Acordei sozinha na minha cama, me espreguicei sentindo falta de um para de braços me aconchegando mais perto de si. Levantei-me e fui tomar um banho, vesti uma roupa confortável. E desci as escadas, respirando fundo. Ainda não tinha tido aquela conversa com a minha avó. Na verdade eu estava evitando ela, o máximo que conseguia. Talvez assim ela acabasse esquecendo.

Ouvi mais de uma voz vindo da cozinha, e aprecei meu passo curiosa para saber quem estava ali. Encontrei minha avó e Justin conversando animadamente. Justin dizia algo que fez minha vó rir alto.

- bom dia! – disse em alto e bom som.

- Bom dia, dorminhoca. – Justin respondeu alegremente. Minha avó apenas sorriu para mim.

Eu sabia que não ao ter problema para minha avó em o Justin ter dormido aqui. Ela sempre foi uma avó liberal. Pelo que ela havia me contado, ela aprontava muito em seus anos de adolescente, então não via problema em sua neta fazer o mesmo.

Sentei-me a mesa, e peguei uma maça, erguendo-a um pouco.

- Vó sabe quem está aqui na cidade, me fazendo uma visitinha? – perguntei com minha voz um pouco dura demais.

Eu tinha que contar que ele estava aqui. Pelo menos nisso, eu não mentiria.

- Quem?

- Johnny. – respondi rapidamente, a tempo de ver minha avó prender a respiração horrorizada.

- Sinto muito criança. – ela me abraçou de lado. – foi por isso que esse adorável menino dormiu aqui ontem?

Soltei uma risada, é claro que ela já sabia que ele havia dormido aqui.

- Foi sim, se não fosse pelo Justin, acho que não estaria aqui agora. – Senti minha avó estremecer. – Enfim, vai contar para meu pai?

Ela assentiu.

- Vou sim. Espero que não tenha problema em ser seguida por seguranças.

Dei de ombros.

- Já me acostumei.

Terminei meu café da manhã, e subi para o meu quarto, enquanto Justin me seguia.

- Hey... – o ouvi falar assim que sentou na ponta da minha cama. – que tal darmos uma volta, para arejar os pensamentos.

- Claro. Só preciso que um minuto.

Entrei tremula no banheiro, por mais que eu tentasse parecer indiferente quanto a Johnny, sua volta havia me abalado completamente. Abri a porta do espelho, pegando uma lamina escondida atrás dos meus cremes. Ergui meu pulso, na altura do meu rosto, e passei a lamina lentamente ali. Vi o liquido vermelho escuro escorrer pela minha mão e pingar no chão. Passei mais uma vez a lâmina, sentindo um pouco mais de dor.  Era uma sensação totalmente estranha, mas aliviava.

Lavei a lamina, escondendo ela cuidadosamente. Já tinha problemas de mais com minha avó, ela não podia achar isso. Limpei o sangue do meu pulso, contei até trinta e sai do banheiro, indo diretamente para o meu Closet. Peguei um cardigã que cobrisse meus cortes.

- Estou pronta. – disse sentindo uma animação repentina.

Justin me avaliou.

- Com frio? – dei de ombros, esperando que fosse o suficiente, hoje fazia um pouquinho de calor, ou seja, nada conseguia justificar meu frio.

Descemos as escadas rapidamente, despedimos da minha avó.

Ele abriu a porta do carro para mim, e correu para o lado do motorista.

- Você não tem algum show para fazer, ou algo assim?

- Não, estou de férias. Se é que posso chamar assim. – ele riu. – Por que queria ingressos?

Eu ri alto.

- Não sei se ainda percebeu, mas não sou sua fã.

Ele fez uma careta.

- É eu percebi. Você não pulou em mim, nem nada do tipo. Nem gritou por está sozinha comigo.

- É impressão minha ou está frustrado com isso?

Ele deu de ombros

- É estranho! Será que posso passar na minha casa dos meu avós, para trocar de roupa.

- É claro que pode, ate porque você está fedendo.

Ele me empurrou de leve.

- Abusada!