Pov Bella

Depois de milésimos de anos, eu havia prometido a mim mesma que eu não iria mais pensar na morte dos meus pais nem dos meus avós. Eu tinha conseguido a guarda dos meus irmãos, mas o dinheiro da herança estava acabando, e eu precisava arrumar um emprego. Logo. Deixei meus irmãos com uma babá - mesmo com pouco dinheiro - e fui procurar um emprego.

Eu fui atravessar a rua mas um carro prateado lindo estava passando. Eu fui atingida por ele, eu senti umas dores, e desmaiei, estava doendo muito, mas logo um grande sono me invadiu e eu apaguei.

Quando eu acordei, estava um homem muito bonito na minha frente, eu estava deitada em uma maca, e ele me pedia inúmeras e inúmeras desculpas. Eu ainda não conseguia enxergar direito, mas logo eu consegui o enxergar direito. Eu ainda estava um pouco mal, mas eu não hesitei em dizer:

- Você me atropelou!

- Sei disso. Por favor, me desculpe. - Pediu ele de novo.

- Não sei se posso. Como eu estou?

- Felizmente, não sofreu nenhum ferimento grave...

- Que bom. Vou voltar e tentar arrumar meu emprego, então. Com licença.

Ele me deixou ir, mas quando eu estava colocando a mão na maçaneta, ele me impediu.

- Espere!

Eu bufei.

- Que foi?

- Eu posso ter um trabalho para você.

Eu estava tentada, ele era bem rico, dava para ver, era visível.

- Qual a proposta?

- Você sabe ficar de babá?

- Claro que sim. Cuido dos meus irmãos desde pequena.

- Então temos um acordo.

– Ótimo. Então temos um acordo.

- Espera. Preciso saber o endereço, quantas crianças são e quanto vou receber.

- Aqui está. - Disse o homem estendendo-me um papel. - São seis crianças. Pago 2 por cada uma.

- R$ 2,00? Eu vou receber só R$ 12,00? Não, desculpa, isso não dá nem pra comprar um pão na padaria.

- Eu quis dizer 2.000.

- Temos um acordo.

E eu saí com um sorriso.

- Todos os dias, na minha casa, das oito da manhã até as três da tarde!

Da mesma forma, fui embora sorrindo. Não importava se era todo santo dia. Finalmente iria sair da miséria.