Você É Linda escrita por Dark_Hina


Capítulo 1
One Short


Notas iniciais do capítulo

Estava sumida na categoria do CSI, estou voltando aos poucos a escrever songs. Então vamos dar descontos e um apoio a Dark aqui...



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My life is brilliant

Minha vida é brilhante

My love is pure

Meu amor é puro

I saw an angel

Eu vi um anjo

Of that I'm sure

Disso eu estou certo

She smiled me on the subway

Ela sorriu para mim no metrô

She was with another man

Ela estava com outro homem

But I won't lose no sleep on that

Mas eu não vou perder meu sono por isso

'Cause I've got a plan.

Porque eu tenho um plano

Dali de cima era tudo mais simples, ver apenas faces confusas, raras atentas e a maioria desdenhosa. Ele bateu no microfone com o dedo para ver se estava funcionando, um silvo ensurdecedor se fez presente, acordando os dispersos do sono brando em suas poltronas do auditório, os lábios do senhor se curvaram em um discreto sorriso de satisfação.

–Sou Gil Grissom, supervisor do maior laboratório criminalista do país, em Las Vegas. Sou um especialista em entomologia forense, então, por favor, quem tiver nojo ou algum problema com insetos, continue bem atento a esta aula! - Ele riu com suas próprias palavras. -Mudarei muito a opinião de vocês sobre essas fascinantes criaturinhas, não fazem ideia de como são importantes para os mais diversos casos nas mais inimagináveis situações, muitas vezes críticas. Considerem eles suas novas armas secretas, e com certeza eles serão.

Uma mãos se ergueu entre as primeiras cadeiras e expressões desinteressada.

–O que exatamente isso quer dizer? Em que um inseto pode nos ajudar a elucidar casos?

A confortante sensação de não estar falando para as paredes finalmente surgira. Ele desceu os olhos azuis pelo braço esguio levantado, e eles se depararam com um largo rosto quadrado, cabelos presos para trás no que parecia ser um rabo-de-cavalo, uma boca larga e olhos negros questionadores, portadores do que naquele momento parecia ser uma beleza singular, instigante pelas sobrancelhas atentarem uma provocação implícita.

–Obrigada pela pergunta. – Soltou. –Imagine uma enchente, os fatores climáticos são de fato nossos piores inimigos, com a umidade da chuva não se pode saber ao certo a hora da morte de uma pessoa, a temperatura do fígado perde toda a sua credibilidade, fica até difícil determinar o período da decomposição já que a água tem esse efeito desagradável nos corpos - continuou com a voz ponderada, resguardando a satisfação de um sorriso - mas podemos identificar precisamente o dia da morte pela condição das larvar que se procriam dentro dos restos de carne humana.

As palavras soaram mais feias do que ele esperava aos ouvidos dos poucos estudantes atentos. Os olhos azuis voltaram a passear pelas faces enojadas dos alunos, e depois de uma rápida inspeção pelo auditório, voltaram para a morena, ela não lhe olhava com o desprezo merecido e sua mão voltou a erguer.

–E como fazemos isso? Conversamos com ele por telepatia? – O sorriso Grissom cruzou o rosto com o comentário espirituoso.

–Oitocentos anos atrás, em uma vila qualquer houve um assassinato, as únicas armas no local eram as enxadas de trabalho, pediram para cada um dos camponeses levantarem suas pás e como mágica as moscas começaram a voar em direção a uma única, nascia ali a entomologia. – Ele suspirou. – Chame de conversa telepática o que judicialmente será chamado de evidência. É um instinto natural dos insetos, tem padrão e ordem como as impressões digitais ou as estrias de uma bala, é a assinatura de um ciclo de vida que começa depois da morte.

Ela sorriu e ele retribuiu com um aceno de cabeça.

Grissom arrumou as anotações na mesa do microfone e quando voltou seu olhar para a morena ela estava encarando o caderno do amigo ao lado, ele engoliu desgostoso e começou a explicações do clico de vida das moscas varejeiras, o que não demorou tanto quanto gostaria.

A multidão do auditório dissipou-se lentamente, todos estavam sonolentos demais para terem pressa, o que lhe era recíproco, enrolava apático suas enormes linhas de tempo da evolução da pupa.

–Existe uma coisa chamada slide, serve para mostrar imagens também, e é bem mais fácil de se transportar e arrumar. – A voz soou do outro lado do palco, ele virou reconhecendo o tom e deslumbrou-se com a altura da moça, ao seu lado, desestimulando-o a uma concreta alegria, estava o mesmo rapaz com quem ela senta-se durante a palestra.

–Mas não deve ser tão emocionante quanto essas imagens, garanto que essas coisas não dá para pendurar em uma exposição. – ele respondeu se aproximando dos alunos.

–Pensar por essa forma vai desmerecer a emoção de poder apreciar as experiência reais que vamos ver em qualquer exposição.

Ele agora a via melhor, via seu olhos negros e seu sorriso largo, realmente alta - muito mais do que esperava -, mesmo assim não desmerecia sua beleza jovial. Ela estendeu a mão em sua direção e ele logo a aceitou.

–Sara Sidle – Ela disse logo, soltaram as mãos, quem quebrou o contato visual foi Sara direcionando o olhar de Grissom para o rapaz ao seu lado.

O jovem era tão ou mais alto que ela, bronzeado e com esmeraldas brilhosas nos olhos, Grissom estendeu sua mão o cumprimentando com um forte aperto.

–Glauber Otoph.

–Eu e ele estamos aqui para ajudá-los, claro, se quiser nossa ajuda.

–Seria muito bem aceita.

Eles dois foram até os papéis jogados pelo chão do palco, só agora Sara percebia quantos papéis ao longo da palestra foram mostrados, e mesmo assim ela aparentava ter passado tão rápida. E começaram a recolhê-los.

–Aqui doutor Grissom. – ela estendeu os que ela e Glauber tinham pegado e colocou dentro de uma caixa estendendo para Grissom. Ele sorriu em agradecimento.

–Obrigado mesmo.

–Não há de quer. – Ela disse sorrindo.

–Sarinha eu vou indo lá para baixo. – Ele virou para Grissom lhe sorriu. –Foi um prazer doutor.

–O prazer foi meu. - O rapaz virou-se e foi descendo as escadas do palco saindo pela porta lateral do auditório. –Você não vai com ele?

Ela deu de ombros.

–Entendi, estou indo.

–Não, não por mim! Por curiosidade.

–Não, não, acho que ele vai querer um tempo com a namorada.

Ele riu debochado, não sabia o que pensar no momento ou onde enfiar a cara.

–Então, o que te fez ser tão prestativa na palestra?

–Fora principalmente minha simpatia por essas coisinhas asquerosas? – Ela disse sorrindo, o ar brincalhão contagiou Grissom. –É interessante.

–Então, está fazendo o que?

–Física.

–Pretende o que?

Os ombros voltaram a se mexer.

–Não tenho tantas perspectivas. – Ela disse sem graça.

Os dois começaram a se entreolhar. Grissom sentiu o peso da caixa em sua mão, não queria sair de lá, mas não podia fazer bulhufas. Ele acenou com a cabeça refletindo o que faria.

–Me procure na biblioteca ou na sala dos professores, vou gostar muito de lhe dar uma nota extra se fizer um trabalho sobre a palestra hoje.

O sorriso largo dela atravessou o rosto, deixando à mostra os dentes separados, ele mesmo riu daquele sorriso, era contagia, belo. Atreveu-se a pensar que era igual a dona.



You're beautiful, it's true

Você é linda, é verdade

I saw your face in a crowded place

Eu vi o seu rosto no local lotado

And I don't know what to do

E eu não sei o que fazer

'Cause I'll never be with you

Porque eu nunca vou estar com você

A coxinha passava de um lado para outro em sua boca, mastigava, deixava por estar, sua boca salivava, mas sua garganta a rejeitava, por fim pegou um guardanapo e cuspiu a massa nele, o amassando em uma bola e envolvendo outro por cima. Como eram gordurosos e repulsivos aqueles salgados de universidade.

Ele não entendeu porque estava comendo aquilo, pegou o copo de refrigerante e levou aos lábios sentindo o gás descer rasgando por sua garganta. Céus que comida ruim era aquela?

Uma sonora gargalhada soou atrás dele, assustado virou-se para trás vendo a garota do dia anterior. Ele exalou forçando o sorriso, aquilo tinha sido deveras constrangedor.

–Oi. – Ele finalmente disse.

Ela sentou-se ao seu lado em outra cadeira jogando a bolsa sobre a mesa.

–Pensei que ia te encontrar na biblioteca ou na sala dos professores. – Ela abaixo o olhar para o que ele comia. -Não deveria comer a comida da cantina a esse horário, só tem coisas dormidas. – Ele curvou a boca em reprovação, percebera isso nos lábios e só agora depois de saborear horrendamente metade da coxinha alguém lhe tinha a piedade de informar.

–Percebi. – Disse ele secamente, forçando-se a beber o refrigerante. –O que está fazendo aqui? Não era para estar em aula?

–Não exatamente, é uma longa história, então vi procurá-lo. – Ela abriu a bolsa sobre a mesa e começou a tirar de dentro os cadernos, até que finalmente dentro de um encontrou as folhas do trabalho, jogando-as do lado de Grissom, com aquele sorriso largo que deixava sua arca dentária à mostra.

–Você fez! – Ele disse surpreso, arqueando as sobrancelhas, foi à desculpa perfeita para deixar o copo sobre a mesa, ele tratou logo de ocupar suas mãos com as folhas.

–Fiz... – Ela olhou fixamente para o semblante surpreso do professor, engoliu a seco. –Você não vai me dar à nota, não é? – Perguntou sentindo a animação esvair de si.

–Claro que sim. – Ela tirou os olhos do papel para ela, forçando um sorriso. –Não deixaria você fazer isso a toa. – Ele repensou nas suas palavras. –Claro que não foi má atitude você pesquisar isso, quem sabe se suas perspectivas aumentarem e você se interessar pela perícia?

Sara exalou, perícia, aquilo tinha uma sonoridade tão familiar com polícia. Sentiu um frio lhe subir pela espinha, engoliu a seco. Seus olhos desceram e seu sorriso se desfez, maldosas associações de sua mente perturbada por lembranças.

–Quem sabe? – Ela disse seca jogando suas coisas novamente dentro da bolsa, fechando e levantando-se.

O cenho de Grissom franziu, as atitudes da garota foram inesperadas. Ela deixou um baixo “Tchau” no ar e saiu de perto dele, como um diabo fugindo da cruz. Grissom encarou o papel em suas mãos. Tinha sido algo que ele havia falado para afugentá-la daquela maneira?

Ele coçou a nuca inquieto. Estava sentindo muito em silêncio por uma coisa que nem sabia o que era, sentia-se culpado por tê-la feio ir embora.

Aquela garota parecia diferente, e ele queria entender porque, ela estava lá como qualquer outro aluno, mas tinha se mostrado fascinante para ele, aquele jeito presunçoso e confiante, o sorriso contagiante... Ele só podia entender como ela era interessante se passasse mais tempo com ela, coisa que aparentemente não iria conseguir tão fácil.

Yes, she caught my eye

Sim, ela chamou minha atenção

As we walked on by

Quando passamos pelo outro

She could see from my face that I was

Se poderia ver em minha face como eu estava

Flying high

Voando alto

And I don't think that I'll see her again,

E eu não acho que não irei vê-la de novo

But we shared a moment that will last till the end.

Mas nós compartilhamos um momento que durará até o fim.

A semana passou que ele nem sentiu, não a viu desde aquele dia na cantina, ela não viu as últimas três palestras, para piorar no raiar do dia seguinte estaria em uma confortável cadeira de avião com o incômodo pensamento de não ter se despedido da garota.

Ele caminhava distraído pelos corredores da universidade, à procurada do mural de notas dos professores, não tinha visto na sala dos mestres muito menos teve disposição de perguntar a algum de lá. Estava completamente focado no nada enquanto caminha encarando seus próprios pés. Aquela falta de atenção com certeza lhe trouxe conseqüências, quando deu por si estava no chão com alguém em cima dele.

A pessoa se ergueu para o lado, deixando seu corpo cair no chão, ele sentou-se com as costas doendo e viu de lado a garota com uma feição azeda.

–Aonde ia com tanta pressa? – Perguntou-lhe fazendo força para se levantar.

Ela tateou pela calça jeans até o bolso esquerdo e tirou dele um pen drive, mostrando-o como resposta.

Depois de em pé, Grissom estendeu a mão para a garota, ajudando-a a levantar-se.

–Me desculpe. – Ela disse batendo as mãos na roupa para tirar qualquer poeira do chão, e colocou o pen drive no bolso.

–Não se desculpe, está tudo bem. – Ele viu que a pressa desapareça da garota que lhe encarava vagamente. –Não me procurou mais.

–Não queria atrapalhá-lo.

–Não era nem ao menos incômodo. Confesso que fiquei decepcionado, seu trabalho ficou maravilhoso, e mesmo assim não apareceu nas últimas palestras.

–Estava fazendo reposição, eu realmente queria ter ido.

–Irá hoje? Será minha última palestra.

–Vou tentar, garanto. – Grissom percebeu o tom condescendente da garota, não insistiu naquilo, cerrando os dedos. Foi quando percebeu que suas mãos, outrora portadoras da folhas do trabalho da garota, estavam no momento vazias.

Ele olhou ao redor do chão e percebeu que ela estava pisando em cima.

–Você costuma pisar em tudo mesmo, não é? – Ele disse debochado, encarando os pés dela. Ele seguiu a linha dos olhos azuis e viu que estava sobre páginas. Pedindo mil e uma desculpas saiu de cima das folhas, retirou-as do chão e entregou nas mãos no professor. –Não peça desculpa a mim, mas você mesma, essa é o seu trabalho com a nota extra. - Ela arregalou os olhos e riu.

–Obrigada. – Ela percebeu que só havia isso a ser dito.

Sorriu para o professor, e cedendo a seu instinto abraçou-o ternamente lhe sorrindo, Grissom sem jeito retribuiu ao abraço. Foram apenas alguns segundos que os corpos ficaram juntos, o suficiente para o constrangimento do professor. Ela se voltou e acenou com a mão para ele, voltando a correr para longe.

Mais uma vez ela se afastava dele sem ele ter chance de ter uma conversa decente. Raios, nem ao menos lhe pergunta onde colocava sua nota extra ele conseguiu...

Grissom suspirou, por aquela pressa toda duvidava que ela fosse a sua última palestra, duvidava até que a visse antes de ir embora.

You're beautiful, it's true

Você é linda, é verdade

There must be an angel with a smile on her face

Deve ter um anjo com um sorriso em no rosto

When she thought up that I should be with you

Quando pensou que eu deveria estar com você

But it's time to face the truth,

Mas é hora de encarar a verdade

I will never be with you.

Eu nunca vou estar com você.

Os olhos azuis emitiam um brilho especial quando fitavam a morena, tinha um sorriso enigmático no rosto e se resumia em deixar as resposta curtas e claras. Algo vibrava dentro de si lhe dando seguidas injeções de adrenalina desde que aquele jantar começara. Afinal de contas, eles estavam se revendo.

–Eu estou feliz por você ter vindo. – Ele disse sorriso.

Ela arqueou a sobrancelha com um sorriso. Claro que está.

–Que bom, porque eu também estou gostando.

–Você vai ficar? - Ele moderou o sorriso levando a taça de vinho aos lábios.

–Então, o convite foi sério? Você me quer mesmo aqui por perto?

–Você sabe que sim.

Os dois não controlaram a risada, gargalharam baixo na medida do possível para não atrair os olhares das outras mesas.

–Então, Sara Sidle, qual é a emoção de estar em Vegas? De ser perita? – Os saudosos dentes separados da morena apareceram. Ela colocou um de seus cachos negros, que caia em sua face atrás da orelha e bebericou seu vinho.

–Bom, até agora não vi nada demais, nada que a conferência de ciência forense não tivesse. - Imediatamente ele parou de cortar o pedaço do bife.

–Dê uma chance para a cidade, não importa o que aconteça de dia, as noites por aqui são sempre animadas.

Ela coçou a garganta com aquele jeito presunçoso.

–E falou Gil Grissom.

Ele revirou os olhos. O que aquilo queria dizer?

–Isso foi uma observação, por assim dizer.

–Claro que foi, você sempre observador, Grissom. - Ela voltou a esboçar um sorriso que logo foi retirado da face, e os dois entraram em um silêncio tenso.

Apenas mastigaram suas comidas até o final do jantar, nada que surpreendesse Sara ou que parecesse fora do comum para Grissom, claro que não era fora do comum para ele, por que seria?

Sara exalou fundo quando a conta chegou, ela pegou sua bolsa quadrada preta que estavam na quina da cadeira e a abriu.

–Não, eu pago. – Ele disse prontamente.

Ela forçou um sorriso.

–Não Grissom, se você pagar você vai ter assumido o compromisso que esse jantar foi por sua causa.

–Não. - Corrigiu ele. - Eu vou ser um cavalheiro.

–Isso é para playboys riquinhos. – Ele franziu o cenho. -Por favor, Gil.

Ele assentiu contra sua vontade.

–Então, por que exatamente você veio? - Ela exalou retirando a carteira da bolsa.

–Porque você me pediu.

–Só por isso?

–Você queria mais o que?

Ele deu de ombros.

Sara exalou examinando a ação de Grissom, como sempre nenhum, ela queria profundamente entendê-lo. Mas era sempre assim, ele lhe desconcertava, não queria ficar perto dele, muito menos sair de lá. Aquele jeito estranho de puxar conversa e dizer coisas com meios contextos.

Sara colocou o dinheiro dentro da conta, e sorriu para Grissom ao se levantar.

–Não quer que eu te leve? – Ela balançou a cabeça.

–Eu estou bem.

Ele encarou de novo aqueles olhos azuis, ela circundou a mesa até ele, e inclinando-se para frente para lhe beijar a testa.

Grissom quis abraça-lhe pela cintura fina, puxá-la para si, mas seus braços nem fizeram menção em se mover, Sara percebeu isso se erguendo em pé de volta, forçou um sorriso amarelado para Grissom. Seria sempre assim, ela já deveria se acostumar.

Ela foi embora sentindo os olhos de Grissom acompanharem suas costas, Grissom se mal disse em pensamento, ela fora embora novamente.


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