Dead World. escrita por Benny


Capítulo 7
Flashback.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é a continuação do flashback do terceiro capítulo. Aqui eu começo a contar como o vírus zumbi se espalhou e o começo da história do John e da sua família. Espero que gostem.



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- Mãe, atenda por favor, por favor, por favor. - implorei, enquanto o celular tocava uma, duas, três vezes até que a secretária eletrônica com a voz da minha mãe ocupou a linha. Meu coração saltava na peito, e embora eu não tentasse demostrar que estava com medo, algo em mim deve ter acendido a faísca do pressentimento ruim em Kate.

- John, alguém está batendo na porta. - ela disse, segurando sua boneca e parando na minha frente com olhares firmes e desconcertantes. Desliguei o telefone na segunda tentativa, assim que percebi que minha mãe não iria atender. - Quer que eu vá atender?

Kate fez menção de se aproximar da porta, numa inocência que me encheu de pavor. A visão do repórter sendo devorada ao vivo na televisão ainda permanecia muito viva na minha mente, e por algum estranho motivo eu não achei que seja lá quem tivesse batendo na porta teria boas intenções.

- KATE, FIQUE PARADA! - corri até ela, puxando-a até o meio da sala mais rudemente do que pretendia. Alguma coisa estava muito errada em toda aquela situação, e as batidas na porta pareciam ininterruptas.

- Quem está aí? - quis saber, caminhando a passos lentos até a porta e parando vez ou outra para escutar qualquer som fora do normal. Toda a cidade pareceu se silenciar nesse momento, até os carros emudeceram, e a casa vazia e silenciosa parecia evocar pressentimentos ruins para cima de mim e da minha irmã. Kate ficou quieta no meio da sala assim como mandei, e eu me obriguei a não olhar para ela enquanto parava a poucos centímetros da porta: e eu fizesse isso bem poderia desistir e mostrar o quanto assustado eu estava.

As batidas pararam assim que, embora eu não pudesse ter certeza, a pessoa do outro lado da porta me escutou chegando.

- Quem é você? - perguntei por uma segunda vez, a voz mais firme. Uma fina camada de suor escorria pela minha testa, e eu limpei com as costas da mão esquerda no mesmo instante em que passos ecoaram do lado de fora, parecendo arrastados e lentos demais. Alguma coisa muito errada estava acontecendo com o mundo, a porra de um vírus, talvez. Ou alguma arma química lançada pelos iranianos, algum ataque desse tipo aos Estados Unidos já devem estar planejado há anos.

- Desculpa, - continuei, tocando a maçaneta da porta pra me certificar de que não havia esquecido de trancá-la. - mas estamos esperando nossos pais, alguma coisa aconteceu no país. Nós...

Duas pancadas firmes na porta fizeram Kate soltar um grito de susto. Ela correu desesperada pela sala, vindo pra cima de mim como quem pede ajuda. Novas pancadas na porta e eu segurei Kate com carinho, tentando acalmá-la.

- Querida, fique quieta por favor. - lhe entreguei o celular. - Se esconda e ligue pro 190. Chame a polícia, diga que alguém está tentando invadir nosso apartamento.

PAM! PAM! PAM! As batidas se intensificavam, e eu quase imaginei um touro enfurecido tentando arrombar a porta.

- Estou com medo, John. - choramingou Kate, com os olhinhos cheios de lágrimas e os lábios tremendo de medo.

Fitei-a nos olhos, sorrindo e fazendo um carinho em seus cabelos. Havia uma certa pureza naquele ato, como se....

PAM!PAM!PAM!

… nós dois estivéssemos apenas tentando nos conciliar após uma discussão boba de irmãos. Mas não era isso, algo muito... PAM! PAM! PAM!

E por fim, no meio da minha conversa com Kate, a porta não aguentou aos sucessivos ataques e cedeu. A fechadura explodiu, voando cacos de madeira para todos os lados enquanto duas pessoas entravam na nossa casa. Empurrei Kate para o lado assim que o primeiro deles investiu para cima de mim.

- SE ESCONDA, KATE! - gritei, recuando alguns passos para chamar a atenção dos atacantes e permitir que minha irmã tivesse tempo de se proteger.

Quando eu tive tempo de olhar para os dois homens, visualizei rostos conhecidos. O homem gordo e careca que cambaleava para cima de mim era o porteiro do nosso prédio, senhor Stevens, e parecia ensandecido: o olhar vazio, a boca mole e um ferida sangrenta no ombro esquerdo.

- Hey! - chamei, correndo para a cozinha pelo corredor transversal e respirando aliviado quando fitei Kate correndo na direção contrário para se esconder. O modo como os dois homens agiam me lembrou da televisão, dos repórteres sendo devorados vivos, dos gritos, do sangue e da morte que se espalhava pela cidade. A doença já atingiu esses dois, concluiu com desespero.

O segundo homem, magro e velho, era o nosso vizinho do sétimo andar, um senhor gentil que morava com dezenas de gatos e costumava fazer uns biscoitos no Natal e dar para Kate. Ele tinhas olhos igualmente nublados, como se a vida dentro deles já tivesse partido há muito tempo.

Os dois homens se chocaram no corredor, enquanto eu abria e fechava gavetas na cozinha em busca de algum tipo de arma: agarrei uma faca de churrasco, receoso e sem saber direito o que eu faria com aquilo. Senhor Stevens, o porteiro, me agarrou pelas costas nesse exato momento, enquanto eu gritava e sacudia as pernas em agonia.

– ME LARGUE! - implorei, empurrando a faca fundo no braço do meu atacante: sentindo o aço perfurar carne, músculos e osso como se fosse um tablete de manteiga. O sangue escorreu aos borbotões, e eu despenquei no chão gelado da cozinha quando ele me largou.

Me arrastei para longe, erguendo a faca na altura do meu rosto enquanto o outro homem cambaleava para cima de mim. Impetuosamente e sem hesitar, cravei a faca com toda a minha força no crânio do velho: gritei quando o aço penetrou no cérebro, e quando o corpo morto do homem caiu mole como um boneco de cordas, o segundo pareceu se recuperar do golpe no braço(na verdade eu achava que ele nem havia percebido que estava ferido).

Eu não tinha mais a faca, que ficara presa na cabeça do segundo homem, estava terrivelmente cansado, e me preparei para o pior quando o homem gordo veio como um touro para cima de mim. Estava me preparando para lutar mão a mão, se é que ele ainda seria capaz disso, quando outro som chamou minha atenção. Eram o som de passos, vieram rápidos pelo corredor até que a figura reconfortante do meu pai se fez presente.

- PAI! ME AJUDA!

Ele não pensou duas vezes, e já parecia preparado para isso. Em poucos segundos ele puxou uma pistola da cintura, mirou na cabeça do meu agressor e disparou. Ossos e pedaços dispersos de cérebro voaram pela cozinha, respingaram na minha calça e o sangue que escorreu como um fluxo manchou o chão imaculadamente branco.

– John, rápido, precisamos sair daqui! Sua mãe está na sala acalmando a Kate. Alguma porra muito séria está acontecendo com o mundo.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e deixem reviews. De agora em diante eu prometo que vou tentar postar uma capítulo por semana, e valeu pela paciência em esperarem.



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