Assim que entramos olhei para a televisão e vi que estava passando um noticiário. A repórter contava um caso, onde uma mulher foi encontrada na rua morta, não sabiam ainda o que tinha acontecido. A identidade estava junto ao corpo, mostraram o rosto e era a minha mãe. Meus olhos encheram d'água e minhas pernas começaram a tremer indo ao chão. Ouvi os soluços da minha avó, ela estava chorando. A repórter disse que o corpo seria encaminhado para a perícia.

  Quando vi comecei a questionar mentalmente. “Meu pai não estava junto com a minha mãe? Então porque só a encontraram?” Enxuguei as lágrimas, levantei e andei em direção à saída, para telefonar para o meu pai.

- Já volto! - Falei antes de sair da sala.

  Fui para a entrada da casa. Apanhei o celular que estava no bolso e disquei o seu número. Torci para que ele atende-se. Escutei uma voz baixa no outro lado da linha. Custei a identificar, era difícil escutar, tinha muito barulho ao fundo.

- Pai? - Ninguém respondeu. Insisti.

- Pai, é o senhor?

-Sara? Ah! Oi.

- Pai, o senhor está bem?

- Estou.

-Viu o noticiário?

- Vi...

- Onde estava que não protegeu a minha mãe?

- Quando chegar em casa conversamos sobre esse assunto, está bem?

- Não! Eu quero saber agora.

-Quando eu chegar. Tenho que desligar. Tchau.

- Esper-

  Ele já tinha desligado. Sentei no degrau, que tem na entrada, e fiquei fitando o céu. Comecei a chorar novamente. Senti alguém atrás de mim, eram meus avôs. Enxuguei as lágrimas e virei para falar com eles.

- Está melhor, minha flor?

- Estou e a senhora, vovó?

- Estou bem.

- Vou voltar para casa. Obrigada pelo café. Fiquem bem.

- De nada. E tome cuidado na volta. Você tembém.

  Dei um beijo nos dois e andei em direção de casa. Olhei a hora no celular e era meio-dia. O sol me incomodava, as nuvens já havia se dissipado. Havia poucas pessoas na rua. Nem parecia que era sábado, geralmente o movimento era maior. Andei mais rápido, com medo, não sabia o por que. Só sabia que estava com medo. Logo avisto a minha rua. Corri até a porta de minha casa. Arfava, estava cansada. Meu coração estava disparado. 

  Procurei as chaves no bolso da calça, estava tremendo, tinha a impressão que alguém me observava. Não quis virar, tive medo. As chaves caíram da minha mão, me agachei e peguei-as. Coloquei na fechadura e abri a porta. Assim que entrei a fechei. Encostei-me na mesma e fui escorregando, fechei os meus olhos e tentei relaxar um pouco. Abri-os e vi que tinha os sapatos do meu pai na entrada. Suspirei, levantei e andei adentrando a casa.

- Descobrirei a verdade agora.