Maluca,eu?! escrita por AnnieWeasley


Capítulo 4
Férias


Notas iniciais do capítulo

A partir daqui fica realmente bom :]



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Agora, meu diário, eu vou narrar o que aconteceu nas "férias" antes de escolher um adjetivo pra elas.

  – Pensa, Lily, um lugar proibido. – falava Juliet enquanto andávamos.

  – Hum... Floresta Proibida?

  – É, pode até ser, mas se queremos descanso, lá não dá! – ela falou.

  – Para onde, então? – perguntei, já que ela parecia saber exatamente onde ir.

  – Hogsmeade! – ela falou, e só então notei que seguíamos pelo familiar caminho que levava à Porta.

Porta é o nome cientifico pra passagem secreta que leva a Hogsmeade que encontramos no primeiro ano. Na época, o castelo nos encantava e fascinava. Pior, nos desafiava, e saíamos a procura de passagens secretas, lugares escondidos, segredos e encantos. E numa dessas buscas (onde, a cada porta trancada tentávamos "Abra-te Sézamo") encontramos uma porta que realmente abriu! Incrível, não? Uma chance em um milhão. Assim sou eu.

Até hoje o castelo nos encanta e fascina, mas (Graças a Merlin) não mais nos desfia.

  – Abra-te Sézamo! – falou Juliet. Um brilho vermelho saiu pelas frestas da Porta e então voltou ao normal. Estendendo a mão, Juliet a abriu e nós a atravessamos. Aquele cheiro forte e enjoativo entrou pelo meu nariz e senti que dava voltas e voltas, como numa viagem com Pó de Flú. Quando senti o mármore frio no meu rosto, levantei e ajudei Juliet a fazer o mesmo. Silenciosamente, passamos pelo quarto completamente branco e vazio onde dá a Porta e abri a janela, me esgueirando e escorregando, sendo seguida por Juliet.

Ao aterrissarmos delicadamente no chão (o quarto é no segundo andar, mas isso não é problema para uma moleca como eu. Não posso dizer o mesmo de uma patty como Juliet. Vocês não imaginam o drama que foi convencê-la de descer pela primeira vez!), atravessamos o jardim, meio abaixadas, e pulamos a cerca.

  – Bem, o próximo passo agora. Alguma coisa radical. – falou Juliet, espantando a poeira da roupa, enquanto nos afastávamos da remota casa amarela pelas ruas de Hogsmeade.

  – Bom, eu sempre quis fazer bungee-jumping. – falei, pensativa. Juliet me olhou espantada e eu apenas dei de ombros. Ela retomou:

  – Não seja boba. Acho que coisas radicais não são muito a noss cara...

Eu já ia retrucar, deizendo que se apaixonar por um Maroto é uma manobra extremamente radical, mas falei:

  – Ei, sabe do que eu me lembrei!

  – Do dever de Feitiços que não fizemos?

  – Não, eu ouvi a Anne, do 4º ano, falando que abriram um SPA mágico aqui em Hogs... que dever de poções!

  – Um o quê!

  – SPA mágico. Que dever!

  – Um resumo do capitulo. Onde!

  – Não lembro. Que páginas!

  – Não lembro. – que vaca, se vingando de mim!

Resignada, suspirei. Nunca ia lembrar do lugar, então nunca saberia as páginas do resumo de Feitiços. Mas nesse momento, por obra do destino, eu bati os olhos numa casa rosa-choque com uma placa verde-limão que dizia "SPA. Sempre pra Arrasar". Por que eu tinha a impressão de que Juliet e aquele lugar se mereciam?

  – Ali! – berrei, apontando. Juliet saiu correndo em direção ao lugar e eu segui. Atravessamos o jardim, que era bem incomum: ao invés de um caminho de pedras até a entrada, tinha um tapete vermelho. Discreto, não?

Entramos numa sala com sofazinhos brancos e um balcão de vidro, onde uma mulher lia uma revista.

  – Hum... oi. – Juliet chamou a atenção da mulher, timidamente. Nossa, como eu gostaria que ela não tivesse feito isso.

A mulher nos olhou de cima a baixo (sim, eu corei) e bateu palmas, dando gritinhos excitados. Saiu de trás do balcão e veio até nós.

  – Oh, sim, sim, que beleza. Vão querer o programa Mulher Jovem, creio eu. Estou certa?

  – Na verdade, não sabemos... – tentou Juliet. Tentou porque a mulher a interrompeu.

  – Certo, mocinhas. Não se preocupem, nós cuidaremos de vocês! – Sabe, dona, agora sim eu estava preocupada.

Ela assobiou com as unhas vermelho-sangue na boca, do jeito que você assobia pra chamar um táxi em Nova York. Eu sei porque meus avós moram lá, e ano sim, ano não eu passo as férias lá.

Então apareceram quatro mulheres e nos empurraram (determinada e gentilmente) casa adentro. Pelo que eu entendi, cada aposento fazia uma coisa, se é que você me entende. No primeiro aposento, que era simplesmente uma sala cheia de espelhos enormes, eu fui vistoriada. Juliet diria que estavam vendo do que precisávamos, nosso tamanho ecoisas assim, mais eu acho que eles pretendiam nos colocar em frascos gigantes para estudos e pesquisas, e só desistiram quando viram meu olhar maligno, que dizia claramente "Eu não vou me deixar ser abduzida sem lutar, meus caros". Mas a Juliet nunca percebe possíveis-aliens-em-busca-de-cobaias, de modo que eu sempre tenho que usar meus olhares.

No segundo aposento, que tinha umas banheiras com aquelas paredinhas falsas que passa em Mulan, eu fui esfoliada! Sério, passaram palha de aço no meu corpo todo! E bucha e muito sabão e mais um monte de coisas que fazem você se sentir limpa (e sem pele).

E assim por diante, eu e Juliet fomos passando de aposento a aposento, enquanto aquelas mulheres faziam da gente de gato e sapato. Banzaram a gente com um bando de óleo (ou hidrataram, como diz a Juliet); tentaram arrancar meu couro cabeludo (lavaram meu cabelo, diz Juliet); pegaram uma faca sem corte e passaram na minha unha, e depois passaram um bando de produto químico colorido e com cheiro forte nelas (fizeram nossas unhas); insinuaram que nosso guarda-roupa era ridículo e acharam que éramos mendigas (nos deram um banho de loja); enfim, fizeram tudo ao que não tinham direito e o que nem minha própria mãe tem direito!

Mas devo admitir que quando saímos de lá, estávamos simplesmente demais! Por onde quer que passássemos, os homens viravam a cabeça e os adolescentes assobiavam.

  – Afinal, - retomei a conversa, quando saímos do SPA, onde já tínhamos virado sócias. Parecia que a freguesia não andava muito bem, porque a moça disse que deixava de graça contanto que fizéssemos propaganda deles em Hogwarts. Disse que ficaria satisfeitíssima de ter garotas-propaganda tão lindas. Só por essa, eu perdôo tudo que sofri lá. – quais eram as páginas?

  – Ah, Lily, dá um tempo! – ela falou, mas sem estar estressada de verdade – E agora, o que que a gente faz?

Exatamente quando eu ia falar "Ah, de novo não..." eu vi uma cabine vermelha e branca, daquelas de tirar foto. Era igual às dos trouxas, pelo jeito.

  – Ali, olha! Vamos tirar... – mas não terminei de falar porque Juliet me puxou em direção a ela. Analisando-a por alguns segundos, Juliet por fim tirou uma moeda da mochila e enfiou em um buraquinho. Entramos, animadas.

E eu fiquei chocada: lá dentro não era como as dos trouxas, como eu achara. Era maior, bem maior, e tinha umas coisas bem legais lá, tipo chapéu de cowboy, luvas de motoqueiro, nariz de palhaço e mais um monte de coisas doidas.

Juliet foi ver de perto esses apetrechos enquanto eu lia as instruções que estavam perto de um botão azul.

  – Juliet, - falei – temos que apertar esse botão cinco segundos antes da foto disparar, e temos direito a dez fotos.

  – Ótimo. – falou Juliet, virando-se pra mim com aqueles óculos com sobrancelha e nariz e bigode. Caí na gargalhada e ela jogou pra mim um lenço de cabelo e uns óculos escuros enormes.

Dez fotos doidonas, dezenas de mascaras, chapéus e óculos, e, principalmente, muitas risadas depois, saímos da cabine e pegamos as fotos. Fomos andando e rindo, revendo cada foto e relembrando as trapalhadas dentro da cabine, até chegarmos ao Três Vassouras. Entramos e pedimos duas cervejas amanteigadas.

  – Bom, - falei, me sentando, Juliet fazendo o mesmo ao meu lado. – Acho que até que nos saímos bem pra primeira vez, não acha?

Juliet bebeu um gole antes de responder:

  – Bom... Viemos para um lugar proibido, fizemos uma coisa divertida... Mas falta a coisa radical.

  – Querida, não sei pra você, mas tudo aquilo no SPA foi bastante radical pra mim! – falei. Depois de um pouco de conversa e persuasão, Juliet concordou comigo. Ainda não estava muito tarde, então ficamos no bar conversando e pondo a fofoca em dia com Rosmerta, filha do dono do bar. Quando enfim saímos, continuava claro, de modo que resolvemos caminhar um pouquinho por lá.

  – Ei, - falei, sorrindo maliciosamente. – sabe que eu estou ficando com fome...

Juliet entendeu e falou, sorrindo também:

  – Nossa, agora que você falou, eu estou faminta!

Abrimos mais ainda os sorrisos e gritamos juntas:

  – Triiiim!

Trim é o nome de uma lanchonete deliciosa em Hogsmeade. Fomos pra lá e entramos.

  – Oi Brad. – cumprimentei, sentando no balcão.

  – Oi Lily, oi Ju.

  – Vamos querer... – falou Juliet, pensativa.

  – ...o de sempre! – completei, feliz. Brad sorriu e saiu.

Voltei a falar do dever de Poções, mas Juliet deu um jeito de escapar e contornar o assunto. A comida chegou (cheeseburguer duple, refri grande, batata-frita e um sundae) e Brad ficou conversando com a gente.

  – Acho melhor a gente ir. – falei, dando uma olhada no céu escuro lá fora. Juliet concordou e começou a pegar nossas coisas.

  – Pendura aí, Brad! – gritei antes de sairmos, e pude ver a cara de desespero dele. Incrível, ele sempre cai. A gente sempre fala pra ele pendurar, mas ele sempre acha o dinheiro em algum lugar. Mesmo assim, ele sempre acha que saímos sem pagar.

  – E aí, onde deixou o dinheiro hoje? – perguntei casualmente.

  – Ué! Não era você que ia deixar?

  – Oh-oh.

Nos entreolhamos e caímos na gargalhada. Pobre Brad, eu já via ele revirndo a lanchonete a procura do pagamento. Pelo menos dessa vez ele tinha motivo pra ficar desesperado.

Chegamos à casa amarela onde ficava o quarto branco onde ficava a Porta e pulamos a cerca. Silenciosamente, escalamos e entramos pela janela. Juliet falou "Abra Cadabra!" e a porta emitiu um brilho amarelo dessa vez. As palavras de ida e de volta eram diferentes, por sorte, no primeiro ano, eu era muito ligada nas Mil e Uma Noites e em Alladin e coisa e tal.

Quando chegamos no colégio, a galera estava saindo do Salão Principal. Parecia que o jantar tinha acabado de acabar. Enquanto passávamos, ouvi dezenas de assovios e vi muitos garotos nos secando legal, mas não demos bola: estávamos muito cansadas.

Enfim, apesar de as férias terem sido meio que, vamos admitir, um fracasso, eu estava muito bem com elas. Sabe, eu gostei muito. E já estava pensando em tirar outras. E, cara, eu não fazia idéia de como ia querer tirar outras férias nos próximos dias...


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Notas finais do capítulo

Obs: Capítulo escrito pela autora original.



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