– Acorda! - Minha mãe gritava. Eu estava derrotada.

– Já to levantando. - Menti. Ia enrolar ela e não iria pra aula.

– Mentira. Catharina, levanta agora ou você não vai viajar no domingo.

Levantei na hora e disse:

– Ah, você não faria isso.

– Eu faria sim. - Minha mãe parou na porta do meu quarto e deu um sorriso maléfico. - Vai, levanta.

Levantei e depois de me arrumar pra escola (bem devagar) já tinha perdido a primeira aula. Legal, só faltam mais cinco agora.

– Cath, você é doida? Perdeu a ultima aula de física do semestre. -

Mariane praticamente gritou quando sentei ao seu lado.

– Dane-se. - Bocejei e abri meu livro de matemática. Ela deu de ombros e se virou.

Quando virei meu rosto durante um minuto para a direita, vi Lucas me encarando com um sorriso idiota no rosto. Ele tinha alguma ideia do que tinha feito ontem a noite? Mostrei o dedo do meio e me virei tentando conter as lágrimas. Por que comigo?

Na hora do intervalo, Lucas me puxou em um canto do pátio dizendo que queria conversar.

– Eu não tenho nada pra conversar com você. - Disse tentando escapar.

– Não, você vai conversar sim. - Ele me segurou pelo braço e me olhou nos olhos. Todo o meu corpo se arrepiava quando ele fazia isso. - Por que está assim comigo? O que eu fiz dessa vez?

– Por que não vai perguntar pra Victória? - Dei um sorriso sarcástico.

– Victória? O que tem ela?

– Você é mesmo um... Esquece, não te devo satisfações. Mas, se agarrar com ela na minha frente ontem na festa do Arthur não faz você se lembrar de nada não?

– O que? Eu? Eu estava bêbado! - Ele tentou se disculpar. Mas ele não estava. Ele odiava bebidas alcólicas.

– Mentiroso, idiota. Sai de perto de mim. - Saí correndo mas me virei. - Ah, e se a propósito não ficou claro, terminamos.

Eu corri até o outro lado da quadra de futebol onde Mariane, Ariana, Maria Eduarda e Dani estavam sentadas. Acho que ninguém naquela escola nunca tinha me visto chorar, mas agora eu não estava nem aí.

– Cath? O que aconteceu? - Madu me abraçou forte e eu respondi entre os soluços:

– Lucas.

Foi o bastante pra Dani se irritar e jurar que ia matar ele. Mas eu a parei e disse enquanto tentava recuperar o fôlego:

– Tudo bem. Ele nem era tudo isso.

Mentira. Mentira cabeluda. Eu amava esse menino há 3 anos e finalmente tinha conseguido com que ele me amasse também. Eu não estava aceitando a situação tão calmamente do jeito que elas pensavam. Eu me sentia destruída.

– Filha, já está pronta pra ir? - Minha mãe gritava do andar de baixo de nossa casa.

– Sim, só um minuto. - Eu respondi mordendo o lábio pensando em como ia fechar minha mala que estava estufada.

Sentei em cima dela e fechei com muita dificuldade no momento que meu pai apareceu na porta.

– Quer uma ajuda? - Ele riu.

– Não, to bem.

Peguei minha bolsa de mão e coloquei lá dentro celular, headfones, carteira, documentos, guia de turismo... faltava algo?

– Não ta esquecendo nada? - Meu pai disse apontando para o CD do One Direction.

– Ah, claro! - Peguei o cd e coloquei na bolsa. - Obrigada, pai! Não sobrevivo sem isso.

Ele riu, me abraçou forte e sussurou no meu ouvido "vai dar tudo certo". Senti lágrimas formarem em meus olhos quando entrei no carro e minha mãe deu a partida. Depois de todo o drama, comecei a rir sozinha. CARA, EU IA PRA INGLATERRA COM MINHAS MELHORES AMIGAS! Sem Lucas, sem escola, sem irmão chato pra me atormentar... Nada poderia dar errado. Ou será que poderia?