Dont Look Back In Anger escrita por ladyofcamellias


Capítulo 11
Capítulo 11- Expectations


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei e tals... maaaaaas esse é o maior capítulo da fic, então, respeitem-no, ok? E muuuuita coisa vai acontecer MUAHAHAHA só... aff, é só vcs lerem que vão saber u.u



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POV Annabeth

Nico ainda estava com os cabelos molhados, apesar de ter trocado de roupa, quando se sentou a minha frente no chão da sala. Pôs uma xícara com chocolate quente em minhas mãos, e ficou lá, agachado no chão, estudando-me cuidadosamente com aqueles olhos grandes e negros, da mesma maneira que fizera hoje mais cedo. Como se eu fosse um tremendo problema matemático sem aparente solução.

Eu pingava da cabeça aos pés. Havíamos vindo para o pequeno apartamento que ele tinha no Queens, na Scooter de Nico, e os capacetes não haviam sido o suficiente para reter a água da chuva que caía com força desde as seis da tarde, mais ou menos o horário em que saímos da detenção. Isso é claro, depois da nossa longa e amável conversa com a diretora.

A mãe de Percy, agora nova psicóloga da escola, Sally Jackson, até que fora bem legal com a gente. Fizera um longo e cansativo discurso sobre “entender o quão difícil é essa fase da vida” e “como nossos hormônios estavam a flor da pele” e blá blá blá. Não que ela entendesse realmente, mas acho que dizer esse tipo de coisa faz parte do trabalho dela. Ela é paga pra isso, certo? E paga também para ligar para os nossos pais e contar sobre o ocorrido.

A primeira a receber o telefonema fora Maria Di Ângelo, que por sinal, estava cagando e andando pro que acontecia ou deixava de acontecer na Goode High School. Mesmo que isso envolvesse seu filho caçula.

Mais tarde, em meio a trovoadas, motoristas de taxi estressados e grossas gotas de chuva, Nico me explicara que sua mãe não gostava muito dele. Como ela reagira quando ele tivera que ir para a Califórnia morar com ela por causa do pai na reabilitação e como a primeira coisa que fizera ao chegar à Nova York fora comprar um apartamento para ele num prédio decadente qualquer, só para não terem que morar juntos. Mesmo que não fosse culpa dele parecer tanto com o pai ou não ser tão perfeito quanto à irmã mais velha que fora aceita por antecipação na Columbia.

Eu ficara completamente sem reação, quando, logo em seguida, Sally começou a discar os números da minha casa. Poderia ter pulado em cima do telefone e começado a gritar feito uma louca, mas só pioraria as coisas. Só adiaria o inevitável. Queria ter saído correndo da sala pequena e sufocante, mas Nico puxou meu pulso e apertou-o com força, em quanto ambos escutávamos o desenrolar da mesma conversa repetida anteriormente.

Em seguida, ao sentirmos a porta bater atrás de nós e sermos liberados para irmos para as nossas devidas casas, foi que eu senti. Um pânico crescente que ficara enterrado bem fundo, desde que Thalia gritara as tais malditas palavras, tomar conta de mim. Era como se eu já não tivesse mais controle sobre mim mesma. Então eu corri.

Corri com todas as forças que me restavam. Corri como se não fosse haver outro dia. Corri como se assim eu pudesse fugir dessa vida.

Mas tive que parar no estacionamento, para recuperar o fôlego, tentar respirar regularmente e organizar meus pensamentos. Nico veio logo atrás de mim, já todo molhado. Eu nem havia me dado conta da chuva grossa que caía do céu.

E, bem ali, no meio do estacionamento vazio da Goode High School, com as mãos sobre os joelhos, com a respiração ofegante e toda molhada foi que eu me dei conta. Eu me dei conta de que eu não aguentava mais. Foi que eu me dei conta de que eu não podia voltar pra casa.

Quando Nico parou à minha frente, confuso, perguntando qual era o problema, eu cheguei ao meu limite. As lágrimas rolaram com tamanha naturalidade que se misturavam as gotas de chuva caindo com força do céu. E bastou ele me abraçar com força pra eu soltar tudo.

Não fora como com Percy, que as palavras saíam com naturalidade enquanto as lembranças da minha mãe chegavam sem aviso prévio. Era algo forçado e cada palavra que eu dizia em meio ao choro ardia na garganta e demorava a sair com clareza. Porque falar do passado se tornara algo automático, depois de tanto tempo de treino. Mas falar do presente fazia a garganta arder e as palavras saírem turvas.

Eu não sei como Nico conseguira tomar o controle da situação, mas ele praticamente me carregara até a moto e pusera o capacete em mim, dizendo, com uma voz calma que nunca o vira usar antes, que tudo ficaria bem e que eu não precisava ir pra casa hoje. E que ele ia cuidar de mim.

E cá estou eu. Ainda encharcada, soluçando como uma louca e tremendo de frio. Era assim que eu me sentia. Meio louca, meio delinquente. Como se eu estivesse errada o tempo todo, o que acontecera nas palavras de Thalia fosse verdade e todos os dedos e todas as pessoas rindo e apontando pra mim tivessem razão.

Por que àquele momento soava tão errado? Por que estar com Nico não parecia natural? Por que, apesar da maré ter baixado, eu ainda sentia aquele desespero sufocante, uma raiva sem motivo e um pânico crescente?

Eu podia sentir as lágrimas subindo de novo e as mãos tremendo com mais forças. Nico era só uma forma borrada diante dos meus olhos, mas eu consegui ver quando ele se levantou do chão e sentou do meu lado, abraçando-me e consolando-me pela milésima vez no dia.

Afundei minha cabeça em seu ombro e inspirei com força, sentindo o cheiro intenso que exalava da camisa escura que ele usava. Era meio amadeirado, de um jeito amargo, ao mesmo tempo em que doce. E quente. Eu esperava, no meio de toda aquela confusão, pelo menos isso soasse certo. Mas não.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi o mar da baía de São Francisco, que nas tardes de verão, batia fraco no píer. E o cheiro salgado e ainda acolhedor de casa.

Quando saí do enterro da minha mãe, a primeira coisa que fizera fosse correr, até mesmo com mais intensidade do que fizera hoje. Corri completamente sem rumo, embora conhecesse aquela cidade com a palma da minha mão, durante horas. Até parar no píer e ficar lá, sentada, colocando para fora todas as lágrimas que não pudera pôr na frente de todos aqueles parentes desconhecidos dizendo que “sentiam muito”.

A segunda coisa que me bateu foi o cheiro à que a água salgada me remetia.

Se fosse Percy no lugar de Nico, agora, provavelmente ele ainda estaria olhando pra minha cara, com as sobrancelhas franzidas, confuso, sem entender muito coisa. E quando ele me abraçasse eu me sentiria na última página de um conto de fadas, bem na parte do “e eles viveram felizes para sempre”.

Mas com Nico, era tudo diferente. Eu tive a mesma sensação de quando o beijei na sala vazia de Espanhol. Como se eu estivesse no meio de uma tempestade, afogando-me no mar revolto e, subitamente, ele aparecesse lá, com um bote salva-vidas e uma mão estendida. E eu aceitaria mesmo se quisesse morrer, porque tudo pareceria confuso e embaçado demais.

Afastei-me dele, ainda que um pouco relutante. Nico olhava-me olho no olho e com sua mão direita, enxugava o resto das lágrimas frias que deixara cair.

_ O chocolate vai esfriar. _ eu tentei dizer com a melhor voz possível, embora mesmo assim tenha soado embargada.

_ Não tem problema _ ele respondeu se levantando e pegando a caneca em cima da mesa. Segui-o até a pequena cozinha e observei encostada no batente da porta, enquanto depositava o resto conteúdo, já frio, da caneca na pia.

_ Deve ser meio solitário morar aqui, sozinho...

_ A gente se acostuma a ficar sozinho, Annabeth...

_ Você quer dizer só “ficar sozinho” ou “ficar solitário”?

Nico virou-se para mim, parecendo um pouco surpreso. Pra falar a verdade, eu mesma estava surpresa com a minha própria pergunta. Ela apenas viera até mim e escapara, escorrera de minhas mãos.

Dizem que, para manter um pedaço de mercúrio sólido, por menor que seja, em mãos, deve-se mantê-las abertas. E que, quando fechadas, ele escapa. Talvez o mesmo tivesse acontecido em relação à minha pergunta. Eu conhecia superficialmente Nico, sabia de sua história, e enquanto continuássemos assim, estaria tudo bem. Mas, caso fizesse um pouquinho de pressão e tentasse conhecê-lo mais a fundo, ele escaparia.

Foi isso que eu senti quando ele olhou pra mim. Eu passara o dia todo com Nico e não notara que ele parecia meio abatido, bem mais do que no dia em que fizera o “pedido de namoro” e a novela toda começara a se desenrolar. Notei as bolsas escuras embaixo dos olhos e o sorriso paralisado no rosto. Ele passara o dia inteiro me consolando e eu ao menos notara que talvez ele estivesse tão mal quanto eu.

Tive que ficar na ponta dos pés para abraçá-lo e enfiar o rosto na curva de seu pescoço. Ele me abraçou de volta, ainda que de leve, quando eu sussurrei um pedido de desculpas e que não precisava responder.

Mas ele apenas se afastou e sorriu, e quanto se aproximou de novo, apenas encostou seus lábios nos meus, bem de leve. Não tínhamos a mesma urgência de hoje mais cedo. Era como se tivéssemos todo o tempo do mundo.

_ Eu não fico solitário quando você está por perto _ ele sussurrou de volta, pra logo em seguida voltar a me beijar.

 E eu cedi. Não era como se eu me sentisse boba, ou inocente, ou infantil. Ainda havia as vozes e os olhares acusadores em volta de mim, duplamente mais intensos. Foi só que eu os ignorei completamente quando Nico tirou a minha blusa e me deitou na cama, enquanto eu puxava seus cabelos com força e não o deixava se afastar de mim nem mesmo para respirar.

Não era como se eu fosse virgem nem nada. Perdera a virgindade há mais ou menos um ano, quando ainda namorava Luke. Havia o medo, não só da primeira vez, mas também de todas as outras. Havia a pequena parcela de culpa que não escorrera pra fora nem mesmo com todas as lágrimas que eu já permitira sair. E havia o cheiro. O cheiro de maresia, que por mais que estivéssemos há quilômetros de qualquer oceano, era forte a meu ver.

POV Percy

Eu me sentia um pouco como Rachel, ali, parado, em frente à janela do sótão, esperando ansiosamente pela chegada de Annabeth.

Não que eu esperasse que ela saísse do carro e acenasse para mim, sorrindo, e me convidasse para uma xícara de chá ou qualquer coisa assim. Ou que eu quisesse ver o pai dela abrindo a porta da frente, rugindo como um leão e dando a maior bronca que ela já levara na vida.

Havia só uma expectativa enorme de somente vê-la, por mais longe que eu estivesse. Vê-la e poder acreditar que nada daquela confusão havia acontecido e que eu acreditaria na sua palavra mais que tudo nesse mundo e poder ignorar qualquer boato de qualquer imbecil que surgisse naquela escola.

Talvez eu devesse estar sentado no sofá da sala, ao lado da minha mãe, esperando pela ligação de Rachel. Ela saíra de minha casa chorando, aos gritos, praticamente arrastada pelo pai. Eu não pudera fazer nada quando ela fora jogada com toda brutalidade possível dentro do carro luxuoso que seu pai dirigia.

Só que eu não sentira culpa e continuava não sentindo. O mínimo que eu deveria fazer seria atender ao telefone no primeiro toque, quando ela ligasse, e parecer pelo menos um pouquinho preocupado. Mas nem por isso eu sentia culpa.

Relutante, desci as escadas, quando minha mãe me gritou.

Ela parecia estática no sofá, com o telefone em mãos, encarando-o fixamente. Por mais que não parecesse ter chorado nem nada, tinha aquela cara de quem tomou um soco no estômago e não gostou nem um pouco.

_ Mãe, está tudo bem?

_ Ah Percy _ ela pareceu acordar do transe _, eu sinto tanto...

_ Mãe, o que aconteceu?

Sally apenas deu aquele sorrisinho leve e segurou minhas mãos, apertando-as contra as suas e largando o telefone ao seu lado. Eu tentei sorrir também, mas pela primeira vez, me dei conta do quão grave era à situação de Rachel, a ponto de sentir uma pena aguda dela.

_ Era a Rachel. Bom, você sabe do ocorrido...

_ Pode falar.

_ As coisas com o pai dela não estão nada bem. _ ela respirou fundo antes de continuar_ Ele pretende, assim que terminar o semestre, transferi-la para um colégio interno fora do país.


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Notas finais do capítulo

Qual bafo foi mais bafônico: a Annabeth com o Nico ou a mudança de colégio da Rachel no fim do semestre? Contem-me nos reviews u.u
Falando neles, o número foi maior, tipo uns quatro à mais, do que no capítulo anterior. Mas nem todos os leitores ainda comentam, e isso me deixa extremamente chateada. O importante é que, os que veem, vem com tudo. Eu queria apertar as bochechas de todos vocês, sério.
E, sobre o "momento" Nicabeth, eu já tinha falado que ia ser assim mesmo, e que fazia parte da história, e que era só consequência do "namoro" deles. Só pra reforçar.
Como sempre, tô eu aqui falando demais kkkkkkkkk. Já disse e repito: quero encontrar vocês na caixinha sexy ali embaixo u.u
Beeeeeeeeijos