Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 19
Capítulo 19




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Um breve silêncio seguiu.

Eu apertei meus olhos na esperança daquilo ser apenas imaginação minha, embora meu lado racional soubesse que era bem real. Rose estava ali. Eu sentia uma mistura de tranqüilidade e aflição com a presença dela. Senti minha respiração sair pesada. Eu realmente não queria encontrar com ela. Não estava preparado para isso, para todas as memórias que voltavam somente ao ouvir o seu nome.

“Dimitri,” ela repetiu, dessa vez com maior firmeza. “Sou... eu.”

Eu sabia perfeitamente quem era. Eu jurava que podia ser capaz de reconhecer a voz de Rose no meio de uma multidão. Realmente, eu deveria ter previsto isto, deveria ter previsto que ela jamais se aquietaria se não me visse. O que eu não podia esperar era que algum guardião a deixasse entrar até as celas, mesmo com a minha recusa a vê-la.

Senti meu coração disparar e uma alegria estranha começar a tomar conta de mim. Como eu podia me sentir assim? Definitivamente não tinha o direito de ter qualquer felicidade. Não depois de tudo que eu havia feito.

“Não.” Falei alto, ecoando meus pensamentos

“Não o quê?” Ela perguntou ousadamente. “Como em não sou eu?”

Eu suspirei alto. Era a mesma Rose de sempre. A mesma Rose com suas tiradas, como na época que treinávamos na St. Vladmir. E como naqueles tempos, eu lutei para guardar todos os sentimentos dentro de mim e me mostrar imparcial. Exceto que agora era mais difícil. Eu sentia dor juntamente com tudo e era tudo muito intenso.

“Não, como em eu não quero ver você.” Mesmo me esforçando, senti minha voz sair embargada. “Eles não deviam deixá-la entrar.”

“É. Bem, eu meio que dei um jeito.”

Claro que tinha dado. Eu conhecia Rose e deveria saber que ela sempre conseguia o que queria, não seria diferente dessa vez. Continuei de costas para ela, sabendo que se a encarasse, poderia não ter forças para suportar. Eu poderia não resistir a ela.

“Eu precisava ver você. Eu tinha que saber se estava tudo bem.”  Ela continuou.

“Tenho certeza de que Lissa já atualizou você.”

“Eu precisava ver com meus próprios olhos.”

“Bem, agora você vê.”

“Só vejo suas costas.”

Eu parei por alguns segundos, tendo pensar coerentemente. Tentando reprimir a vontade de partir para Rose e a abraçar novamente. Mas era terrível esse desejo. Ele me trazia de volta  todo o prazer que eu sentia quando imaginava e planejava a morte dela, enquanto ainda era um Strigoi. O que seu sentia e pensava relacionado a ela – e acredite, eu pensava nela o tempo todo, embora de forma cruel – ressurgia em mim como uma amarga lembrança. Como eu podia ter buscado o mal para uma pessoa que eu amava tanto? A pessoa que eu deveria proteger e morrer por ela, era a pessoa que eu queria destruir a todo custo.

“Eu não quero você aqui. Não quero ver você.” Repeti em voz alta, mais para mim mesmo do que para ela ouvir.

“Você não pode me ignorar,” ela falou muito baixo, de forma que só eu podia ouvir. “Você me deve isso. Eu salvei você.”

Novamente, o diálogo que eu tinha tido com Lissa voltou a mim, quando ela tentou me dizer que Rose a tinha ajudado a me salvar. Eu tinha certeza que ela havia ajudado e realmente feito muito. Era típico de Rose entrar em ação e não ficar apenas assistindo. Principalmente se envolvesse Lissa. Principalmente se envolvesse a mim. Isso tornava tudo pior. E muito pior. Apesar de toda maldade minha ela não deixou de me amar, ao contrário foi capaz de arriscar tudo, tudo mesmo em nome desse amor. E isso tornava a dor, a culpa e o remorso que eu sentia ainda mais cortante.

“Lissa me salvou.” Eu falei com cuidado, como uma forma de realmente manter Rose fora de tudo. Eu sabia que estava sendo cruel, mas não podia mesmo alimentar nada que  viesse dela.

“Como acha que ela chegou a isso?” Ela disse fortemente. “Como acha que ela aprendeu como salvar você? Você tem ideia do que nós – do que eu – passei para conseguir essa informação? Acha que eu ir para a Sibéria foi loucura? Acredite, você não chegou nem perto de ver a loucura. Você me conhece. Sabe do que sou capaz. E eu quebrei meus recordes desta vez. Você. Me. Deve. Uma.”

A voz de Rose era pura força e determinação. As características que mais me encantavam nela. Talvez por isso, não consegui permanecer onde estava, então me levantei e virei para ela ferozmente.

“O melhor que posso fazer é –”  Não consegui terminar, nem ao menos lembrar quais argumentos ia usar. Senti meu corpo congelar e as palavras ficarem presas na minha boca. Saber que Rose estava ali já era por demais inquietante, mas ficar frente a frente com ela foi algo que eu não consigo descrever.

Era como olhar para ela pela primeira vez. Rose era realmente linda... Tão linda... Seus cabelos negros caiam em volta do seu rosto. Seus olhos me olhavam fixamente e sua expressão era pura paixão e compaixão. Por um momento senti que o mundo tinha parado. Era como ver um sonho se materializando. Eu já tinha olhado para Rose várias e várias vezes, mas agora era diferente. Era com se eu tivesse me apaixonando novamente.

Tudo que eu sentia por ela veio como uma avalanche dentro de mim. Todas as poucas vezes que estivemos juntos. Tudo. Era algo bom de se sentir. Algo bom demais para alguém como eu. De fato, eu não podia me permitir isso. Eu não merecia algo tão sublime assim.

Mas era muito forte. Toda aquela paixão que eu tinha por ela começou a me tomar e querer me dominar. Definitivamente, eu não tinha o direito de me sentir assim. Era algo bom demais para vir de mim. Não podia me entregar a isso. Como sempre fazia, tentei guardar tudo dentro de mim e me impedir de agir impulsivamente, movido por emoções. Busquei pensamentos coerentes, embora soubesse que seria difícil.

“Então o melhor que posso fazer,” falei calmamente, ainda tentando me restabelecer do choque ao vê-la, “é me manter longe de você. É o melhor jeito de pagar essa dívida.”

“Você se ofereceu para reparar Lissa ficando ao lado dela para sempre!” Ela respondeu claramente ofendida. Eu não consegui encará-la por mais tempo, então, desviei os olhos dela, caso contrário eu iria ceder a ela. Eu sentia isso.

“Eu não fiz as coisas... Eu não fiz a ela as coisas que fiz a você.” Respondia voltando olhar para ela brevemente.

“Não era você! Eu não ligo.” Ela falou alterada, deixando seu velho temperamento explosivo tomar conta. Não devia ser assim, mas tudo que vinha dela era somente para reforçar que o que eu sentia por ela ainda estava ali. O terrível era que junto com tudo que eu sentia por ela também existia o remorso e a consciência de tudo de cruel que eu havia feito. E isso era tão forte quanto o amor que eu tinha por ela. E me atormentava e me martirizava.


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