- Isso ta cada vez mais um absurdo, sabiam? Dizia Kariya, pensando na louca proposta da bruxa.

- Eu sei mas... Preciso encontrá-la logo, custe o que custar... Hikaru falava, pensativo.

- Encontrar quem, afinal? Perguntava Kariya, já nervoso com a situação.

- Não interessa! Hikaru se levantou para encarar Kariya.

- Eu já decidi... Tsurugi se manifestou.

- O que você vai fazer? Perguntou Kariya.

- Vou aceitar a proposta... Disse Tsurugi, de cabeça baixa.

- O que? Vai fazer o que aquela bruxa quer? Kariya estava indignado, como ele poderia abaixar a cabeça pra uma bruxa?

- Se isso significa que meu irmão voltará a andar, sim, vou abaixar a cabeça pra ela! Tsurugi ergueu o rosto, estava com uma expressão triste, mas determinada.

- Também vou, preciso encontrar essa pessoa o mais rápido possível... Hikaru pronunciou, com a cabeça baixa, provavelmente pensando na tal pessoa.

- Vocês estão loucos... Hikaru, nós podemos achar a pessoa que você ta falando, é só descrevê-la! E Tsurugi, seu irmão vai se recuperar, com certeza ele já está melhor! Kariya tentava de todas as formas tirar aquela idéia doida da cabeça dos dois, mas foi tudo em vão.

- Meu irmão não está melhor, ele só fica deitado naquela cama, sem poder andar! Tsurugi ergueu a voz como nunca tinha feito.

- E é difícil encontrar essa pessoa, você acha que eu já não tentei procurá-la sozinho? E você, Kariya, fica falando que nossos problemas tem solução, mas e o seu? Será que tem? Hikaru agora derramava lágrimas de seus olhos, coisa que não fazia com freqüência.

- Não tenho problemas... Kariya dizia, com a cabeça baixa.

- Você acha que não confiar nos outros não é um problema? Tsurugi falou, encarando Kariya.

- ... Kariya nada respondeu, só ficou ali, parado, sem fazer nada.

A noite passou rápido, os cavalheiros nem conseguiram dormir. Primeiro por causa dos ferimentos, que doíam muito, segundo é porque eles ainda estavam receosos com esse acordo com a bruxa. Não demorou muito para a própria aparecer com um sorriso vitorioso no rosto, como se já soubesse a resposta dos cavalheiros.

- E então queridos, dormiram bem? Perguntou a bruxa, num tom de deboche.

- Dormimos sim, não posso dizer o mesmo de você, está com a cara horrível... Opa desculpe, essa é sua cara normal... Kariya havia falado num tom mais debochado para a bruxa.

- Como ousa falar assim comigo? Bravejou a bruxa.

- Ora, não falei nada demais... Só falei a verdade... Ela dói né? Foi mal... Kariya parecia ter perdido o amor à vida.

- Agora você vai ver seu inseto! A bruxa jogou um feitiço nele, mas parece que não aconteceu nada.

- Ué, jogou o que em mim? Pó de purpurina preta? Não precisava, não gosto de brilhar muito e nem de chamar a atenção! Kariya debochava mais e mais da bruxa.

- Não querido, esse feitiço você descobrirá o que é quando abraçar uma garota! A bruxa falava e ria maléficamente (e isso existe?).

- Eu hein, quem disse que vou abraçar alguma garota? Kariya falava, mostrando a língua.

- Você é gay por acaso? A bruxa perguntou com um ponto de interrogação na cabeça.

- EU SOU MUITO MACHO SUA BRUXA HORROROSA, FEIA, CADUCA! Kariya começou a xingar a bruxa de tudo que é nome relacionado à “velha”.

- Menino, você está me tirando do sério! Vamos ver quem vai rir quando você for abraçado! A bruxa ria mais e mais, provavelmente estava imaginando a cena.

- Licença, mas ainda estamos aqui! Hikaru falou, impaciente.

- Oh sim, claro querido... E aí, pensaram na proposta? Perguntou a bruxa, mudando de brava para sorridente.

- Pensamos a noite inteira... E resolvemos aceitar sua proposta... Tsurugi disse meio inseguro.

- Ótimo meus queridos, agora, vamos selar esse pacto! A bruxa disse, estendendo suas mãos para os dois, e fez o mesmo feitiço que lançou em Kariya.

- O que fez com a gente? Perguntou Hikaru, se olhando e não vendo nada de diferente.

- Vocês agora são meus! Então, para não deixar nenhuma garota abraçar vocês, coloquei o mesmo feitiço que joguei no mal educado ali! Falou, apontando para Kariya.

- Ei, não sou mal educado, só falo a verdade para velhas senhoras que não se enxergam nem com um espelho na frente... Kariya parecia satisfeito com a cara mal humorada da bruxa.

- Vão agora, quando eu precisar de vocês, chamarei para virem pra cá... A bruxa falou, se virando para ir embora.

- Ei, e quando vai cumprir sua parte do acordo? Perguntou Hikaru, desconfiando.

- Calma, meu bem, com o tempo, eu vou dar um jeito pra você se encontrar com ela... Acabando de falar isso, a bruxa foi embora no meio de fumaças escuras, dando uma risada de dar medo.

- E agora? Perguntou Kariya.

- Vamos voltar pro reino, e falar que não conseguimos vencer a bruxa... Tsurugi falou, querendo voltar logo.

- Você fala em voltar depois de ter feito um pacto com a bruxa? Kariya estava perplexo. Pela primeira vez, achou que Tsurugi era burro, ou que a bruxa tinha roubado a inteligência dele.

- Tem uma idéia melhor Kariya? Hikaru perguntou.

Não obtendo resposta de Kariya, resolveram voltar para o reino. O caminho até o reino era longo e escuro. A viagem durava três dias para ser completada. Os cavalheiros foram andando dia e noite, até avistarem a ponta de uma das torres do imenso castelo. Estavam perto. Eles começaram a pensar em alguma desculpa para quando fossem falar com o rei. Para isso, começaram a andar com passos curtos e demorados. Pensavam também em que tipo de feitiço a bruxa os submetera.

Continua...