Gun Desperado escrita por cyrusraven


Capítulo 1
Capítulo 1 - Que entrem os jogadores!


Notas iniciais do capítulo

Gente, boa leitura, espero que gostem!



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Solitário, ele caminhou pelos maiores desertos e pelas maiores florestas, em busca de algo. Sempre ele procurava, nunca ele encontrava. Sozinho, depois de não encontrar o que ele queria, ele partia para o próximo local. “Talvez na próxima parada eu ache.”, pensava. Seus cabelos brancos iam se desarrumando. Sua roupa de viajante, se desgastando. E suas armas... ficando mais e mais gastas com o decorrer do tempo. Não era à toa, tantos inimigos, tantas adversidades, que mal tinha tempo para poder parar e afiar ou reparar seu equipamento. Até que um dia ele achou encontrar aquele algo que tanto lhe faltava.

 

- Ora, ora, um pobre viajante perdido... não sabes onde é o seu caminho? – Perguntara uma voz nada familiar, meio acabada pelo tempo, tinha ele, o viajante, a certeza de que parecia apenas uma senhora, apesar de sentir um arrepio estranho na nuca.

 

- Er... talvez, sabe para onde fica a cidade mais próxima? Estou ficando sem suprimentos e preciso reabastecer. – Respondeu educadamente, por debaixo da capa que cobria metade do seu rosto, deixando seu cabelo prateado e espetado à mostra em conjunto com seus olhos que antes eram de um tom vermelho poderoso, mas que com o tempo haviam perdido tal brilho.

 

- Simples, meu rapaz... – Começou a senhora. – Se procuras uma cidade, para o oeste que deves ir! Porém...

 

- Porém...? – Indagou o rapaz, curioso.

 

- Porém, é uma viagem longa que deves enfrentar... pelo menos três dias de viagem. – Explicou a velha. – Eu tenho uma cabana perto daqui, podes descansar se quiseres.

 

- Não me parece muito... – O jovem virou para si, pensativo, até que voltou-se para a anciã com uma resposta. – Ainda tenho o bastante para esse tempo. Só vai ser um pouco mais custoso para mim. E, mesmo assim, eu ainda tenho uma quantidade boa de peças de ouro comigo. Então... – O rapaz seguiu para o oeste, ignorando a oferta e ultrapassando a senhora. – Oeste, não é? Obrigado.

 

Verdade que suas costas pesavam, seus pés queriam cair e seu espírito, mesmo relutante e solitário, clamava por companhia. Mas, uma coisa aquele viajante aprendeu logo no começo de sua andança: se um estranho lhe oferece uma cama de graça, nunca confie, ainda mais numa floresta conhecida por ser ambiente de muitas histórias macabras, mesmo que contado por loucos e mendigos.

 

A noite caía, pouco a pouco, então o jovem finalmente pegou alguns galhos secos e os arrumou numa fogueira, sempre mantendo alguns galhos como reserva, caso o fogo morresse. Sentado perto do fogo, o silêncio pairava no ar, um silêncio pesado e mórbido: não havia barulho de animais, animais de nenhuma espécie. Ele nem ligava, sua mão segurava firme na sua espada bastarda, o mais recente item no seu inventário de guerra. Seus olhos repousavam focados na fogueira, economizando o máximo de energia para qualquer coisa.

 

Até que, quando menos se esperava. Sombras pularam em sua direção: pelos flancos, pela frente e por trás... ele estava totalmente cercado, exceto por cima. Mesmo assim, seus olhos despertaram, seus músculos se irrigaram de sangue, e ele deu o seu primeiro passo, investindo no primeiro inimigo que ele viu com um golpe, dividindo-o em dois num corte diagonal com a espada bastarda, seu último item afiado o bastante para causar tal dano.

 

O cadáver se desfez em poeira, como num passe de mágica, e mesmo assim seus companheiros não se importaram, mantendo os olhos no alvo deles, o viajante. O rapaz, por sua vez, lançou sua capa de viagem ao ar, deixando-se mais livre para movimentar, mostrando seu físico apto para o combate... pronto para atacar, sem nenhum ressentimento ou remorso.

 

- Se me querem, podem vir... – Começou ele, sua voz totalmente diferente da voz dita à tarde. Até parecia mais rude. – Mas que tal se você aparecesse, caro irmão mais velho. Ou deveria te chamar de... – Com sua pausa, ele olhou para um ponto vazio, como se esperasse que fosse sair algo de lá. – Violent Velvet?

 

            Algo começou a se materializar num galho de árvore, primeiro ossos, depois vasos... músculos, pele e por fim uma roupa, de um tecido suave, que parecia ser muito confortável no corpo. Era uma pessoa, um rapaz, da mesma idade aparente que o primeiro jovem, ambos aparentando uns vinte anos, com uma aparência relaxada e descansada, ao contrário do seu irmão, que estava cansado e sempre tinha a barba mal feita. Uma venda tapava os olhos do mesmo, mas o viajante sabia que o seu irmão o olhava por trás dela.

 

- Há quanto tempo, não é mesmo, Gun? – Perguntou Velvet, sorrindo maliciosamente. – Soube que você estava procurando por mim, o que quer de mim? Eu não queria ser interrompido, ainda mais agora que eu estou tão perto do que eu procuro...

 

- ... sei. Ainda nessa busca maluca de imortalidade, não é? – Gun olhava para o irmão, com uma certa pena no coração, mas pura raiva nos olhos. – Por que não deixa isso de lado, Libre... digo, Violent?

 

            Violent ficou mudo por um tempo. Até que deu de ombros, olhando para o céu e logo após virando para Gun, pronto para dar a resposta.

 

- E eu pensando que talvez você quisesse se unir a mim, que pena, não? Bem, eu tenho mais o que fazer, OK, Gun? – Disse ele, enquanto se desfazia nas sombras novamente... – Se você sair dessa floresta inteiro, pense no que eu disse, pois eu tenho certeza que você vai adorar estar junto de mim quando eu conseguir... até mais!

 

            Violent desapareceu, mas deixou seus capangas para Gun, sedentos pelo sangue do viajante. Para o rapaz, não daria muito trabalho lidar com aqueles três monstros negros disformes, com lâminas no lugares das mãos, e um grunhido assustador e intimidador.

 

- “Se você sair dessa floresta inteiro, blá, blá, blá...” – Repetiu Gun, num tom de desdém. – Até parece que precisa se preocupar em me lembrar de ir atrás de você, irmão... – Suas pernas avançaram, e sua mão segurou firme na espada, pronto para aniquilar seus atuais adversários. – ... pois eu vou até o inferno se eu precisar fazer você largar disso e pagar pelo que fez, VIOLENT!

 

            Cheio de coragem, o viajante começou seu duelo contra os monstros, as lâminas dançavam na noite, reluzindo à luz da fogueira, também, era a única coisa que se via nitidamente naquela escuridão além do próprio Gun. E, finalmente, sua espada encontrou um dos inimigos num movimento ascendente, lançando o alvo do guerreiro para o alto.

 

            Gun acompanhou a trajetória do inimigo atordoado e surpreso num poderoso salto para além das copas das árvores. Ele já sabia o que fazer, pois uma arma daquelas na sua mão era como um poeta declamando os mais belos (e violentos) versos. Quando ficou paralelo com o alvo, ele começou a golpeá-lo impiedosamente e freneticamente, estraçalhando-o e eviscerando-o. Mesmo naquela escuridão longe do fogo quente, dava para se saber que um grande pedaço de carne era fatiado naquele momento. A espada de Gun fazia o distinto som da carne sendo dividida em milhares de pedaços que, para um hábil espadachim, nada mais era do que fazer arte.

 

            Finalizada a sua obra, o guerreiro segurou sua segunda vítima e a lançou nos dois outros que subiam para um combate aéreo, enquanto Gun descia para o encontro deles. A poeira feita pela carcaça do segundo não impediu os outros dois, mas deu uma chance para Gun ter a surpresa a seu favor e, fazendo uso disso, cravar a espada na possível cabeça da criatura, prendendo-a no chão e a transformando lentamente em poeira, enquanto a futura quarta vítima não chegava.

 

- Ora essa, me dá um tempo, OK? – Disse Gun, soltando sua espada do chão e esquivando do ataque iminente do monstro, que agora o fitava, aguardando o próximo ataque do viajante. – Já sabemos que você vai desaparecer como todos os outros, não dava pra você sumir logo, não? Economizaria tempo, sabe?

 

            Como era de se esperar, o monstro não deu ouvidos, avançando para uma investida impaciente e desesperada, esperando acabar de uma vez por todas com aquele duelo breve. Suspirando e balançando a cabeça em um sinal de negação, Gun decidiu se divertir um pouco, ele inverteu a espada, pondo a lâmina para trás e o cabo para frente, enquanto descuidadamente posava com a outra mão na cintura. No último momento, mais um festival dava início... Gun atingira o monstro no queixo com a extremidade do cabo, paralisando-o.

 

            Seu sorriso psicótico pouco visto pelos inimigos finalmente aparecera, enquanto ele mostrava um certo sadismo, golpeando o oponente em uma seqüência breve usando o mesmo cabo da espada, primeiro no rosto (onde ficaria o olho), depois na barriga, seguido de um chute violento frontal que lançou a vítima de costas na árvore. Seus olhos mantinham-se firmes no monstro, enquanto dava passos curtos em direção ao mesmo. O monstro levantava lentamente, enquanto os passos de Gun aceleravam, escalando para uma corrida alucinada.

 

            Quando o monstro finalmente recuperou-se, o golpe de misericórdia havia chegado: um soco, um soco brutal, aplicado contra a cabeça do demônio, esmagando-a contra a árvore. Tal brutalidade não havia tamanho, não parando o soco somente na árvore, mas praticamente arrancando a metade da planta oposta ao local de impacto e fazendo o som ser ouvido por toda a floresta, como se um trovão tivesse caído ali.

 

            Inicialmente, o viajante não se moveu, fitando o chão, sua respiração acelerada e a excitação no limite. Ele era um tremendo fã de combates, e isso só se confirmava mais ainda quando era ele que estava numa luta. Apesar de nunca gostar de lutar para machucar, sempre estava em alguma espécie de duelo, sempre com esportividade, sempre com cavalheirismo. Mas, mesmo assim, aqueles não eram oponentes que se importariam com a rudeza e a brutalidade, eram o que eles mais queriam, além da vida de Gun.

 

            Com a excitação percorrendo o seu corpo, Gun caíra sentado, rindo para si mesmo e lembrando de uma de suas introduções dadas antes de um duelo acalorado com um cavaleiro.

 

“Meu nome? Gun Desperado... O que eu faço da vida? Viajar... se é em busca de algo, não te importa. O que importa é que você está do lado errado da minha espada... e aí, podemos nos divertir?”


            E assim ele gargalhou até o último segundo, lembrando do papelão que havia pagado perante o cavaleiro e centenas de pessoas que haviam assistido ao duelo, até adormecer diante da fogueira, com suas esperanças renovadas quanto a chance de encontrar o seu irmão Violent Velvet.


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Notas finais do capítulo

Todo review é bem vindo, viu? Principalmente se for para criticar construtivamente.



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