Capítulo 2. Annabeth Chase.

Assunto: Errar.

Significados:

1. Cometer erro em; equivocar-se, enganar-se;

Cheguei em casa cansada e com uma terrível vontade de chorar. Logo que eu cheguei, percebi que meu pai não se encontrava. Provavelmente, devia esta em alguma boca de fumo. Meu coração se apertou mais ainda do que já estava. Tudo que estava acontecendo com o meu pai era culpa minha. Eu devia pará-lo, mas eu não conseguia. Parecia que meu pai havia virado totalmente dependente da droga. Joguei minha mochila no sofá da sala e fui em direção da cozinha, quando cheguei lá, percebi que o micro-onda não estava mais lá.

Deixe-me chorar. Porque tudo era tão difícil para mim? Porque eu tinha que me apaixonar pelo namorado da minha melhor amiga? Porque meu pai tinha que ser drogado? Porque minha vida tinha que ser uma merda total? Porque comigo? Porque? Acabei chorando mais ainda. Deitei no chão da cozinha chorando e fiquei ali, até ouvir a campainha tocar. Devia ser meu pai.

Limpei as lágrimas do meu rosto e me olhei no espelho, fazendo meu olhar mais revoltado o possível. Olhei para minha mochila e achei melhor eu levar ela para o meu quarto, antes de abrir a porta. Meu pai podia muito bem pegar minha roupa do karatê e levar para trocar por dinheiro. A campainha tocou mais uma vez e eu gritei:

– JÁ VAI!

Depois de ter deixado minha mochila no meu quarto, corri em direção da sala e abrir a porta.

Não era o meu pai.

– Percy? – Perguntei fazendo uma careta. O mesmo fez uma careta e me perguntou:

– Você estava chorando?

– Vamos fazer um trato? Eu deixo você entrar e você fica quieto. – Falei, com um sorriso diplomático. Ele apenas revirou os olhos e aceitou.

Percy e eu nos conhecemos desde criança. No começo a gente não era muito amigos, mas hoje, agimos como irmãos. Percy – ou como eu o chamo cabeça de algas – é um idiota. E posso confirma isso com unhas e dentes. Por exemplo, na terceira série ele entupiu minha mochila de cola de isopor. Minha mochila preferida! Tive que a jogar no lixo. Ah, mas isso só foi o começo das séries de coisas que ele fez comigo. Era um milagre a gente ser amigos até os dias atuais.

Perguntei se ele queria água ou algo do tipo. Mas ele recusou.

– Porque veio aqui? – Perguntei um tanto curiosa.

Ele me olhou e depois olhou para o chão. Parecia que ele estava com vergonha. O cabeça de algas respirou fundo e começou a falar:

– Quando a gente estava na casa da Thalia...

Thalia. Congelei ao ouvir o nome da minha melhor amiga. Quer dizer, seria melhor amiga o termo certo? Ultimamente, mal nos falamos. No começo pensei que era por causa da doença dela e isso a fazia que separasse de todos nós. Mas não. Não é isso, com o tempo percebi que ela se afastou só de mim. De qualquer modo, eu não consigo falar direito com ela desde daquele dia.

O dia que eu abrir mão da minha felicidade por ela. No dia em que Nico Di Ângelo, o homem que eu amo, se declarou para mim e eu o neguei... Sinto meu coração se aperta e uma vontade de chorar. Eu sempre me lembro daquele dia, com raiva de mim. Era para eu ter me aceitado. Quer dizer... Nós três estamos sendo machucado. Eu porque eu estou longe dele. E ele porque está longe de mim. E Thalia, por já saber que ele não a ama. Dava para ver isso, nos olhos azuis dela. Mas ela não desistia dele, ela não acabava o namoro com ele ou vice-versa. Talvez tenha sido um erro ter pedido para Nico continuar com Thalia. Ou talvez esse tenha sido o maior acerto da minha vida.

– Está tudo bem? – Percy me perguntou, me acordando dos meus pensamentos. Ele estava mais vermelho do que um pimentão. Eu apenas sorri.

Eu queria dizer que não. Eu queria dizer que estava tudo dando errado. Eu queria que Percy me consolasse. Eu só queria um ombro amigo.

– É claro que sim. – Menti.

– Você ouviu que eu disse? – Ele estreitou os olhos.

Mordi meu lábio inferior e olhei para o chão.

– Não.

Percy fechou os olhos com força e respirou fundo. Será que ele me disse algo importante?

– Eu disse que precisava de ajuda. – Percy falou calmamente.

– Claro. Com o que? – Perguntei.

– Quero que você me ajude conquistar uma garota. – Ele mordeu o lábio inferior.

Percy precisava de ajuda com uma garota? Quer dizer... Percy gosta de uma garota? O cabeça de algas está gostando de alguém e não me disse? Eu realmente não acredito nisso.

– É claro que eu ajudo! – Exclamei alegremente. – Mas me diz quem ela é. – Fechei a cara.

Percy riu e disse:

– Você está parecendo uma adolescente agora.

Nico sempre diz isso... Olho para Percy com um pequeno sorriso no rosto. Ele é o meu melhor amigo, em algum momento ele ira abrir a matraca. Afinal, eu conheço o cabeça de algas mais do que ninguém.

– Eu ajudo. – Sorri.

2. Cometer erro;

– Sério? – Ele me olhou como se eu fosse um alienígena.

– É claro, porque eu não ajudaria? – Perguntei.

– Sei lá, você anda tão esquisita ultimamente. – Ele fez uma careta.

Sentei no sofá da sala, frustrada. É claro que Percy estava certo. Eu andava muito esquisita. Tudo culpa do Nico. Merda. Eu tenho que parar de pensar nele, já está claro que ele virou um tipo de perdição para mim. Olhei para Percy e fiquei com vontade de contar tudo para ele. Éramos melhores amigos, certo? Ele iria me entender, tenho certeza disso... Mas eu não sei se ele iria entender Nico. Afinal, eu não podia me esquecer que Percy e Thalia tinham uma ligação profunda, que ninguém compreendia ou entendia.

– Como é essa garota que você gosta? – Perguntei.

Percy se sentou no meu lado e deu um pequeno sorriso apaixonado e um tanto irônico.

– Ela é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci. Ela é diferente das outras garotas. É forte e decidida, às vezes eu acho que ela não tem noção disso. Mas eu sei que no fundo ela tem.

– Tenho certeza que ela é uma garota de sorte. – Falei, encorajando ele.

– Não sei. – Percy fez uma careta. – Quando ela descobrir, eu sei que ela vai me achar um idiota. Quer dizer, ela já me acha um idiota.

– Bem, talvez você não mereça alguém como ela. – Disse um pouco receosa, fazendo uma careta.

– É o que eu falo para mim todo o dia... Talvez um dia eu acredite nisso. – Ele falou, olhando diretamente nos meus olhos.

Às vezes Percy consegue ser profundo.

– Pare de agir assim! É esquisito. – Brinquei.

– Cadê seu pai? – Ele perguntou, ignorando o que eu disse.

Odiava quando falavam no meu pai, não é como seu eu tivesse vergonha. É por que, nessas horas as pessoas me olham com pena. E eu odeio que as pessoas me olhem com pena.

– Vendendo coisas. – Resmunguei. – Vamos ver algum filme? – Perguntei antes que Percy pudesse falar alguma coisa.

– Claro. Porque não chamamos o pessoal? – Ele sugeriu.

– Pessoal é igual Thalia e Nico?

– Yeah, quem mais seria? – Percy perguntou com um ar zombeteiro.

– Ah, claro. – Mordi meu lábio inferior. – Mas sua mãe não vai ficar brava, você provavelmente vai chegar tarde em casa. – Sorri, ao me lembrar da tia Sally, uma verdadeira ‘’mãe coruja’’.

Percy riu e me respondeu:

– Acredite, minha mãe já está muito revoltada comigo.

3. Annabeth Chase cometeu vários erros em sua vida, mas o seu maior erro foi em relação à Perseus Jackson.

Acabei rindo com o Percy.

– Ok, mas você liga para eles. – Falei, me referindo a Nico e Thalia.

– Tudo bem. – Ele falou pegando o celular. – Aproveitar e pedir para eles alugarem algum filme. – Ele acrescentou.

Concordei e me virei em direção da cozinha, para fazer alguma coisa para gente comer, porém parei e me voltei para ele. Dei o melhor sorriso que eu poderia dá e disse:

– Sobre essa menina que você gosta, eu sei que ela vai mudar de opinião sobre você, Percy. Afinal, só eu posso achar você um idiota!