Du Eldunarí Abr aí Skulblaka escrita por Leh-chan


Capítulo 1
Ebrithil...


Notas iniciais do capítulo

PS: Frases na língua antiga com tradução no final.



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:: Du Eduknarí Abr Aí Skulblaka ::


           Desde o fim da batalha em Gil’ead, Saphira voava freneticamente, não se importando com as reclamações de Eragon em sua sela. Fechara sua mente para ele de forma que o Cavaleiro estava gritando aos quatro ventos para que ela parasse, e ela apenas não ouvia. Estava ocupada demais com seus próprios pensamentos naquela hora.

           Glaedr. – Era o único nome que pulsava em sua mente. Queria vê-lo uma última vez. Queria levar seu corpo para um lugar digno de um dragão com tal sabedoria e força. Iria carregá-lo voando até Du Fells Nángoröth, nem que morresse de exaustão.

            Enquanto isso, o coração dos corações do dragão dourado continuava em seus alforjes. Ele negava fazer contato com qualquer pessoa desde que seu cavaleiro morrera, mas Saphira insistia, sabendo que, apesar de ele não responder, ouvia cada palavra que dizia, mesmo que a contragosto.

             “Meu mestre, Glaedr-das-escamas-de-sol... Por que tem que ser assim?

             Por que você saiu da segurança de Ellesméra sabendo que não tinham chances? Thorn-filhote-cabeça-de-vento e Murtagh-filho-de-Morzan são uma coisa... Mas se você conhecia Galbatorix-violador-de-promessas tão bem... Deveria saber o que vinha a seguir. Você e seu companheiro-de-coração-e-mente eram muito sábios. Você e Oromis eram mais que isso... Eram necessários. Eram preciosos. Eram minha esperança, mestre. Eram a esperança de toda a Alagaësia. Então por que marcharam à frente de Islanzadí?

           Mestre... Peço perdão. Engulo meu orgulho estúpido de dragão e lhe peço perdão. Eu sei que não devia, que não podia, e você me advertiu. Mas eu não posso evitar, mestre. Estou apaixonada, e os sentimentos de um dragão, bem como você me disse, são mais intensos que o de qualquer coisa, não é?

            Eu sei que você continua aqui. Eu vejo seu Eldunarí, brilhando fracamente... O leve toque de sua consciência... Mas de que isso me adianta se eu nunca mais vou ver seus olhos-de-diamantes-âmbar? Se nunca mais vamos poder voar juntos até o chão-duro-de-quebrar-ossos? Mestre, eu imploro... Como posso te esquecer? Ensina-me um encanto, uma frase, uma planta... Qualquer coisa que cure minha dor...

            Não sei por que você quis assim, mestre, mas eu vi como tudo aconteceu. Isso só aumenta mais minha angústia. Você quis assim para que eu tivesse mais vontade de me vingar do império? Para que eu tivesse mais um motivo? Pois se foi isso, foi tolo. Mesmo vindo de um sábio, foi tolice. Não precisava ver como você e Oromis-elda morreram. Como Thorn-escamas-vermelhas fez aquilo... Imperdoável. E ainda assim, você tentou proteger seu companheiro-de-mente... Seu pequenino. E lançou aquele encanto tão... Maravilhoso! Fiquei impressionada. Talvez se Naegling não tivesse caído tão longe, ou você estivesse mais perto do exército-de-orelhas-pontudas... Talvez pudéssemos ter lhe emprestado Aren! Ou te acompanhado, ou... Não te abandonado. Talvez se eu tivesse lhe dado meu coração, mestre, em troca do seu... Nós estaríamos bem agora. Bem e unidos num vínculo intimo.

            Eu vi, meu mestre. Eu compartilhei uma pequena parte de sua dor, de sua solidão, mas... Ainda não sei bem... Como se sente?

            Ah, não precisa me responder. Se eu perdesse meu pequenino, meu Eragon; eu também não iria querer nada além de rasgar a carne de quem tivesse feito isso. E deve ser duro pra você, daí de dentro, não poder nem se mexer. Por isso, eu vingarei a morte de seu companheiro, pra aliviar sua dor. Farei tudo que esperava de mim, mestre... Vel eïnradhin iet ai Skulblaka, eu hei de matar Galbatorix com minhas próprias garras, e lhe trago a cabeça espetada em meus espinhos, ebrithil.

           Além disso, mestre, cuidarei de seu coração com a minha vida, apesar das suas objeções. É mais precioso para as gerações futuras. É mais sábio, mais poderoso... Mesmo dentro de uma pedra-dura-e-amarela, é mais poderoso que eu.”

           “Saphira...”
– Uma voz harmoniosa e tranquila emanou dentro da mente do dragão azul.

            “Mestre?!”
– Respondeu de imediato, surpresa. Ele continuou:

             “Não diga bobagens, sua pequena tola. Você e Eragon são muito mais importantes do que um dragão velho e incapacitado. Deixe de ser idiota e note que seu Cavaleiro está quase caindo da sela. E se continuar nessa direção, será tragada pelo vento como um pardal. Volte para os Varden, que é o seu lugar, Bjartskular.”
– Ou ouvir isso, ela hasteou a asa para a direita, fazendo com que seu cavaleiro ficasse novamente centralizado em seu dorso, mas não mudou de direção. Depois continuou, quase num lamento:

            “Mas mestre... Eu não posso deixar você lá, daquele jeito...”

            “Saphira, ouça-me, pois não vou repetir. Esqueça esses sentimentos tolos, vá para os Varden e os ajude. Você é mais útil lá. Além disso, minhas escamas serão benévolas para os elfos, que poderão forjar espadas, elmos e armaduras bem fortes para se preparar para as batalhas que ainda estão por vir.”

            “Mas mestre, eu não...”

            “Eka elrun ono, Saphira Bjartskular. Agora, voe para os Varden.”

           
Muitos minutos de constrangedor silêncio se sucederam. Ela sabia que Glaedr podia sentir o que ela sentia, mas mesmo assim, não podia evitar. Não queria obedecê-lo, mas a verdade em suas palavras era iminente. Por fim respondeu:

            “Wiol ono, ebrithil Glaedr.”

             “Muito bem, pequenina.”
– Respondeu com delicadeza – “Gangá. Atra esterní ono thelduím.”

           
Ao iniciar o cumprimento élfico, e por todas as outras coisas que disseram, o dragão confinado no diamante demonstrava seu respeito, confiança e carinho meramente fraternal por Saphira. Isso a entristeceu, de certa forma, mas continuou:

             “Mor’rarn lífa unin hjarta onr, ebrithil.”

            “Un Du evaínya varda, Saphira.”
– E terminando a frase, retirou-se delicadamente da mente dela, para que ambos curassem suas dores em solidão.

            Um minuto se passou. Um rugido forte saiu de seus enormes beiços, informando a toda a Alagaësia que mais sangue seria derramado em breve: o sangue do rei. E assim, abriu as asas, juntamente com a mente, permitindo o contato com seu Cavaleiro. Ele notou todos os seus sentimentos, sutilmente disfarçados e ficou em silêncio. Apenas se inclinou sobre seu pescoço e começou a acariciar lentamente uma fenda entre duas escamas enquanto ela fazia uma curva no ar, mudando sua direção para Feinster. Uma corrente de ar quente os levaria por muitos quilômetros à fio... E ela sorriu, batendo as asas com novo vigor.


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Notas finais do capítulo

Aren - Anel de Brom que contém muita energia. /Atra esterní ono thelduím. - Que a felicidade a guie. /Mor’rarn lífa unin hjarta onr. - Que a paz viva em seu coração. /Un Du evaínya varda. - E que as estrelas zelem por você. Bjartskular - Escamas Brilhantes. Du Eldunarí abr aí Skulblaka - O coração dos corações de um dragão. Du Fells Nángoröth - As Montanhas Malditas. ebrithil - Mestre. elda - Uma honraria de grande louvor sem gênero específico. Eldunarí - Coração dos corações. Eka elrun ono, Saphira Bjartskular - Eu te agradeço, Saphira Escamas Brilhantes. Gangá. - Vá. Naegling - Espada de Oromis. Varden - Os Guardiões (Grupo rebelde que luta contra o Império). Vel eïnradhin iet ai Skulblaka - Sob minha palavra de dragão. Wiol ono, ebrithil Glaedr - Por você, mestre Glaedr. —

N/A: Olá. Bem, essa fic eu escrevi assim que acabei de ler o terceiro livro. Quando eu ainda estava "no clima", sabe? Fiquei triste pela morte dos mestres de Eragon. Prieiro Brom, agora eles... Nota mental: não virar mestra do Eragon. -fikdik

Atra esterní ono thelduím, fricai.