A Mente De Um Herói escrita por Lgirlsclub


Capítulo 3
Gambit –Remi




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Muitas pessoas poderiam dizer que um charme se revelaria um poder maior do que qualquer outro. Poderia conquistar. Agrupar aliados. Manipular fins. Encontrar meios. E para um mulherengo inveterado poderia, ora essa, com toda certeza, unir mulheres ao seu redor. Mas até onde o charme pode levar se, a única mulher que ama parece ter medo de se aproximar, não só de seu charme como de cada um ao redor. Cada um com qual ela se importava. Cada um que ela amava. O destino parecia rir daquela –até então- pequena, mas inviolada distância. Mas um romântico ainda acreditaria – e talvez nunca deixasse de acreditar – que daria a última risada, ao lado de quem ama, com ou sem permissão do destino.
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Alguns diziam que era parte do meu poder. Sempre achei que fosse o sotaque. O sotaque afrancesado e fala calma. Suave como as mãos de um ladrão, que sorri levemente para a vítima, lhe tira a carteira sem que perceba e sorri se despedindo. Ah, eu era um ladrão exemplar para meu clã. Não era por isso que meu pai se preocupava. Não era por isso que me passava sermões desde cedo. E sim meu romantismo. Não era coisa de um ladrão. Um ladrão deve ser frio, sistemático. Talvez então, eu não devesse ser um ladrão. Mas, ainda sim, acreditava que era o sotaque que me ajudava a trazer as pessoas para perto de mim.

Trazer pessoas. Trazer mulheres. Mas não necessariamente, trazer amores. Meu pai brigara comigo pelo romantismo e ironicamente, eu não parecia ter amado muito ninguém. Na verdade, quase ninguém. Talvez eu fosse uma mistura do velho romântico com um inveterado mulherengo. Só me entregava de verdade a quem eu realmente amava. Mas isso não significava que uma noite ou outra, uma moça ou outra que passeava pelas ruas não pudesse ser encantada pelo velho sotaque francês. Realmente me interessaram duas mulheres. Só duas.

Minha noiva do clã dos assassinos. Ironicamente, assassinada. Momentos duros e frios, dos quais eu não me atrevo a falar. Mantive meu sorriso meio cínico. Meu olhar à frente. Minha cabeça erguida. Mas meus lábios fechados, quanto a tudo que pudesse ter a ver com os meus sentimentos. Meu pai havia vencido. O velho romântico estava decaindo. No entanto...

Apareceu uma outra pessoa. Um olhar ainda meio desconfiado. Uma que o meu sotaque, charme ou poder, como quiser chamar não podia trazer para perto. Por causa do poder dela. Não podia me tocar. Sorri. Talvez eu fosse um azarado. Ou talvez o amor de verdade devesse ser assim. Complicado de se alcançar. Difícil de se entender. De novo, eu estava do outro lado. No grupo rival. E de novo não parecia importar muito, para nenhum dos dois. Talvez a estória estivesse se repetindo. E cabe a mim mudar o final. Deixei sobre a mesa dela um Às de Ouro, sai sem que me notassem. Ela já pode contar. Contar com o fim mudado.

Porque eu não vou perder quem eu amo.

Não de novo.

Nem nunca mais.


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