Friend Zone escrita por VicttorGabriell


Capítulo 2
Capítulo 2




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Sexta-feira à tarde. Eu e meus amigos estávamos voltando do colégio pelo mesmo caminho que desde sempre usamos desde que descobrimos que morávamos quase perto uns dos outros. Steven estava andando com o seu skate e nos rodeando com ele. Mas acho que depois de meter com a cara no asfalto ele deve ter aprendido a lição e resolveu parar com o que estava fazendo.
 Muitos adolescentes da nossa idade vão para baladas, ou dão festas em casa enquanto os pais estão fora. Mas em vez disso, eu e meus amigos vamos à casa do Kameron toda sexta e jogamos video game na super TV que ele tem no quarto dele. E entre outras coisas.
 Mas devido aos eventos de hoje de manhã na escola, eu praticamente já sabia que o assunto das conversas iriam ser sobre mim e a Jess. E quando estávamos na metade do caminho, aconteceu o que eu mais temia.
- Ei cara, isso aí na sua mão é o que eu estou pensando? – disse Oliver.
- Ah, não é nada, só estava riscando a minha mão para passar o tempo – tentei disfarçar.
- E por que você riscaria um número de telefone na sua mão? – disse Oliver com um sorriso sarcástico no rosto.
 E o comentário final de Oliver fez com que Kameron puxasse a minha mão para que os outros pudessem ver.
- É pessoal, parece que temos o nosso conquistador aqui – disse Kameron.
- Pronto, vai começar – eu disse – A gente só conversou lá na biblioteca e ela me deu o número dela, nada demais.
- E você vai ligar? – perguntou Steven.
- Vou né, não sou igual ao Oliver.
- Ei eu ouvi isso! – protestou Oliver.
- Mas Alan, hoje é sexta – começou Steven – E nas sextas de noite nós vamos à casa do Kameron, você sabe.
- É eu sei. – eu disse.
- Não vai ficar babando no telefone a noite toda não ok? – disse Oliver – Primeiro os brothers e depois as garotas.
 - Não vai faltar hein – falou Kameron – Sei que você está todo animadinho porque conseguiu o telefone dela, e na boa cara. Nós já sabíamos que você gostava dela faz um tempo.
- Verdade – falou Steven
- Olha pessoal – comecei- Nós estamos indo pra casa agora e temos que fazer aqueles deveres que o professor de álgebra passou. Antes de ir pra casa do Kameron eu ligo pra ela. Se ela puxar assunto demais digo que tenho que sair, e ela vai entender. Ok?
- Certo – falou Kameron.
- Ok ok, mas agora conta tudo – falou Oliver.
 E foi isso que eu fiz. Vi que era mais do que o normal eu falar para eles, falamos quase o tempo todo sobre garotas, mas daquela vez era diferente. Jessica Hart havia me dado o seu número. Era a primeira vez que uma garota me passava o número dela.
 E tenho que admitir que meus amigos tem razão, eu talvez já fosse apaixonado por ela.
 Depois de responder a todas as perguntas idiotas do Oliver e dos outros, finalmente cheguei em casa, dei uma olhada nos quartos e quase me esqueci que nas sextas os meus pais trabalham o dia inteiro. Minha mãe é secretária em um escritório de advocacia e meu pai é advogado. Não sou o tipo de cara riquinho, mas digamos que temos condições financeiras favoráveis. Enfim.
 Larguei a mochila no chão do meu quarto e liguei o Home Theater no máximo e fui tomar banho. Depois que acabei me dirigi à cozinha para fazer o meu almoço e ver um pouco de TV. A programação de tarde é uma porcaria, sinceramente, tenho que me lembra de convencer os meus pais a assinarem a TV a cabo. Como eu já disse, a minha rotina é praticamente casa escola, escola e casa, e isso não é exceção nas sextas. Depois de fazer os meus deveres e estudar um pouco (o fato de eu não ser um nerd não significa que eu goste de me ferrar nas provas ok?) e dar uma olhada no relógio e perceber que já estava anoitecendo me veio à dúvida. Ligar ou não ligar? Resolvi ligar, o que poderia acontecer de mal nisso?
- Alô, Jess? – eu disse ao telefone.
- Oi Alan – disse ela. Sua voz não ficava nem um pouco ruim ao telefone, só estou falando isso porque acontece com muita gente. Inclusive eu. – Estava esperando você ligar.
- Está um tédio que você nem imagina aqui em casa – ela disse.
- A posso imaginar, é assim quase o tempo todo por aqui também.
- Então – começou ela – Planos pra essa sexta?
- É... Pra falar a verdade sim. Vou me encontrar com os meus amigos na casa do Kameron hoje. Pra falar a verdade eu estava quase saindo.
- Ah, está bem então – ela disse – Podemos marcar outro dia.
 E de repente as palavras simplesmente saíram da minha boca.
- Bem, você pode ir se quiser. Eu falo com eles.
- Ah que ótimo – disse ela- É quase um alívio, ficar em casa na sexta seria a última coisa que eu iria querer. Obrigado, já estou me arrumando.
- Ok, te encontro lá. – eu disse – Nossa, quase ia esquecendo, você não sabe onde é. Onde você mora exatamente? De repente a gente pode se encontrar em algum ponto.
- Hum, sabe o parque? Com aquela fonte bem grande? – ela disse – Eu moro perto dali, se eu for agora eu já chego lá a tempo de você vir me encontrar.
- Ótimo, sei onde é, fica até perto. Ok então. Estou saindo já. Tchau – e eu desliguei o telefone.
 Corri para poder colocar pelo menos uma camisa descente, estava fazendo frio então coloquei meu casaco e penteei os cabelos. Escovei os dentes, calcei meu all star e sai.
 Fui até o parque e como previsto ela estava lá. E ela estava linda. Os olhos azuis estavam em baixo de uma franja e isso não fazia ela ficar menos bonita. Certas garotas quando usam franja, mais parece uma cabana de índio ambulante do que qualquer outra coisa. Fui até ela e a peguei pela mão. E ela estava com aquele sorriso de novo o que de certa forma mostrava que ou ela estava realmente feliz em me ver ou então tinha ganhado na loteria. A segunda opção era mais provável do que a primeira, mas enfim.
 Fomos andando juntos até a casa do Kameron e quando finalmente chagamos ela pareceu se surpreender um pouco com o tamanho dela. A casa era realmente grande, não tipo uma mansão, mas quase, quase isso.
 Atravessamos o jardim e somente quando chegamos à porta, foi que eu me lembrei que tinha que ligar para ele antes avisando que a Jess iria comigo.       Mas já que já estávamos ali resolvi deixar ele descobrir por si mesmo.         Toquei a campainha e foi a empregada dele que atendeu a porta. Ela nos convidou a entrar e avisou que meus amigos estavam no quarto do Kameron lá em cima. Ela cumprimentou Jess, pois era a primeira vez que ela a via, deve ter parecido uma surpresa pois ela nunca me viu chegar com uma garota antes. Certamente ela já começou a pensar que ela era a minha namorada.
- Nossa, a casa do seu amigo é enorme – disse Jess.
- É eu sei, os pais dele são músicos, viajam o mundo inteiro a trabalho, turnês e coisa e tal. Logicamente ganham bastante dinheiro com isso.
- Ele não fica meio chateado com essa ideia? – ela perguntou – Com os pais ausentes e tudo mais?
- Eu diria que um pouco, mas se ele tem, não demonstra muito.
 Subimos as escadas e fomos até o quarto dele. Dava pra ouvir as risadas dos meus amigos e parecia que Steven e Oliver já tinham chegado primeiro. Quando entramos no quarto eles pararam de imediato.
- Oi garotos – disse Jess.
- E ai – cumprimentou Steven.
- Oi Jessica, não esperávamos você aqui, mas pode entrar, só me deixa falar rapidinho com o Alan? – disse ele.
 -Ah, claro – disse ela.
 Kameron me levou pra fora do quarto e eu já sabia exatamente o que ele iria falar.
- Olha, eu sei que eu deveria ter ligado antes e tudo mais, é só que eu somente vim lembrar quando eu já estava aqui! – eu tentei explicar.
- Eu sei, eu sei – disse ele – Eu entendo, está tudo bem agora que você explicou. Mas tenta lembrar da próxima vez hein.
- Ok, pode deixar – eu disse.
 Entramos no quarto e ela estava olhando pra mim tentando perguntar se havia algum problema. Eu disse que não e que estava tudo bem.
- Então... Oliver me contou que você sabe tocar qualquer instrumento, Kameron – ela disse.
- É, sem querer me gabar nem nada, mas é verdade – disse ele com um sorriso.
- Então ta esperando o quê, cara? – disse Oliver – Toca aí.
 Me sentei ao lado de Jessica em quanto Kameron pegava o violão.
- Bem, se vocês querem...
 Ele começou a tocar os primeiros acordes e percebi que era a minha música preferida. Não sei se ele estava tentando fazer isso de propósito para criar uma espécie de clima entre mim e a Jess ou foi só coincidência.
 Ele começou a cantar Northern Downpour, da banda Panic! At The Disco. E me pareceu que o tal “clima” que Kameron queria causar, deu certo porque ela pegou na minha mão. Eu peguei a dela também e quando ele terminou a música, ela teve que soltar para poder aplaudir.
 - Nossa isso foi lindo Kameron – disse Oliver em tom de brincadeira – realmente tocante, mas agora nós poderíamos assistir ao filme que o Steven trouxe porque eu já estou ficando entediado.
- Ok Oliver, vamos – ele disse convidando a todos.
 Quando ele se levantou, ele deu uma piscada pra mim, o que só confirmou que a escolha da música havia sido proposital. Mas não pude deixar de agradecer porque afinal ele tentou ajudar. Descemos as escadas e Steven colocou o filme. A empregada de Kameron nos trouxe pipoca e nós assistimos ao filme. Depois que acabou nós nos despedimos e Steven e Oliver foram pra casa. Logo, eu e Jessica fomos também, como já era mais ou menos umas nove da noite, eu tive que deixar ela em sua casa.
 - Olha, desculpe por não ter oferecido uma noite melhor – eu disse.
- Que nada, eu adorei seus amigos – ela disse – eles são muito engraçados, e eu adorei a noite, teria sido pior se eu tivesse ficado trancada dentro de casa.
- Bem, já que é assim então. Boa noite Jess.
- Boa noite Alan – ela disse.
 Com seus olhos fixados nos meus, ela se despediu. Eu quase, por um instante, achei que iria rolar um beijo ali, mas não. Pra falar a verdade seria estranho demais e isso só faria fazer com que as coisas ficassem mais tensas entre nós. Não que já tenha algo entre nós dois. Nos conhecemos hoje de manhã!
 E eu fiquei martelando isso quase o caminho inteiro até a minha casa. E como eu já estava acostumado, já sabia eu naquela noite eu iria ficar martelando isso pelo resto da noite.

 Quando eu estava a caminho de casa eram mais ou menos umas dez horas. Eu normalmente não tenho hora pra chegar em casa, mas como hoje é sexta os meus pais já sabem que eu vou na casa do Kameron então acho que tudo bem. De qualquer forma eu tento dar uma ligada para a minha mãe só para avisar que eu estou saindo. Você sabe, para não deixar ela preocupada.
 Quando eu cheguei em casa a minha mãe já havia chegado do trabalho, ela estava sentada no sofá assistindo televisão.
- Oi querido – disse minha mãe – Chegando em casa a essa hora da noite de novo né? Sei que você já é grandinho, mas mesmo assim, você sabe.
- Mãe, você sabe que eu estava na casa do Kameron, eu liguei. – eu disse – E além do mais eu tive que deixar a Jess na casa dela.
 Só então eu percebi que não era pra eu ter dito aquilo porque a minha mãe me olhou com aquela cara estranha de sempre quando eu comento algo sobre alguma garota.
- Uh, uma garota hein – disse minha mãe – Desculpe querido, não sabia que você estava namorando ou levando uma garota pra sair.
- Mãe! – eu disse – Ela não é minha namorada, a gente se conheceu hoje, conversamos e coisa e tal. Era só que ela não tinha nada pra fazer hoje então eu levei ela na casa do Kameron.
- Certo querido, eu entendo – disse a minha mãe com gentileza. – Não vou começar mais uma vez. Mas você sabe que se precisar conversar sobre isso eu estou aqui né?
- Sim mãe, eu sei – disse para ela.
- Sabe, em circunstâncias normais eu mandaria você falar com seu pai sobre essas coisas – disse minha mãe – Mas ele é tão cabeça dura e está sempre tão ocupado com o trabalho que eu mesma tenho que fazer isso.
- Pra falar a verdade eu prefiro mesmo conversar com você sobre essas coisas.
- Fico feliz então – disse me mãe sorrindo – Agora vá dormir mocinho.
- Ok então, boa noite mãe. – disse eu.
 Minha mãe me deu um beijo de boa noite e eu a abracei e fui me preparar para dormir.
 Sabe, eu adoro a minha mãe. Todos dizem que eu pareço com ela. Os mesmos cabelos pretos, os olhos castanhos, a boca, nariz e a personalidade. Ela me da mais apoio nas coisas do que meu pai. Não que eu não goste do meu pai, pelo contrário. Ele é um pai presente, se esforça para nos sustentar. E sempre tem tempo e amor de sobra para a sua família. Digamos que ele é um cara do qual eu respeito muito.
 Mas a minha mãe é melhor nessas coisas. Quando digo essas coisas, quero dizer, garotas. Ela me da conselhos, me diz o que fazer e quando fazer ou simplesmente não fazer. Mas não é só isso, ela me apoia e me ajuda em várias outras coisas.
 Digamos que antes da Jess ela é a mulher da minha vida. Não que eu já considere a Jess a mulher da minha vida, mas você entendeu.
 Fui para o banheiro e tomei um banho quente. Sai e fui direto pro meu quarto. Fechei a porta e me joguei na cama.
 Meu quarto não é nada demais, tenho minha cama que fica perto da janela onde dependendo do horário da noite, a luz de fora lança uma luminosidade confortante. Tenho minha escrivaninha, a mesa do computador, minha estante de livros, minha televisão que é razoavelmente grande, um baú para as minhas tranqueiras e finalmente o recém-instalado ar condicionado. Só ligo quando está realmente quente e fico me revirando na cama de tanto desconforto por causa do calor. Mas ele é bem útil.
 Peguei meu celular para ouvir música, normalmente eu não durmo a essa hora da noite então uso isso para ocupar meu tempo até eu pegar no sono. Só que sem querer eu apertei no botão que da acesso a lista de contatos do celular. E lá estava o número dela.
 Fiquei olhando para ele uns cinto minutos pensando se deveria ligar ou não, se caso eu resolvesse fazer isso, eu acabaria acordando ela e dando uma de idiota.
 Mas eu acho que estava tendo mais sorte do que o habitual naquele dia porque para a minha surpresa foi ela quem ligou.
- Alô, Alan – disse ela.
- Oi Jess.
- Hã, eu não te acordei não foi? – ela perguntou.
- Não não, mas aconteceu alguma coisa?
- Bem, é só que eu não estava conseguindo dormir e sei lá. De repente resolvi ligar pra você.
 Bem, pelo menos ela tem mais iniciativa nisso do que eu.
- Eu não durmo nessa hora mesmo – eu disse – Então quando você tiver vontade, pode ligar.
- Muito obrigado Alan – ela disse. – Mas não vou fazer disso um habito. Mas pode deixar. Bem mas então...
 E foi isso mais ou menos uma meia hora, ficamos conversando sobre um monte de coisas. Mas só que em um certo momento ela disse que o sono finalmente tinha chegado e que precisava dormir. Ela se despediu e desligou o telefone.
 Eu gostaria de dizer que também estava com sono, que queria desligar o celular para poder ter uma boa noite de sono. Mas na verdade eu poderia ficar falando com ela até o fim do mundo que pra mim estaria tudo bem. Mas em vez disso eu desliguei o celular e tentei dormir. Juro que tentei mas a única coisa que vinha na minha mente naquele momento era o seu sorriso. Seu sorriso e seus lindos olhos azuis que não paravam de aparecer em cada canto da minha mente. Passei algum tempo me questionando porque ela. Porque que eu me apaixonei logo por ela. Pra falar a verdade eu me questionei durante meses. Me questionei mesmo depois da coisa toda não ter dado certo. Mas esse tipo de coisa começa e termina quando você menos espera. E quando termina, uma das duas partes acaba se dando mal. Esse foi o meu caso. Pelo menos gostaria de ter aprendido isso antes. 


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Notas finais do capítulo

Sei que esse capítulo foi bem chato e que talvez as coisas tenham acontecido rápido demais. Mas a história apenas está começando então nos próximos capítulos eu vou tentar colocar mais acontecimentos e coisa e tal. Se lerem e gostarem ou simplesmente tiverem alguma crítica (construtiva) basta dar um review.



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