Capítulo 5: Bem acordado para a verdade.

"Estou bem acordada

Sem perder o sono

Juntei cada pedaço

E aterrissei de pé

Estou bem acordada

Não preciso de nada para me completar, não"

"Aquela árvore, havia se esquecido dela.."

Muitas cenas que não se lembrava voltavam com força total, não conseguia entender, estava sufocado, cada vez mais ficava sem ar, mesmo que isso fosse impossível. Decidiu sair, colocou a primeira blusa que viu pela frente, uma calça jeans e sua jaqueta de couro. Suspirou enquanto pegava as chaves, queria sair antes que mais uma cena o tirasse da terra.

Pensou em procurar Bonnie, talvez uma bruxaria ajudasse, mas não poderia viajar até tão longe, e não queria trazer de volta problemas para a sua vida. Afinal, da ultima vez que a viu, ela estava com seu marido e filhos, em uma casa tranquila e simples em uma cidade longe de Mystic Falls.

Parou em um café simples de estrada em uma cidade não muito longe, não tinha percebido o quanto estava viajando nem o trajeto que estava fazendo. Era uma cidadezinha pequena, daquela que os vizinhos se conhecem desde as fraudas. Se sentou, e só deu tempo de pedir um café, pela primeira vez não queria beber algo mais forte, e então, uma memória mais estranha e desconhecida começou. 

-

Já era noite, sabia que não deveria estar andando pela cidade, poderia ser saqueado ou ficar mal visto se alguém conhecido passasse por ali. Ainda mais no caminho que estava seguindo, um caminho conhecido apesar do céu estar escuro. Então, em vez da entrada da casa de Mônica, ele deu a volta. Pelas vigas de madeira que ele sabia que tinha próxima a janela do quarto dela e formavam uma espécie de escada.

Tomara que ela esteja no quarto, ele pensava. Quando chegou perto da janela ele se pendurou nela, estava em uma varandinha, com cortinas leves e floridas, e então, ouviu vozes. Reconheceria a voz dela em qualquer ocasião, mas uma voz mais velha, que se lembrou ser da mãe de Mônica, soava nervosa e preocupada.

- Deve parar de ver este rapaz imediatamente, imagina se seu pai descobre o que anda fazendo, sabe que esta comprometida com o lorde Matheus Di Laurentis. 

- Mas não quero me casar com ele, nem o conheço, e... eu amo o Damon.

Plaft. O barulho de um tapa foi ouvido até da onde Damon estava, seu coração batia forte, não entendia o que acontecia. Uma corrente forte e fria passou arrepiando todo o seu corpo. Quem era lorde Matheus? E como sua amada estava prometida a ele? 

- Não se atreva, conhece as consequências, quer destruir toda uma dinastia?! Algo bem maior do que você e seu amor por esse...simples humano.

Agora as vozes se alteravam, eram quase gritos e Damon estava meio desesperado por uma resposta. Entrou no quarto, suas bochechas quase rosaram ao lembrar-se de quem era aquele quarto, sendo que mais gritos o tiraram daquela futilidade. As vozes alteradas vinham do corredor, a porta do quarto estava entreaberta.

Pela pouca luz que podia se ter no local, um quadro chamou sua atenção, era mais uma obra de Mônica, nele podia se ver um rapaz jovem, na flor da idade, com um sorriso cativante no rosto e brilhantes olhos azuis.

Ela...ela o pintava?

- Já basta! Terei que tomar medidas muito piores do que tira-la da cidade se continuar com isso.

Ficando cada vez mais surpreso e aterrorizado com os gritos sem lógica, como: "Sabe que não é certo", "O amor deve vencer tudo" e "Matheus não irá perdoar essa ofensa" e palavras de uma língua antiga que ele não compreendeu, acabou derrubando um vaso de flores ao tentar ficar atrás da porta para entender melhor o significado daquelas palavras. 

- Quem está dentro de seu quarto?
Antes que se escondesse a porta foi bruscamente aberta, a adorável senhora que tinha conhecido na festa o olhou surpresa ao vê-lo ali, assim como Mônica. Depois que a surpresa acabou ela tentou ir até sua direção, mas foi impedida pela mãe. A senhora Casillas o olhava com um misto de desprezo e pena. 

- Sei que não irá me perdoar, mas isso é para o seu bem, minha filha.

E então ela fechou os olhos e, antes que Mônica pudesse agir, seus olhos brilharam e se fecharam, então, ela começou a falar, quase cantando em uma língua desconhecida. Damon sentiu uma forte dor em sua cabeça que logo foi passando para todo o seu corpo, o chão do quarto tremeu enquanto o candelabro de velas acendeu e as chamas cresceram.

Notando o que estava acontecendo, a menina loira entrou em desespero, correu chorando até Damon e o aparou em seu colo. Ele já começava a suar, os seus cabelos pretos molhados contra seu rosto, suas mãos tremiam e ela podia sentir o quanto aquilo o afetaria, ele não estava preparado para o seu tipo de mundo.

- Pare! - implorou - Irá matá-lo!

Mas sua mãe continuava com o feitiço, não poderia fazer nada, não era forte o bastante e aquilo a matava. O que poderia fazer? O que? Pensava enquanto via seu amado agonizando em seus braços, então, a única saída chegou a sua memória. Tomara que de certo, desejou com todas as forças.

Os olhos de Damon estavam caindo, ele não aguentava tanta dor. Suas duvidas mais eufóricas ainda, o que seu anjo escondia dele desde o início? Lembranças de seus primeiros encontros, os olhos frios que escondiam todo o calor de sua alma. Não compreendia nada naquele momento.

O anel que estava no bolso de seu casaco queimava, o ouro sabendo que nunca pertenceria a ela. A última coisa que pode ver era os seus amados e brilhantes olhos verdes contornados por lágrimas e sua voz sempre doce com o tom de desespero ao dizer:

- Eu irei consertar isso, meu querido. Nós teremos outra chance. Eu sempre te amarei.

"Estou bem acordada

Sim, nasci novamente

Para fora da cova dos leões

Não tenho que fingir

E é tarde demais

A história acabou agora, o fim"