Noite Das Trevas escrita por Giulia Yokomizo


Capítulo 12
The past


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpa a demora, minha mão ainda dói um pouco se eu abuso e digito demais. Além disso, férias é uma época horrível pra escrever porque eu gosto de escrever sozinha e, nas férias, não consigo porque sempre tem alguém junto comigo. Enfim, desculpe a demora. Feliz Natal e um ótimo 2014 :)



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—Foi assim, tudo começou...—comecei a dizer, mas logo fui interrompida por um barulho estranho.—Espera, ei gente, vocês ouviram isso?

—O quê?—perguntou Nathy.

—Foi tipo um... Ai, aí, fez denovo, vocês ouviram?—perguntei.

—Acho que sim, foram passos?—perguntou Sam.

—Aham.—respondi.

—Vocês estão ficando malucas, isso sim, não tem absolutamente nada acon...—começou a dizer Gus, quando surgiu uma pessoa muito estranha. Quando digo que surgiu, é porque literalmente surgiu. Num minuto era um canto escuro do quarto e no outro, puf!, tinha uma pessoa lá.

Era um humano, com uma parte do rosto coberto com uma máscara e uma capa preta longa, ele usava roupas pretas e seus olhos eram pretos como piche. Ele carregava uma espada (adivinha só a cor?) preta e era muito sombrio. No momento em que ele surgiu, toda a luz do quarto pareceu diminuir, e começou a piscar, todas as lâmpadas, era como se a presença dele afetasse o brilho do lugar. Ele sacou sua espada preta e fez pose de luta e então, puf! novamente.

Logo surgiu bem atrás de Gus. Nathy gritou:

—GUSTAVO!—Gus, já com seu tridente em mãos, virou-se e tentou jogar água nele, mas sem sucesso, pois já tinha sumido novamente.

E então ele aparecia e sumia, aparecia, lutava um pouco e sumia novamente. E eu disparava flechas que nunca chegavam a atingi-lo. Até que ele sumiu novamente, e foi a vez de Sam gritar:

—CUIDADO!—Mas era tarde demais, ele já se postava atrás de mim e quando virei, ele me atingiu na cintura, sem mover a espada, apenas com meu movimento de me virar. Sua espada entrou ardendo e imediatamente caí no chão, desacordada.

E então, escuridão. Nem quando estou quase morrendo com um ferimento na cintura, os sonhos me deixam em paz. E o meu primeiro pensamento foi: “Caralho, não posso nem morrer em paz”. E depois, uma voz veio junto com uma imagem.

—Giulia, está aí?—quando minha visão focou, pude ver quem falava comigo, era Zeus, o senhor supremo. Reconheci por fotos do acampamento e pelo cheiro de ozônio no ar. Eu estava deitada no chão, mais propriamente falando, eu estava caída no chão. Logo me levantei e me curvei diante dele.

—Senhor Zeus.

—Muito bem, garota. É o seguinte, você não está morrendo, você apenas se desligou de sua consciência devido ao ferimento e aproveitei-me disso para falar com você. Temos pouco tempo.

—Pois não, senhor?

—Eu preciso que você faça uma coisa por mim. Como você pôde perceber, uma força maligna está se erguendo contra nós, os olimpianos, deixando-nos mais vulneráveis e sugando toda nossa energia. O planeta Terra é o único planeta que possui energia humana, que é aquilo que cada homem, mulher, criança possui, sua essência de vida. Imagine mais de 7 bilhões de bonecos Playmobil irradiando energia para o cosmo, isso é muito, não? Pois é. Essa força maligna que surge se alimenta dessa energia, portanto, isto está afetando os humanos, para que suas energias sejam absorvidas e, consequentemente, sua fé em nós deuses cai junto, tornando-nos fracos.

—Onde o senhor quer chegar?

—A questão é: você precisa derrotar isso de qualquer jeito. O tempo está acabando. Afinal, ele também está com—e então tudo se apagou, deixando a frase no ar.

—Ele está com o que? Senhor Zeus? Olá?—perguntei, mas em vão, ele já tinha ido.

De repente, eu via rostos, vários rostos. Foi quando eu percebi que eu precisava acordar e contar a eles minha história, não queria que eles morressem assim, sem conhecer os motivos, a história por trás de Giuh Mayflower.

E então, vozes novamente.

—Ela já acordou?

—Pegue mais travesseiros, imprestável.

—Ai deuses, ela vai morrer?

—Se ela morrer, o que vamos fazer?

A princípio, vi vultos ao meu redor. Mas, quando consegui focar nos rostos, vi meus amigos todos me observando como se eu fosse um cadáver. Tão logo quanto a imagem focou, veio a dor. Uma dor insuportavelmente insuportável na minha cintura, eu tinha vontade de gritar, mas senti que não tinha forças pra isso.

—Se vocês forem me enterrar, escrevam na minha lápide “Morri, vamos comemorar” —disse, com muita dificuldade.

—Ela não morreu! Ai deuses, que bom que você está bem!—exclamou Nathy.

—Dê pra ela! Venha logo com isso, Gustavo, seu pamonha.—disse Sam.

Gustavo entregou a Alex um copo com néctar, bebi o copo inteiro e já me sentia um pouco mais disposta, mas a dor continuava.

—Eu quero saber o que aconteceu.—disse.

—Depois que você caiu, Alex ficou todo uiuiui e partiu pra cima do cara, que sumiu novamente, aí formamos um círculo, todos de costas coladas, e quando ele apareceu para atacar, Nathy o atingiu com a espada e então ele sumiu e não voltou mais.—disse Gus.

—Você está bem? Pode nos contar o que ia dizer antes ou quer descansar?—perguntou Alex.

—Não posso descansar. O tempo está acabando.—respondi.

—O que? Do que você tá falando?—perguntou Gus.

—Deixa ela falar, porra!—disse Sam.

—Tudo começou com um homem italiano solitário, este homem trabalhava num escritório pela manhã e estudava Administração à noite. Ele usava seu tempo livre à tarde para fazer os trabalhos e pesquisas da faculdade. Um dia, enquanto estudava na biblioteca municipal, ele conheceu uma bela mulher, ela era ruiva, tinha os olhos profundamente cinzas, como a tempestade mais violenta e era uma mulher muito bonita. Esse homem se apaixonou por essa mulher, no quarto dia que estavam saindo juntos, a mulher revelou a ele que era uma deusa, e contou a verdade, apenas escondendo que teria que abandoná-lo em breve. O homem disse que nada iria mudar no que ele sentia por ela, que ele ainda iria amá-la. A deusa saiu com ele pela última vez no dia seguinte à revelação e então ela sumiu. O homem ficou desolado e solitário novamente. Porém, dois dias depois, ele acordou com um barulho, como um choro de criança, estranhou, pois em sua casa moravam apenas ele e sua mãe, já idosa. Ao abrir a porta, se deparou com um bebê, numa cesta de ouro que cobria seu rosto, ao se aproximar da cesta, ele viu que havia um bilhete preso ao cobertor, no bilhete estava escrito:

“Querido Lucca,

Esse bebê é fruto de nosso amor, o amor incondicional que existia entre nós fez surgir essa criança, por favor peço que fique com ela e cuide dela com muito carinho pois aqui onde estou, não posso ficar com ela e dá-la tudo o que precisa.

Cuide bem dela, eu a amo.”

—Ai Caramba, então...—começou a dizer Gus.

—Cala a boca, deixe-a continuar—cortou Sam.

—Ao descobrir o rosto da criança, o homem logo teve certeza de que aquele bebê era seu, deles. Tinha não só a cor do cabelo, mas os olhos, os mesmos intensos olhos acinzentados, da mãe. O homem levou o bebê para dentro de casa e logo foi registrá-la no cartório, deu ao bebê o nome de Giulia e seu sobrenome. Desde então, ele deixava a criança com a mãe e ia trabalhar, passava a tarde cuidando dela e à noite ia à faculdade. Um mês após ter encontrado o bebê em sua porta, o homem conheceu uma moça americana, seu nome era Jessica Mayflower, eles começaram a sair juntos. Namoraram um ano e nesse período ele percebeu um grande laço se estabelecendo entre ela e sua filha, Giulia. Decidiram se casar e Jessica registrou Giulia como sua filha, a bebê ganhou então o sobrenome de sua madrasta, passando a se chamar Giulia Mayflower Genolli. Quando a menina completou 6 anos, Jessica deu a luz à Alexandra, era um bebê muito fofo e simpático, dificilmente chorava e estava sempre rindo. Até que, um dia—dei uma pausa e comecei a chorar, esperei um pouco e me recuperei.—Um dia, a menina tinha ido à escola e, quando voltou pra casa, encontrou a casa em chamas. Seu pai chegou logo depois dela, com os bombeiros. Fora um incêndio acidental e estavam na casa Jessica e sua filha, seus corpos nunca foram encontrados. A menina e seu pai, desolados com a morte das pessoas que eles mais amavam, se mudaram para os Estados Unidos e tentaram levar uma vida normal. E o resto vocês já sabem.

—Ai deuses, por que você nunca nos contou isso?—perguntou Nathy.

—Acho que não é daquele tipo de coisa que se fala. Tipo, “Oi, meu nome é Giuh, tenho 14 anos e metade da minha família morreu num incêndio na Itália, a propósito, seus corpos nunca foram encontrados”.—respondi

—Mas agora a gente vai estar sempre aqui com você, pode sempre contar conosco pra tudo.—disse Jenny.

—Sempre—disse Nathy.

—Obrigada.—respondi

—Abraço coletivo?—sugeriu Sam.

—Aham, mas cuidado com o ferimento.—respondeu Jenny.

Eles me abraçaram do jeito que deu, e depois me deram um pouco de ambrósia e dipirona, então eu dormi mais um pouco.

Quando eu acordei, Alex estava ao meu lado. Pedi ajuda para levantar, senti muitas pontadas na cintura, mas consegui andar pelo quarto e tomar um banho. O que seria de mim sem ambrósia e néctar?

Tomei banho, troquei o curativo que estava na minha cintura e coloquei um roupa fresquinha. Coloquei uma regata, shorts e chinelo ( N/A: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=109462177&.locale=pt-br).

Dentro de algumas horas, eu já conseguia andar sem ajuda. Ainda doía um pouco, mas já não era a dor excruciante de antes.

Desci com Alex para almoçar, todos já estavam lá em baixo. Quando chegamos, Mike e Jack estavam lá, eles riam e contavam piadas.

—Ah, oi Giuh, já melhorou seu corte?—perguntou Jack.

Olhei para Sam, pensei “Você contou pra eles?” e ela respondeu “Eu disse que você foi pegar o carrinho do serviço de quarto, escorregou e cortou a cintura com a parte desprotegida do carrinho”.

—To melhorando, nem foi tão grave assim.—respondi.

—Carrinhos de serviço de quarto são assassinos.—falou Gus.

O almoço foi uma beleza, o único problema foi que toda vez que alguém me fazia rir, doía minha cintura. Então eu evitei risadas na maior parte do almoço, o que era quase impossível.

Depois nós fomos pro salão de jogos conversar.

—E aí, quanto tempo vocês vão ficar aqui?—perguntou Mike

—Partiremos depois de amanhã, senão amanhã mesmo. Já ficamos tempo demais aqui.—respondi.

—Entendo.—respondeu Mike, com uma cara de triste de dar dó.

Conversamos por mais um tempo, até que os meninos quiseram entrar na piscina, então subimos pra nos trocar, menos eu, claro. Resolvi ficar lá em cima e pensar um pouco na missão. Estávamos chegando perto do nosso destino e eu precisava pensar.

Meus pensamentos estavam começando a me atordoar, então eu levitei o controle da TV até mim e liguei num canal de desenhos e fiquei assistindo Bob Esponja em italiano, pra matar a saudade dos velhos tempos. Estava tão entretida que nem percebi que já era quase noite e eu precisava comer alguma coisa. Abri o frigobar e levitei um milk shake de morango roubado até mim, continuei vendo vários desenhos e tomando milk shake até que eles subiram todos bronzeados e Jenny estava vermelha.

—Giuh, você não sabe o que você perdeu!—falou Sam.

—O que pode ser mais imperdível do que episódios antigos de Bob Esponja em italiano?—perguntei.

—Jenny pegou aquele menino, o Mike, de jeito. Achei que ela ia engolir ele.—disse Gus.

—AI MEU DEUS DO CÉU SÉRIO ISSO?—exclamei.

—Responda pra ela Jenny.—disse Nathy, rindo.

—Uhum.—respondeu Jenny.

—Que ótimo! Mas tenho uma má notícia pra você. Partiremos amanhã, logo após o almoço. Precisamos dar segmento à nossa missão, não estamos aqui a passeio.—avisei.

—Você se sente bem pra podermos partir?—perguntou Alex.

—Sim, melhorando, a dor já está sendo amenizada.—respondi.

—Deita aí.—disse Alex.

—Pra quê?—perguntei.

—Você vai ver.—respondeu Alex.

—Gente, em público não, façam isso quando não tiver ninguém aqui, por favor.—disse Gus.

—GUSTAVO, SEU IDIOTA, CALA A BOCA.—disse Alex.

E então, Alex ergueu suas mãos sobre mim e cantarolou em grego, logo começou a sair uma luz violeta de suas mãos e minha dor aliviou, meu corte começou a cicatrizar e eu comecei a me sentir bem. Quando ele parou, estava tão cansado que dormiu e eu tomei um pouquinho só de néctar e dormi também.

E, pra variar, sonhei novamente.


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Notas finais do capítulo

Papai Noel passou e deixou reviews aqui?



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