Eu já não agüentava mais esconder o que sentia, mas não podia falar nada pra ele ainda, tinha medo dele me dar um fora. Eu, todas as noites antes de dormir, pensava na melhor forma de falar pra ele meus sentimentos, de dizer tudo de uma vez e acabar com a angústia que havia dentro de mim, mas a angústia poderia virar mágoa, com uma rejeição.

    Eu só consegui dormir ás 03:15 da manhã. Fiquei quase a noite inteira pensando nele, imaginando seu rosto, o cheiro de perfume de marca cara, tentando sentir novamente os seus grandes e fortes braços me abraçando.

     Minha irmã havia marcado o outro trabalho que combinaram em minha casa novamente, eu agradecera por isso, quanto mais trabalhos, mais chance eu tinha pra revê-lo. Ela havia marcado ás 14:00 como sempre. Meu relógio de pulso marcava 10:30. Eu dormira de mais.

     Levantei-me e fui até o banheiro molhar o rosto. Tomei logo banho. Lavei as louças e fui fazer o almoço já que minha irmã nunca fazia. Almocei e fui arrumar a casa – que estava uma bagunça – com minha irmã. Quando terminamos o relógio já marcava 13:20 e eu fui trocar de roupa. Coloquei um short jeans – um pouco curto – e uma blusa de alça – que deixava um pouco minha barriga de fora.

     — Rita – Chamou Brendon no portão com a Daniele e a Judite.

     Eu ainda não conhecia a Judite, ela tinha certa semelhança com a Daniele, talvez porque as duas eram baixinhas.

     — Já vai. – Respondi da janela.

   — Fui lá abrir o portão para o pessoal, Brendon me deu um abraço bastante apertado, me deixou um pouco sufocada.

     — Como você está hoje? – perguntou-me Brendon.

     — É eu estou bem... – pensei um pouco na palavra correta a dizer – Animada

     — Que bom... – Ele deu o sorriso torto que deixava-me louca.

     A Rita saiu também ao nosso encontro.

     — E então vamos começar? – falou Rita.

     — Vamos. – Falou Daniele.

     Eles começaram a fazer a coreografia com a música Around the clock do Bill Haley. A música até que era legal, contagiante, tinha um toque que incentivava a dança. Eu dei uns palpites para a coreografia.

     Eles testaram a coreografia com a música e ficou bem legal. Fizeram uma espécie de samba no começo, a mulher ficava atrás do seu parceiro, depois ele a rodava pra frente. Aí começavam a sambar juntos. Tinha uma parte que a mulher pulava no colo do seu parceiro, cruzava e descruzava as pernas, a coreografia ficou legal e engraçada. Eles só tinham até agora essa parte da coreografia.

     Enquanto eles discutiam o resto da dança, eu fiquei sentada observando, estava viajando pra outra dimensão, pensando em como falar a ele o que sentia.

     — Kate vem cá. – Chamou-me Brendon

     — Hã?! – Pra quê ele tá me chamando... Pensei comigo mesma.

     — Vem cá rapidinho.

     Levantei-me ao encontro de Brendon.

     Ele me pegou no colo e falou pra colocar minha mão esquerda em seu ombro e deixar a outra solta. Ele segurou uma de minhas pernas com uma das mãos e me jogou chão a baixo... Fui rodando até quase encostar-me no chão. Foi divertido até. Nunca pensei que passaria tão perto de me esborrachar no chão e sairia rindo.

     — Viram como é? – Falou Brendon.

     — É, eu não só vi como senti.

     Todos riram.

     — Que foi? É assombroso! E divertido! Faz de novo.

     Ele chegou perto de mim para me pegar de novo.

     — Nãããão – soltei um grito enorme – eu tava brincando.

     Todos riram novamente.

     — Brendon, não vai dar pra fazer isso. A gente vai demorar um tempão pra acertar isso quando for gravar, e se a gente acertar. – Falou Rita se queixando da ideia de Brendon.

     — Tá bom. – Falou Brendon com voz de tristeza.

     Eu entrei um pouco, o banco no jardim estava um pouco duro. Sentei-me em minha cama, no meu quarto. Vi Brendon batendo na porta.

     — Posso entrar?

     — Pode sim.

     — E aí?

     — E aí o que?

     — Como foi a experiência de quase se esborrachar no chão?

     — Tensa.

     Ele sorriu.

     — Tensa por quê?

     — Sei lá, só achei meio tenso, a posição que eu fiquei, não foi nada legal.

     — Rs. Tá bom.

     — E a menina lá?

     — Ah, eu acho melhor esquecê-la, eu segui seu conselho e ela nem me deu bola.

   — Hum. Mais isso acontece mesmo, melhor do que ficar guardando seu sentimento pra você – Engoli em seco após terminar a frase.

     — É verdade. E você, tem algum pretendente?

     — É eu tenho sim.

     — E quem é?

     — É... você não conhece.

     — Ah, fala vai.

     — Acho melhor não.

     — Por favor! – Seus olhos brilharam.

     — Você com certeza vai saber depois.

     — Tá bom.

     Fiquei um pouco assustada, ele poderia ter dado outro sentido no meu com certeza, poderia ter desconfiado de minhas palavras, de tentar esconder a pessoa que eu gostava. Será que ele desconfiara de algo? Ou eu consegui dar uma disfarçada. Tudo o que eu sabia, é que ele não poderia saber de nada ainda, pelo menos até ele esquecer a tal garota.