Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu juro que me sinto mais culpada que Dimitri por esse hiatus!!
Desculpem mas a inspiração me abandonou por completo esses últimos dias, mas agora estou retomando, apesar de odiar essa parte.
Sinceramente, Dimitri tá um porre... affffffff
bjs
p.s. tadinha da Rose... :(



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A minha caminhada pelos corredores do prédio dos guardiões se passou quase como um borrão. Eu fui praticamente empurrado por todo o caminho, sendo conduzido para um local que eu sabia bem onde era. A ala dos prisioneiros. Eu ainda sentia a amargura me consumindo, mas fiz um grande esforço para não chorar na frente das pessoas. Fixei meu olhar no chão, embora soubesse que todos, sem exceção tinham parado para me ver passar. Eu estava perfeitamente consciente de todo frisson que minha captura tinha causado, mas realmente não estava preparado para tamanho constrangimento.

“Ele conseguiu passar pelas wards? Como pode isso?” Ouvi alguém falando quando passei.

“Ele não me parece um Strigoi.” Outra voz disse baixo. “Parece mesmo o Dimitri que conhecemos.”

Durante todo percurso, ouvi frases soltas. Os guardiões eram sempre discretos e imparciais, mas todos estavam diante de uma anomalia, um fato nunca ocorrido. Todos estavam abismados e incrédulos, os comentários, embora em tom baixo e muito sutis, podiam ser ouvidos por toda parte.

Quando chegamos à cela onde me colocariam, obedeci mansamente às ordens que me eram dadas. Entrei e fiquei quieto desejando silenciosamente ficar sozinho, mas não me sentia no direito de pedir nada. Eu sentia como se meu coração fosse explodir. Um nó se formava na minha garganta e tudo que eu tinha vontade de fazer era chorar, até secarem todas as lágrimas.

“Você ficará aqui, até segunda ordem.” Um guardião falou duramente. Eu não ousei responder e nem sequer olhar para ele. “Mesmo assim, como todo prisioneiro, você tem direito a comunicar a alguém que está preso. Existe alguém?”

Eu levantei meu olhar, ainda lutando para não chorar. Pude reconhecer Hans parado em frente à cela. Atrás dele alguns guardiões estavam posicionados, como se eu fosse atacar a qualquer momento. Eu não os culpava. Vasculhei minha mente, mas só uma pessoa me vinha: Rose. E sempre, sempre que a imagem dela surgia, vinha seguida de uma culpa que parecia me corroer como ácido. Não, definitivamente, eu não podia vê-la. Não suportaria estar frente a frente com ela. Não agora, não assim. Apesar de um lado meu querer estar com ela, querer abraçá-la e buscar o seu conforto, outro lado meu me martirizava lembrando que eu não era suficiente para ela, não depois de tudo que tinha feito.

“Eh... Belikov? Você ouviu minha pergunta? Existe alguém com quem queira falar?” Hans insistiu, com a voz ainda firme.

Minha mente girava, de fato, eu não tinha mais ninguém. Eu estava só. Mas como um lampejo, a imagem de Lissa veio até mim e por poucos segundos, senti um imenso alívio naquela dor que sentia. Era como um bálsamo.

“Vasilisa. Eu quero ver a Princesa Vasilisa Dragomir.” Senti minha voz sair baixa e trêmula. Um silêncio interminável tomou conta da cela. Hans me avaliava com cuidado.

“Toda essa confusão foi causada por você, se me permite refrescar sua memória.” Ele disse sem qualquer piedade. “Você seqüestrou a Princesa, a manteve cativa. Pessoas morreram por causa disso. Vidas preciosas que se foram.” Ele fez uma pausa e tornou a me avaliar. “Ela será a última pessoa a vir ver você.”

Eu não pude responder. Ele estava certo. Mesmo que todas as minhas atitudes tivessem como único objetivo de capturar Rose, eu realmente tinha causado um grande dano para chegar a isso. E usar Lissa tinha sido uma grande parte desse dano. Foi baixo e cruel. Novamente, me senti apunhalado. Como um animal acuado, dei alguns passos para trás, até sentir minhas costas baterem na parede da cela. Sem conseguir me conter mais, escorreguei para baixo e comecei a chorar e chorar. Apertei meu rosto entre os joelhos à medida que sentia as lágrimas saírem involuntariamente. Os acontecimentos começaram a voltar como um filme que se repetia impiedosamente. Eu segurava minha cabeça, era como se tudo fosse explodir.

Percebi que Hans e os outros guardiões se retiraram da cela e me deixaram sozinho. Finalmente eu tinha o que queria. Fiquei ali pelo que pareceram horas, sentindo toda aquela depressão que me consumia. Eu sentia que não era digno de viver e nem de estar ali. Esse pensamento se tornou recorrente a cada cena que eu lembrava.

“Dimitri?” Uma doce voz entrou na cela, me tirando momentaneamente daquele buraco negro. Com cuidado, levantei primeiro meus olhos e depois minha cabeça. Meus cabelos estavam soltos, atrapalhando um pouco a minha visão, mas pude ver perfeitamente a imagem de Lissa. Instantaneamente, senti um bem estar tomar conta de tudo e era quase como ter minha vida novamente. Eu sabia que usuários do espírito podiam fazer isso. Muitas vezes me sentia bem quando estava perto dela, mas nunca tinha dado valor a isso. Agora, com tanta dor dentro de mim, aquela sensação fazia tudo parecer bem.

“Dimitri...” Ela repetiu, com olhos piedosos. “Desculpe por não ter vindo antes. Eu tentei lhe ver, mas não permitiram.”

Eu a analisei com mais calma, havia uma forte escolta com ela no corredor. Rostos conhecidos de pessoas que costumavam serem minhas amigas.

“Eu pedi para lhe ver.” Falei com voz fraca.

“Eles me falaram. Foi bem difícil estar aqui. Mas eu achei melhor vir primeiro e ver como você estava. Eu fiquei tão preocupada de como estavam lhe tratando. Eu precisava me certificar que você estava bem.”

“Vir primeiro? O que isso quer dizer?” Apesar de saber da resposta eu precisei perguntar.

“Imagino que você deva querer rever Rose. Ela também, você a conhece, pode imaginar como ela está ansiosa e-“

“Não!” Eu gritei, a interrompendo, com um rompante, segurando as grades da cela. Vi que alguns guardiões ficaram tensos, mas não se moveram. “Eu não quero vê-la! Por favor, não deixe que Rose venha até aqui, eu não vou suportar isso!”

“Calma, Dimitri.” Lissa disse firmemente, enquanto olhava pelo canto dos olhos para os guardiões ao seu lado. Eu senti uma onda de tranquilidade passar por mim. “Agir assim, não irá lhe ajudar. Você não pode parecer nervoso, entendeu?” Ela colocou ênfase na palavra ‘entendeu’. E eu entendi. Perfeitamente. Se eu parecesse hostil, eles não acreditariam que eu era inofensivo. Pelo menos nestas circunstâncias.

“Eu não consigo uma resposta coerente.” Eu falei, encontrando em Lissa um olhar de compreensão. “Eu era um Strigoi, então veio uma grande luz e eu me sentia como antes. Como dhampir. As imagens se repetem, mas eu não consigo construir o que se passou? Como isso foi possível?”

“A estaca que eu usei em você estava encantada com o espírito. Nós descobrimos que isso era possível. Muito difícil, mas possível.”

“Você foi muito corajosa, fazendo tudo sozinha. Porque...” Eu senti a palavra ‘Rose’ prender na minha boca. Não consegui pronunciar o nome dela. “Porque... um... guardião... não lhe ajudou? Seria menos arriscado.”

“Tinha que ser feito por um usuário do espírito. Caso contrário, não funcionaria.”

Uma grande admiração cresceu dentro de mim. Nunca esperaria que Lissa arriscasse sua vida justamente por mim. Por Rose, por Christian... mas não por mim. Eu devia isso a ela. Eu tinha sido resgatado de uma vida miserável. Ela teve essa bondade, o mínimo que eu poderia fazer era me dedicar a ela. Uma grande gratidão me enchia, quase terminando com a culpa.

“Como eu posso lhe recompensar por isso? Eu não sei como agradecer. A única coisa que eu posso fazer é lhe servir, por toda minha vida.”

“Dimitri, não precisa disso, sim? Além do mais eu não fiz somente por você. Foi por Rose também. Aliás, foi tudo ideia dela-“

“Por favor, não me fale sobre Rose!” Eu exclamei, sentindo o nervosismo me tomar. Eu não conseguia ouvir o nome dela sem que todas aquelas memórias das atrocidades que eu cometi voltasse. Era quase como se tudo tivesse acabado de acontecer. Tudo me movia a querer matá-la, tudo me moveu para destruí-la. Como eu pude fazer isso? Eu jamais conseguiria conviver com esse remorso. Eu sentia vergonha, sentia que jamais teria perdão.

“Você deveria reconsiderar isso. Talvez se vocês pudessem conversar, eu posso conseguir que ela venha.”

“Não! Eu já disse que não quero vê-la. Ela não pode vir aqui, entendeu?”

Lissa me avaliou por poucos minutos. Acenando, ela me deu um belo sorriso, apesar da tristeza ter passado por seu semblante.

“Tudo bem. Tudo ainda é recente. Vamos dar tempo ao tempo.”

Ela ainda me avaliou por um tempo, antes de sair. Assim que o corredor ficou calmo novamente e o silêncio voltou para cela, a sensação de paz também se foi. A única companhia que eu tinha era a dor e a tristeza.


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