Eu terminei de me arrumar pra finalmente poder ir pra cama. Me perguntava quem eu seria agora sem meu colar. Eu pediria a Bonnie que fizesse um pra mim depois, por enquanto, era melhor ficar tomando chá de verbena mesmo, assim ninguém suspeitaria, e eu não seria compelida.

Coloquei minha escova de dente em cima da pia, e dei um longo suspiro. Então Elijah finalmente estava morto? Era isso? Simples assim? Porque algo dentro de mim gritava que ainda não estava acabado. E ainda tinha aquela mulher, Rose.

Saí do banheiro, pronta pra me jogar na cama, quando me deparei com um pedaço de paraíso na minha frente. Sim, meu ex-cunhado, Damon Salvatore estava à minha frente, sentado na minha cama, com aquele velho sorriso sarcástico, porém que me deixava fascinada.

- Pijama fofo - foi tudo que saiu da boca dele, enquanto eu ainda o encarava meio assustada.

Olhei pra baixo, umedecendo meus lábios, e então o encarei, dizendo num só suspiro:

- Eu estou cansada, Damon.

Ele se levantou e veio andando na minha direção. Tinha algo no olhar dele. Algo diferente, algo terno e suave. Um olhar tão lindo, que se encaixava perfeitamente naqueles belos e profundos olhos azuis.

Então ele ergueu a mão, mostrando um colar pendurado nos dedos.

- Eu trouxe isso. - ele falou, ainda se aproximando. Me boquiabri, observando o colar nas mãos dele.

- Achei que eu tivesse perdido - confessei, sem tirar os olhos do colar. Quando ergui meus olhos, vi que ele deu um leve sorriso de lado, sacudiu a cabeça rapidamente, e piscou o olho esquerdo pra mim. Uma cena que me deixou mais encantada do que eu já estava. - Obrigada.

Ergui minhas mãos, pronta pra agarrar o colar, só que Damon perdeu o sorriso, e desviou a mão. Meu sorriso foi desaparecendo, e eu senti um leve nervosismo subir pela minha garganta.

- Por favor, devolva - eu falei, engolindo discretamente em seco. O que havia de errado com ele? Por que ele não podia me devolver o colar?

- Eu preciso dizer uma coisa - ele falou com dificuldade, se aproximando.

Recuei uns dois passos pra trás, sem poder esconder o medo. Qualquer coisa, se ele por acasso tentasse me compelir para fazer algo que eu não quisesse, eu simplesmente não obedeceria. O chá de verbena que eu havia tomado teria que ajudar.

- Por que dizer segurando meu colar? - perguntei, finalmente ficando parada. Eu tinha que confiar nele. Ele era, de um jeito torto, mas era, meu amigo. Por que não dar uma chance de confiança?

Ele abriu a boca pra falar, desta vez parando de andar, porém a fechou de novo. Parecia procurar as palavras pra falar algo, mas lhe faltava coragem.

- Por que o que eu vou dizer é... - ele engoliu em seco, olhando-me nos olhos. Senti meu coração disparar, e implorei em pensamentos para que ele não o ouvisse. - Provavelmente a coisa mais egoísta que já disse na vida.

Sacudi a cabeça, enquauntoo sussurrava:

- Damon, não faça isso.

Ele se aproximou, e eu recuei de novo, mas aquela confiança inexplicável que eu tinha nele tomou conta de mim de novo, e voltei a me concentrar nos olhos dele, e então ele falou, parecendo novamente com aquele olhar estranho. Culpado. Um olhar culpado.

- Só preciso dizer uma vez. Você só precisa ouvir - ele falou, suavemente. Continuei encarando-o. Daquela vez, eu não iria fugir. Esperei pelas palavras que ele queria me dizer, e quando elas vieram, foram como um choque. - Eu te amo, Elena.

Meu corpo inteiro paralisou. Amava? Ele me amava? Quis falar alguma coisa, que aquilo era loucura, mas não consegui. Aquelas três palavras causaram um impacto na minha cabeça. Minha mente forçava-me a lembrar de Stefan, e de como eu o amava, mas meu coração... Meu coração era só Damon. Estava batendo aceleradamente naquele instante, apenas por causa daquelas três palavras, coisa que nunca havia ocorrido com Stefan, e olhe que ele vivia sussurrando que me amava, e nada, nenhuma dessas palavras jamais havia balançado tanto meu coração quanto as três palavras de Damon.

- E é porque eu te amo... - ele continuou, parecia estar sofrendo por dentro. Eu sabia que aquilo era difícil pra ele. Meus lábios tremeram, e eu voltei a escutar, sem desviar o olhar do dele. - Que... Não posso ser egoísta com você. - senti minha respiração ficar ofegante, e meus olhos foram se enchendo de lágrimas. Eu estava queimando por dentro. Eu queria gritar pra Damon que ele era lindo, e que eu tinha uma atração enorme por ele, mas eu não podia fazer isso. - Você não merece isso. Eu não mereço você. - olhei rapiamente pro chão, já com a visão embargada. Meu coração se apertava, e ao mesmo tempo vibrava de felicidade escutando aquelas palavras. - Mas meu irmão merece.

Novamente Stefan entrava na história. Respirei fundo, e assenti, os meus lábios se tremiam. Damon se aproximou de mim, e eu meio que ergui os lábios. Que se dane, eu queria que ele me beijasse. Não por pena dele, e sim porque eu queria, eu precisava daquilo. De repente, um beijo dele era como se aquilo fosse o que eu precisasse pra continuar respirando. Quase fechei os olhos quando ele se aproximou, e esperei o toque de lábios. Mas nada veio.

E então senti aqueles lábios quentes, e protetores pousarem na minha testa. Uma lágrima escorreu do meu olho, e foi descendo até a minha bochecha, escorrendo. Passei a língua sobre a lágrima, para que ele não percebesse que eu estava chorando. Por que eu não podia ser dele de uma vez por todas? Pella primeira vez, me questionei sobre o porquê de eu ter escolhido Stefan.

Stefan jamais faria aquilo. Jamais diria que Damon me merece. Stefan sempre diz que eu pertenço a ele mesmo. Pela primeira vez, me questionei se havia escolhido o irmão certo. Minha mente me dizia que sim, eu havia escolhido certo. Mas meu coração... Meu coração acelerado pelas palavras, me dizia que eu pertencia a Damon. Que eu o amava, e que eu havia sido feita pra dele.

Ele afastou os lábios de minha testa, me olhando nos olhos novamente. Engoli as lágrimas que queriam vir, e olhei também, com aquela enorme dúvida em minha cabeça.

- Deus, queria que você não tivesse que esquecer isso - ele falou, acariciando meu rosto com o polegar. Fiz uma cara confusa, e o olhei. Não... Ele não poderia me fazer esquecer. Eu me lembraria dessas palavras pra sempre. Graças ao meu chá de verbena. - Mas você precisa. - ele falou, me 'compelindo'. Vi uma lágrima escorrer dos olhos dele, os olhos que estavam fixos nos meus. Fechei os olhos, sentindo uma leve brisa correr pra perto de mim, e quando abri os olhos, ele havia ido. Eu estava sozinha no quarto, com meu colar.

Coloquei a mão sobre meu colar, sabendo que eu jamais esqueceria aquilo. Por pelo menos uma noite, eu queria ser dele. Queria que toda aquela história de Katherine, e Stefan fossem pro inferno. Queria que naquela noite fôssemos apenas Damon e Elena. Apenas nós dois.

Olhei pros lados, esperando que ele reaparecesse e finalmente acabasse com meu sofrimento, me beijando. Eu apenas queria Damon. Por que era tão errado?

Fui andando pra cama, me abraçando com meu urso Ted, novamente com meus pensamentos em Damon. Neste momento ele deveria estar pensando que eu havia esquecido aquelas palavras tão belas e ternas. Mas eu jamais seria capaz de esquecer. As lágrimas quentes foram rolando pelo meu rosto, enquanto eu chorava abertamente abraçada com Ted. Chorei por Damon, chorei por Stefan, chorei por culpa, e também chorei por não poder tê-lo. Por que era tão errado?

Com essas perguntas na cabbeça, finalmente fui adormecendo, e tive uma noite de sonhos com um certo vampiro de olhos azuis. Um sonho no qual nós dois corríamos felizes por um jardim com flores perfumadas. Fora tão belo, que eu queria que tivesse sido real.

FIM.
(vai ter continuação)