me pergunte nada sobre eles, prefiro não falar sobre eles.

-Tudo bem, não irei perguntar, mas saiba que eu fiquei curioso.

-O mesmo Taemin de sempre.

Rimos, mesmo exaustos, rimos, não dando importância pro tom que nossas risadas saiam e a cada novo segundo chegávamos mais perto um do corpo do outro, parecíamos imãs ou um quebra-cabeça, uma peça encaixando-se na outro. Era assim que eu me sentia.

-Minho, posso lhe fazer uma pergunta? -Falei baixo e receoso, com medo da sua resposta.

-Faça, pequeno.

Apoiei minha cabeça em seu peito, não deixaria de perder a oportunidade de fazer aquela pergunta, estávamos a sós.

-A quem pertence seus sentimentos?

A caricia que era feita antes em minhas madeixas parou imediatamente, os batimentos aumentaram, seu corpo ficou frio como se não houvesse MinHo algum ali, somente aquele corpo frio e inerte.

-Eu preciso realmente responder, Taemin? Não é algo que eu deva responder.

-Não hyung, se você não quiser não precisa, era apenas uma curiosidade.

Tais palavras me desiludiram, me entristeceram e me magoaram, foi como facadas em meu peito, eu fiquei sem raciocínio nenhum, meu corpo estremeceu e meu olhar parou no vazio que, agora, meu ‘eu’ se tornava. Não era aquelas palavras que eu queria ouvir, bastava apenas um você.

-Você.

-Como hyung?

-É você Tae, é você o dono dos meus mais preciosos sentimentos, o dono dos meus pensamentos e dono do meu coração, o único a qual eles pertencem. - Um sorriso tímido surgiu em ambos os rostos.

-Min-

-Escuta Taemin, eu sei que isso que eu sinto é algo impossível de ser correspondido, mas não foi culpa minha e se eu não falasse agora, não falaria nunca, era minha única oportunidade. Desculpe por nutris esse tipo de sentimento por você. - O sorriso que eu tanto amei por segundos, morreu.

-As vezes somente basta acreditar!

Colei meus lábios nos dele calmamente, seus lábios se encaixavam perfeitamente nos meus. Sua língua buscava a minha e um misto de sensações invadiam meu corpo, eu não sabia o que senti. Eu apenas estava feliz. Cessamos o beijos apenas quando o ar foi necessário, mas novamente ele buscou meus lábios, desta vez o beijo fora um batalha sem vencedor, uma dança sem melodia interpretada somente pelas nossas línguas.

-Como será agora, MinHo?

-Como você quiser senhor, Lee! -Os sorrisos nãos desapareciam em momento algum.

-E se eu quiser que seja sempre desta forma? Com o mesmo cenário e as mesmas sensações?

-Será feita sua vontade!

Rimos e nos aproximamos ainda mais, o fato era que não tínhamos vontade alguma de dormirmos, queríamos apenas curtir um ao outro agora. Estávamos mais sorridentes do que nunca.

-O que te levou a fazer isso, Minho? O que te deu forças para se declarar desta forma pra mim? -Perguntei curioso.

- O seu sonho! Enquanto você sonhava, falava em alto e bom som “MinHo, eu te amo.”