Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Este é o último cap de Dimitri como Strigoi...
Espero que gostem... bjs



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Eu encostei na parede, com os braços cruzados, me colocando entre Lissa e Christian. Os sons das lutas ficavam próximos e mais próximos. Eu apenas assistia a tudo, como se estivesse em um camarote. Poucos minutos se passaram até o primeiro guardião invadir a sala onde eu estava. Era Hans, eu reconheci prontamente. Logo atrás dele, Rose surgiu brava e corajosa. Eu senti uma ponta de triunfo ao vê-la, meu plano corria exatamente como eu havia planejado. Ela se esquivou da luta que começou a ser travada pelos outros guardiões com os Strigois que nos guardavam. Os olhos dela estavam fixos em mim. Eu confesso que sentiria saudade dessa determinação e força que ela sempre tinha quando estava cumprindo o seu dever.

“Você é linda em uma batalha,” constatei. “É como um anjo vingador trazendo a justiça divina.”

Ela puxou sua estaca, vindo em minha direção, fingindo uma indiferença que eu sabia que não existia. “Engraçado. É para isso que eu estou aqui.”

“Anjos caem, Rose.” Provoquei.

“Você criou muitos problemas para chegar até aqui. Muitas pessoas vão morrer – suas e minhas.” Ela disse, ainda se esquivando das lutas, tentando me alcançar, obviamente. Eu não me mexi, apenas dei de ombros, realmente despreocupado. Pouco me importava quem e quantos iriam morrer. Eu só queria ter o que eu desejava, não importava a custo de quê. Ela deveria saber disso melhor.

“Não importa.” Eu disse, enquanto Rose se aproximava. Consertei minha postura e redobrei minha atenção. “Nenhum deles importa. Se eles morrerem, então é obvio que não eram dignos.”

“Presa e predador.” Ela murmurou, enquanto finalmente me alcançava. Era isso. Presa e predador. Ela havia guardado a lição. Grande Rose!

Ela parou diante de mim, antes de deferir qualquer golpe. Eu a analisei e ela me analisava. Éramos muito parecidos, nossas ações e reações sempre em sincronia. O espaço era pequeno, pouco nos restava para brigar.

“Essas mortes são por sua causa, sabe? Se você tivesse deixado que eu lhe despertasse... se permitisse que a gente ficasse juntos... Bem, nada disso teria acontecido. Ainda estaríamos na Rússia, nos braços um do outro, e todos os seus amigos estariam seguros. Nenhum deles teria morrido. É tudo culpa sua.” Eu disse, vislumbrando um futuro que jamais aconteceria. Teria sido perfeito, mas agora era impossível.

Ela não comprou a provocação e continuou me analisando, sem atacar. Eu também não me arrisquei a dar o primeiro golpe. De jeito nenhum eu atacaria Rose assim. Ela também me conhecia e podia facilmente encontrar uma brecha para me deter. Eu precisava esperar o momento certo. E este momento certamente viria.

“E quanto as pessoas que eu mataria na Rússia?” Ela perguntou em tom exigente. Eu apenas troquei o peso de perna, me mantendo sem reação. Eu pude ver seus olhos me estudando, enquanto falava. “Eles não estariam seguros se eu –“

O som de uma cadeira se estraçalhando tirou a nossa atenção um do outro. Christian e Lissa haviam se libertado e estavam irresponsavelmente entrando em uma luta. Eu definitivamente não me importava mais com eles. Eu havia os usado para conseguir chagar a tudo isso e agora que havia conseguido, podiam fazer o que quisessem, eu não ligava. Mas algo patético surgiu. Lissa estava com uma estaca na mão, segurando desastradamente. Era algo completamente ridículo de se ver. Nunca Strigois imaginariam que Morois portariam estacas de prata, e ainda que tivessem, todos sabiam que nenhum deles era capaz de usar uma contra nós, talvez por isso não os revistamos. Mesmo assim, eu não sabia o que ela pretendia com aquilo, eu só consegui perceber uma coisa. Aquilo custou segundos preciosos da atenção de Rose. Era a abertura que eu queria para por as mãos nela.

“Parem!” Rose gritou para eles, com um leve desespero na voz. Ela era bastante atenta ao lema estúpido de que os Morois vinham primeiro e, ao vê-los em perigo, entraria em ação rapidamente. “Saiam do caminho!”

Sem perder mais tempo, eu a ataquei, partindo diretamente para o seu pescoço. Ela percebeu imediatamente, tentando se evadir, mas eu ainda consegui segurar seu ombro, a jogando com força para longe. Logo, os anos de treinamento dela se mostraram e rapidamente ela estava em pé, como se nada houvesse acontecido, tirando um sorriso meu.

“Eu ficaria impressionado, se isso não fosse algo que qualquer criança pudesse fazer. Agora, seus amigos... bem, eles também estão lutando como criancinhas. E quanto aos Moroi? Eles na verdade são muito bons.” Zombei, com uma forte ironia.

“Sim, bem vamos ver o que você vai achar quando eu lhe matar.” Ela disse, fazendo um rápido movimento, tentando acertar um golpe. Com os reflexos funcionando perfeitamente, pude perceber de imediato, dando um meio giro e me livrando sem problemas daquele ataque.

“Você não pode, Rose. Você ainda não assimilou isso? Você não vê? Você não pode me derrotar. Você não pode me matar. Mesmo que pudesse, você não consegue se forçar a fazer isso. Você vai hesitar. De novo.” Eu respondi com a certeza de que ela me amava, apesar de tudo. Eu sabia que tudo que ela fazia era por amor. Também sabia que esse era um sentimento que levava as pessoas a não enxergarem o óbvio. Sentimento esse que me protegia contra a força destrutiva que ela era. Sempre. Ela continuou me observando, sem tentar outro golpe. Aquele joguinho estava me cansando então, parti para cima dela, mirando em seu pescoço. Novamente, ela se esquivou jogando o impacto para seus ombros. Dessa vez eu não a lancei para longe, ao contrário a puxei para perto de mim. Eu já tinha tido o bastante, já era hora de cumprir meu objetivo. Minha atenção nela foi cortada por outro Strigoi que veio até nós, tentando provavelmente me proteger dela. Mas eu não precisava disso. Aquilo era somente comigo.

“Minha!” eu gritei com fúria, virando para ele, o golpeando sem qualquer piedade. Quando o assunto era Rose, as piores reações eram provocadas dentro de mim, muitas vezes, nem eu mesmo me reconhecia. Aquele breve momento tinha me custado uma distração mortal. Quando tornei para Rose, vi que ela tinha abertura que precisava para cravar a sua estaca em meu coração. E o pior de tudo, sua expressão, todos os músculos de seu corpo e o seu olhar - seu firme olhar - , nada demonstrava hesitação, antes, havia uma forte determinação em fazer aquilo. Então eu tive certeza. Ela me mataria naquele momento. Ela havia vencido. Era o fim.

Mas inexplicavelmente, algo estranho aconteceu. Tudo durou uma fração de segundos e eu levei pouco tempo para perceber o que tinha ocorrido. Lissa e Christian partiram com fúria para cima de Rose, usando todo peso dos seus corpos para impedir o seu ataque contra mim. Nunca Morois impediriam um guardião de matar um Strigoi. Aquilo era surreal e me surpreendeu. Fiquei ainda mais surpreso ao constatar que Lissa estava vindo para mim, com mesma estaca que ela segurava anteriormente. Era quase uma cena de comédia, se não fosse todo contexto dos fatos. Não pude deixar de sorrir com aquilo.

“Não!” Rose gritou para ela tentando correr e impedi-la de me alcançar, mas uma parede de fogo surgiu, a mantendo longe de Lissa e outra parede de fogo me cercou. Nos poucos momentos racionais que eu tive, pude entender o que havia acontecido. Christian estava usando sua mágica contra mim. O bem, estava usando sua mágica para ajudar a Lissa a me golpear. Eu só não conseguia entender porque ela própria queria fazer isso.

Mas não consegui mais pensar em nada. Rapidamente senti o calor do fogo em mim, começando a queimar as pontas do meu casaco e a fumaça a me sufocar.

“Pare! Você vai nos queimar vivos!” Ouvi Rose gritar.

O lugar era pequeno, e apesaro do fogo ser controlado, o calor aumentou sobremaneira, que todos que estavam lá, se afastaram. As chamas começaram a arder na minha pele e a fumaça a queimar meus pulmões. A agonia era terrível. Eu realmente pensava que o fogo fazia mais danos em um Strigoi do qualquer outro ser, mas sentir isso era terrível. Eu só conseguia gritar, sem ter qualquer outra forma de sair dali, mesmo assim, eu ainda podia ouvir outros gritos que não eram os meus, gritos que eu conhecia bem. Rose gritava também em desespero.

Como se minha dor não fosse suficiente, senti uma estaca ser cravada em meu peito. A prata estranhamente encantada ardeu na minha pele, mas não tinha sido empurrada de forma suficiente para atingir meu coração. Nada mais me restava a não ser lutar. Contra o fogo, contra aquela pessoa que me atacava. Lentamente a estaca ia passando. Eu mal pude ver que quem me golpeava era Lissa. Eu não podia acreditar que eu estava sendo vencido por Morois. E ela forçou, mais e mais até que a dor se tornou insuportável. A estaca havia atingido o meu coração. Era como se uma bomba tivesse explodindo dentro de mim, se irradiando por cada célula do meu corpo. Uma sensação de um forte choque elétrico me tomou, como se as minhas veias fossem estourar. A última coisa que eu pude ver antes de apagar, foi a imagem de Lissa, em meio a uma grande luz, uma imagem divina, um verdadeiro anjo, ao mesmo tempo que uma paz me tomou. Então, tudo se tornou escuro novamente.




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