Juro, se Ryler não estivesse no quarto aquele menino já estaria com a fuça enfiada na parede.

– Se afaste dele… - Rosei, me aproximando.

– Hm, por quê? - Respondeu sem nem me olhar, acariciado seu rosto. Ah, ele está pedindo pra apanhar!

– O que está fazendo aqui? -disse, segurando seu ombro e o puxando para longe de Ryler, trincando os dentes.

– …Visitando. Quem é você? – Perguntou, não me reconhecendo.

– Não tem o direito de tocar nele depois do que fez. - Respondi, o empurrando para fora do quarto.

– E quem é você pra mandar em mim? - Ele se afastou, não deixando que eu o tocasse.

– Não se lembra? - O levei para fora do hospital, com os olhos um tanto vermelhos.

– A-Ah… - Ele tremeu levemente e depois sorriu. - Ainda está com ele? Comê-lo uma vez não bastou, foi?

… Zeus, não sei o que esse moleque tem na cabeça para reduzir alguém de tanto carisma e personalidade a apenas “bom de cama”. Além de achar que eu estaria ao lado dele só por desejos carnais? Esse mortal não sabe mesmo valorizar e avaliar as coisas.

Mas concordemos, Ryler é realmente bonito.

– Como ousa falar assim dele? - Perguntei, o encurralando contra a parede.

– Bem… - Sorriu - Ele é muito bom nisso. Além de ser bonito e não se importar com os machucados ou arranhões depois… E geme como uma puta.

Certo, ele conseguiu esgotar todo a minha paciência. Não esperei mais, dei um soco em sua cara, fazendo-o bater a cabeça na parede e possivelmente quebrar o nariz.

– Nunca. Mais. Fale. Assim. De. Ryler. - Rosnei, segurando sua camisa e o erguendo. - Entendeu?

Não esperei uma resposta, o joguei contra a calçada e sai andando novamente para dentro do hospital, em direção ao quarto de Ryler. Iria ver se aquele lixo não fizera nada de errado com ele e sairia para relaxar um pouco, precisava descontar minha raiva em alguma coisa.

Bem, acho que eu posso esquecer totalmente de meus planos depois de entrar no quarto e ver Ryler abraçado ao travesseiro, chorado.

– Ryler? Hey, Ryler... – Disse, me aproximando, estendendo a mão para tocar sua cabeça.

– Aaron...? - murmurou, erguendo levemente os olhos. Sentei-me na ponta da cama.

– O que aconteceu?

Ele não me respondeu, apenas engatinhou até meu colo, se encolhendo numa bolinha e segurando minha camisa, a cheirando. Mas o que diabos ele estava fazendo?

– Ryler, o que...

– Está cheirando a ele. O cobertor. Minha camisa. A sua camisa também. – Resmungou, se esticando para cheirar meu pescoço. Ele devia estar se referindo ao cheio de Liann... Se até a camisa de Ryler cheirava a ele, o que o maldito fez antes de eu entrar? – Hm, seu cheiro é bom... – murmurou, se aconchegado a mim e fechando os olhos... Como não sabia o que fazer, apenas acariciei suas costas até que ele dormisse. Logo o deitei no sofá e pedi para trocarem as fronhas, com a desculpa que o cheiro do amaciante deixara o nariz de Ryler irritado.

Ouvi uma gritaria o lado de fora, mas ignorei. Estava sentado numa poltrona, ao lado do sofá, observando o sono de Ryler. Uns minutos depois Doc entrou no quarto, mais tímido que de costume. Seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado.

– Sr. Aaron? - Ele chamou, fechando a porta.

– Sim? - Perguntei, passando uma mão pelos cabelos de Ryler.

– Pode me dizer quem era aquele homem que estava aqui? - Ele parecia bem mais serio que o normal...

Bem, contei tudo o que Ryler me dissera. Que ele era namorado dele, que os pais os expulsaram e que ele começou a trabalhar aqui perto. Depois, me contendo para não rosnar, como Liann acabou com tudo. Quando terminei, Doc parecia muito abalado, muito mesmo.

– Ele... Liann.. Era meu namorado. Por 3 anos.. Até.. Até mês passado.