-Hey Manu, bom dia! – eu disse entrando no quarto e colocando o café da manha dela sobre a mesa – Manu? Acorda, são 9:00 da manha e hoje você já tem seu primeiro dia na fisioterapia!

-Não, por favor, me deixa dormir! – ela disse resmungando e colocando a cabeça embaixo do travesseiro.

-Shawty, não faz assim! – eu disse enquanto beijava o pescoço dela, o ombro.

-Para Justin, assim é jogar sujo também! – ela tirou o travesseiro do rosto com cara de brava e eu ri.

-É o único jeito! Ou você quer que eu chegue aqui, sem te acordar nem nada, te pegue no colo, te coloque na cadeira e te leve embora? Hm... acho que vou te raptar qualquer dia desses! – eu disse sério e ela me encarou.

-Não quer me raptar hoje? Eu deixo! Não vou brigar com você nem nada! Vai Justin me leva daqui! – ela disse erguendo os braços e eu ri.

-Não, hoje não posso shawty! Bom, deixa eu te ajudar. – peguei ela no colo e a coloquei na cadeira a empurrando até o banheiro.

-Ainda bem que quando nos mudamos pra cá eu peguei o maior quarto com o maior banheiro, se não eu não estaria usando isso agora! – disse Manu.

-Mas você sabe que... talvez vocês vão ter que mudar de casa não é? – eu perguntei e ela me encarou pelo espelho do banheiro.

-Porque? Não temos condições de mudar de casa! – ela disse o óbvio.

-Eu sei Manu, mas aqui tem escada, as portas são pequenas, não tem como você se mover nessa casa... a não ser que você se mude pro quarto de hóspedes que tem lá embaixo, mas mesmo assim, as portas são um problema. – eu disse ainda a encarando pelo espelho do banheiro e ela estava séria.

-Que saco, sabia que eu estava atrapalhando a vida de todos, deveria ter morrido logo nesse acidente.

-Hey! – eu disse saindo de trás da cadeira e me agachando na frente de Manu – nunca mais diga isso! Agradeça a Deus por ter sobrevivido ao acidente! Muitas pessoas sofrem acidentes e morrem, mas você teve uma chance para continuar, então aproveita ela. – eu disse segurando as mãos dela.

-Justin você não entende o que eu sinto. Eu estou feliz por estar viva, por conseguir ver todos os dias os rostos das pessoas que eu amo e ouvir a voz delas. Mas ficar nessa cadeira de rodas ou de muleta ou qualquer outra coisa que eu não possa fazer muita coisa sozinha, eu estou atrapalhando a vida das pessoas que eu mais amo, isso é inevitável. – ela disse abaixando a cabeça, derramando algumas lágrimas.

-Do mesmo jeito que você ama essas pessoas, elas te amam também. Sempre estaremos aqui do seu lado, te ajudando e apoiando. Talvez a gente canse, por ter que te carregar ou sei lá, mas nós nunca te deixaremos, pois o cansaço passa. A gente te ama Manuela Campbell, entenda isso! Iriamos a qualquer lugar do mundo se você precisasse de ajuda.

-Justin... – ela disse mais eu a interrompi.

-Não diga nada, se não a gente acaba brigando e é o que eu menos quero agora. Mas entenda que a gente sempre estará do seu lado. Eu vou ficar do seu lado até você ficar velinha, com seus mais de 80 anos. Vamos ter filhos, nos casar e ter mais certeza ainda, que o nosso amor é verdadeiro! – eu disse limpando as lágrimas dela.

-Eu te amo tanto... acho que você está se tornando cada vez mais homem! – ela disse sorrindo.

-Como assim? Eu não era um homem, eu era uma menininha? – eu disse fazendo cosquinha nela e ela riu.

-Você era um menino, que tinha muito o que aprender na vida, mas agora, se tornou um homem e não qualquer homem, o homem da minha vida! – ela disse sorrindo e eu a beijei.

Depois disso ela insistiu que não queria ajuda, mas eu chamei a mãe dela, vai que ela cai no banheiro ou coisa assim, ela ainda não se acostumou. Depois que ela se trocou e fez todas as necessidades e higiene ela veio até o meu lado tomar café da manha que eu tinha pego pra ela. Eu estava assistindo o canal de clipes de musicas e ela sorriu ao ver isso.

Ela comendo estava muito engraçado. Ela comia com muita vontade, xingava a comida do hospital de sem sabor e comia mais. Eu não me aguentava mais de tanto rir dela comendo, ela me batia toda vez que eu gargalhava, acho que vou ficar com hematomas. Depois que ela acabou de comer, eu já tinha dado tanta risada que eu estava com dor de cabeça.

Era umas 11:30 e nós dois mais os pais dela estávamos saindo da fisioterapia. Fomos almoçar num restaurante japonês e ela disse que queria ir no parque. Os pais dela voltaram pra casa e eu a levei até o parque.

-Só de imaginar que a um tempo atrás eu estava andando por aqui... – ela disse e eu ouvi ela suspirando alto.

-Então agora você tem que imaginar que daqui a pouco você vai estar andando por aqui de novo! – eu disse e beijei o topo da cabeça dela.

-Obrigada por tudo, você é perfeito! – ela disse rindo fraco.

-Você é perfeita!

Empurrei ela por uns 5 minutos e eu sentei em um daqueles bancos perto do lago aonde a gente sempre gostou de ficar. A gente conversava animadamente, eu não conseguia parar de rir e nem ela, até escutarmos uma voz atrás da gente.

-Justin? – uma voz de homem soou atrás de nós, me virei e vi que era Lucas.

-Lucas? – eu me levantei e o cumprimentei – e ai cara? Tudo bom?

-Tudo sim cara, fazendo o que aqui? – ele me perguntou, ainda não havia percebido que era Manu ao meu lado.

-Talvez ele esteja me acompanhando Lucas! – disse Manu levantando a mão e Lucas deu a volta na cadeira.

-Manu? Oh meu Deus... – ele disse parado sem reação.

-Por favor, não fica assim, é constrangedor! – disse Manu.

-Me desculpe, é que... eu pensei que o resultado daria negativo...

-Todos torciam por isso, mas agora o que tenho que fazer é seguir em frente e acreditar que eu vou voltar a andar! – ela disse sorrindo fraco.

-Você vai voltar a andar, eu tenho certeza disse Manu! Qualquer coisa, eu estou aqui pra te ajudar! – Lucas disse sorrindo pra ela.

-Obrigada! Sei que posso contar com você! – ela sorriu e esticou os braços pedindo um abraço e ele a abraçou.

-Se sabe que eu te amo não é? – ele disse a soltando – bom preciso ir agora, qualquer coisa é só me ligar – ele disse dando um beijo na bochecha dela.

-Ligo sim! Tchau! – ela disse e Lucas foi embora.

-Viu, todos te amam, mas ninguém mais que eu! – eu disse e beijei a bochecha dela e ela riu.

-O ciuminho bobo! – ela disse e me beijou.

Voltamos pra casa e já era fim de tarde, passamos a tarde no parque comendo, conversando, rindo. Os pais da Manu me agradeceram por estar divertindo e distraindo ela, eu apenas disse que não era mais que a minha obrigação de namorado. A levei pro quarto e a mãe dela a ajudou a tomar banho, se trocar e a levou pro quarto.

Dei boa noite pra ela e fui pra casa do Chris. Contei a ele como foi meu dia e ele me agradeceu por estar fazendo a Manu feliz. É muito bom ter a amizade dele de volta, não foi nas melhores condições que nossa amizade “voltou”, mas isso não importa agora.