Noite Das Trevas escrita por Giulia Yokomizo


Capítulo 5
Astronauta


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que demorou mas espero que gostem!!



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            —Como assim Itália? — Perguntou Nathy.

            —Eu... prefiro não falar sobre isso! — Eu disse, tentando controlar o choro que estava vindo.

            —Mas por que devemos ir á Itália? —perguntou Gus.

            —Eu já disse que não quero falar sobre isso, menino irritante! — Gritei e logo em seguida comecei a chorar.

            Sam e Nathy vieram me abraçar e dizer que está tudo bem, mas se elas soubessem da verdade, iriam me entender. Depois de me recuperar, continuamos a falar sobre a profecia:

            —Qual é a lâmina maldita que tantos falam? — Perguntou Sam.

            —Não sei... Há tantas lâminas amaldiçoadas... — Disse Quíron, mas pude ver que estava escondendo algo.

            —Ok, e você já sabe o que foi roubado e quem foi sequestrado? — perguntei.

            —Fui ao Olimpo recentemente e soube que as fontes de poder de três deuses foram roubados: o arco lunar de Ártemis, a carruagem sagrada de Ares e o escudo de Athena. — Disse Quíron.

            — Mas quem foi sequestrado? — Perguntou Alex.

            —Até agora não sabemos... — disse Quíron.

            —Então já está certo... quem vai nessa missão: Giuh, eu, Nathy, Gustavo, Alex, Jenny e Nick. — disse Sam.

            —Podemos ir agora? — perguntou Gus.

            —Vão, vocês partem depois de amanhã. — disse Quíron.

            Saímos da sala de Quíron bem na hora que era livre, eu resolvi voltar ao chalé com Sam, entrei no chalé e fui pro covil, fiquei desenhando, um de meus hobbies preferidos, mas nem prestei muita atenção no que estava desenhando, fiquei pensando na minha missão, em Alex e nas pessoas que eu não poderia deixar morrer. Quando resolvi olhar o que estava desenhando me deparei com um retrato feito á lápis de um bebê sorridente, eu sabia muito bem quem era e ver aquilo me lembrou minha vida na Itália, rasguei o desenho e joguei no lixo, resolvi subir no hall de entrada do chalé.

            Me joguei numa poltrona e fui ouvir um pouco de música, olhei pela janela do chalé e vi Nathy, Gus, Nick, Sam e Jenny se divertindo na praia, rindo, brincando e jogando água um nos outros como se eu não existisse, se divertindo como velhos amigos num dia normal no acampamento. Nessa hora, desci para o meu quarto e me joguei na minha cama, isso me tocou profundamente e comecei a chorar, chorava por se sentir excluída, pelas más lembranças da Itália e por tudo de triste que vivi, nessa hora, começou a tocar uma musica que combinava exatamente com o momento.

“Can anybody hear me?
Or am I talking to myself?
My mind is running empty
In this search for someone else
Who doesn't look right through me.
It's all just static in my head
Can anybody tell me why I'm lonely like a satellite?

'Cause tonight I'm feeling like an astronaut
Sending SOS from this tiny box
And I lost all signal when I lifted off
Now I'm stuck out here and the world forgot
Can I please come down, cause I'm tired of drifting round and round
Can I please come down?”
Continuei ouvindo a música e chorando até que adormeci.

            Sam me acordou eram 8:30 da noite, perguntou se eu ia jantar e eu disse que estava sem fome, então eu a vi saindo e adormeci novamente.

            Dessa vez acordei de vez, levantei e olhei no meu iPod Touch e eram 7:44, fui tomar banho, um banho bem quente e em seguida fui me trocar, coloquei minha calça jeans preta, minha camiseta do acampamento e minha bota, passei delineador preto a prova d’água e saí do chalé.

            O dia estava ensolarado (como sempre), fui na arena de combates e vi um aviso na parede, ele dizia que as aulas de desenvolvimento de poderes seriam suspensas no dia inteiro. Ao lado do aviso, estava o horário de uso da arena por cada chalé, vi que faltavam 10 minutos para o horário do chalé de Poseidon e tive uma ideia brilhante.

            Procurei Sam por todo acampamento e quando finalmente encontrei, ela estava conversando com um menino moreno de olhos azuis, eles riam muito.

            —Sam?— chamei.

            —Oi Giuh! Esse é Oliver, filho de Zeus! — disse Sam.

            —Eaí? —disse Oliver.

            —Ei, Oliver você conhece um menino chamado Gustavo, filho de Poseidon? —perguntei.

            —Sim, por que? — ele perguntou.

            —Galera, pensei em pregar uma peça nele, que tal? — eu disse.

            —Claro qual é o plano? — perguntou Sam.

            Seguimos para a arena, chegamos lá e nos escondemos atrás de algumas pedras, que estavam dentro da arena, do chalé de Poseidon, havia Gustavo, Nick, Evelyn e outros dois semideuses. Olhei para Sam e Oliver, eles tentavam segurar o riso, esse era o melhor plano do planeta!

            Conforme o combinado, Sam iria entrar nas funções motoras de Gustavo e o faria largar sua espada azul (o que achei um pouco esquisito, nunca vi uma espada azul), então, ele iria se abaixar para pegar a espada e então eu ia fazê-la flutuar para longe dele, então, para testar minha capacidade, eu iria tentar fazê-lo flutuar, enquanto Sam fazia ele imitar uma galinha e dançar.

            Gustavo estava destruindo uns bonecos de pano, era nossa chance de começar o plano. Sam fez Gustavo derrubar a espada debaixo de Evelyn, ele correu para pegá-la e quando se abaixou, eu fiz a espada flutuar acima da arena. Ele ficou pulando tentando alcançar a espada, então decidi deixar a espada cair a uns 9 metros dele e quando ele correu, eu me concentrei e então ele começou a flutuar, cada vez mais alto, nessa hora, Sam entrou nas coordenações motoras dele e ele começou a cacarejar e dançar feio um louco.

            Estávamos com o abdômen e as bochechas doendo de tanto rir do idiota do Gustavo pálido. Levantamos e fomos no meio da arena, onde estavam todos rindo, para assistir o mané voando, a cada minuto mais gente chegava para rir do Gus, até a própria Nathy se divertia, e a cada minuto eu ficava mais cansada, mais esgotada. Chegou uma hora em que eu não agüentei e fiquei de joelhos no chão, Gustavo estava caindo cada vez mais rápido, Oliver saiu voando e conseguiu pegá-lo no ar e descer. Estava difícil respirar e até se manter acordada, mas passou um tempo eu me recuperei um pouco e consegui ficar pé, e vi Gustavo vindo na minha direção.

            —Você pensa que é quem para me expor desse jeito? Só porque tem esse poderzinho que sua mamãezinha te deu, acha que tem direito de fazer isso comigo.

            —Olha aqui garoto, eu estava fazendo isso para descontrair um pouco, pregar uma peça em você, e se meu poder foi minha mãe que deu ou não o problema é meu não seu! Você se acha só porque é o filhinho de Poseidon, o cara que manipula a água e blá, blá, blá. Quer saber, nem sei porque chamei você para a minha missão, você é imprestável, não faz merda nenhuma nessa sua merda de vida.— consegui dizer.

            —Eu não faço merda nenhuma? Você não sabe nada da minha vida pra sair por aí falando dela e quer saber, só vou à missão por respeito e consideração a Nathy, mas agora nem sei se vou mais.

            —Então não vá, ninguém vai sentir sua falta, você é insignificante e ninguém gosta de você.—eu disse.

            —Ótimo, vamos ver quem é imprestável? Amanhã, no bosque, um duelo entre Poseidon e Athena, eu vou liderar meu grupo, você lidera o seu, sem mortes e esquartejamentos. Combinado?—Ele disse.

            —Sim, fechado. —Tentei levitar a espada, mas estava muito fraca, então ela levitou um metro, eu desabei no chão e tudo ficou escuro.

            Acordei na enfermaria um pouco cansada, Sam e Nathy estavam lá e Sam me ofereceu um copo com um canudo, coloquei o canudo na boca e comecei a tomar a bebida que, incrivelmente, tinha gosto de pístole, um doce italiano que meu pai fazia para mim quando eu era menor. Quando percebi, já tinha tomado tudo e sentia que podia correr 982.595.481 km, olhei para Nathy, que sorriu para mim.

            —O que é essa bebida?—perguntei.

            —Néctar, a bebida dos deuses.— disse Nathy.

            —Eu sinto que posso carregar um caminhão nas costas!—eu disse, sorrindo.

            —Bom mesmo, daqui a 3 horas a gente tem o desafio lá no bosque, vamos treinar a tarde inteira. E, posso pedir uma coisa? Me coloca no ataque.—disse Sam.

            —Ta bom, pode deixar. Mas já? Mas... Faz quanto tempo que eu estou desacordada?—perguntei.

            —1 dia. — disse Nathy.

            —Ai minha Santa Athena! Como isso é possível?—perguntei.

            —Você não estava preparada para levitar algo tão pesado, você só conseguia levitar objetos, agora levitou um menino por 20 minutos!—disse Sam.

            —Que beleza! Levito uma pessoa por 20 minutos e durmo por... Quanto tempo mesmo?—perguntei.

            —1 dia.—disse Nathy.

            —Mas agora você se sente melhor?—perguntou Sam.

            —Sim, vamos á luta!—eu disse.

            Levantei da cama da enfermaria e fui para o meu chalé, enquanto Sam e Nathy foram ao Arsenal polir as armaduras. Entrei no chalé e segui para o fundo, na mesa de mapas, encontrei um mapa do acampamento, peguei o mapa e resolvi descer para o covil para bolar uma tática de guerra. O objetivo do desafio era imobilizar o líder e pegar um pequeno pacote que está com ele, o líder só poderia ser capturado pelo outro líder.

            Contei quantos meninos e meninas tinham no nosso chalé e espalhei-os pelo bosque, deixando Sam no ataque como tinha me pedido e fui espalhando as pessoas pelo bosque, aleatoriamente, minha posição era perto do campo inimigo.

            Saí do chalé, ainda faltavam 2 horas para o início do desafio, então fui provar minha armadura e logo em seguida, fui aprender a manejar uma adaga com Sam. O que aprendi em 1 hora não era muito para o desafio, mas já dava para me virar.

            Voltei para o chalé com a intenção de tomar um banho, mas tive que esperar, pois todas as meninas estavam se arrumando, enquanto esperava, fiquei pesquisando alguns papéis de parede bonitos para eu colocar atrás da minha cama, achei um lindo e o coloquei na parede, ficou perfeito, mas ainda não tinha chegado a minha vez de tomar banho, então resolvi arrumar minha mochila para a missão, que era no dia seguinte.

            Chegando no meu closet, percebi que quase não havia roupas lá, logo Sam entrou e parecia ter a mesma ideia, mas lendo meus pensamentos ela disse:

            —Seu problema é roupas? Esqueci de avisar que enquanto você dormia seu pai passou aqui para deixar algumas malas na Casa Grande, vamos lá buscar?

            —Vou te matar garota!

            Saí correndo atrás de Sam até chegar na Casa Grande, onde pulei em cima dela e, depois que nos recuperamos, entramos na Casa Grande.

            —Quíron?— chamei.

            —Aqui atrás!— gritou lá do fundo.

            —Onde estão minhas malas?— gritei, não querendo atrapalhá-lo.

            —Na sala, perto do sofá!— respondeu.

            Caminhamos até o sofá e achamos 4 malas de viagem tamanho família e minha mochila. Com a ajuda de Sam levei as malas até o chalé, fui tirando as coisas de dentro dela e colocando nas gavetas do closet, ficamos um bom tempo lá até que finalmente acabamos a última mala, mas ainda faltava a mochila, chegara a vez de Sam tomar banho, então fiquei sozinha, somente eu e a mochila.

            Abri a mochila, percebi que lá não tinham roupas, mas sim as coisas que estavam nas minhas gavetas e algumas outras que nunca tinha visto antes, provavelmente presentes de meu pai. Tirei Lerry, meu  panda de pelúcia, e o coloquei na minha cama; além de Lerry, descobri que a minha mala estava recheada de Kit Kat, que tranquei na primeira gaveta do meu criado mudo; tinha também alguns dos meus livros preferidos: a coleção The 39 Clues, a coleção Imortais, Pollyanna, Romeu e Julieta e O Pequeno Príncipe. Percebi que só conseguia lê-los porque eram em grego, aprendi a ler e escrever em grego, graças ao meu pai.

            No fim da mochila encontrei uma carta assinada pelo meu pai, peguei a carta e comecei a ler, ela dizia:

“La mia piccola,

            Sei que neste acampamento você está segura e tem vários amigos, passei para deixar suas roupas e algumas coisas que você ama para você se sentir em casa.

            Nesta mochila estão seus livros preferidos e o Lerry, tem também algumas barras de Kit Kat, seu chocolate preferido.

            Talvez agora você entenda o motivo de  algumas coisas que aconteceram na sua vida até agora, como o desaparecimento de sua mãe, o acidente de Lilly, o motivo da nossa mudança de país e muitas outras coisas.

            Junto com esta carta vai uma foto para que se sinta mais próxima de mim e das pessoas que te amam.

            Espero que seja muito feliz e tenha sucesso na sua missão, te aguardo em casa, sempre estarei com você, aonde você for.

Con amore, papà.”

            Dobrei a carta, beijei-a e guardei na minha gaveta, ao pegar a foto eu senti meus olhos ficarem cheios d’água, éramos nós: eu, meu pai, e as outras duas pessoas que eu mais amei nessa vida.

            Abracei a foto com muita força, mas isso não ia aliviar minha dor, depois de tantos anos ainda doía... Não, chega! Não vou mais sofrer!

            Peguei minha mochila e comecei a colocar várias calças jeans, shorts, camisetas, peças íntimas, muitos Kit Kat, meu notebook e separei a roupa que ia usar depois do banho. Quando fechei o zíper da mochila, Sam veio avisar que era minha vez de usar o chuveiro.

            Depois de um longo banho fui vestir minha armadura, ela era um pouco pesada, então resolvi usar somente a parte de cima e o elmo prateado, que indicava que eu era a líder.

            Nos encontramos em frente ao bosque, chegamos um pouco cedo então fiquei arrumando a armadura das outras pessoas e tranqüilizando-as. Quando o chalé de Poseidon finalmente chegou, Quíron disse:

            —Muito bem, as regras são claras: sem mortes ou esquartejamentos, quando o líder for capturado, o jogo acaba, serei seu juiz e médico. Que comece o jogo! — em seguida soprou uma corneta e todos saíram correndo.

            Resolvi subir numa árvore próxima ao riacho, que era o limite, armei meu arco com uma flecha que tinha cordas nas pontas, ótima para imobilizar pessoas e fiquei esperando o retardado aparecer, depois de um longo período, ele apareceu com aquele tridente idiota dele, ele andava sem fazer barulho e observando tudo, um verdadeiro mané.

            Eu mirei a flecha e fiz um arbusto se mexer, como planejado ele foi até lá e quando ele se virou eu disparei, acertei-o em cheio e ele ficou como um peixe fora d’água, se debatendo para tentar escapar.

            —Ora, ora acho que dei sorte no meu dia de pescaria!— disse.

            Fiz seu tridente levitar, coloquei o arco nas costas e levei-o para Quíron como se tivesse pescado um peixinho que olhava com raiva para minha cara. Foi tocada a corneta e todos voltaram, comemorando e rindo.

            Depois de alguns minutos percebi que Sam não estava lá e ninguém sabia onde estava, procuramos no bosque, mas não obtivemos sucesso. Fomos jantar, mas nem consegui comer de tão preocupada que estava com Sam, comi um pouco do meu espaguete mas a preocupação não me deixou acabar, quando de repente alguém gritou:

            —Socorro! — era a voz de Sam, logo, com arco e flecha em mão, levantei e corri pra fora do pavilhão de refeitório, em direção à voz de minha irmã.

            Sam saiu do bosque correndo e chorando, parecia atordoada, ela veio ao meu encontro e me abraçou, junto com a Nathy.

            —Maninha, o que aconteceu? Onde você estava?—perguntei.

            —Eu... ele era... escuridão... e então uma voz... e... e...—ela não conseguia falar.

            —Calma, o que a voz dizia?—perguntou Nathy.

            —Mamãe... Giuh, a mamãe desapareceu!— disse Sam.


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Notas finais do capítulo

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