We Must Reinvent Ryden escrita por RyRo


Capítulo 15
Capítulo 15




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Pedi pra ficar sozinho, então Spencer e Brent foram embora depois de se assegurarem que eu ficaria bem. Continuei sentado em frente a casa onde Brendon não moraria mais. Não importa o quão perto ou longe a pessoa vai se mudar, eu saberia que seria difícil não poder mais vê-lo todos os dias, ele fazia parte da minha rotina e eu amava isso. Suspirei e olhei pra trás, olhando pra fachada da casa como se eu pudesse vê-lo na janela ou procurando suas chaves pra abrir a porta, como se estivéssemos chegando juntos e ele me beijasse ali fora, ou até mesmo apenas quando éramos só bons amigos e passamos tantas coisas boas, tanto em sua casa como em qualquer outro lugar que frequentávamos, eu sempre soube que ele me trazia alegria. Peguei meu celular e escrevi uma mensagem pra ele. "Me ligue quando chegar, me conte como é aí, sei lá". Fiquei mais aproximadamente cinco minutos ali sentado pensando quando recebi sua resposta. "Pode deixar. Tenho certeza que não vai ser melhor do que aí, mas vou tentar ver o lado positivo". Ele sempre tentava ver o lado positivo.

Me cansei de ficar ali esperando nada acontecer e fui andando calmamente pra casa. No caminho fiquei pensando em como minha vida tornaria a ser insignificante. Escola, televisão, computador, comer e dormir. Ah, e tocar guitarra. Continuava parecendo insignificante pra mim, o jeito que eu sempre vivi. Cheguei em casa, minha mãe ainda não estava lá, deitei na minha cama, peguei meu notebook e fiquei fuçando umas coisas na internet. Pouco mais tarde Brendon me ligou.

- Alô?

- Oi Ry!

- Oi Bden! E ai?

- Ah, não é tão ruim, a vizinhança é boa. Mas não são vocês, né.

- É...

- Acho que vou ficar um tempo sem ir pra escola, até minha mãe arrumar uma pra mim. Nessa época do ano vai ser meio complicado. Talvez só uns dias, você pode vir pra cá ver como é enquanto isso. E me ver, claro.

- Ah tá, você vai vir me buscar né? - Sorri mesmo sabendo que ele não podia ver.

- Vou te buscar a pé, serve?

- Serve de qualquer forma.

- Ok, eu tenho que terminar de arrumar as coisas aqui.

- Tá bom... se cuida.

- Você também, George.

- George não vai.

- Tá - Pude ouvir ele rir. - Tchau Ryan.

- Tchau Bden.

Desliguei o telefone e sorri por alguns segundos, só por ter falado com ele, só pra sentir mais um pouco o bem que ele me fazia. Não fiz nada de útil o resto do dia, como de costume, mas de noite começa a bater aquela depressão pré segunda-feira. Minha mãe perguntou algumas coisas sobre a viagem de Brendon, conversamos um pouco e eu fui dormir.

Acordei mais cansado do que quando fui deitar, me arrumei, fiz tudo o que tinha que fazer e lá estava eu de novo indo pra escola. Mesma coisa de sempre, Spencer e Brent no caminho, mas dessa entramos na escola e Brendon não estava li no pátio nos esperando, ele não estava ali pra me ver entrando e sorrir pra mim, acenar ou me chamar. Era simplesmente apenas o pátio que aqueles rostos que eu tinha que ver todos os dias mas que não me faziam diferença, exceto de meus amigos, é claro.

Pelo menos os dias estavam passando rápido. Era sexta-feira e eu voltava da escola cansado de uma semana sem Brendon. Depois de fazer o que eu tinha que fazer, sentei na minha cama e fiquei lá sem fazer nada. Minha mãe bateu na porta e entrou logo depois. Sentou-se na minha cama ao meu lado e resolveu puxar assunto.

- Tem falado com o Brendon?

- Não...

- Você tá sentindo a falta dele, não?

- É, mãe, ele é meu melhor amigo.

- Só isso?

- Como?

- Só seu amigo?

- Sim.

- Você não sente nada a mais por ele?

- Não, mãe, por que? - Achei que não estava ainda no momento certo pra contá-la.

- Porque parece. - Ela sorriu maliciosamente. Revirei os olhos. - Dá pra ver que você tá mais triste, Ry.

- Não to não, só to cheio de lições e trabalhos. - Resolvi inventar um monte de coisa pra convencê-la e ver se ela deixava um pouco em paz esse assunto que eu não queria conversar sobre. - Só isso. Eu sei que te falei que eu gosto muito dele, mas como amigo, na verdade foi até bom o Brendon ter ido, eu sei que ele é meu amigo, mas as vezes ele enche o saco, e eu to precisando mesmo ficar sozinho. E mãe, vê se esquece isso, eu não gosto dele e nem vou.

- Uh... então tá né. - Ela pareceu ter acreditado. Ela levantou-se pra sair do meu quarto, abriu a porta e falou com alguém. Meu coração disparou a ouvir seu nome.

- Brendon? - Ela disse. - Onde está indo?

- Desculpe, devia ter tocado a campainha, achei que Ryan tava sozinho. Vi que vocês pareciam ocupados, dai eu tava descendo. - Ouvi sua voz e comecei a ficar nervoso.

- Não tem problema querido, você sabe que a casa é sua, o Ryan tá aqui. - Minha mãe apontou pra dentro do quarto e desceu.

Brendon parou na frente da porta e me olhou. Ele parecia magoado. Ele tinha escutado, não tinha outra explicação.

- Brendon... eu... - Comecei a tentar falar algo, mas ele me interrompeu.

- Não diz nada... eu vim de tão longe, mas não valeu a pena. - Ele virou as costas e foi embora.

Sai do meu quarto e desci atrás dele, segurei seu braço.

- Será que você pode me ouvir?

- Desculpa, não vai dar, não to a fim de encher o saco, sabe como é... - Ele se soltou de mim e saiu. Fui pra rua atrás dele. Ele andava rápido e eu tentava acompanhar.

- Ah, qual é, isso é tão infantil, vamos conversar. - Falei.

- Por que você não me esquece?

- Brendon, por favor. - Ele parou e olhou em meus olhos, a mágoa ainda estava em seu olhar mas agora tinha um pouco de raiva e incompreensão.

- Olha, me esquece, para de me seguir, me deixa em paz. Vai ser feliz, estou te atrapalhando. Não vem atrás de mim, eu não quero sua companhia, não quero olhar pra você, certo? - Ele disse isso e voltou a andar rápido.

Parei tudo. Parei de andar, de piscar, de respirar. Suas palavras me atingiram como uma faca e agora eu parei pra pensar no que eu tinha feito. Eu tinha que ter mentido pra minha mãe? E por que ele acreditou naquilo? Eu achei que fosse mais do que óbvio que eu sou louco pelo Brendon, que eu o amo. Ele não olhou pra trás e eu fiquei ali, vendo ele desaparecer.

Pequenas visões que atormentam minha vida: As despedidas. Eu vejo pessoas desaparecendo diante dos meus olhos, mesmo que isso nunca tenha de fato acontecido com ela, eu a vejo desaparecer. Aqueles que eu perco, eu faço essa imagem em minha mente, eu os vejo andando até que viram uma esquina e somem. Ou então ficam longe demais do meu olhar. Nas minhas visões, eles nunca olham pra trás, não tropeçam. E eu não ando, não pisco, não respiro. Nunca faço nada, típico da minha pessoa, diga-se de passagem.

Voltei pra casa pensando em como isso era ridículo. Ele veio de tão longe pra me ver e foi embora por coisas idiotas que eu fiz, foi embora sem ao menos me ouvir. Eu estava errado, eu sabia disso, mas ele podia ter o mínimo de senso em perceber as besteiras que eu tinha dito, que nunca seriam de verdade. E eu me odiava cada vez mais.

Minha mãe nem percebeu nada que aconteceu, subi pro meu quarto e deitei em minha cama. Eu não podia ficar ali sem fazer nada, mas eu era tosco demais pra me movimentar. Peguei meu celular e escrevi pra Brendon. "Precisamos conversar, não vou me explicar via mensagem, você podia me dar uma chance de falar pelo menos. Eu te amo".

Eu queria que aquilo tivesse soado tão convincente quanto soou pra mim. Eu não costumo dizer que amo as pessoas toda hora, quem eu amo sabe disso, mas com certeza mudaria por Brendon, se ele se sentisse inseguro eu poderia lhe dizer que lhe amava todos os dias de sua vida. Se ele quisesse ter certeza eu poderia lhe dizer o quão louco eu era por ele todos os dias de sua vida também. Embora minhas palavras fossem sinceras, falar era fácil demais, sendo assim, eu com certeza sempre estaria disposto a mostrá-lo que eu o preciso aqui. Eu sempre estaria disposto a fazer ele se sentir bem consigo mesmo. Eu precisava ver seu sorriso e então eu poderia sorrir tranquilamente.

Como o esperado, ele não respondeu minha mensagem. Continuei ali deitado, mas essa noite não consegui dormir e não consegui pensar em outra coisa que não fosse o tamanho da minha idiotice e a minha incrível capacidade de estragar tudo sempre.


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Notas finais do capítulo

Desculpinha pela demora... tá difícil esses dias de sobrar um tempinho pra escrever, mas aqui está.



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